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Os Iracundos
Os Iracundos pegavam os arcos e flechas, miravam para cima e atiravam, até sumir no céu milhares de flechas
ASSISTAM O VÍDEO NO FIM DA MATÉRIA
A era dos charlatões: não bata palmas para maluco dançar!
Jackson Buonocore 22/12/2018
O charlatanismo é uma palavra que deriva do italiano “ciarlatano.” É similar em português, de “parlapatão“, que significa ludibriar os outros. Os charlatões da Idade Média e da Renascença realizavam shows, com músicos, palhaço e animais para seduzir o público.
Nos
períodos seguintes os vigaristas foram se aperfeiçoando. Em geral o
charlatanismo e o curandeirismo pode ser caracterizado como
prática pseudocientífica. E no ponto de vista criminal é o ato de
simular a cura por meio fraudulento.
A
presença dos charlatões é comum no mundo inteiro, sobretudo, no âmbito
da saúde, da religião, da política e da produção de livros, que levam os
fiéis e consumidores a comprarem produtos ou serviços “milagrosos” para
curar doenças, entre elas: a AIDS, o câncer e tumores, que geram altos
lucros aos clarividentes.
O apóstolo João numa de suas cartas
dirigidas às primeiras comunidades cristãs já alertava do perigo dos que
se intitulam homens de Deus:
“Não deis crédito a qualquer espírito; antes, porém, avaliai com cuidado se os espíritos procedem de Deus, porquanto muitos falsos profetas têm saído pelo mundo.”
Os
embusteiros usam um palavreado ostentoso, enganoso cientificamente e
mentiroso espiritualmente. O charlatanismo é fartamente denunciado pela
mídia e condenado pela justiça. Uma indústria rentável no Brasil, que
ilude os espectadores dos programas místicos da televisão, dos vídeos
ilusionistas da internet, das palestras de curas sobrenaturais e dos
discursos messiânicos.
Esses
profissionais do engodo utilizam técnicas de comunicação, de marketing e
propaganda, hipnotizando a plateia com emoções primitivas e soluções
fáceis, onde combina a física quântica com autoajuda, astronomia com
astrologia, economia com numerologia, espiritualismo com medicina,
capazes de suplantar o raciocínio lógico.
A prática do
charlatanismo me faz lembrar a expressão popular: “Nunca bata palmas
para maluco dançar”, que está vinculada a lenda de um povo antigo
chamado de Os Iracundos. Eram ditos-cujos que cultivavam a raiva e o
ódio, que se autodestruíram e vagavam pelo mundo.
Aliás, eram
criaturas fortes, cegas e surdas que usavam com muita habilidade arcos e
flechas. Poderia se mostrar qualquer verdade para Os Iracundos, mas
não ouviam e nem viam. Por isso, falavam que eram loucos. Eles começaram
a ir às cidades e só pediam a plateia: bata palmas! As pessoas batiam
palmas para verem os loucos dançarem.
Os
Iracundos pegavam os arcos e flechas, miravam para cima e atiravam, até
sumir no céu milhares de flechas. E a multidão dava gargalhada. Depois
da apresentação eles agradeciam e se retiravam. Mas logo as flechas
caíam, atingindo crianças e idosos. Em seguida, matava a população
inteira.
A fábula dos Iracundos nos ensina que não devemos bater
palmas para charlatões/malucos, que dançarão para magnetizar as pessoas
vulneráveis.
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