DUDÚ E O PANTUFO
PARTE
I
UM OVO DE PÁSCOA DIFERENTE
Era
Domingo de Páscoa, de presente Dudu recebeu um grande pacote,
era um cesto de vime embrulhado em papel vermelho salpicado de branco e
com furos graúdos, o pacote veio recheado com um ovo de pascoa
diferente, fofo, vivo, móvel , mais parecia uma pantufa.
Ao abrir
o Dudú enlouqueceu, na sua frente um filhote de Basset Hound, o menino não se conteve,
aos 12 anos chorou copiosamente, foi até o quarto tirou o seu
pijama e com ele fez uma manta ao lado da cama, cercou com os sapatos e com as
meias suadas improvisou um travesseiro , alimentou o animal. Neste momento foi
selado um vinculo, uma aliança, um elo de companheirismo e amizade
entre dois seres de espécies diferentes .
O filhote
gravou na mente todos os odores do Dudú, o suor do pijama, dos sapatos e das
meias se infiltraram via glândulas olfativas na vida do pequeno
animal, o Dudú com uma maneira pueril e inusitada falou suavemente para o mais
novo amigo: pantufo, pantufo, pantufo e ali iniciaram mais uma fase de
suas vidas, para onde o Dudú fosse estava lá o pantufo, o belo animal
passou a ser o rei da casa, sem perceber o Dudú perdeu o trono, se conteve em
ser um simples vassalo, Pantufo iniciou o seu Reinado.
Iderval Reginaldo Tenório
CAPÍTULO II
O AMIGO PANTUFO
Pantufo descia do fino colchão as cinco horas da
manhã e ia direto para o canto da grande sala , numa pequena caixa triangular
fazia as suas necessidades fisiológicas, aprendera desde o nascimento que alí era o seu espurgo, pulava a
pequena tábua de 20cms , subia a escada de madeira e com um único e
fino latido acordava o Dudu, este ainda dormindo abria a porta , era empurrado
alegremente pelo carinhoso animal aos braços de Morfeu, voltavam a dormir
até as seis , era um ritual.
Dudu tomava banho, o Pantufo na porta, trocava de
roupa, Pantufo no pé, descia para o café, lá estava o Pantufo a lhe olhar, a
lhe cheirar, pegava a sua mochila , os livros e o Pantufo no seu encalço,
para o PANTUFO só existia o Dudu.
Dudu brincava um pouco com o seu parceiro , com a mochila nas costas
ia até o portão pegava o caminho da rua e o Pantufo a lhe acompanhar pelas
gretas do grande portão, não entendia aquele momento de separação e de
tristeza, quando o Dudu sumia o Pantufo voltava e esperava o despertar dos
demais componentes da família, tomava o seu desjejum, corria e bailava com as borboletas nos jardins da casa, de
quando em vez parava, escutava os bólidos dos automóveis e se enchia de alegria
no inicio da tarde, era a chegada do Dudu.
O carro entrava na rua principal, o Pantufo levantava
o focinho atinava os ouvidos, sentia o seu cheiro , já conhecia
o roncar do motor que conduzia o seu companheiro, corria desesperadamente até o
portão , entre um latido e um pulo, entre um pulo e o balançar incessante da
calda gania ao sentir o cheiro do amigo,
Dudu chegava exausto da escola, abria o portão, logo era recepcionado pelo
atencioso e irrestrito amigo, para o
Pantufo era o recomeço da vida, o recomeço do dia, era mais uma vitória, era o
retorno do seu maior e único amigo.
O Dudu era para o Pantufo uma dádiva, uma
recompensa, a razão de sua vida, aquele momento era o retorno de toda a sua
família, Dudu para o Pantufo era Vida.
Iderval Reginaldo Tenório
EuNaoSouCachorroNAO - YouTube
www.youtube.com/watch?v=PxNmQYbbkco
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