PERSONAGENS DO NORDESTE
ZÉ
PIANCÓ
Zé Piancó
nascera sem coração, vivera apenas por viver, a sua sina era trabalhar,
labutar, brigar, cansar o corpo moído. Da boca para o bucho e desta para o mundo
para alimentar outras bocas, o Piancó nascera para ser bicho, para quebrar ossos e queimar o mundo , para maltratar a terra sem ferir a natureza, era um selvagem,
um bruto, era um animal.
O coração
seco, a vida dura , tão dura como o normal é o morrer, o Piancó não era pouco
esforço, era exagero, era o sol ardente sem piedade a sapecar as costas da
terra, era a poeira, a ventania, o redemoinho a destronar os invasores, o
tronco grosso que resiste e a capoeira .
O Zé era pau
de bater em bicho, corda de amarrar doido, era o amargo do jiló, às vezes o doce da cana caiana, o mormaço da evaporação
e do calor, o assobio da cobra, o Zé era a trama, o trauma e a lama. O sujeito era duro, era escuro como
as noites de trevas, era o miolo da dura madeira, era o fundo lá dos fundos dos
profundos mares, o cabra era a fronde da moita, era o oco do pau, era o manto
do monte, era o centro da terra, era o ferro do núcleo. Era pedra, gás, água,
era o incandescente, Piancó era tudo e ao mesmo tempo não era nada.
O Zé era o Zé
e nada mais, nascera sem pai, sem mãe, sem nada, sem beira e talvez sem eira, o
Piancó nascera sozinho, sem rumo, sem prumo e vivera na solidão, na defesa da
vida e na defesa do pão. O Zé da Silva Piancó era um piancó e nada mais, apenas
um piancó, um Corema, um Cariri. O Zé era um CARIRI.
Iderval Reginaldo Tenório
Este texto faz parte de
uma coletânea de minha autoria escrita na minha fase de descoberta do Nordeste.
Evolui na escala da idade e dos
conhecimentos, ao ler me encontrei com este belo personagem e fiz questão de
passar ao conhecimento dos meus amigos.
Muitos de nós não
passamos de um PIANCÓ.
Boa Leitura
Luiz Gonzaga e Benito di Paula - Viva meu padim (João Silva, Luiz Gonzaga) - YouTube
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- 21/05/2011 - Vídeo enviado por vitrolanoberro
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Um comentário:
Adorei. Quero a continuação. Tá bom demás como se fala lá no Mato Grosso. Um abraço.
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