quarta-feira, 1 de maio de 2019

Abortivo proibido no país é vendido no Camelódromo durante choque de ordem da prefeitura na Uruguaiana

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Abortivo proibido no país é vendido no Camelódromo durante choque de ordem da prefeitura na Uruguaiana(RS- BRASIL)

Município quer renovar o espaço e retirar comerciantes ilegais; remédio pode causar morte por hemorragia

Gustavo Goulart e Renan Rodrigues

01/05/2019 - 04:30 / Atualizado em 01/05/2019 - 04:39

RIO — “ Cytotec , Cytotec. Iphone 7 e 8 novinhos e baratos”, apregoavam na terça-feira de manhã, no Camelódromo da Rua Uruguaiana , mais de dez vendedores. A poucos metros de guardas municipais e de policiais civis e militares que participavam de uma operação de choque de ordem em ruas do Centro, eles ofereciam o remédio, cuja venda é proibida no país, e os telefones de procedência duvidosa, sem serem incomodados.

Proibido no Brasil desde 2005, o Cytotec era originalmente utilizado para tratar doenças gástricas, mas, devido à sua ação abortiva, as vendas foram suspensas. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a comercialização do medicamento é crime hediondo, com pena de até 15 anos de prisão. O remédio contém um princípio ativo abortivo que, legalmente, só pode ser utilizado em maternidades, com uso supervisionado.

Mas, no Camelódromo, não existe restrição. Um repórter do GLOBO simulou interesse em comprar Cytotec a um dos ambulantes que oferecia o medicamento. A resposta foi rápida:
— É comigo mesmo! Vamos lá para dentro (do Camelódromo), que é mais seguro — afirmou, em frente à quadra C do mercado popular, emendando: — Quantos meses (gravidez)?
Ao saber que seriam quatro meses, ele recomenda dose mais forte: uma cartela de quatro comprimidos por R$ 500. Após rápida negociação, o preço cai para R$ 250. A compra não foi efetivada pela equipe.
O vice-presidente da Comissão Nacional de Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério, Paulo Roberto Dutra Leão, alerta para graves riscos:
— Doses altas provocam hemorragias que podem matar.
Vice-presidente do Cremerj, a ginecologista e obstetra Célia Regina da Silva diz que complicações fatais são comuns:

— No Brasil, a média é de quatro mortes por dia.

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