Diário de uma menina pré-adolescente.
Como vejo a minha mãe em dois atos.
1º ato
"Hoje acordei pensando na vida, olhei para os lados e ela não estava. Não falei, não abracei e nem a beijei nesta manhã, achei muito estranho. Passei toda a manhã atordoada, triste, estranho, muito estranho mesmo, só tem uma coisa diferente, é o meu primeiro dia de férias escolares. Acordei tarde, fiquei triste, ela saiu muito cedo, saiu na mesma hora, foi defender o pão de cada dia com o suor do próprio rosto, é a provedora da sua prole. Eu foi quem acordou tarde".
2º ato
"A manhã quase que não chega ao fim, vai anoitecer e não chegará o meio-dia, muito estranho. É meio-dia, o ponteiro marca doze horas, almoço meio encabulada, não poderia deixar de me alimentar, pois ainda sou criança. Nada tinha graça: a música do rádio, as imagens da televisão, o latir dos cachorros, o miar dos gatos, o maravilhoso e sonoro canto do belo pássaro preto, o buzinar dos carros, a chamada do carro do gás, os gritos das outras crianças e até o chiado da panela de pressão, a cozinhar o feijão, tinha graça. Nada, nada poderia me explicar aquilo que estava acontecendo e que soava muito estranho. Bom se hoje fosse ontem, só assim eu iria para a escola, é o que faço todas as manhãs, é o que faço, sem antes beija-la ou abraçá-la. Ela é a minha vida, é a coisa mais bela e preciosa que tenho, é a minha eterna Rainha. É assim que vejo a minha mãe.
Salvador, 18 de março de 2017
Ylana do Futuro Promissor
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