História da Asa Branca em quatro etapas. Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira, Zé Dantas, Zé Marcolino e João Silva .
HISTÓRICO DO NORDESTE EM QUATRO ETAPAS.
.A Asa Branca .
Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira,
Zé Dantas , João Silva e Zé Marcolino .
PARTE I-
1947
ASA BRANCA
Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga
O
Nordeste Brasileiro sempre foi uma região esquecida pelos poderes
públicos e milenarmente sapecada pelo causticante sol nas grandes secas.
No
seu miolo a precipitação média é de 600mm de chuva ano, só os xerófilos
entendem como é a sobrevivencia nestas terras e que para todos os
nordestinos natos, um verdadeiro paraíso.
Para imortalizar a saga de um povo, o cearense do Iguatu, Humberto Teixeira e o pernambucano do Exú, o Luiz Gonzaga pensaram qual seria a figura nordestina
que poderia ser o seu símbolo e quais os acordes a serem
entoados para gerarem um fidedigno hino para este resistente povo.
Matutaram
e de comum acordo chegaram à conclusão que o animal que previne ,
que se protege , que foge da seca para escapar da fome e sabe quando ela terá o seu fim , é o pássaro ASA BRANCA.
A columbiforme da família Columbidae
foge do sertão nas épocas ruins e volta nas grandes aguadas, foge da
fome e da tristeza , retorna na alegria e na fartura, é o maior
orientador deste povo. Voa para outras plagas , porém, jamais
abandonará o seu povo , o seu
torrão , volta cheia de vida , de alegria e na certeza que cairá muita
água dos céus, como disse o grande menestrel Ednardo, imortal
compositor cearense no clássico Água
Grande, faixa 11, do seu primeiro LP em 1974:
”Adeus São Paulo, está chovendo pras bandas de lá” . Está chovendo pras bandas de lá...Adeus São Paulo, está chovendo pras bandas de lá” .
Não
foi difícil para os dois compositores encontrarem o fio da meada. De estalo o descamisado filho de seu Januário falou para o experiente
advogado cearense, e ao mesmo tempo o Humberto
falou para o Luiz : “ Mestre , como a ASA BRANCA, existe uma
música folclórica de domínio popular cantada há mais de 300
anos e a sua melodia continua na memória do povo nordestino ” . Foi uma verdadeira transmissão de pensamento .
Não
deu outra, ambos de cátedra e simultaneamente pensaram a
mesma coisa, na Asa Branca , nos seus costumes e nos seus
ensinamentos, foi obra do Criador.
Sedimentaram
a saga da ASA BRANCA e ao arcabouço da folclórica música centenária
deram nova letra, novos acordes, novos sentimentos , família, coração,
choro, vida e alma . Nascia ali o maior hino do Nordeste documentando a
seca, o sofrimento e o êxodo
do nordestino para o Sul para escapar da “fome feroz”, como dizia o
mestre
Patativa do Assaré, em A Triste Partida , poesia de 1935, publicada na sua obra Cante Lá que eu Canto Cá em 1978, antes imortalizada por Luiz Gonzaga em 1964.
Em
1947, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira bateram o martelo e ali
nascia a profíqua e abençoada ASA BRANCA, transportando e translocando o milagre nordestino para o mundo.
Estes gênios colocaram o homem do nordeste no miolo da
discussão e na pauta nacional , introduzindo-o na história sociológica do Brasil e tornando visível a
existência de grandes demandas , como a seca, a fome , o sofrimento e o êxodo de um
povo sofrido e castigado pelo esquecimento. O nordestino passou a fazer parte
do Brasil depois desta denuncia sociológica, econômica e geopolítica, o homem da caatinga deixou de ser invisível.
PARTE II
1950
A VOLTA DA ASA BRANCA
Do Pernambucano e Médico ginecologista Zé Dantas
O
tempo passou , os céus do nordeste ficaram carregados de nuvens
acinzentadas , raios e trovões acordaram os deuses do semi-árido do
Cariri ao Seridó. As chuvas chegaram, o capim nasceu, o
cheiro de chão molhado saiu do solo junto à tenra babucha, os pássaros
voltaram a cantar, os sapos e
as rãs coaxaram e, toda paba a Asa branca retorna ao seu
lar numa salva de alegrias . Com o bucho cheio de comida e com
muita água convoca todos os retirantes a retornarem ao seu torrão.
Com este cenário, o Médico Pernambucano Zé Dantas, radicado no Rio de Janeiro, vendo tudo verde, belo , muita fartura
na Serra do Araripe e no Cariri,
escrevinhou A VOLTA DA ASA BRANCA, uma das mais belas, alegre e
entusiástica página do cancioneiro popular do Brasil, por ser de
autostima deveria ser o Hino do Nordeste, uma vez que não existem
hinos que ovacionem a tristeza, a fome e o desalento, o hino é para
trazer coragem, força de vontade e um fio de esperança.
Isto
foi em 1950 , para 02 anos
depois a Asa Branca anunciar mais um período de seca, mais um
período para esturricar o sertão. Mais uma revoada em busca de
escapar da fome feroz, mais um período de retirada, mais uma fase de
aflição. Sabe o sertanejo que um
ano de seca destrói dez anos de chuva e de fartura.
Está
nesta música uma das fases de alegria do Rei do Baião Luiz Gonzaga e de todos os nordestinos. Fase
interrompida de 02 em 02 ou de 03 em 03 anos com uma nova seca, sempre lembrada
na triste música ASA BRANCA de 1947.
PARTE III
A RODOVIA ASA BRANCA
De João Silva
João
Silva, pernambucano de Arcoverde, o maior parceiro do velho Lula e que
vivia ao seu lado, resolveu junto ao
Rei documentar a chegada do progresso na terra de seu Luiz, nesta
época de 1984 a 1986 os Governos do Ceará e de Pernambuco resolveram
pagar uma dívida ao maior símbolo musical do Nordeste , para este
intento decidiram asfaltar o trecho que vai da Cidade do Crato no
Ceará ao Exu em Pernambuco, mais de 80 quilômetros, cortando a Chapada
do Araripe, meu reduto, meu berço e o porto seguro do velho rei do
baião. A esta estrada
deram o nome de - RODOVIA ASA BRANCA .
O João
Silva compôs a música que foi imortalizada na voz mais nordestina dos
nordestinos, na voz do filho de seu Januário e de dona Santana, LUIZ GONZAGA .
PARTE IV
PROJETO ASA BRANCA DE JOSÉ MARCOLINO
NA VOZ DO REI LUIZ GONZAGA
IRRIGAÇÃO ,
ÁGUA PARA O NORDESTE
Em 1978
assumia o Governo biônico de Pernambuco o Dr. Marcos Maciel, junto ao
Luiz
Gonzaga prometeu levar água ao povo sofrido e criou o Projeto Asa
Branca, levando água para os serranos da abençoada chapada, hoje o
Geopark do Araripe, celeiro fóssil do globo terrestre.
Para
homenagear e documentar o fato, o Luiz junto ao paraibano de Monteiro, Zé Marcolino
lançaram em 1983 a música PROJETO ASA BRANCA.
Como
estão vendo, é a arte uma das melhores maneiras de documentação desde
os primórdios do mundo. Lembro que foram os cordelistas , os repentistas
, os escritores regionais, os almocreves e a mídia boca a boca que
documentaram mais de mil anos de história. Vide o
cangaço, o Padre Cícero, as grandes batalhas e os diversos fatos que
hoje são resgatados
com precisão.
Posfácio
Luiz
Gonzaga e os seus parceiro foram os maiores documentadores dos fatos
brasileiros, o país está retratado
nas suas obras. Mais de 1000 músicas gravadas , mais de 100 LPs
próprios , participação em mais de 1000 de outros artistas. Cada
episódio, cada cidade, cada amigo, cada momento e cada povo está
salpicado, ovacionado, registrado, imortalizado e reverberado na mais
ouvida e suave voz do Brasil, LUIZ
GONZAGA DO NASCIMENTO, o imortal rei do baião, um gênio que nunca desafinou.
" Vai, boiadeiro, que a noite já vem
Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem"
Klecius Caldas / Armando Cavalcante
Luiz Gonzaga é gente da gente , é gente
nossa, é a alma do nordeste. Foi Luiz que deu voz ao nordestino: Seu Zé passou a ser chamado de Sr. José Clemetino, seu mané de Sr. Manoel Salustiano , dona Toinha de Sra Antonia Clementina e dona Maria de Senhora Maria Nordestina do Araripe, baiano em São Paulo e paraíba no Rio de Janeiro ganharam identidade.
Os nordestinos ganharam nomes , sobrenomes e cidadania.
Três
homens imortais, um pássaro, uma chapada, a seca, a chuva, uma
estrada e depois a irrigação. Estes fatos só poderiam acontecer no
Nordeste
Brasileiro e não poderiam ficar engasgados na goela deste simples
mortal. Um desidratado retirante tal qual a Asa Branca. Nascido,
batizado, criado e sapecado pelo sol esturricante na abençoada Chapada
do Araripe, divisa do Ceará com Pernambuco.
Sou fruto pequeno, sou quase nada da
Chapada do Araripe, mas, nascer naquelas
plagas já foi uma dádiva do Criador, está bom demais, se tivesse de
nascer outra vez , guiaria a
cegonha para o mesmo pasto , para a mesma casa de adobe , cairia nas
mamas de minha mãe e esperaria os estrondos dos bacamartes desparados
por meu pai.
Sou
nordestino e retirante com muita
honra, no meu tempo e onde nasci, de cada quatro morriam dois,
só ficavam os fortes. Os que comiam pedra, pau, mandacaru, tanajura,
girino, sibito, peba, calango, preá , berdoega, beiju de forno,
doce de gergelim , leite de cabra ; frutos, folha e raiz de umbu. Os
que comiam poeira, cabo de foice , de enxada , de cavador, de facão ,
sopa de pregos e de parafusos, os que matavam a sede com água barrenta
de barreiros e de telhados tratada
com pedra hume e coada na boca do pote. Aqueles que tomavam café
torrado no caco , moído no pilão e adoçado
com rapadura, mel de cana ou de abelha. Só escapavam os fortes,
os resistentes, como dizia o Euclides da Cunha na enciclopédia do
nordeste, OS SERTÕES, publicado em 1902 “O
sertanejo é, antes de tudo, um forte". Eternizado no cancioneiro brasileiro pela Eescolas de samba Em Cima da Hora do Rio de Janeiro no carnaval de 1976.
"Marcado pela própria natureza
O Nordeste do meu Brasil
Oh! solitário sertão
De sofrimento e solidão"
Composição de Edeor
de Paula interpretada na avenida por Nando e Baianinho.
Só
escapavam aqueles que passavam 04 meses
numa farinhada arrancando mandioca, cortando e carregando lenha no lombo
dos
jegues, brigando com as formigas, com as lagartas e com as
cascavéis. Vencendo os bichos de pé, pulgas, mutucas, espinhos e
carrapatos, tendo
direito a apenas um banho por semana, aos domingos, com uma cuia de
cabaça, nos outros dias apenas lavava os pés para não sujar a preciosa
rede, devido a escacez da água e do sabão, os raios solares
desinfetavam os fungos e bactérias pertinetes ao ser humano.
Três
dias sem água, trinta dias sem carne e três anos de sol. O feijão com farinha
e toucinho de porco o prato preferido, um taco de rapadura para
adoçar a boca , uma caneca d’água para tirar o gosto de açúcar da
boca e o saboroso café ainda com alguns fragmentos de pó.
Isto é o Nordeste, isto
é a Asa Branca e assim foi mais uma etapa na vida do nordestino.
Iderval Reginaldo Tenório
ESCUTEM AS QUATRO
FASES
Quando oiei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Quando oiei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Entonce eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão…
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar ai pro meu sertão
Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração
Compositores: Humberto Teixeira / Luiz Gonzaga
www.youtube.com/watch?v=cWiJL0_yj9c
26 de out de 2009 - Vídeo enviado por Breno Alves
Asa-Branca é uma canção de choro regional (popularmente conhecido como baião) de autoria da dupla ...
Letras
Já faz três noites
Que pro norte relampeia
A asa branca
Ouvindo o ronco do trovão
Já bateu asas
E voltou pro meu sertão
Ai, ai eu vou me embora
Vou cuidar da prantação
A seca fez eu desertar da minha terra
Mas felizmente Deus agora se alembrou
De mandar chuva
Pr'esse sertão sofredor
Sertão das muié séria
Dos homes trabaiador
Rios correndo
As cachoeira tão zoando
Terra moiada
Mato verde, que riqueza
E a asa branca
Tarde canta, que beleza
Ai, ai, o povo alegre
Mais alegre a natureza
Sentindo a chuva
Eu me arrescordo de Rosinha
A linda flor
Do meu sertão pernambucano
E se a safra
Não atrapaiá meus pranos
Que que há, o seu vigário
Vou casar no fim do ano.
Compositores: Luiz Gonzaga / Ze Dantas
www.youtube.com/watch?v=whKGCQiD7iY
17 de mai de 2009 - Vídeo enviado por didiloureiro
essa musica como as demais de Luiz Gonzaga são obras- primas dignas de figurarem em todos os ...
Rodovia Asa Branca
Luiz Gonzaga
COMPOSIÇÃO -JOÃO SILVA
Eu vi um dia
Dois homens fazer um trato
De ligar Exu ao Crato
Pernambuco ao Ceará
O homem de cá
Trabalhou chegou primeiro
E o de lá também ligeiro
Num dançou eu chego lá
Olha o homem aí
É gente da gente
Olha o homem aí
Alegre e contente
Olha os homen aí
É o povo que diz
Olha os homen aí
Juntos com Luiz
Roda, rodada
Rodando, roda rodeia
Rodovia, Asa Branca
Tá todinha prá você
Olha o homem aí....
Rodovia Asa Branca - YouTube
www.youtube.com/watch?v=4l6FdSyAzBY
17 de mar de 2012 - Vídeo enviado por Pedro Macedo
Música Rodovia Asa Branca com Luiz Gonzaga. ... Asa Branca no aniversário de 75 anos de Luiz ...
Projeto Asa Branca - YouTube
www.youtube.com/watch?v=NHkL54Gugjc
17 de mar de 2012 - Vídeo enviado por Pedro Macedo
Projeto Asa Branca
Luiz Gonzaga/ ZÉ MARCOLINO
Louvado seja Deus
Abençoada a canção
Louvado seja o homem
Que dá água pro sertão
Bendito foi o momento
De divina inspiração
Quando feita a conclusão
De um grande planejamento
Dia onze de dezembro
Do ano setenta e nove
Vem à tona e se promove
Uma idéia rica e franca
Marco Antonio Maciel
Criou o Projeto Asa Branca
Dia vinte e um de março
Data marcante, ano oitenta
Maciel num tempo escasso
Prevendo a seca cruenta
Na cidade de salgueiro
Promoveu o lançamento
Para o engrandecimento
Da terra em sua mensagem
Consagrou esse projeto
Pra salvação da estiagem
Parabéns sertão e agreste
Pela graça que hoje alcança
Com a cor da esperança
Toda a região se veste
Tantas obras preventivas
Por ele realizadas
Açude, barragem, estrada
Para comunicação
Prendendo as águas dos rios
Pela perenização