A Invenção da Infância.
A infância está desaparecendo ?
Assim falou
o jovem Zezinho, hoje com 18 anos.
"Amigos , quando escutei um adulto, uma Ministra de Estado, falar que quando criança, aos 05 anos de idade, viu Jesus sentado no galho de uma goiabeira, logo me reportei à primeira infância, quando até os 06 anos de idade o mundo real, para o ser humano, se confunde com o mundo irreal, com o mundo da fantasia.
Segundo os estudos da neurociência, para uma criança nesta fase da vida tudo é real , ela não sabe fazer a diferenciação dos fatos, tudo é possível no seu imaginario , é nesta propriedade que se encontra a inocência de uma criança. Como adulto não achei estranho.
Outro dia, uma criança, de 05 anos de idade, falou que viu o Homem Aranha escalando uma grande Torre , estava pendurado na parede das torres gêmeas da avenida Tancredo Neves em Salvador, dois imponentes prédios empresariais de 30 andares revestidos de grandes e prateadas placas de vidro a refletir pomposidade .
Pediu que não falasse para os seus pais, pois eles não viram e não acreditaram quando falou que viu o Homem Aranha. Na sua mente eles são adultos e os adultos não enxergam tudo, só as crianças têm a capacidade de ver e conviver com o mundo como um todo.
Nada mais era do que um trabalhador de uma empresa contratada para consertar as janelas ou limpar os vidros, a farda era azul e vermelha, para o mundo da criança era o Homem Aranha em carne e osso, inclusive balançou as mãos para o seu herói .
O Mundo de uma criança está na sua cabeça, é como o PAPAI NOEL. Ele existe , tem a barba branca, veste vermelho, tem um saco nas costas , fala, brinca e viaja no seu trenó pelo mundo na entrega de presentes . O Papai Noel tem sido tema de muitos filmes ao redor do mundo, muitos com a seguinte pergunta: PAPAI NOEL existe?
Quem, mesmo depois de adulto, nunca conversou com o seu cachorro, gato, cavalo, papagaio ou outro animal de estimação? quem nunca conversou com a mangueira, a laranjeira , a goiabeira do quintal de sua casa ou do sítio da familia? .
Atire a primeira pedra aquele que não conversou com o seu travisseiro, sua rede ou sua cama, aquele que não bateu aquele papo com a sua bicicleta, seu carro, sua bola, sua boneca , seu boneco, seu espelho ou a sua motocicleta, aquele que nunca olhou para o alto e falou com Deus ou o seu santo preferido, aquele que nunca enxergou nas nuvens o rosto de Jesus ou na lua a imagem de São Jorge com o seu imponente cavalo a perseguir o dragão. Atire a primeira pedra, atire.
Eu, do árido Nordeste, por exemplo, nunca fui visitado por um Papai Noel de verdade. Na minha terra natal, no Natal, o Papai Noel só visitava os filhos dos ricos, os que moravam na cidade, os mais apaniguados. Eu não entendia aquele despreso aos menos privilegiados, aos menos estudados, aos que trabalhavam na lavoura no cabo da enxada desde pequenos , nunca entendia o seu comportamento para todos daquela região, só depois dos sete anos compreendi o que era o Papai Noel.
Foi aí que enxerguei o verdadeiro Papai Noel, o meu pai e a minha mãe, que tão bem souberam conduzir os seus filhos , afilhados, sobrinhos e os filhos dos funcionários os colocando na escola e não deixando faltar o pão de cada dia . Foi assim que passei a compreender e a viver todas as fases da vida com afinco, respeito , muita coragem e sem perder a esperança de dias melhores."
Abraços , do seu amigo Zezinho.
Iderval Reginaldo Tenório
Assistam a entrevista da Rosely Sayão (38 muinutos)
A INFÂNCIA ESTÁ DESAPARECENDO? .
O curta metragem (30 minutos),
A Invenção da Infância- , um dos curtas mais premiados do Brasil
O Filme Milagre na Rua 34.
Uma bela comédia americana, um clássico do Cinema sobre o Papai |Noel .
"Milagre na Rua 34"
1-Milagre na Rua 34 - Filme 1994 - AdoroCinema
3-A Invenção da Infância-
4 comentários:
Puxa, nunca consigo postar um comentário no blog!! Excelente texto. A infância está eternizada em cada um de nós. Soubemos conduzir nossos meninos e eles tiveram também uma infância cheia de imaginação, de crenças no irreal e na chegada do seu papai Noel.
Realmente a infância que eu tive infelizmente não existe mais.
Simplesmente Genial!
No texto, o amigo Zezinho retrata com brilhantismo a sentença das palavras de um sucesso editorial lançado nós Estados Unidos em 1982 e reeditada em 1994.
No texto, Zezinho retrata uma problemática que envolve consciência, valores culturais e sentimentos.
Viemos hoje num cenário onde a construção social da infância vem sendo prejudicada pela evolução desenfreada e equivocada da tecnologia e dos meios de comunicação que nos mostra claramente a distinçao do comportamento, da fala,atitudes, habilidades e desejos das crianças que conhecemos hoje,entre aquelas que foram educadas em um outro contexto histórico.
O mundo infantil vem sofrendo grande transformação para um mundo adulto em uma velocidade quase imutável.
No período em que o amigo Zezinho cita a presença do Pai Noel na vida das crianças que vinham de famílias privilegiadas financeiramente, as crianças recebiam de presente bonecas, carrinhos, pegavaretas, enquanto as mais simples divertiam- se pulando corda, fazendo cantiga de roda, e brincando com fura pé e bolinhas de gude.Hoje, as crianças tem escola, aula de inglês, natação, balé, escolinha de futebol. Quando finalmente chegam em casa dormem exaustas e quando conseguem brincar querem um celular ou a tv com acesso a Netflix e Globo play.
No texto Zezinho pontua só entender quem é o Pai Noel dele após seus sete anos, idade em que tanto a igreja, quanto o Estado habilitava a criança o início da idade escolar. Vale dizer que a desconstrução do mundo infantil está também afetada pela diferença de literatura que essas crianças tem hoje em sua mesa, a exemplo de que em minha infância eu lia história em quadrinhos ( os famosos gibis). E hoje? Crianças estão lendo conteúdos postados na internet através de blogues impróprios, redes sociais ou brincando de jogos assassinos.
Enfim, Zezinho nos diz que a velocidade das tendências não são iguais e respeitam distância entre grupos sociais, porém mostra também que criança é um ser puro, que imagina um mundo infantil e que cada um de nós devemos pensar e lutar por um mundo melhor, com menos desigualdade social.
Fica a pergunta do autor:
A quem interessa salvar a criança?
SSA- Bahia,
Miriam Rita Melo de Almeida
Excelente eu texto! Gratidão Dr. Iderval.
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