domingo, 5 de junho de 2022

Zezinho , o Rei Leão e a liberdade.

FÁCIES DE BOBOS E DE SUBSERVIÊNCIA.

ÓRGÃOS DA REPRODUÇÃO E DA EVACUAÇÃO EMBUTIDOS.  

ORELHAS BAIXAS .

Leão ataca menina de quatro anos durante espetáculo de circo - Mundo -  Correio da Manhã

Leão resgatado em circo no Mato Grosso do Sul vai para o santuário em SP -  Jornal O Globo 

FÁCIE DE TRISTEZA E DE INDIFERENÇA

Blog do Gabriel Binho : OS 3 LEÕESFÁCIES ALTIVAS, FÁCIES DE LIBERDADE.

 

Zezinho , o Rei Leão e a liberdade.

Zezinho foi ao circo com o seu pai, ao final  do espetáculo queria  saber como viviam os animais que encantaram a plateia, principalmente o leão, pois o achou manso, educado e muito obediente.

O pai  conseguiu  realizar o pedido da criança.  Enquanto conversava com os artistas, o menino foi com o cuidador  à jaula do Leão, o  funcionário ficou à certa distância,  porém atento  e vigilante   .

Ao chegar perto do Leão, Zezinho  puxou uma prosa com o felino,  desconfiado e com medo  deu boa tarde ,     o leão que  se encontrava deitado,   indiferente  permaneceu, imóvel e  calado    ,  de  soslaio vagarosamente  abriu os olhos.

O menino insistiu, o leão levantou-se e foi até o gradil da jaula,  por defesa Zezinho se afastou, uma vez que o animal é irracional, selvagem, carnívoro  e feroz, tinha um  odor ocre, um odor muito forte.

O piso da jaula era sujo, molhado, alguns fragmentos  de carne  ,  dejetos fecais   e urina nos  cantos,   de perto o leão  não era tão bonito, alegre e pomposo  como aquele   que se apresentava no circo,  existia algo a se decifrar naquelas duas vidas apesar de ser o mesmo animal, moscas preenchiam a dantesca gaiola .

Zezinho tentou mais uma vez conversar com o Rei dos animais, com a voz mansa insistiu:

“Boa tarde Leão, boa tarde, como vai você?, Eu sou Zezinho,  moro nesta cidade, tenho 06 anos de idade  e já estou na Escola, e o amigo como vai ?”

O Leão meio triste, envergonhado e com a voz baixa respondeu, não poderia ficar em silêncio diante da preocupação de uma criança.

“Vou escapando meu amiguinho, sobrevivendo dentro desta pequena jaula coberta por zinco. A água é pouca, a comida só em dias de espetáculo, geralmente restos comprados nos péssimos matadouros da região, a vida aqui é sofrida,  triste, repleta de saudades e solidão.

O menino queria saber mais e descontraído fez outra pergunta. 

“E por que o amigo fez tudo que o domador mandou fazer com tanta alegria, calado, obediente e sem contestar? Foi para receber aplausos  ou para se mostrar?”

“Que alegria que nada meu querido amiguinho,  que aplausos, que se mostrar que  nada, fiz e farei para não ser castigado e nem morrer de fome, ainda sonho com a minha liberdade.  O  domador é mau. Usa uma haste de ferro pontiaguda e um chicote   com  aros de ferro no final, é uma humilhação, encaro como um castigo sem merecê-lo, o ferro fere e o chicote corta, o homem não tem piedade, não tem coração”

O menino  insistente e curioso  continuou as suas perguntas.

“Meu amigo Leão, você trabalha neste circo há quanto tempo e como arrumou este emprego?

“Isto não é trabalho, não é emprego, é escravidão , mataram a minha mãe  e me pegaram com um ano de idade, tiraram  a minha honra, apararam as minhas presas , cortaram as minhas garras e eliminaram a minha masculinidade,  veja que a minha juba não cresce, é pequena, falha e sem a coloração escura,  é a falta da masculinidade que faz isto, depois de capturado me jogaram numa jaula e fui educado  no chicote, só como e bebo se obedecer, para não morrer de fome  fico sob o julgo dos homens, é muita maldade. Fui retirado de minha casa, roubado da minha família, do meu reduto e hoje vivo em terras estranhas, na haste e no chicote, dizem os homens que este é o  modelo de ensino para domar  animais ,  só no castigo.”

Zezinho já indignado e totalmente solidário continuou as indagações : 

“Qual a sua idade,   o seu nome e o que pensa  destes fatos?”

“Tenho 09 anos de idade e 08 de sofrimentos, moro nesta suja jaula, não como direito, não tenho espaço e não posso me exercitar, por isso não tenho músculos, reflexo, equilíbrio e nem destreza, vivo na solidão, neste marasmo e sedentarismo.” 

Olha para a criança, levanta a cabeça, abre a boca, balança a calda, mira  os olhos do Zezinho e continua:

“Sei que se estivesse na selva teria que lutar pelo pão de cada dia, teria que disputar uma parceira  para ter os meus filhos, teria que ter forças ,  ser forte, musculoso, com grandes garras , grandes presas , volumosa e preta  juba,  reflexos aguçados e valente para defender a minha família,  assim  teria   descendentes para continuar a minha linhagem,  viveria com liberdade por 14 anos  e depois morreria feliz, pois é a liberdade o maior patrimônio que um animal possui”.  

O leão deu uma pausa   , ficou  pensativo, fez uma viagem ao passado e falou.

 “Faria o mesmo caminho que o meu pai trilhou,  ele era grande, bonito , tinha robustas patas,   presas pontiagudas , cortantes garras, uma juba grande e preta,  sadio, respeitado, valente e muito feliz”. 

Mais uma pausa, engoliu  as lágrimas e continuou o seu relato a lamentar a vida.

“Eu vivenciei tudo o que aconteceu no dia que me pegaram, só em  lembrar as lágrimas vêm aos olhos, depois de eliminarem os meus pais , fui sequestrado por   homens armados , depois  vendido ao dono deste circo. Não tenho nome, família, amigos e nem documentos, para o mundo eu não existo, só não perdi ainda foi a esperança, um dia ganharei a liberdade, ainda serei livre e solto, livre e liberto,   como eram livres e libertas as minhas tias , a minha mãe e o meu pai ,  todos exímios  caçadores , grandes  guerreiros”.

O menino retrucou querendo amenizar a sofrida vida daquele gigante enfraquecido. 

“Leão, aqui você tem comida, água,  casa , vive na cidade, todos os dias recebe aplausos.  Pode viver,  segundo os estudiosos do assunto,   até os 32 anos de idade, isto é equivale a  18 ou 20 anos a mais do que os 14 anos na floresta, não precisa lutar pelo pão, não precisa brigar com outros leões , nem precisa caçar as suas presas e vive na sombra”.

“Amiguinho, você não sabe o que é perder a liberdade, você não sabe o que é viver sem espaço, fora do seu reduto e nas terras dos outros, aqui é uma escravidão, melhor viver  10 anos  na selva lutando, brigando e a se defender  do que 80 ou 100 anos nesta gaiola como escravo forasteiro  . Isto não é vida, isto é  uma vergonha, não existe vida sem liberdade, nenhum ser vivo deveria viver em cativeiro, nenhum ser vivo deveria perder a capacidade de lutar pelo pão de cada dia  mesmo com muito sacrifício .   Lutar e  conquistar o seu espaço,  buscar e manter a sua liberdade,   saber ganhar e perder , se indignar com as  atrocidades dos homens  são  as essências da vida, estes são  os  significados da vida  meu amiguinho, saiba e nunca esqueça que  só existe vida se existir liberdade, o contrário é escravidão, lute  com garra e nunca perca a esperança, lute pela dignidade”.

O menino, com os olhos cheios  d'água,  com  muita vontade de estudar e de  entender detalhadamente os fatos, se despediu do triste leão .    

Saiu convicto que deveria  criar uma instituição  que desse um basta nesta situação e pudesse defender os animais e os homens de uma maneira em geral, mobilizou a sociedade e em  menos de 05 anos conseguiu o apoio dos pais, dos  colegas,  das escolas, da população , dos  defensores dos animais e das autoridades,  ao completar 16 anos de idade o Zezinho sensibilizou o congresso nacional e conseguiu aprovar uma lei proibindo o aprisionamento, a exploração e o sequestro de qualquer animal, como também   a retirada do seu ambiente natural, primordialmente os selvagens .

O ativismo do menino  abriu os olhos da população, mostrando que  a vida é um presente do Criador e todos têm o direito de usufruí-la em seus habitats em plena liberdade, uma vez  que,  é a liberdade o maior patrimônio de um ser vivo.

Zezinho  tornou-se, mesmo sem ser um adulto, um dos maiores amigos dos animais e da humanidade, mostrando que ser criança não é  sinal de falta de responsabilidade e que não possui boas ideias, ledo  engano por parte dos mais velhos, pois as crianças têm muito a ensinar aos mais velhos, aos professores e aos gestores de uma nação.  

Passou a ministrar  palestras  no seu país , depois em todo o mundo, a ser referência e orgulho para a humanidade. Aprofundou os estudos  nas ciências biológicas e etnológicas, na veterinária, na sociologia e na neurociência, hoje é um dos ícones na luta contra qualquer tipo de exploração do homem contra o próprio homem ,  do homem para com os animais  e  de todos contra o meio ambiente, segundo o menino, hoje o Dr. Zezinho,  a destruição do ecossistema é o maior crime do homem contra a humanidade.

Iderval ReginaldoTenório 

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