sexta-feira, 13 de setembro de 2024

GENERO E DIVERSIDADE

 

Dialética

A dialética é um amplo e antigo modo de operação do pensamento racional dentro da filosofia. Não é possível determinar com precisão quem foi o primeiro filósofo a delineá-la, sabe-se apenas que ela surgiu entre os filósofos pré-socráticos e popularizou-se com o método socrático por meio dos escritos platônicos.

Com base em Sócrates, Platão definiu seu próprio modo de pensar a dialética, que perdurou como pano de fundo para o conhecimento filosófico durante séculos. No século XIX, Karl Marx operou uma verdadeira revolução no conceito de dialética, pensando-a baseado na luta de classes e na produção material da sociedade.

Leia mais: Eudaimonia – concepção ética que visa ao alcance da felicidade como finalidade moral

Etimologia da palavra dialética

Dialética advém do grego dialetiké. Ao desmembrarmos a palavra, descobrimos que o termo dia representa interação, troca. Letiké possui a mesma raiz que logos, significando, portanto, palavra, razão ou conceito. Assim, dialética é, a rigor, uma troca de palavras, de informações que pode resultar em outra palavra ou informação.

O que é dialética?

Não há um consenso sobre a origem do termo dentro da história da filosofia. Alguns historiadores dizem que o “pai” da dialética teria sido Heráclito, ao identificar esse movimento intelectual como algo presente e fundante da natureza: uma troca de informações do constante movimento da natureza que resulta num complexo entendimento do natural como algo que sempre muda e nunca fica estático.

Heráclito de Éfeso é considerado um dos “pais” da dialética.
Heráclito de Éfeso é considerado um dos “pais” da dialética.

Outros historiadores apontam a origem da dialética na filosofia de Zenão de Eléia, discípulo de Parmênides, como um preceito para os paradoxos criados pelo filósofo para provar o imobilismo. De qualquer modo, há um consenso de que a dialética originou-se entre os pré-socráticos, mas foi Platão quem popularizou, aprofundou e, de fato, teorizou o seu conceito.

A dialética é, a princípio, um jogo de ideias, concepções ou palavras que resulta no embate por serem elas, entre si, diferentes. O resultado do embate de ideais diferentes pode proporcionar uma nova ideia. Dialética pode significar a arte de debater, de persuadir, tendo então uma estreita relação com a retórica.

Em suma, podemos dizer que a dialética é uma espécie de movimento da argumentação com fundamento no intelecto e na razão. No entanto, ela sofreu transformações ao longo do tempo de acordo com cada pensador. Nos próximos tópicos deste texto, faremos uma incursão no conceito de dialética de acordo com alguns filósofos.

Dialética socrática

Sócrates não falou diretamente da dialética, mas o seu modo de filosofar era bastante dialético. Não existem escritos deixados por esse pensador grego que marcou a filosofia clássica. No entanto, os diálogos socráticos deixados por Platão são uma referência para entender-se a dialética antiga, tanto no que tange ao pensamento de Sócrates quanto no que tange ao pensamento do escritor dos diálogos, o filósofo Platão.

 Sócrates é considerado um filósofo da dialética.
 Sócrates é considerado um filósofo da dialética.

Sócrates desenvolveu um método filosófico dialógico (feito por meio de diálogos) conhecido como maiêutica. A maiêutica socrática consiste numa sucessão de perguntas aos interlocutores visando fazer com que eles demonstrem uma resposta. No entanto, a constatação de Sócrates era que seus interlocutores, que se julgavam detentores do saber sobre o que era perguntado, não conseguiam responder satisfatoriamente às perguntas. Aliada à maiêutica, Sócrates utilizava-se da ironia como modo de instigar os interlocutores.

O método filosófico socrático pode ser considerado dialético por apresentar as contradições lançadas por seus interlocutores e, com base nisso, conseguir formular um conhecimento novo, uma formação de um conceito sobre determinado assunto. Ao demonstrar que seus interlocutores lançavam respostas contraditórias, o filósofo conseguia expor uma nova forma de conhecimento racionalmente válida, que formava um novo conceito.

Leia mais: Filosofia da ciência – campo de estudo que lida com conceitos importantes para a ciência

Dialética platônica

Platão, discípulo de Sócrates, além de escrever os diálogos socráticos, imprimiu nesses textos a sua própria filosofia. Platão pode ser considerado o filósofo que, de fato e pela primeira vez, conseguiu estabelecer de forma correta e concreta o conceito de dialética.

A dialética platônica faz parte do seu projeto epistemológico, que afirma que existem duas formas de conhecimento: uma superior e uma inferior. O conhecimento sensível (da experiência prática, advindo dos sentidos do corpo) seria o tipo inferior, enquanto o conhecimento inteligível (advindo do intelecto, do raciocínio e da razão) seria o superior.

Para Platão, o ser humano era composto por uma dualidade chamada de psicofísica: corpo (material) e alma (imortal). A alma estaria relacionada ao conhecimento inteligível, era superior e perfeita. O corpo, material, era imperfeito.

Nessa relação, o ser humano deveria sempre buscar o conhecimento intelectual para chegar à verdade. Como esse conhecimento estaria ligado à alma e esta seria imortal, logo, ele ficaria impresso na alma para sempre. Segundo Platão, o que acontecia é que, no momento em que a alma encarnava, ela se esquecia temporariamente dos conhecimentos obtidos anteriormente.

O processo de rememoração dos conhecimentos esquecidos na encarnação da alma seria de suma importância para que a pessoa chegasse a um conhecimento verdadeiro. Esse processo somente seria possibilitado pela educação (paideia, para os gregos). Para Platão, um dos processos da paideia seria a dialética.

A dialética, nesse sentido, compreenderia um processo complexo para chegar-se ao conhecimento da verdade, pois ela apresentaria as possíveis contradições em relação à verdade e mostraria o caminho para chegar-se ao conhecimento verdadeiro. O cerne dessas contradições estaria, justamente, na contraposição do conhecimento inteligível (das ideias) com o conhecimento sensível (do corpo) por meio do processo educativo da paideia.

Platão foi o primeiro filósofo a teorizar a dialética. [1]
Platão foi o primeiro filósofo a teorizar a dialética. [1]

Dialética de Aristóteles

Aristóteles foi discípulo de Platão. Apesar da divergência com seu mestre, o filósofo continuou na esteira da dialética, dando a ela novo significado e nova interpretação. Para Aristóteles, a dialética consiste num procedimento lógico de verificação da validade dos argumentos, construídos em cima da linguagem.

Na filosofia aristotélica, existem dois processos centrais que delimitam o conhecimento: a lógica e a dialética. A lógica busca fundamentação na demonstração cabal do que foi enunciado e nos chamados axiomas. Já a dialética assenta-se na opinião, mas em um tipo específico de opinião: a endoxa (boa opinião). Para o filósofo, a opinião poderia ser descartável ou proporcionar um conhecimento válido, de acordo com o que é demonstrado no argumento apresentado. Se o conhecimento opinativo for válido e coerente, podemos ver nele o resultado de um processo dialético.

Veja mais: Metafísica de Aristóteles – conjunto de escritos que tratam do “ser enquanto ser”

Dialética materialista

A dialética materialista foi proposta pelo filósofo contemporâneo Karl Marx. Marx foi profundamente influenciado pelo filósofo (também alemão) Georg Wilhelm Friedrich Hegel, um pensador considerado partícipe do movimento intelectual chamado idealismo alemão.

Como idealista, Hegel estava profundamente ligado à teoria platônica das ideias. Por isso, ele ressuscitou a dialética platônica e aprimorou-a, formulando-a da seguinte maneira: a dialética consiste na contraposição entre uma tese e uma antítese (tese contrária), que formam uma síntese (conhecimento novo).

No início de seus estudos, Marx ligou-se ao idealismo alemão e à filosofia de Hegel, mas, com o passar dos tempos, o pensador afastou-se dessas teorias. Para Karl Marx, um dos fundadores do socialismo científico, não fazia sentido uma filosofia que não propusesse e nem interferisse na prática, na realidade material da sociedade.

Ele havia entendido que a história da humanidade dá-se por sua produção material, e que essa produção material é que compõe o mundo objetivo das relações. Por isso, o filósofo alemão rompeu com a tradição idealista e fundou o materialismo histórico dialético, uma teoria que enxergava o mundo com base em suas contradições e seus desvios.

Para Marx, a história do mundo dá-se por meio de uma contradição (em especial no contexto capitalista industrial europeu do século XVIII), que é a contradição de classes sociais. Segundo o filósofo, o mundo expressa a sua dialética no embate entre as classes, que se opõem enquanto conceitual e materialmente diferentes.

No capitalismo, as duas classes sociais seriam a burguesia (donos dos meios de produção) e o proletariado (trabalhadores). Para Marx, essa diferenciação levaria ao momento em que o proletariado perceberia as contradições do sistema capitalista (que explora os trabalhadores) e revelaria uma nova situação. Essa nova situação seria como uma antítese, que revelaria a revolução do proletariado, que se libertaria de sua situação de exploração.

Crédito da imagem

[1] Rafael Machado da Silva / Commons

Publicado por Francisco Porfírio

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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

O NORDESTE EM QUATRO ETAPAS. A Asa Branca e a sua trajetória cultural

 

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 Previsão de chuvas para o Nordeste em fevereiro

  HISTÓRICO DO NORDESTE EM QUATRO ETAPAS.

A Asa Branca e a sua trajetória cultural

Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira, Zé Dantas, João Silva e José  Marcolino. Lendas que ajudaram a tirar o nordeste  da invisibilidade

                               PARTE I- 1947. A ARRIBADA, O ÊXODO.

                                                   ASA BRANCA

                                   HUMBERTO TEIXEIRA E LUIZ GONZAGA

O Nordeste Brasileiro,  região  esquecida e vilipendiada pelos poderes públicos por mais de cinco séculos, guarda muitos segredos culturais  e riquezas  para o mundo. 

Caatinga cinzenta é o seu piso e  o azul celesteo seu teto.    Região eternamente  sapecada, escaldada, desidatrada e  queimada pelo causticante sol,  varrida e sacudida pelas  lufadas dos ventos quentes a refletir os raios solares como miragens, mimetizando lagoas à distância, a conformar o legítmo homem do sertão e os animais não humanos, que trazem na mente todos os anos, por repetidas vezes:  "No ano que vem, terá inverno".

Bioma   maestralmente documentado em  O Quinze,  de Raquel de Queiroz, ao reviver o seu torrão natal, Fazenda Não Me Deixes, no município de Quixadá no  Ceará na seca de 1915 e em Vidas Secas, do alagoano Graciliano Ramos, nascido em Quebrangulo e prefeito da cidade de Palmeira dos Índios quando retratou a seca de 1932. 

O bioma nordestino guarda  muitos mistérios do desconhecimento  humano, como reverberaram   o carioca Luiz Carlos Pereira de Sá, o , e o  baiano, da cidade de Barra, Guttemberg Nery Guarabyra Filho,  o Guarabyra, em 1977, no clássico  O Sertão Vai Virar Mar, da dupla  Sá e Guarabyra.

Luiz Gonzaga, pernambucano do Exu  e Humberto Teixeira, cearense do Iguatu, os genitores  do baião,  fizeram um enlace matrimonial com a humanidade pela cultura  e para documentar o nordeste brasileiro. Queriam um símbolo fidedigno que representasse a alma de um povo sofrido, e que o orientasse  na seca, na fome, nas cheias  e na  fartura. Estavam  comprometidos e jurados, pelo destino,  a compor uma obra músical, que fosse irretocável e reverberasse  aterninamente  para  todo o globo terrestre. 

Mentalmente sintonizados pelas mesmas propriedades e fenômenos naturais, pensaram  qual seria a figura viva  nordestina  que  poderia ser o seu símbolo e quais os acordes a serem  entoados. Não foi difícil para os dois gênios. Em um estalo celestial, o descamisado  pernambucano, da cidade do Exu, Luiz Gonzaga, explanou para o experiente advogado, o cearense da cidade de Iguatu, Humberto Teixeira: 

" Dos seres vivos da flora e da fauna nordestina,  é o pássaro ASA BRANCA,  o animal que prevê e foge da seca, e sabe quando ela terminará. Foge do sertão nas épocas ruins e volta nas grandes aguadas.  Foge da fome, do tédio e da tristeza, retorna nas chuvas, na alegria e na fartura, é o maior orientador deste povo. Luta pela sobrevivência e  para este animal não existe  o último soluço, o seu lema é a vida e o seu torrão o maior orgulho". 

Foi prontamente aceito, e com água nos olhos se abraçaram. 

Ao mesmo tempo,  o Humberto matutava o outro tema, quais os acordes, qual a melodia. Fechou os olhos, apurou o cérebro, foi fundo na mente  e falou para o Luiz: 

"Existe uma música  folclórica, de domínio  popular, cantada  há mais de 300 anos e a melodia  continua viva na memória do povo, e é transmetida de geração em geração". 

Cantaralou em  gemido e boca fechada o que havia  encravado na sua mente, e  lá do fundo da garganta mostrou   ao rei a força da memória dos seus seis anos de idade, o gemido da música estava encravada no privilegiado  cérebro iguatuense.

O Luiz cerrou os olhos e viajou no tempo, foi  fundo na mémoria, ouviu como se fosse naquele dia, o cantarolar gemido  humhumhumhumhumhum de  Dona Santana por mais de uma vez,  e  resgatou  das secas de 1915 e 1932 os episódios hibernados na sua mente, quando saboreava um mingau feito da massa da mucunã e rebatia com a saborosa massa do jatobá para saciar a fome no cume da Chapada do Araripe.  O abraço foi reforçado e os lenços foram insuficientes para enxugarem as lágrimas dos dois sobreviventes, genuínas  Asas Brancas.

Oficializada a ASA BRANCA, como  a representante do nordeste, e a centenária melodia com os seus gemidos e  lamento, alí era gerada a música Asa Branca, considerada a alma do nordeste.

Em pleno ano de sofrimento e dificuldades, 1947, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, autor de Baião, Juazeiro, Respeita Januário e Meu Pé de Serra  conseguiram documentar o  êxodo do Nordestino  para o Sul, utilizando como símbolo a Asa Branca e as suas propriedades meteorológicas.  Como pano de fundo,  os acordes da velha e folclórica melodia temperada com o gemido humhumhumhumhumhum. Foi tocado, balançado e degustado o âmago de cada um, e aos prantos documentaram com fidedignidade a pérola  ASA BRANCA. Com o Luiz, o Humberto e a Asa Branca nascia um mistério real, mostrando para a eternidade  o sofrimento, o labutar, a coragem e o quanto é forte  o homem do nordeste brasileiro.

                              PARTE II -1950- O RETORNO

                                        A VOLTA DA ASA BRANCA

                                       JOSÉ DANTAS E LUIZ GONZAGA 

O tempo passou, as chuvas voltaram, o capim, as babujas renasceram, os pássaros cantaram, os sapos e as rãs coaxaram,  e a   Asa Branca ouvindo o ronco do trovão, retornou ao seu lar numa salva de alegrias,  bucho cheio, água em abundância e muita esperança. Com este cenário, o médico pernambucano, de Carnaíba e dos sertões do Pajeú, José  Dantas, autor de Xote das Meninas, Acauã, Sabiá, Riacho do Navio,  Samarica Parteira e Vozes da Seca   escrevinhou A VOLTA DA ASA BRANCA. Tudo verde, tudo belo e muita fartura na Chapada do Araripe, na Chapada da Borborema,   nos sertões do Pajeú, do Seridó, no  Cariri Cearense, no Cariri Paraibano, nos cafundós das Alagoas e  em todos os recantos nordestinos.

Isto foi em 1950, para 02 anos depois, a Asa  Branca anunciar mais um período de seca, mais um período  para  esturricar o sertão e iniciar mais um êxodo à procura do  DICOMÊ. Sabe o sertanejo que um ano de seca consome  dez anos de fartura, está aí a segunda fase do Rei Luiz a cantar o seu sofrido povo e a sua esturricada terra.

                   PARTE III- 1983A IRRIGAÇÃO, A ÁGUA PARA O NORDESTE.

                                                O PROJETO ASA BRANCA

  JOSÉ MARCOLINO E LUIZ GONZAGA 

Em 1978, indicado pelo Presidente Ernesto Gaisel, o Presidente da Câmara dos Deputados, o Dr. Marcos Maciel,  conduziu   o  Estado  de Pernambuco como governador biônico. Ao sentar na cadeira do Palácio do Campo das Princesas,  prometeu ao  Luiz Gonzaga, água para o povo sofrido da Chapada do Araripe e criou o Projeto Asa Branca.  Para homenagear e documentar o fato,  o Luiz, junto ao  paraibano de Várzea Paraíba, distrito de São Tomé,  hoje município de Sumé, José  Marcolino Alves, autor de Numa Sala de Rebôco, Cacimba Nova, Quero Chá, Cantiga do Vem-vem e Pássaro Carão,  lançaram em 1983 a música  PROJETO ASA BRANCA.

                         PARTE IV. 1984 -UMA ESTRADA ASFALTADA PARA O EXÚ, 

                                                   BODOCÓ E OS SEUS SERTÕES.

A RODOVIA ASA BRANCA,  DO  CRATO, Ce A BODOCÓ, Pe.

JOÃO SILVA E LUIZ GONZAGA

João Silva, pernambucano de  Arcoverde,  autor de Nem se despediu de mim, Tá Danado de Bom, Pagode Russo, De fiá Pavi, Viva meu Padim e do bolero apracatado, segundo Luiz Gonzaga, Pra não morrer de Tristeza e  considerado  o maior parceiro do velho Lula da fase moderna, era pós êxodo, era de um  Brasil jovem, urbano e Universitário, um compositor dedicado  e que vivia ao seu lado, resolveu junto ao Rei, documentar a chegada do asfalto na terra de seu  Luiz. 

Dos anos de 1984 a 1986, o Governador do Ceará, LUIZ GONZAGA DA FONSECA MOTA e o  Governador  de Pernambuco, Roberto Magalhães Melo resolveram pagar uma dívida ao maior símbolo  musical do Nordeste e ao seu povo. Para este intento decidiram asfaltar o trecho que vai  da Cidade do Crato, no Ceará,  ao Exu em Pernambuco, mais de 80 quilômetros, cortando a Chapada do Araripe, hoje patrimônio da humanidade. A esta estrada deram o nome- RODOVIA ASA BRANCA e coube a João Silva compor a música Rodovia Asa Branca, imortalizada na voz mais nordestina dos nordestinos, o filho de seu Januário e de dona Santana, Luiz Gonzaga do Nascimento.

 Estes episódios mostram, que a    arte é  uma das melhores maneiras de documentação desde os primórdios do mundo. Não é leal  esquecer,  que foram os cordelistas, os repentistas e os pequenos escritores que documentaram mais de mil anos da história da humanidade. Vide o cangaço, o Padre Cícero, as grandes batalhas e os diversos fatos que hoje são resgatados com precisão. 

Conheça  o Otacilio Batista, Geraldo Amâncio, Pedro Bandeira de Caldas, Bule Bule,  Ivanildo Vila Nova,  conheça o Patativa do Assaré (o cearense do século)   e outros monstros do repente nordetino pulverizados em suas plagas.

Luiz Gonzaga e os seus parceiro foram os maiores documentaristas  dos fatos brasileiros, notadamente do Brasil esquecido. O Brasil está retratado nas suas obras. Cada episódio, cada povo, cidade, amigos e costumes  estão salpicados e reverberados na mais equilibrada e suave voz do Brasil, a do imortal  LUIZ GONZAGA DO NASCIMENTO.

Cinco imortais, Luiz, Zé Datas, Humberto, João Silva  e Marcolino. Dentre eles, um gênio,  filho da cidade do  Exu, adotado de corpo e alma pelo  Crato e Juazeiro do Norte, as terras do Padre Cícero, terra do meu padim, o santo dos sertões, pois o padre nasceu no Crato e foi o fundador de Juazeiro. Gênio que resgatou a cidadania de um povo, o tirando da invisibilidade da vida, Luiz Gonzaga do Nascimento, o pernambucano do século.

Um pássaro, a Asa Branca, uma chapada, a do Araripe, as secas, as chuvas, uma estrada e depois a irrigação. Estes fatos acontecidos no Nordeste Brasileiro foram documentados  com o  nome ASA BRANCA por cinco nordestinos de valor, considerados pelos mesmos, verdadeiros   sobreviventes. 

Iderval Reginaldo Tenório

 

                                                 Posfácio


Luiz Gonzaga e os seus parceiros  foram os maiores documentaristas  das cincos regiões mdo Brasil, o país está retratado nas suas obras.  Mais de 1000 músicas gravadas, mais de 100 LPs próprios, participação em mais de 1000 de outros artistas.  Cada episódio, cada cidade, cada amigo, cada momento e cada povo está salpicado, ovacionado, registrado, imortalizado e reverberado na mais ouvida e suave voz do Brasil, LUIZ  GONZAGA DO NASCIMENTO, o imortal rei do baião, um gênio que nunca desafinou.
  

" Vai, boiadeiro, que a noite já vem

Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem"

Klecius Caldas / Armando Cavalcante

 

ESCUTEM AS QUATRO FASES

Asa Branca
Quando oiei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
 
 
Quando oiei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
 
 
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
 
 
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Entonce eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
 
 
Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão





Luiz Gonzaga - Asa Branca (Rei do Baião) - YouTube

www.youtube.com/watch?v=cWiJL0_yj9c
26 de out de 2009 - Vídeo enviado por Breno Alves
Asa-Branca é uma canção de choro regional (popularmente conhecido como baião) de autoria da dupla ...


Luiz Gonzaga - A volta da asa branca - YouTube


Letras
 
Já faz três noites
Que pro norte relampeia
A asa branca
Ouvindo o ronco do trovão
Já bateu asas
E voltou pro meu sertão
Ai, ai eu vou me embora
Vou cuidar da prantação
 
 
A seca fez eu desertar da minha terra
Mas felizmente Deus agora se alembrou
De mandar chuva
Pr'esse sertão sofredor
Sertão das muié séria
Dos homes trabaiador
 
 
Rios correndo
As cachoeira tão zoando
Terra moiada
Mato verde, que riqueza
E a asa branca
Tarde canta, que beleza
Ai, ai, o povo alegre
Mais alegre a natureza
 
 
Sentindo a chuva
Eu me arrescordo de Rosinha
A linda flor
Do meu sertão pernambucano
E se a safra
Não atrapaiá meus pranos
Que que há, o seu vigário
Vou casar no fim do ano.
 
 
Fonte: Musixmatch
Compositores: Luiz Gonzaga / Ze Dantas
www.youtube.com/watch?v=whKGCQiD7iY
17 de mai de 2009 - Vídeo enviado por didiloureiro
essa musica como as demais de Luiz Gonzaga são obras- primas dignas de figurarem em todos os ...

Rodovia Asa Branca

Luiz Gonzaga

COMPOSIÇÃO -JOÃO SILVA


Eu vi um dia
Dois homens fazer um trato
De ligar Exu ao Crato
Pernambuco ao Ceará
O homem de cá
Trabalhou chegou primeiro
E o de lá também ligeiro
Num dançou eu chego lá

Olha o homem aí
É gente da gente
Olha o homem aí
Alegre e contente

Olha os homen aí
É o povo que diz
Olha os homen aí
Juntos com Luiz

Roda, rodada
Rodando, roda rodeia
Rodovia, Asa Branca
Tá todinha prá você

Olha o homem aí..
..

Rodovia Asa Branca - YouTube

www.youtube.com/watch?v=4l6FdSyAzBY
17 de mar de 2012 - Vídeo enviado por Pedro Macedo
Música Rodovia Asa Branca com Luiz Gonzaga. ... Asa Branca no aniversário de 75 anos de Luiz ...

Projeto Asa Branca - YouTube


www.youtube.com/watch?v=NHkL54Gugjc
17 de mar de 2012 - Vídeo enviado por Pedro Macedo

 

Projeto Asa Branca

Luiz Gonzaga/ ZÉ MARCOLINO

Ainda não temos a cifra desta música.

Louvado seja Deus
Abençoada a canção
Louvado seja o homem
Que dá água pro sertão

Bendito foi o momento
De divina inspiração
Quando feita a conclusão
De um grande planejamento
Dia onze de dezembro
Do ano setenta e nove
Vem à tona e se promove
Uma idéia rica e franca
Marco Antonio Maciel
Criou o Projeto Asa Branca

Dia vinte e um de março
Data marcante, ano oitenta
Maciel num tempo escasso
Prevendo a seca cruenta
Na cidade de salgueiro
Promoveu o lançamento
Para o engrandecimento
Da terra em sua mensagem
Consagrou esse projeto
Pra salvação da estiagem

Parabéns sertão e agreste
Pela graça que hoje alcança
Com a cor da esperança
Toda a região se veste
Tantas obras preventivas
Por ele realizadas
Açude, barragem, estrada
Para comunicação
Prendendo as águas dos rios
Pela perenização

 

“Sobradinho” (Sá & Guarabyra) - YouTube

Comments15 · Roque Santeiro, por Sá e Guarabyra · & Guarabyra - Sobradinho (O sertão Vai Vira Mar) - Imagens e áudio em HD - Legendado.
YouTube · Sá & Guarabyra Oficial · 18 de nov. de 2020