quinta-feira, 30 de março de 2023

ZEZINHO E A GATA CEGUINHA

 

ZEZINHO E A GATA CEGUINHA

Gata mais velha do mundo completa 25 anos

Zezinho e a Gata Ceguinha
Zezinho acordou mais cedo, abriu a porta dos fundos, encontrou a gata ceguinha deitada no batente com dois cibitos mortos à tiracolo, ambos amarelos com pintas pretas, eram dois buguelos de um pássaro chamado Caga-Sebo.
A Ceguinha era uma velha gata que  Dona Totonha  criava, uma gata cinza.  Quando nova,  só faltava voar , às vezes voava, pois , pular três a quatro metros de uma árvore para um telhado, não deixava de ser uma planação Ficou cega depois de um acidente com espinhos de mandacaru.
Não gostava de ratos, o seu esporte era erradicá-los , porém, não tinha estômago para os mesmos, depois do sacrifício os abandonava.  Parece que as ratazanas orientavam as suas crias a identificar os miados da ceguinha, porém existia os incautos.
Era simples, cega, pequena, nordestina, xôxa, acanhada, miado baixo, porém, era uma felina, era temida e respeitada , era uma fera. A sua última cria foi 02 anos atrás , jamais aceitou que o seu rebento  virasse adulto.  O seu filho , um gato  de mais de dois quilogramas,  que se chamava Mimoso, ficava sempre à espera. A regra era a mesma,  trazer  todos os dias uma prenda para o preguiçoso grandalhão.
Mimoso um gato  gordo, delicado, pelo fino, preguiçoso, amofinado, miado macio, gostava de uma cadeira fofa.  Apreciava leite, carne mole e banhos com sabonete  Gessy. Quando  o sol caia e chegava a noite, recolhia-se a uma cadeira debaixo da mesa e só abria os olhos ao amanhecer.  Era um príncipe,  um dependente, um fruto do ócio, talvez perdido pelo exagerado  cuidado da felina mãe . Era um desocupado e  oportunista , um bonitão filho da mamãe, no frigir dos ovos,  era um sem planos.
Ao abrir a porta,  a gata miou duas a três vezes, o principe levantou a cabeça, pulou sorrateiramente da cadeira, esticou os membros se espreguiçando.  Num sinal de superioridade elevou a coluna vertebral como um dromedário, e na sorrelfa,  vagarosamente foi ao encontro da mãe, lambeu os moribundos cibitos, triturou-os nos afiados dentes,  lambeu a boca e as patas da mãe. Sentou-se à espera do  leite  cotidianamente servido  pela dona da casa.
Zezinho abriu as portas e as janelas da casa, a brisa serrana milagrosamente descontaminou o velho casarão, entrou mansamente em todos os aposentos trocando e renovando o ar da noite dormida . O sol  com os seus raios encheu o ambiente interno  e o chilrear da passarada, orquestralmente, despertou mais uma manhã  com a  mais pura e limpa melodia .
Nascia mais um dia nos confins abandonados do sofrido sertão nordestino.  Só Zezinho e Deus presenciaram aquela maternal  cena sertaneja.
São muitos os Mimosos por este mundo afora, são muitos.

Iderval Reginaldo Tenório

 

Coereba flaveola ( Sebinho ou Cambacica ou Caga-sebo ou Ma… | Flickr

Caga-sebo 

Pequeno pássaro de papo amarelo e dorso com pintas pretas.  Voa baixo, pouco e de galho em galho,  depois de depenado não chega a cinco gramas, é só cabeça, penas e dois finos  gravetos que servem de pernas.  O seu ninho é construído nas pontas  das galhas pendentes, são geralmente compridos, tipo bucha vegetal de lavar pratos com um buraco no meio, é uma obra de arte da engenharia animal.


Viola e o Canto dos Pássaros Luar do Sertão - YouTube

SE INSCREVA NO CANALSIGA A GENTE NO INSTAGRAM: @gravadoracdcenter.
YouTube · CD CENTER · 6 de out. de 2020

Um comentário:

Cláudia Carneiro disse...

Muitos são os gatos e gatas não tão cegos