segunda-feira, 2 de novembro de 2015

VIVER APENAS DA LUZ- NÃO INGERE ALIMENTOS SÓ ÁGUA


  • Mizá não come há um ano

    MIZA
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    Artista plástica não está em greve de fome. Mizá aderiu à alimentação prânica,  uma corrente espiritual que rejeita a comida como fonte de energia, adoptando a luz como principal nutriente – o mais famoso adepto deste estilo de vida, o indiano Prahlad Jani, não come e nem bebe, imagine, há 60 anos!
    Ar, água e luz. É assim que eles vivem. Não falamos de plantas, mas sim de seres humanos que vivem apenas de luz. Pelo menos é o que dizem. O caso mais conhecido é do indiano Prahlad Jani que garante estar há mais de sessenta anos sem comer, nem beber nada. Uma forma de vida que intriga a ciência.
    Acredita-se que viver de luz, ou alimentação prânica, é uma prática milenar, muito utilizada no antigo Egipto. Em países como Índia, Brasil ou China há muitos seguidores, que somando as outras partes de mundo resultam em 40 mil adeptos.
    Entre eles está a artista plástica Mizá. Uma cabo-verdiana que há um ano adoptou um novo estilo de viver. Conforme relata, não se trata de nenhuma religião ou culto misterioso. Mas sim em acreditar numa luz própria que cada ser humano carrega dentro de si.
    Vivo de luz, mas não é luz solar. É a luz divina. É um processo de iluminação do corpo. Isso acontece quando alguém faz o processo de autoconhecimento, de entrega do seu amor a ouvir o seu coração. Ou seja, entregar-se na totalidade para o mundo holístico”, explica.
    Mizá iniciou a prática em Agosto de 2014. Mas garante que a pesquisa é de 20 anos. Inclusive abordou o assunto no seu polémico livro “Mostran bu luz pam lenbe vida ku bo”. Entretanto, era necessário esperar o momento certo.
    Nutrir-se de luz começa com o chamado Processo dos 21 dias, isto é, três semanas em que o iniciante não come nada e limpa todo corpo com apenas líquidos.
    Durante a primeira semana não comi absolutamente nada. Só bebi água. Foi tranquilo, porque preparei-me para isso, fazendo jejum de vários dias. Na segunda semana pode-se ferver batata, abóbora, laranja e beber aquela água com gosto. Mas toda papa deve-se retirar fora. É só para dar um gosto. Na terceira semana tive fraqueza, dor de corpo e muita fragilidade”, confessa.
    Diferente dos 97% de pessoas que desistem pelo caminho, Mizá não regressou à comida. Prosseguiu a sua caminhada de nutrir de luz, que para ela é uma resposta ao chamamento do seu coração.
    Num certo dia, estive a conversar com a minha amiga e disse-lhe que estava muito avançada a nível espiritual e se pudesse encontrar alguma receita para não comer entrava nessa. Comer é muito chato. Ela disse-me que tinha um livro de nutrir de luz. Emprestou-me e acho que intuitivamente isso era para mim”, conta.
    Depois de ter um mês sem comer, Mizá emagreceu 35kg – tinha 55kg. Esforçou-se para engordar e actualmente pesa 62 kg. O mesmo peso que tinha nos seus 22 anos.
    Comer deixa de ser uma necessidade. Pode-se alimentar-se comendo alguma coisa, mas é por puro prazer. Por exemplo há tempo comi gelado para subir de peso. Mas não preciso de nutrir. Na minha rotina bebo muita água e chá”, esclarece.
    No âmbito deste processo, Mizá esteve durante três dias na Universidade de Santiago, em Assomada, para que as pessoas pudessem conviver com ela e tirar a própria conclusão de que é possível viver de luz. Ingerindo só líquido, então o que sai? Como funcionam as necessidades fisiológicas?
    Libertação de comida é independência total para todo ser humano. Faço necessidades uma vez por semana ou em cada duas semanas, mas não sai quase nada, apenas líquido”, responde.
    Nutrir de luz é duramente criticada pela ciência e pela sociedade. O livro da australiana Jasmuheen “Viver de luz – a fonte de alimentos para o novo milênio” veio aumentar a polémica à volta da alimentação prânica.
    Este conhecimento não pode ser comprovado pela ciência, porque não estuda espiritualidade. Estes temas não foram estudados na universidade. Ninguém em Cabo Verde pode falar de Mizá, porque não estudaram o modo de vida da Mizá”, defende.
    Daqui a ano e meio, a artista pretende desfazer-se de todo o bem material e criar, em Porto Madeira, interior de Santiago, um espaço espiritual de autoconhecimento.
    Pretendo terminar o meu projecto de sexto-continente. Vender a minha casa. Finalizar o projecto com rabelados. E criar um espaço espiritual para dar informações, onde as pessoas vão fazer uma iniciação de como podem conseguir um equilíbrio emocional, mental e espiritual, para conhecerem o seu próprio corpo de luz”, adianta.
     
    O Processo dos 21 dias
    – Bebe água, chá, iogurte, gelado e sumo. Por prazer, mas não para a nutrir.
    – Durante a primeira semana não comeu absolutamente nada. Só bebeu água.
    – Na segunda semana, ferveu abóbora e batata, mas só para tirar-lhes o suco.
    – Em três semanas perdeu 35 kg.
    – Um mês depois de iniciar o processo, Mizá pesava 55kg (tinha 97kg). E sentiu a necessidade de engordar até pelo menos 60kg. Para isso só comeu puré de batata e gelado.

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