Índia, China e Indonésia são os países que mais despejam plástico nos oceanos
- Por Redação
- 23/06/2021 11:00
Um relatório recente da empresa britânica Raja apontou que Índia, China e Indonésia são os três países que mais despejaram plástico nos oceanos em 2020.
Só a Índia, que lidera a lista, descartou cerca de 126,5 milhões de quilos de plástico nas águas. O peso equivale a mais de 250 mil golfinhos nariz de garrafa, uma das espécies mais comuns no oceano.
Em seguida está a China, que despejou mais de 70,7 milhões de quilos, e a Indonésia, com 56,3 milhões de quilos de plástico lançados em seus mares em 2020. O Brasil fechou o ano em 4º lugar por despejar 38 milhões de quilos de resíduos plásticos nos oceanos.
A diferença para o 5º e o 6ª lugares chama a atenção. Enquanto a Tailândia lança 22,8 milhões de quilos de plástico nos mares, o México descarta 3,5 milhões. O Egito, logo em seguida, deixa 2,5 milhões de quilos de resíduos plásticos escoarem para os oceanos.
Os últimos colocados da lista de dez países mais poluidores integram o G-7. São os EUA, com 2,4 milhões de quilos de plástico descartados desta forma, o Japão, com 1,8 milhão, e o Reino Unido, com 703 mil.
Produtor x poluidor
O posto de maior produtor de plástico do mundo, porém, pertence aos EUA. O país produz o dobro da quantidade de lixo plástico que a Índia – cerca de 42 bilhões de quilos –, mas apenas 2,4 milhões de quilos vão parar nos oceanos.
A maior parte dos resíduos vai para países com sistemas de gerenciamento inadequados – como a própria Índia – e outros locais com tratamentos mais avançados, incluindo Canadá, Coreia do Sul e Taiwan.
Só em 2018, os EUA exportaram 157 mil contêineres cheios de resíduos plásticos. A métrica equivale a cerca de 1,07 milhão de quilos de plástico, conforme a organização Plastic Pollution Coalition. Ao enviar os resíduos para o exterior, o país pode alegar que reciclou seus descartes.
Coca-Cola, Pepsi e Nestlé são as maiores poluidoras de plástico; veja a lista
A Coca-Cola, PepsiCo e Nestlé foram classificadas, pelo terceiro ano consecutivo, as maiores poluidoras mundiais de plástico. É o que aponta o levantamento da Break Free From Plastic, uma iniciativa de ação cidadã anual que envolve a contagem e documentação de resíduos de plástico encontrados em comunidades em todo o mundo. Foram coletadas 346.494 peças de plástico em 55 países.
Sete das maiores poluidoras aderiram, em 2018, ao Compromisso Global da Nova Economia do Plástico – para lidar com o plástico. No entanto, de acordo com um recente relatório da Fundação Ellen MacArthur, os signatários do compromisso reduziram o uso de plástico virgem em apenas 0,1% entre 2018 e 2019. Se os negócios continuarem como estão sendo feitos, a produção de plástico pode dobrar até 2030 e até triplicar até 2050.
Segundo o relatório, “as empresas multinacionais precisam assumir total responsabilidade pelos custos externalizados de seus produtos plásticos de uso único, como os custos de coleta e tratamento de resíduos e os danos ambientais causados por eles”.
Confira abaixo a lista das maiores poluidoras de plástico, segundo a Break Free From Plastic.
1- The Coca-Cola Company
2- PepsiCo
3- Nestlé
4- Unilever
5- Mondelez International
6- Mars, Inc.
7- Procter & Gamble
8- Philip Morris International
9- Colgate-Palmolive
10- Perfetti Van Melle
Estados Unidos geram mais lixo plástico que qualquer outro país, aponta estudo
Pequeno grupo de países asiáticos foi amplamente culpabilizado pela crise da poluição plástica, porém novos estudos mostram a contribuição dos EUA.
Sacolas plásticas dos supermercados Walmart de várias partes dos Estados Unidos aguardando processamento em uma usina de reciclagem que antes era uma unidade de processamento de alimentos abandonada, em Montezuma, estado da Geórgia.
Quando a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos divulgou seu plano para tratar os resíduos marinhos no início do mês de outubro, citou cinco países asiáticos — China, Indonésia, Filipinas, Tailândia e Vietnã — como responsáveis por mais da metade dos resíduos plásticos despejados nos oceanos todos os anos.
“Os Estados Unidos têm algumas das mais bonitas praias e oceanos do mundo, e seu litoral é incrível”, escreve o Presidente Donald Trump em letras garrafais na primeira página do plano. “Como presidente, vou continuar fazendo tudo o que eu puder para impedir que outros países transformem nossos oceanos em lixões.”
O problema dessa declaração, afirmam os cientistas, é que distorce as complexidades de um desafio global e contribui para um sentimento de complacência nos Estados Unidos de que os resíduos marinhos são um problema causado pela Ásia. Agora, pesquisa publicada na revista científica Science Advances reanalisa o papel dos Estados Unidos como consumidor de plástico e conclui que o país ainda tem muito trabalho interno a fazer para controlar os seus resíduos.
A China pode ser o maior produtor de plástico do mundo, como mostra o estudo, mas os Estados Unidos são de longe o maior produtor de resíduo plástico do mundo — tendo produzido cerca de 42 milhões de toneladas métricas em 2016. O país norte-americano também ocupa o terceiro lugar entre os países costeiros em destinação de dejetos, lixo despejado ilegalmente e outros resíduos irregulares para sua costa.
Enquanto isso, menos de 10% dos resíduos plásticos dos Estados Unidos são reciclados, e o país envia há mais de 30 anos metade dos seus plásticos recicláveis para o exterior, principalmente para a China e outros países em desenvolvimento que não possuem infraestrutura para tratá-los. A prática sofreu drástica redução somente quando a China parou de comprar rejeitos de plástico em 2018, como parte de uma campanha ecológica para limpar o próprio país.
Os autores do estudo explicam que o fizeram, em parte, porque o “apontar de dedos” não tem ajudado a unir o mundo em prol de uma solução global.
“Precisamos reconhecer, possuímos uma grande população costeira [nos Estados Unidos]. Somos grandes consumidores e isso traz consequências. Precisamos deixar de ser tolos e deixar de acreditar que tudo que precisamos fazer é impedir que os asiáticos joguem lixo nos oceanos para que tudo fique bem”, declarou Ted Siegler, economista e parceiro da DSM Environmental Services, em Windsor, Vermont, e coautor do estudo.
A nova pesquisa não é a única análise de como os Estados Unidos tratam os resíduos plásticos. A Academia Nacional de Ciências realizou sua primeira reunião pública na semana passada para discutir uma avaliação de 18 meses sobre a parcela de contribuição dos Estados Unidos em termos de resíduos plásticos. A avaliação foi encomendada pelo Congresso e deve ser concluída no fim de 2021. Essa pesquisa está incluída na legislação que financia o programa de resíduos marinhos conduzido pela Agência Norte-Americana de Administração dos Oceanos e da Atmosfera (Noaa), que irá supervisionar o projeto. Na convocação para a reunião, Amy Uhrin, cientista-chefe do programa de resíduos marinhos da Noaa, lembrou à plateia, “não é um problema só do Sudeste Asiático”.
Descubra os factos importantes sobre o plástico no oceano através da nossa infografia, assim como o seu impacto e como a UE está a trabalhar para reduzir os resíduos de plástico nos mares.
Os resultados da cultura do uso do plástico descartável podem ser vistos sempre que se vai a uma praia ou até na prática de mergulho em qualquer parte dos oceanos. Os resíduos de plástico estão a poluir cada vez mais os mares e, de acordo com uma estimativa, até 2050 os oceanos poderão conter, por peso, mais plástico do que peixe.
O plástico é uma das sete áreas consideradas cruciais pela Comissão Europeia para alcançar uma economia circular na UE até 2050. Para além da Estratégia Europeia para os Plásticos na Economia Circular que eliminaria progressivamente a utilização de microplásticos, espera-se que a Comissão apresente ainda este ano mais propostas para tratar dos resíduos plásticos, incluindo os microplásticos.
Saiba mais sobre o que a UE faz para combater a poluição provocada por plásticos.
Novas regras da União Europeia (UE), adotadas pelos deputados do Parlamento Europeu a 27 de março de 2019, incluem a perda de equipamento de pesca e os dez artigos de plástico descartáveis mais encontrados nas costas europeias. Juntos, esses dois grupos correspondem a 70% do lixo marinho. Estas novas regras foram aprovadas pelo Conselho em maio de 2019.
O problema dos plásticos
Para além de sujar as margens
costeiras, o plástico provoca ferimentos nos animais marinhos que se
entrelaçam nas peças maiores e confundem-no, aos pedaços mais pequenos,
com comida. A ingestão de partículas de plástico pode impedi-los de
digerir os alimentos normais e originar poluentes químicos tóxicos nos seus organismos.
Os seres humanos comem plástico através da cadeia alimentar. A forma como isso afeta a sua saúde é ainda desconhecida.
O lixo marinho causa perdas económicas aos setores e comunidades dependentes do mar, mas também aos profissionais da indústria: apenas cerca de 5% do valor das embalagens plásticas permanecem na economia – o restante é literalmente descartado, o que demostra a necessidade de uma abordagem mais focada na reciclagem e na reutilização de materiais.
Proibição de plásticos descartáveis na UE
A maneira mais eficaz de resolver o problema é evitar que mais plástico entre no oceano.
Os artigos descartáveis de plástico são o maior grupo único de resíduos encontrados nas margens do mar: produtos como talheres de plástico, garrafas de bebida, beatas de cigarros ou cotonetes representam quase metade de todo o lixo marinho.
Para abordar este assunto, a UE aplicou uma proibição total aos artigos plásticos descartáveis para os quais já existem alternativas noutros materiais: cotonetes, talheres, pratos, palhinhas, pequenas colheres de café e varas de balões.
Também foram aprovadas muitas outras medidas neste âmbito:
- Responsabilidade alargada do produtor, em especial para as empresas de tabaco, a fim de reforçar a aplicação do princípio do poluidor-pagador. Este novo regime vai ser igualmente aplicável às artes de pesca, a fim de garantir que os fabricantes, e não os pescadores, suportam os custos da recolha das redes perdidas no mar.
- O objetivo na recolha, até 2029, de 90% de garrafas de bebida (por exemplo, através de sistemas de reembolso de depósitos);
- Uma meta de 25% de conteúdo reciclado em garrafas plásticas até 2025 e de 30% até 2030;
- Requisitos de rotulagem de produtos do tabaco com filtros, copos de plástico, pensos higiénicos e toalhetes húmidos para alertar os utilizadores para a sua eliminação correcta;
- Sensibilização.
Em relação às atividades piscatórias, que representam 27% do lixo marinho, os produtores teriam de cobrir os custos da gestão de resíduos dos meios portuários de recepção. Os países da UE deverim também recolher pelo menos 50% das atividades de pesca perdidas por ano e reciclar 15% até 2025.
Impacto do lixo marinho para as pescas
Numa resolução aprovada a 25 de março de 2021, o Parlamento exige medidas para reduzir com urgência o lixo marinho, incluindo mais restrições aos plásticos descartáveis e o aumento da utilização de materiais sustentáveis concebidos para os equipamentos de pesca.
Os eurodeputados salientam que os resíduos marinhos prejudicam os ecossistemas e os consumidores, bem como as atividades piscatórias e os pescadores.
Os resíduos das pescas e da aquicultura representam 27% do lixo marinho.
Face ao fenómeno das redes fantasma - sendo que algumas redes abandonadas, perdidas ou descartadas no mar “permanecem ativas por meses ou até mesmo anos”, os eurodeputados solicitam a sua marcação, uma elaboração de relatórios e acompanhamento, bem como investimento em investigação e inovação para desenvolver equipamentos de pesca respeitadores do ambiente.
Os eurodeputados solicitam também à Comissão que proponha a eliminação progressiva dos contentores de poliestireno e das embalagens de produtos da pesca, bem como de todos os plásticos e embalagens desnecessários em geral.
Eles solicitam igualmente que seja reforçada a visão marítima no âmbito do Pacto Ecológico Europeu, da Estratégia para a Biodiversidade e da Estratégia Do Prado ao Prato e que a Comissão Europeia acelere o desenvolvimento de uma economia circular no setor das pescas e da aquicultura.
Outras ações para combater a poluição por plásticos
Em setembro de 2018, os eurodeputados aprovaram uma estratégia sobre o plástico que visa aumentar a taxa de reciclagem destes resíduos na União Europeia.
Veja a nossa infografia sobre os resíduos de plástico e a sua respetiva reciclagem na Europa.
Além disso, propuseram à Comissão Europeia uma lista de medidas contra os microplásticos – pequenos pedaços de material plástico que são encontrados em crescentes quantidades nos oceanos.
Já em 2015, o PE votou a favor de uma restrição aos sacos de plástico leves em toda a UE.
Depois de ter sido assinado pelo Presidente do Parlamento Europeu e pelo Presidente do Conselho, o ato legislativo vai ser publicado no Jornal oficinal da União Europeia.