ZEZINHO E A NATUREZA INFANTIL
O MENINO QUE CONVERSA COM OS ANIMAIS E COM AS ESTRELAS.
CAPÍTULO I
O MENINO
Zezinho tem 7 anos de idade, mora no campo e ainda não frequenta as escolas criadas pelos homens , sonha com este dia, porém é PhD na linguagem dos seus maiores amigos , a terra, a chuva, o sol, a lua, a noite, o dia , a água , o fogo , os ventos, as plantas, os animais domésticos, os silvestres, os pássaros , os insetos e até os répteis . O Menino fala a linguagem da natureza.
É poliglota , etólogo ambientalista , sociólogo , ecologista, veterinário, vaqueiro, motorista, biólogo, agricultor , pecuarista e tudo quanto a sua mente imaginar, só não sabe as leituras desenvolvidas pelo imaginário humano , demandas seletivas , excludentes, idealizadas para estudar os fenômenos universais, tanto os materiais como os filosóficos, e ao mesmo tempo para estratificar a sociedade em classes sociais. É uma Educação importantíssima e obrigatória para não continuar no limbo social na sociedade atual. O menino tem a sede do saber e olha para o futuro.
CAPITULO II
O DIÁLOGO COM O SOL
Conta Zezinho que tem conversado com os seus amigos de infância , todos têm queixas contra o comportamento dos seres humanos.
O Sol é a principal peça do sistema solar , alimenta a terra sem distinção, sem preconceitos , nada pede em troca, sabe da sua tarefa e de sua importância. Anda preocupado , tem observações e reclamações a fazer.
Relata que os homens afirmam que ele causa câncer de pele, que resseca o solo, evapora as águas dos rios, dos oceanos, dos lagos, dos córregos e dos açudes, refere que o acusam de ser um dos responsáveis pela desertificação do planeta. Esquecem os humanos que estes atos fazem parte de sua função e são necessários para os ciclos da vida, uma vez que na natureza tudo se transforma, refere que não vai mudar , é o seu ofício.
Faz este trabalho há 5 bilhões de anos e ainda tem mais 5 bilhões para atuar. Relata que , o que os seres vivos comem nada mais é do que energia solar , que os seus raios, na velocidade da luz, 300 mil quilômetros por segundo , gastam 8,5 minutos e viajam 150 milhões de quilômetros para chegar à terra lhes dando vida.
Reforça que as árvores recebem os raios solares , fazem a fotossíntese, produzem os frutos, os grãos e os tubérculos que alimentam os homens. Os animais consomem os vegetais, crescem , multiplicam-se e os homens comem a sua carne.
Afirma que o arroz, o milho, o feijão, a soja, o trigo , o andú, a lentilha, as ervilhas e as favas são a energia solar em forma de grãos, da mesma forma que são todos os tipos de carnes que alimentam os humanos e os animais carnívoros. É peremptório em afirmar que é a mais importante fonte de energia , de vida e de saúde para toda a natureza, inclusive para os humanos.
CAPITULO III
OS RIOS
O Sol , como o representante legal e o líder do grupo, traz diversas queixas dos seus componentes.
Refere que os Rios andam assombrados e perplexos com o futuro. Estão exaustos e não aguentam as atrocidades praticadas pelos humanos , pois cortam as árvores das suas margens, constroem habitações nos seus trajetos, desviam aleatoriamente as suas águas e jogam dejetos de todos os tipos nos seus leitos, especificamente os químicos, os metais e os tóxicos , reclamam que um dia poderão não suportar tais agressões e poderão perecer antes do tempo , sabem que promover a vida é a sua função.
Lembram que nas suas águas vivem diversos tipos de vidas e por onde passam alimentam milhares de outras vidas, tanto vegetais, como animais, primordialmente suprem todas as necessidades dos homens nas suas comunidades , pedem cautela e responsabilidade por parte dos humanos .
Fazem diversas observações, relatam que são as artérias da terra, transportam muitos nutrientes na suas águas e juntos aos oceanos, os lagos, os córregos, lagoas, açudes e trajetos subterrâneos levam vida para todos que vivem no planeta.
São enfáticos em dizer que, a Terra é viva e nunca para de se transformar , vive em eterna metamorfose , depende das suas águas e dos nutrientes que nelas se encontram.
Apontaram um grave crime que os humanos praticam contra os peixes, os seus maiores moradores.
Os peixes vivem felizes nas suas águas, suprem a cadeia alimentar , são pescados inclusive pelos humanos . São peças importantes nas complexas propriedades da vida e para todas as espécies que habitam a terra.
O que é inadmissível , é o fato dos humanos pescarem para o entretenimento, dizem que pescam pelo lazer .
Os Rios não entendem como um homem pode se sentir feliz em prender um peixe pela boca.
Eles cravam um anzol de metal camuflado com um fragmento de carne, o peixe pensa que é alimento e tenta engolir para matar a fome. O ferro encrava na sua boca, o animal passa muitas horas brigando para se livrar e não consegue . Sem forças e exausto é vencido, é arrastado pelo homem, este fica feliz, pula de contentamento por este ato satânico e criminoso. Não se resignam e nem se comovem com as dores, o sofrimento e o pânico que passa aquele peixe, depois o expõe ao público, ridicularizando e o envergonhado , provavelmente aquele peixe é um pai , uma mãe ou um filho , depois o solta na mesma água com avarias na cabeça, ferimentos na boca, no queixo, nas guelras ou na garganta e moralmente destruído, os Rios acham isso uma afronta à vida.
CAPÍTULO IV
AS FLORESTAS
As Florestas, que são constituídas de diversos tipos de vidas, tanto animal com vegetal, dizem que estão sendo destruídas. Nas nações desenvolvidas da Europa praticamente não existem mais, os humanos daquela região em 2 mil anos já acabaram com varias florestas e com quase todos os recursos naturais.
Das florestas nativas restam poucas, hoje as florestas da Europa são artificiais, são monoculturas, frutos do reflorestamento obrigatório por lei , geralmente coníferas.
Alegam que para se tornarem desenvolvidas tiveram que danificar todo o ecossistema , modificando os recursos minerais, a flora e a fauna.
Hoje os povos europeus gastam fortunas para o plantio de milhões de árvores, porém sem a diversidade das florestas originais, o mais estranho é que todo o planeta chama este ato de civilização desenvolvida . Para as florestas um verdadeiro contra senso, um absurdo, um crime socioambiental.
Queixam-se as Florestas que as suas árvores estão sendo derrubadas, umas para a fabricação de móveis, outras para fazer fogo , a maior parte para fazer pastos para o gado e para a agricultura, outras para o fabrico do papel , a produção do óleo de palma , a exploração dos minerais e parte para construir habitações nas cidades, os homens estão devastando as florestas.
Falam que a velocidade de destruição é maior do que a de recuperação, estes danos trarão grandes mudanças no clima da terra, na pureza da atmosfera e na sua oxigenação .
O Sol trouxe graves reclamações da própria terra.
Relata que os seus morros, chapadas, montanhas, serrados e as planícies por possuírem diversos minerais, pedras preciosas, muita água, terra raras e combustíveis fósseis estão sendo dilapidadas. Jogam explosivos, destroem as suas entranhas , abrem os seus corpos em busca destas riquezas , estas atitudes fulminam muitos tipos de vida e o meio ambiente, contaminam as águas dos rios, dos mares, do subterrâneo e o lençol freático, acabam com o ecossistema.
CAPÍTULO V
AS ABELHAS
O Líder trouxe queixas de quase todos do grupo, muitas inacreditáveis.
As abelhas lhe falaram que os humanos roubam o mel que produzem, que é com aquele mel que alimentam os seus irmãos da colmeia. Lembram que abelha vive pouco, de 20 a 60 dias , que cada uma produz em média de 5 a 6 gramas de mel durante toda a sua existência, visita de 10 a 12 flores por minutos , faz 40 voos por dia , pousa em 40mil flores ao dia em busca do néctar , poliniza todas as plantas visitadas , se afasta até 2 mil metros de sua casa e se orienta pelos raios solares, a vida é dura.
Refere que os humanos chegam e roubam seus alimentos, os alimentos da sua família. Perguntam : por que não se contentam com o trabalho gratuito de polinizar as flores ? serviço este responsável pela geração dos frutos que lhes matam a fome . Ratificam as abelhas que esta tarefa já seria de bom grado, já seria suficiente, já seria uma nobre e impagável atitude, porém os homens querem mais, querem tudo, até o própolis e a cera das paredes eles levam , para isto, além de furtarem o mel, matam muitas abelhas , envenenam outras e as intoxicam com fumaças diversas, os homens são perversos com os outros animais, eles só pensam neles e acham que o mundo foi feito só para eles.
CAPITULO VI
QUEIXAS GERAIS
O Sol deu uma pausa e trouxe à tona acontecimentos inaceitáveis com outros animais , citou as maldades das vaquejadas, touradas, as brigas de canários, de cães e de galos, as grandes cargas colocadas nos jumentos, nos burros , nos cavalos e nos bois de tração, o uso das esporas, do rabicho, da boqueira e do chicote.
Falou dos furtos do leite das vacas e das cabras , dos envenenamentos dos insetos no campo para proteger a lavoura, esquecem que estes insetos estão em busca da sobrevivência, ao mesmo tempo que comem polinizam as flores, atos estes que eliminam milhares de pássaros e repteis que se alimentam destes pequenos animais envenenados , falou que tem seres humanos que retiram totalmente as vestes das ovelhas, isto é, tosam toda a sua lã, toda a sua proteção, ferem a sua pele e as deixam nuas, expostas ao frio , ao sol, ao relento e entregues ao mundo, são muitas as crueldades em nome do progresso , em nome do desenvolvimento . Prendem milhares de pássaros em gaiolas e lhe tiram a liberdade, a maior propriedade que um ser vivo possui que é viver livre na natureza.
Depois destas informações fez algumas observações e foi claro, os homens precisam ter mais cuidado e respeito para com a natureza.
CAPÍTULO VII
VEIO A NOITE
Veio a noite , tanto eu como o sol nos recolhemos , eu fui para casa dormir e ele viajou para o outro lado da terra conversar com os seus amigos de lá. O Sol tem amigos no mundo todo, ele não possui desafeto , não dorme, não descansa e vive sempre a reverberar energia para todo o sistema solar, tudo depende da sua atuação e fala todas as línguas da natureza, a dos minerais, dos vegetais , a dos animais, dos mais simples aos mais evoluídos e de todos os fenômenos da natureza.
VIII
O OUTRO DIA
No outro dia ao abrir a porta, lá estava ele, forte e brilhante, a me esperar. Com os olhos nos meus olhos falou, falou sério e compenetrado, pausadamente , professoralmente . Disse que eram as suas ultimas palavras , foi claro, achava que estava abusando da minha paciência e passou este recado:
Amigo Zezinho diga aos humanos que sejam amigos da natureza, assim como você. Ela é mais forte do que todos os humanos juntos e as suas maldades contra a terra.
O Globo Terrestre é vivo e destruí-lo é uma tarefa impossível para os que vivem nele, o Globo vive em eterna transformação, cem, duzentos ou mil anos para o Sistema solar e para a terra são fragmentos de tempo insignificantes, quem modifica a terra desde a sua criação são os fenômenos naturais próprios , eu (o sol), os rios, os mares, as chuvas, os vulcões, as tsunamis, as voçorocas, os terremotos, os raios, os trovões, os relâmpagos, os ventos, as mudanças do clima , a influencia dos outros planetas, as estrelas e outros fenômenos desconhecidos desta civilização.
Os humanos jamais a destruirão, no máximo podem modificar o pequeno mundinho no qual vivem, o fragmento de solo que habitam , no máximo desequilibram o seu pequeno ecossistema, podem matar quem lhes proporcionam os seus sustentos, dificultando a sobrevivência dos humanos e todos os tipos de vidas naquela região, inclusive os recursos naturais , notadamente os rios e as florestas.
Os homens ao explorarem os recursos naturais dos seus ecossistemas poluem as suas águas, destroem os seus morros, as montanhas e as florestas, desequilibrando a fauna e a flora. Vai chegar o dia em que , o que se ganha em um ano será gasto numa única catástrofe natural ou provocada pelos humanos para poderem viver naquele seu mundinho, com as suas atitudes quem vai ao fim é esta civilização. Tal qual as outras que sucumbiram , esta também sucumbirá, é apenas questão de tempo.
CAPITULO IX
O RECADO
Diga aos humanos que preservar os recursos humanos ou explorá-los com respeito é preservar a continuidade da vida aqui na terra , lembre que muitas civilizações já se foram, esta também irá e outras surgirão, uma vez que a terra ainda existirá por mais 5 bilhões de anos .
CAPITULO X
FECHAMENTO
O menino Zezinho de posse destas informações e após o diálogo com o sol , elaborou este ensaio , pede que todos tomem conhecimento e tenham consciência que a terra é propriedades de todos que nela se encontram , dos animados aos inanimados .
A terra é de todos e merece respeito.
O homem não está acima da natureza e nem acima dos animais.
Iderval Reginaldo Tenório
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4 comentários:
Fabulosa pela nobre colega Iderval!
Congratulações!
Belo texto: "O menino que falava com os animais". A terra está em perigo, e os animais que se dizem racionais a destroem diariamente. As oportunidades que temos aqui no Brasil, chega um jegu e, com a força do poder nomeia outro jegue pra fazer uma calamidade nas florestas por pura vaidade e opinião. E o pior, o povo calado somente assistindo e lamentando. Só lamentar não basta, temos que ddar um freio o quanto antes.
Belo texto: "O menino que falava com os animais". A terra está em perigo, e os animais que se dizem racionais a destroem diariamente. As oportunidades que temos aqui no Brasil, chega um jegu e, com a força do poder nomeia outro jegue pra fazer uma calamidade nas florestas por pura vaidade e opinião. E o pior, o povo calado somente assistindo e lamentando. Só lamentar não basta, temos que ddar um freio o quanto antes.
Maria Bessa
Maravilhoso texto!!
Parabéns..
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