Hoje eu acordei com saudades...
Hoje eu acordei com saudades...
Saudades de quando minha única preocupação era saber se no café da manhã ia ter bolo quentinho de laranja, que eu adoro até hoje, ou pudim como sobremesa no final de semana.
Saudades de quando minha única preocupação era saber se no café da manhã ia ter bolo quentinho de laranja, que eu adoro até hoje, ou pudim como sobremesa no final de semana.
Saudades de quando eu reclamava com minha mãe por ter de ir dormir às 20:00 h para no dia seguinte não levantar com sono para ir à aula. Hoje eu bem que queria ir dormir cedo, mas as obrigações diárias não me deixam.
Saudades de quando eu ficava sentada na porta de casa, vendo quem subia e quem descia, das conversas sem hora para terminar com os vizinhos, não havia pressa naquela época. Era possível ficar sentada debaixo de um pé de mangueira apreciando o cantar dos pássaros, jogando conversa fora sentada em um banquinho! Nossa, como eu tenho saudades desse tempo.
Saudades de ficar sentada no sofá assistindo novelas e ouvindo os comentários de minha mãe. Naquela época, eu não tinha noção do quanto esses momentos eram maravilhosos e de como seriam saudosos. Hoje, já não gosto tanto de novelas, mas a parada no sofá tem sido cada vez menos frequente.
Saudades de quando eu comemorava que ia ter horário de verão para poder ficar mais uma hora na rua, brincando com meus amigos e ficava rezando para que minha mãe não me mandasse entrar. Nessa época, eu não tinha de ficar correndo contra o tempo para dar conta dos prazos de correção.
Saudades de meu pé de jambo do quintal, de ver suas lindas flores caindo, embelezando o caminho e de poder subir até sua copa para ler meu livro favorito. Acabo de lembrar que tenho um livro embalado que comprei no ano passado e até hoje não consegui ler.
É tempo de correria, de brigar com o tempo, de querer que o dia tenha 30 horas.
Hoje, realmente, acordei com saudades! Saudades de quando eu tinha tempo para apreciar o tempo.
Cris Pereira
🍀A arte de transformar pequenas histórias do cotidiano em textos.
A vida é uma constante matéria-prima para as nossas escrevivências.
A vida é uma constante matéria-prima para as nossas escrevivências.
Moacyr Luz & Samba do Trabalhador com Leci Brandão
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