Tronqueildo
O Sobrevivente
Tronqueildo ao nascer deparou-se apenas com uma das mamas, passou
a providencial mão como um limpador de para brisa para a direita e para a esquerda , não
encontrou a segunda fonte alimentar, o cabo da enxada a danificara nos
tenebrosos e cotidianos baques na lida diária, o rebento teve que se apegar e
contar com a realidade, o esforço pela sobrevivência tornou-se maior, o que não
foi permitido foi acovardar-se, contentar-se e acomodar-se, o recém nascido já
veio ao mundo lutando, ao chegar à vida real
depois do mergulho amniótico de nove meses sob a tutela placentária não
encontrou benesses, já nasceu trabalhando pesado em busca do nécta da vida, a
escassez o fez mais atento e resolutivo e vigil.
O Rebento chegou aos 12 meses comendo de tudo, pau, pedra,
parafusos, cabo de guarda chuva e até chumbo derretido, para o seu triturador
não havia tempo ruim, tudo era comestível, aliás, combustível. Até os cinco
anos desconhecia qualquer tipo de moléstia, só após os sete conheceu o primeiro
desarranjo, também pudera , com a mistura efetuada qualquer sanção se sentiria incomodado, 24
horas depois lá estava o sujeito de pé, pronto para a guerra, altivo, ativo,
sorridente , afinado e com os dentes afiados , brilhosos e cortantes como de um lobo alfa.
A força de sua mordida não era qualquer osso que suportava, o
caboclo era uma máquina de triturar
comida, frutas não possuíam cascas e nem caroços, todas as carnes eram maciças,
verduras não possuíam folhas, talos e nem raízes, crus, torrados, sapecados, no
vapor ou bem cozidos eram alimentos, tudo
era nutrientes , para o neófito tudo era
café pequeno.
Cascas, talos, folhas, troncos e tubérculos faziam arte do
seu variado e nutritivo cardápio, tudo se transformava em energia, tal qual um elefante tudo era considerado munição de bucho, combustível e
fonte energética. As águas sempre escassas , ora das chuvas nos
tempos de ouro, de um córrego, dos poços, dos barreiros, dos açudes, dos buracos das estradas, do subsolo
ensombrados próximo aos troncos das
grandes árvores, dos orvalhos , da sucção oral das folhas ou das raízes das
plantas anacardiáceas nordestinas, como a
dos umbuzeiros.
Quando completou 25 anos de idade, num regado bate-papo , o
moço confirmou que no mundo já havia comido de tudo, nada a reclamar, lábios de bois, cabeças de peixes, pés de galinhas, calangos, cobras, preás,
mocós, muçuns, gavião, urubus e carcarás só comera na seca de 1932, de lá para
cá não mais fez usufruto destas iguarias
nordestinas, diz peremptoriamente que valeu a pena, reforça que foi primordial para a sua sobrevivência em
tempos tenebrosos, no mais não tinha outras queixas, foi assim a sua formação
diante as intempéries da vida, diante do
escaldante sol e queimantes rajadas de ventos, hoje escolhe até o que comer, o mundo mudou para
esta indomada fera.
O moço tem a força dos ventos, a capacidade dos mares e o
equilíbrio do sol, hiberna como os vulcões, trabalha como o tempo , bondoso como a terra e universal como as
águas, nada lhe tira do sério, o seu tipo de vida, de luta, de garra e coragem
fez com que adquirisse todas estas propriedades, o homem é um gigante, é um
vencedor apesar de todas as dificuldades que passou e que tem absoluta convicção de que ainda vai
passar, o homem continua e continuará firme e no mesmo diapasão, atento, ativo, altivo, e sem fraquejar.
A diversidade da vida o ensinou a driblar as suas agruras, se
não tem sapatos vai de chinelos e na sua falta , descalços, se lhe falta avião, vai de carro,
de animal ou com as próprias pernas, não pode deixar de ir, jamais desistirá, na busca do pão se não tem carne, rói-se ossos,
na ausência da batata e do feijão, come-se farinha, rapa de pau, bagaço e o que for
comestível, na falta da água, bebe-se lama, sumo de folhas, água dos tubérculos
e suga-se raízes , não existe tempo
ruim, se chover é bom para se molhar, sinais de farturas e a volta da asa
branca, na sua ausência procura-se guarida
na energética luz solar , para o moço a vida é motivo mais do que
suficiente para lhe encorajar, tem convicção que o sabor das coisas só se
conhece quando existe suor, força e trabalho, este sobrevivente é um sobrevivente.
Sabe que muitas serão as dificuldades, como também sabe que
sem elas nada teria sentido e nem valor. Tem certeza que o Homem é apenas um humano,
um ser vivo que luta pela sobrevivência
da sua espécie e pela condução das
outras vidas no globo terrestre. O homem é apenas mais um neste imbricado Mega
Ecossistema chamado terra, que nada mais é do que um nada no Sistema Solar , que faz parte da família da Galáxia
Via Láctea, que corresponde a um duzentos bilionésimo de avos do Universo conhecido e estudado.
Tronqueildo é apenas, como cada um de nós diante da imensidão do
Universo um sobrevivente, APENAS UM SOBREVIVENTE, APENAS.
Iderval Reginaldo Tenório
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31 de mai de 2007 - Vídeo enviado por Gabriel Webber
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