Luiz Gonzaga e Dominguinhos
Mais um Capítulo da MPB
Puro Nordeste, Puro Sangue.
Dominguinhos nasceu em
Garanhuns –Pe, no ano de 1941, cidade bela, aconchegante e de clima serrano,
frio . Filho de uma família de dez irmãos, o pai um simples agricultor de subsistência
e meeiro , cultivava em terras alheias e dividia a produção meio a meio com o proprietário
da terra.
O pai além de afinador de fole tocava uma sanfona de 08
baixos, era um fole pequeno, simples, de
madeira e de lona encerada da marca Veado, o som era cheio e harmônico.
Aos 08 anos de idade o Dominguinhos e mais dois irmãos mais
velhos, o Morais e o Valdomiro já tocavam nas feiras livres e nos botequins ,
já ajudavam no sustento da família.
Em 1949 o Rei do Baião Luiz Gonzaga foi homenageado em Garanhuns
e para ele fizeram um jantar, uma grande festa , que para a população que conhecia as dificuldades da região era um verdadeiro banquete. Os
organizadores impressionados com o talento do Dominguinhos e os irmãos acharam
que as três crianças deveriam tocar e cantar para o rei Gonzaga, oito, nove e doze anos respectivamente, Dominguinhos era
o mais novo.
Cantaram e arrasaram, o Luiz ficou apaixonado pelo toque da
sanfoninha de madeira, uma oito baixo que se agigantou nos toques sutis do
menino prodígio de Garanhuns. No fim da
apresentação o homenageado pegou um maço de 300 mil reis, um dinheirão naquela
época e doou ao Dominguinhos, o pequeno e pançudo sanfoneiro mirim. Na mesma ocasião
o chamou e disse, ”MENINO QUANDO FOR A RIO EM QUALQUER ÉPOCA ME PROCURE, EU
QUERO VOCÊ POR PERTO DE MIM” e lhe forneceu o endereço, o Luiz tinha um coração
do tamanho do universo.
O Dominguinhos continuou a sua labuta sertaneja, com13 anos
de idade foi para o Rio de Janeiro onde o seu irmão mais velho, o Morais, já morava,
lá o sanfoneiro antes do estrelato foi ajudante de pedreiro, pedreiro, tintureiro e entregador de roupas das
tinturarias . Com o aperto no nordeste sofrido, o pai, o Mestre Chicão da
Sanfona, também viajou para o Rio, ficaram os três filhos e o pai, quatro
retirantes da seca, fruto do êxodo rural, num quarto na cidade de Nilópolis.
Num dia de muitas dificuldades e com o acanhamento peculiar do nordestino em
terra alheias, o Dominguinhos tomou
coragem e resolveu procurar o Rei Luiz na sua casa, tinha o seu endereço e
tomou o rumo em busca de guarida, muitas eram as dúvidas e preocupações, será
que seria recebido pelo mestre, pelo consagrado cantor do Exu, o Rei do Baião? Será
que teria pelo menos a chance de contar como estavam no Rio, ele e os seus
parentes, apertados num quartinho na cidade de Nilópolis vivendo de pouca
renda?
Bateu na porta e emocionadamente foi recebido de braços
abertos, neste dia foi uma festa, tanto para ele como para o Rei Luiz e de lá só saiu quando ficou
famoso, continuou ao lado do seu mentor pro resto da vida, seu Luiz no primeiro
dia do reencontro lhe presenteou com uma bela sanfona de oitenta baixos, com
esta Sanfona o Dominguinhos tirou o pé da lama, ajudou toda a sua família e
nunca mais conheceu a fome , com a bendita sanfoninha presenteada pelo mestre o
menino decolou, praticamente acompanhava todas as estrelas e ícones da época como Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves,
Marlene, Emilinha Borba, Ângela Maia e outros famosos .
Naquela época o Rei do baião possuía em casa um pequeno
estoque de sanfonas, para uso e para presentear os novos talentos , principalmente os oriundos do árido nordeste, tanto que
também foi assim com o meu amigo e conterrâneo Waldonys lá de
Fortaleza. A sua casa era um verdadeiro gabinete musical, uma verdadeira casa
de espetáculo pessoal onde ensaiava, cantava e se divertia, ajudava a todos
que o procurava. A casa do Rei Luiz albergava todos os artistas do Norte e Nordeste
que procurava apoio, era um referencia, eram ajudados um a um , muitos foram
os artistas que beberam da água do velho
do baião, Marinez, Abdias, Genival Lacerda, João Silva( o seu maior parceiro e
compositor, Nem se dispidiu de mim, Pagode Russo, Tá Danado , Sanfona Choradeira e Viva Meu Padim), Zito Borborema, Jackson do
Pandeiro, Severo, Osvaldinho, Jacinto Silva, Osvaldo Oliveira, o menino
Waldonys e todos os outros que explodiram no forró e no baião, o Luiz era um
acolhedor, o Rei era um visionário , sabia que tinha que
cuidar com muito carinho do seu reinado. A sua casa era uma verdadeira creche
para os neófitos músicos e tocadores nordestinos , foi o padrinho dos milhões
de sofredores nordestinos que procuravam abrigo no sul e o responsável pelo pão
de cada dia de milhões de profissionais por este Brasil afora e nunca deixará de ser o
grande provedor.
Brasil olhe a garra , a força e a importância destes dois
brasileiros de fibra, Luiz Lua Gonzaga o rei do Baião e o Dominguinhos o vice
rei. O Luiz sempre foi o Rei e Dominguinhos o ajudou a amansar a sanfona e pulverizá-la
por este Brasil afora, todos os sanfoneiros do Brasil afirmam, Luiz é o meu
eterno rei e o Dominguinhos o meu eterno professor. Viva o baião, acorda
Brasil, muitos sanfoneiros ainda iram passar por este infinito território
musical, eu sou baião, baião, baião e haja baião, muitos brasileiros viveram,
vivem e viverão de sua lavra.
O Dominguinhos virou o seu maior amigo e vice-versa , Luiz
Gonzaga e Dominguinhos dois homens do bem. O seu maior discípulo não
decepcionou , seguiu a mesma trilha do mestre, passou também a apadrinhar
muitos filhotes do forró e do baião que hoje perpetuam com maestria a sua obra.
Waldonys meu irmão aquele abraço, Marquinho filho de Marinez e de Abdias meus
respeitos e muita força, aquele abraço.
Iderval Reginaldo Tenório
DVD Dominguinhos Ao Vivo em Nova Jerusalém ... - YouTube
www.youtube.com/watch?v=g8kjYjmtPzk
30 de dez de 2013 - Vídeo enviado por Pernambuco Som Cultural
Dominguinhos teve como parceira a cantora e compositora Anastácia, que fez a letra de 210 músicas ...
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