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Este texto foi preparado com o artigo em pré-print. O estudo acabou não sendo publicado em nenhuma revista por ter sido feito com o mesmo banco de dados utilizado no artigo da hidroxicloroquina que recebeu diversas críticas e foi retirado do ar.
Enquanto se buscam terapias eficazes contra Covid-19, novos agentes farmacológicos surgem como potenciais tratamentos. O antiparasitário ivermectina é um dos medicamentos que vêm sendo estudados e que recentemente tem chamado a atenção da comunidade científica.
Ivermectina na Covid-19
O racional para o uso desse anti-helmíntico é que estudos in vitro mostraram capacidade da droga em reduzir a replicação de RNA viral do SARS-CoV-2, ao se ligar a proteínas de transporte celular e impedir a entrada do vírus no núcleo da célula. Da mesma forma, sua ação in vitro em outros vírus de RNA também já havia sido demonstrada. Entretanto, existem poucas evidências em relação à sua atividade in vivo.
Um estudo internacional, multicêntrico, observacional de caso-controle procurou avaliar a eficácia clínica do uso de ivermectina em pacientes com Covid-19. Dados em relação à sobrevivência e mortalidade de pacientes com Covid-19 confirmado por exame de PCR-RT e que tenham usado ivermectina foram coletados eletronicamente.
Cada caso foi pareado com um controle que não usou ivermectina, de forma a que casos e controles fossem semelhantes em gravidade, idade, sexo, presença de comorbidades e uso de outras medicações. O desfecho principal foi a proporção de pacientes que morreram no grupo de ivermectina em relação ao grupo controle. As taxas de mortalidade de pacientes em ventilação mecânica foram calculadas separadamente.
Ao total, foram coletados dados de 704 pacientes que fizeram uso de ivermectina provenientes de 169 hospitais em três continentes (América do Norte, Europa e Ásia) e 704 controles. A dose média de ivermectina utilizada foi de 150 mcg/kg. A taxa de mortalidade foi menor no grupo que recebeu ivermectina (1,4% vs. 8,5%; IC 95% = 0,11 – 0,37; p < 0,0001), o que também foi encontrado no subgrupo de pacientes que necessitou de ventilação mecânica (7,3% vs. 21,3%; p < 0,001).
Os autores destacam que esses resultados colocam a ivermectina como um agente potencial para o tratamento de Covid-19, inclusive em pacientes em uso de ventilação mecânica. Entretanto, vale ressaltar de que se trata de um estudo observacional e que, como tal, não é adequado para estabelecer relação de causa e efeito.
Mais estudos são necessários para estabelecer o real papel da ivermectina no cenário de infecção pelo SARS-CoV-2.
Autora:
Infectologista pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) ⦁ Graduação em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro
Infectologista pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) ⦁ Graduação em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro
Referência bibliográfica:
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