quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Câmara aprova nova proposta de redução da maioridade penal

 

Câmara aprova nova proposta de redução da maioridade penal
           
O texto também determina que os criminosos dessa faixa etária cumprirão pena em unidades específicas que devem ser construídas por União e Estados.

© Foto: Luis Macedo/Câmara dos Desputados O texto também determina que os criminosos dessa faixa etária cumprirão pena em unidades específicas que devem ser construídas por União e Estados.
 
Vinte e quatro horas depois de ver rejeitada a redução da maioridade penal para crimes hediondos e graves, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conseguiu aprovar à 0h50 desta quinta-feira, 2, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) mais branda costurada por ele com seus aliados.
 
Após manobra apelidada pelos deputados governistas de “pedalada regimental” e mais de cinco horas de discussão sem manifestantes, mas com direito a dedos em riste e medidas procrastinatórias por parte dos partidos da base do governo, os parlamentares aprovaram por 323 votos a favor, 155 contra e 2 abstenções proposta que determina que jovens com mais de 16 e menos de 18 anos sejam punidos como adultos quando praticarem crimes hediondos, homicídio doloso (com intenção de matar) e lesão corporal seguida de morte.
HISTÓRIA QUE MINHA CONTA , LEIAM.
HISTÓRIA QUE MINHA MÃE CONTA

Conta a minha mãe, que numa delegacia encontrava-se preso um jovem de 18anos de idade e que este levava surras diariamente, diziam os seus algozes que eram surras corretivas, surras necessárias para aqueles que se apoderam do que é dos outros.
Certa manhã após a mais nova leva de surras, chamou o delegado e pediu encarecidamente , suplicante  a presença de seus pais, principalmente da sua mãe. O delegado após relutância resolveu atender o seu pedido, providenciou e fez chegar até o presidiário os seus genitores.
Chegaram, foram até à sala do delegado, houve a identificação e por último adentraram à cela do infeliz adolescente.
A mãe na cabeça  um lenço florido, um pacote de frutas, um de biscoitos e uma garrafa de mel, o pai de mãos vazias.
 Em respeito aos pais , o delegado informou que se retiraria para um melhor diálogo familiar, quando de repente, num rompante incompreensível disse o jovem ao delegado,  que aquela atitude não era a desejada, inclusive queria que o delegado convocasse todos os seus algozes para ouvir e presenciar aquela visita,  assim foi procedido.
Quando todos se encontravam na sala, o presidiário começou o seu relato
Sentado , voz trêmula e baixa, os olhos em lágrimas, moralmente abatido, lamentou a sua atual situação, o seu estado educacional, a sua personalidade , os conceitos sedimentados em sua mente aprendidos e praticados durante toda a sua existência.
Quando de repente, mais do que de repente, se levantou , arregalou os grandes olhos, trancou a cara e com o dedo em riste apontado para os pais, vociferou:

__ Velhos moleques, velhos safados, descarados, desonestos, irresponsáveis, vejam como me encontro hoje.

O delegado fez menção de intervir, o jovem retrucou.
__Não seu delegado, não senhores soldados, eu preciso falar, eu preciso dizer alguma coisa. Vejam o filho que os senhores botaram no mundo e como criaram, vejam como hoje me encontro, preso como se fosse um bicho selvagem e alheio à socialização.
__Velhos levianos , o que os senhores faziam quando eu chegava em casa com carrinhos e brinquedos não comprados pelos senhores? com bolas que o senhores nem sabiam de onde vinham?
__ O que faziam quando eu saía e dizia que ia estudar e os senhores nunca, nunca foram até a minha escola, não queriam saber como estavam as minhas notas, nunca foram conversar com os professores, nem sabiam onde eu estudava, aliás nunca se sentaram para me orientar.
__Depois  com 14 anos, quando não dormia em casa , dizia que dormia nas casas dos amigos e os senhores nunca questionaram quem eram, onde moravam, o que faziam, quem eram os seus pais. Comecei a trazer para casa bicicletas, relógios , roupas bonitas e produtos alimentícios que os senhores comiam satisfeitos, enchiam as panças e não perguntavam de onde vinham, como eram adquiridos.
__Assistiam tudo quanto era porcarias na televisão e achavam que eram corretos, filmes de assaltos, roubos, sexos e falcatruas , votavam em homens conhecidamente desonestos , muitas vezes desmascarados pela mídia e também achavam que este comportamento era normal.
__Quantas e quantas vezes chegavam os cobradores e os senhores diziam:
__ diga que não estamos, que estamos trabalhando, que não sabe a hora que chegaremos.

___Seu delegado eu nunca esqueço de um fato muito vergonhoso: um dia cheguei em casa já com os meus 14 anos, quando minha mãe me disse.

___Filho, pule o muro de seu Idelfonso, o vizinho e pegue aquela galinha.

___O Velho logo retrucou: cuidado, bote uma mão no bico e a outra nas asas para não fazer zoada

___E eu seu delegado, tirei a minha sandália , pulei aquele muro como se fosse um gato, peguei a galinha silenciosamente para não perturbar as outras, voltei para casa, mãe e pai já estavam com a água no fogo para pelarem a galinha,  pelaram , botaram as penas num saco e mandaram jogar lá do outro lado da rua, lá embaixo, bem longe, para que não houvesse nenhuma desconfiança por parte do vizinho, comemos a galinha e no outro dia, seu Idelfono foi até a minha casa, estava eu, meu pai e minha mãe, indagou se haviam visto uma galinha e eles de imediato, na bucha foram logo dizendo.
___Nem de galinha nós gostamos, aqui há muito não se come galinha,  eu fiquei impressionado com tamanha mentira, fiquei de boca aberta e achava que era certo.
___Seu delegado, eu mereço apanhar, eu mereço surras e mais surras, pois naquela época se os meus pais tivessem boas atitudes, me corrigido,  puxado as minhas orelhas, me dado umas boas correções, corretivas surras, se falassem a verdade tenho certeza que não seria o indivíduo que sou hoje. 
__Hoje eu sou um moleque, um safado, ninguém me respeita, hoje não compreendo o que é ética, vivo à margem. Seu delegado pode bater, eu mereço e  aos senhores velhos desequilibrados, vou perdoar , porém sumam de minhas vistas, desapareçam, puxem de minha vida velhos irresponsáveis, vocês roubaram a minha infância e comprometeram a minha liberdade de cidadão.

O delgado e os soldados após este relato, foram abaixando as cabeças, foram diminuindo de tamanho, atônitos e pálidos levaram os lenços até os olhos, enxugaram os prantos, alguns foram saindo e o delegado em voz trêmula disse:

___Soldados, o homem tem cura, o homem não é tão ruim como se pensava, o garoto tem jeito, não foi bem orientado, o problema foi no seio familiar e no seio governamental, foi criado sem pais e sem uma boa escola.
__Menino a partir de hoje tu terás um pai, uma mãe, irmãos e uma família, terás um lar.

Esta história foi minha mãe que me contou para justificar muitas vezes os tratamentos duros que muitos pais dão aos seus filhos na formação de um  homem, principalmente no seio familiar e para que os pais não fiquem traumatizados diante dos modernos conceitos psicológicos impostos aos pais e que muitas vezes são insuficientes , proporcionando o desvio de comportamentos, condutas e éticas do jovem de hoje.
Enfatiza minha mãe que único caminho para o pobre é a escola, principalmente proporcionada pelos poderes públicos . Confirma também que para uma boa formação nos conflitos familiares,  primeiro o diálogo, depois o dialogo, por último o diálogo outra vez , na sua ausência , o amor dos genitores : corretivos mais duros e mais escola, termina a sua explanação corroborando que,  um menino abandonado pelos pais e pelo  país, no futuro será um homem torto, será um marginal. Quem faz o homem é a vida e o mundo em que ele vive, o menino  não tem culpa, ele foi na verdade    um contumaz abandonado e como ele milhares, milhares por este Brasil afora.
Um dia os filhos agradecerão e como agradecerão.

Iderval Reginaldo Tenório

Chico Buarque - O Meu Guri - YouTube

www.youtube.com/watch?v=ELKpKwG4rzo
14 de nov de 2010 - Vídeo enviado por Bia Brioschi
Com o lançamento de O Irmão Alemão, de Chico Buarque, em fevereiro, .... O MEU GURI Chico Buarque

 

domingo, 19 de setembro de 2021

Paulo Freire e a sua importância

Paulo Freire-    (Recife, 19 de setembro de 1921 — São Paulo, 2 de maio de 1997)

 Um pernambucano de fibra e  visão .  Pensava na coletividade e de como retirar   os brasileiros do fosso no qual se encontravam.  A única solução era com educação plena para todos e com a mudança de  muitos paradigmas sociais.

Hoje com a divisão do Brasil Político em tribos, as elites extremistas  de   cada grupo tribal, direita e esquerda,  procuram plantar o ódio entre a população com métodos alheios aos pensamentos do grande Paulo Freire. Muitos  falam sem saber o que estão falando, falam o que os seus lideres ordenam.

O homem queria apenas que cada cidadão fosse cidadão, cada brasileiro tivesse a mesma chance na educação.

 O homem não mexeu com as materias concretas, as matérias do imaginario humano: Português, Matemática, Fisica,  Biologia ,Geografia e História. Foi claro quando disse que , sem estes estudos  não haverá conhecimentos , o pedagogo mexeu com a mente das pessoas e com as atitudes dos gestores da época.

 O Filósofo atiçou a filosofia, a sociologia e a política de formação da cidadania , mexeu com a mente, com a consciência . 

Pregou a igualdade em todos os vieses da educação. O Paulo queria criar uma sociedade sem opressores e sem oprimidos. Sem as extremas direita e nem esquerda, queria implantar as mesmas chances  educacionais para todos os brasileiros.  

Pregou que cada cidadão  de uma sociedade tem os seus direitos e deveres independente da classe social que ocupe, pregou a educação com isonomia até os dezoito anos para todos. Não priorizou o curso superior de qualidade duvidosa como acontece hoje no país. Não criou a mercantilização do ensino, o que  traz privivilégios para os mais apaniguados . O filósofo virou o vetor educacional para os oprimidos das periferias , para o homem do campo e para os desprotegidos pelas leis do pais.

Paulo Freire pregou a esperança e  a revolução na formação dos cidadãos brasileiros, pensou nas classes abafadas sem educção , sem escolas  , sem a chance de properar e sair da base da pirâmide social, pensou num cidadão com a mente aberta e sem subserviencia, pensou num Brasil melhor para todos. 

Pensou em quebrar os paradigams seissentistas que grassavam no país. Paulo foi criado dos 10 aos 25anos  na maior ditadura que o país passou( 1930/1945), dos 25 aos 39anos  nos piores governos das elites( 1945 /1963), dos 39 aos 58anos  nos governos Militares(1964/1985). O homem viu muita coisa e queria mudanças ,  assim foi o filósofo e pensador Paulo Freire.

Assista o vídeo

Iderval Reginaldo Tenório

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

18/09.ANA CAROLINE TENÓRIO E ANTONIA REGINALDO

 


 

ANIVERSARIANTES DO DIA - CAROL E DONA TONHA

 


HOJE É O ANIVERSÁRIO DE
ANA CAROLINE TENÓRIO

E O ANIVERSÁRIO DE
ANTONIA REGINALDO
 
NASCIDA EM 1914
PARA ESTE MORTAL CONTINUA VIVA , ERA A CAÇULA DE UMA PROLE DE DEZ  NOS SERTÕES DAS ALAGOAS.
DRA.CAROLINA  UMA BELA ADVOGADA , FILHA CAÇULA DO FILHO CAÇULA DE DONHA ANTONIA .

  SRA. ANTONIA  A MAIS INTELIGENTE E BOA MULHER DO MUNDO , MINHA MÃE, DONA ANTONIA, DONA TOINHA, CUMADE TONHA E MADRINHA TONHA .
DONA ANTONIA  É AVÓ DA PRIMERIA,
NASCERAM NO MESMO DIA .

PARABÉNS.
Iderval Reginaldo Tenório 


Bendito de romaria ao Padre Cicero - YouTube



25 de jul de 2011 - Vídeo enviado por Sou Nordestino
meu padim vocer e santo todo mundo que faz promessa e agraça e .... lindo bendito. minha família ...
16 de fev de 2014 - Vídeo enviado por Guilherme Couto Extreme Nature
Padre Cícero nasceu em Crato, no dia 24 de março de 1844. Era filho de Joaquim Romão Batista e ...

5 de abr de 2015 - Vídeo enviado por yanhez2
Músicas: 01- 24 de março - Mastruz com Leite 02- Meu Padim... ... da SomZoom, durante o ...

13 de ago de 2011 - Vídeo enviado por Sou Nordestino
Quer me mandar algo? nº22 Sou Nordestino CEP 57055-608 Maceió - AL.


29 de jul de 2011 - Vídeo enviado por Sou Nordestino
BENDITO DA MÃE DE DEUS DAS CANDEIAS Bendita e louvada seja A luz ... e encanta com tantas ...

7 de fev de 2016 - Vídeo enviado por Cdois Photo & Film
Romeiros das cidades de Campo Alegre e Teotônio Vilela no estado de Alagoas participaram de ...

16 de set de 2016 - Vídeo enviado por Luiz Rodrigues
Juazeiro - Do - Norte.

Mantenha-se atualizado sobre os resultados para BENDITOS DO MEU PADIM CIÇO.

O povo dizimado por pistoleiros que está no centro de julgamento histórico no STF

 



Laklãnõ-Xokleng: O povo dizimado por pistoleiros que está no centro de julgamento histórico no STF

Laklãnõ-Xokleng: Bugreiros com mulheres e crianças presas após matança de indígenas

A luz do dia rompia aquela madrugada em abril de 1904, quando cerca de dez bugreiros, como eram chamados os matadores de indígenas no Vale do Itajaí, avançaram sobre um acampamento do povo Laklãnõ-Xokleng perto de Aquidaban, atual município de Apiúna, em Santa Catarina. Segundo o "Jornal Novidades", de Itajaí, em sua edição de 4 de junho daquele ano, "havia perto de 230 almas, a maior parte mulheres e crianças". Os pistoleiros surpreenderam os indígenas enquanto eles dormiam e, depois de inutilizar seus arcos, começaram a disparar sem fazer pausa. Ninguém ficou vivo na comunidade.

Marco temporal: Indígenas celebram voto no STF a favor das reservas

"O pavor e a consternação produzidas pelo assalto foi tal que os bugres (termo racista usado na época para se referir a indígenas) nem pensaram em defender-se", conta o jornal, no trecho reproduzido pelo livro "Índios e brancos no Sul do Brasil: A dramática experiência dos Xokleng" (1973), do antropólogo Silvio Coelho dos Santos. "A unica coisa que fizeram foi procurar abrigar com o proprio corpo a vida das mulheres e crianças (...) Os inimigos não pouparam vida nenhuma. Depois de terem iniciado sua obra com balas, a finalizaram com facas. Nem se comoveram com os gemidos e gritos das crianças agarradas ao corpo prostado das mães".

- A história desse massacre terrível é contada de geração em geração no nosso povo - diz Brasílio Priprá, de 63 anos, líder dos Laklãnõ-Xokleng, que hoje habitam o Território Indígena (TI) Ibirama-Laklãnô, ao longo dos rios Hercílio e Plate. - Vivemos na região Sul há 5 mil anos, ocupando uma área de milhões de hectares. Mas, com a chegada dos colonos europeus, o Estado assumiu o compromisso de nos eliminar. Eles achavam que a gente atrapalhava o progresso. Mas resistimos, sobrevivemos apesar de nosso território ter sido reduzido e muito invadido mesmo após a demarcação, já no século XX.

Laklãnõ-Xokleng: Indígenas entre colonos alemães

Quem cruza a BR-116 no trecho de Santa Catarina não imagina o tanto de sangue indígena derramado na região. A partir do século XIX, aquele se tornou um território disputado entre os povos da floresta e colonos assentados ao longo do Caminho das Tropas, como era chamado o corredor entre São Paulo e Rio Grande do Sul aberto no século XVIII e que antecedeu a atual rodovia. Mas a expulsão e a matança da etnia Laklãnõ-Xokleng, que vivia de caçar antas e colher pinhões no planalto serrano, não apagaram sua ligação com a terra. Cerca de 150 anos após a chegada dos migrantes, são os remanescentes daquela etnia que reivindicam no Supremo Tribunal Federal (STF) a garantia de seu território.

Líder indígena ameaçado por defender território no STF

Num julgamento a ser retomado nesta quarta-feira, a Corte decidirá se a TI Ibirama-LaKlãnõ, onde vivem os Xokleng, os Kaingang e os Guarani, deve ou não incorporar áreas já reconhecidas pelo governo federal como parte da terra indígena, mas que são reivindicadas pelo executivo catarinense e por produtores rurais. A ação movida pelo governo estadual se baseia na polêmica tese do marco temporal para alegar que os Xokleng não têm direito à área em disputa porque não estavam ali em 1988, quando foi promulgada a Constituição Federal, cujo Artigo 231 garante a esses povos o direto sobre suas áreas tradicionais. Se prevalecer esse argumento, o marco temporal servirá para todos os processos de demarcação de terras.

Marco temporal: O nome elegante para o genocídio em terras indígenas

- O marco temporal ignora a violência e a pressão que forçaram nosso povo a se deslocar do território original - diz Priprá, que vem sendo ameaçado por defender os interesses de sua etnia na Justiça. - Eu estava em Brasília acompanhando o julgamento, semana passada, quando me ligaram para avisar que uma família ouviu um homem me ameaçar de morte. Vou ter que me abrigar em alguma parte do Brasil até as coisas se acalmarem. Mas não vamos desistir dos nossos direitos.

Laklãnõ-Xokleng: Manifestação diante do STF, em Brasília, na semana passada

Para defensores da causa indígena, a tese do marco temporal oficializa a violência da qual foram vítimas os povos do país que não estavam nos seus territórios em 1988 porque tinham sido expulsos. Os Lakãnõ-Xokleng são exemplo disso. A etnia foi dizimada por mercenários a mando de autoridades públicas, fazendeiros e comerciantes que firmaram assentamento na região a partir do século XIX. Cidades como Lages e Blumenau cresceram a partir dessa ocupação. Hoje, segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), restam cerca de 2 mil indivíduos da etnia, cuja padrão de vida foi totalmente transformado pelos conflitos.

Bugreiros arrancavam orelhas dos indígenas mortos

Estudos arqueológicos sugerem que indígenas ocupam o Sul do Brasil há pelo menos 4 mil anos, quando a Europa ainda entrava na Idade do Bronze. Sua área cobria de Porto Alegre a Curitiba. De acordo com "A dramática experiência Xokleng", de Silvio Coelho dos Santos, as disputas começaram a se intensificar na segunda metade do século XIX, à medida que mais colonos ocupavam as margens do Caminho das Tropas e suprimiam o território dos antigos habitantes. O livro de Santos reproduz correspondências entre autoridades dialogando sobre o envio de recursos públicos para combater os "silvícolas", que não aceitavam passivamente a invasão. Como todo povo indígena, os Laklãnõ-Xokleng têm uma ligação social e espiritual com sua terra. Há diversos relatos de ataques dos "selvagens" a fazendas da região.

Ailton Krenak: 'Sociedade precisa parar de olhar o mundo como um supermercado'

Foi aí que surgiram os "bugreiros", mercenários contratados por governos locais ou fazendeiros para matar os Xoklengs, cujas orelhas eram arrancadas como prova do número de vítimas. Entre esses assassinos, nenhum era mais cruel que o pequeno criador de gado Martinho Marcelino de Jesus, o Martim Brugreiro. Nascido em 1876, ele era jovem quando começou a atender a pedidos para caçar indígenas na mata como se fossem animais. Comandou várias expedições com dezenas de homens, que, segundo descrições, agiam sempre da mesma maneira.

Laklãnõ-Xokleng: Indígenas e colonos alemães em Blumenau, 1929

"Surpreendem os índios quando entregues ao sono. Não levam cães. Seguem a picada dos índios, descobrem os ranchos e, sem conversarem, aguardam. É quando o dia está para nascer que dão o assalto. O primeiro cuidado é cortar as cordas dos arcos. Depois, praticam o morticínio. Compreende-se que os índios, acordados a tiros e facão, nem procuram defender-se, e toda heroicidade dos assaltantes consiste em cortar carne inerme de homens acordados de surpresa. Depois, dividem-se os despojos, entre eles os troféus de combate e as crianças apresadas".

Bolsonaro: Líderes indígenas acusam presidente de genocídio em Haia

O parágrafo acima está num relatório escrito no início do século XX por Eduardo Hoerhann. Sobrinho-neto do Duque de Caxias, ele era funcionário do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), órgão federal criado em 1910, após o XVI Congresso de Americanistas, em Viena, onde o Brasil ficou sob pressão internacional para proteger seus povos originários. Hoerhann tinha só 18 anos quando foi enviado do Rio a Santa Catarina para lidar com a situação no Vale do Itajaí. Em 1914, ele conduziu o primeiro contato pacífico entre o homem branco e os Laklãnõ-Xokleng.

- No Congresso de Americanistas, as denúncias sobre o genocídio indígena que vinha ocorrendo motivaram a criação do SPI. Em 1914, os Laklãnõ-Xokleng já haviam sido tão reduzidos pela matança sistemática que eles se viram obrigados a fazer o contato para sobreviver - explica o antropólogo Alexandro Machado Namem, professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e autor do livro "Os botocudo no Vale do Itajaí" (2020). - Foi um período trágico da História do Brasil.

Laklãnõ-Xokleng: Localização do Território Indígena Ibirama, em Santa Catarina

Uma terra indígena invadida por colonos, madeireiros e uma barragem

Depois do contato, foi instalado no Vale do Itajaí o Posto Indígena Duque de Caxias, o que contribuiu para o fim das matanças. Uma outra forma de opressão, porém, teve início. Em seu livro, Namem conta que a TI Ibirama foi criada em 1926, com pouco mais de 20 mil hectares, tamanho ínfimo perto da vastidão que eram as terras Laklãnõ-Xokleng no passado. Em 1965, o governo federal homologou o território com uma dimensão ainda menor: 14 mil hectares. Ainda assim, a partir dessa década, houve muitas invasões por colonos e madeireiras, o que levou à extração predatória de árvores nobres e de palmito, hoje praticamente extinto na região.

Invasão: Garimpo ilegal avança na reserva Yanomami durante pandemia

O pior ainda estava por vir. Em 1975, o governo federal declarou parte da reserva como área de utilidade pública para construir um complexo de  barragens para contenção de enchentes, com objetivo de proteger municípios próximos. Como estávamos em meio a uma ditadura militar, não havia margem nenhuma para contestação. As obras, concluídas na década de 1980, causaram enorme impacto na vida dos Laklãnõ-Xokleng, que ficaram ser ter onde plantar ou morar e foram obrigados a se deslocar dentro do território.

- O governo construiu o lago de contenção da barragem norte dentro da reserva, sem que houvesse consulta da população indígena - critica Namem. - Aquilo agravou muito a situação de um povo que já vinha sofrendo com invasões por décadas. 

Marcha das Mulheres Indígenas contra o marco temporal, em Brasília

Nos anos 90, os próprios indígenas começaram um processo de retomada das terras invadidas que culminou com um grupo de trabalho que, após muita análise, concluiu que o território Laklãnõ-Xokleng tem, na verdade, 37 mil hectares. A partir de então, ficou claro que a própria criação da reserva, em 1926, com 20 mil hectares, foi a primeira expropriação realizada pelo governo contra seus habitantes originários. Em 1999, a Funai reconheceu, após muito "vai e volta", os 37 mil hectares da TI Ibirama, demarcada com essa dimensão pelo governo federal em 2003, o que gerou novas contestações judiciais da parte de agricultores e do próprio governo estadual. Na prática, então, o STF precisa decidir se reserva dos Xokleng tem apenas os 14 mil hectares demarcados em 1965 ou os 37 mil definidos pela pesquisa posterior.

Reservas: Terras indígenas são freio no desmatamento, diz ambientalista

Ao longo do século XX, o Estado deixou de patrocinar matanças de Xoklengs, ainda que tenha continuado a negar o direito desse povo a suas terras. Mas isso não significa que nunca mais houve assassinatos. Em 1954, o indígena Brasílio Priprá foi ao Rio denunciar invasões das terras e crueldades cometidas por Eduardo Hoerhann, o funcionário do SPI que conduzira o contato pacífico em 1914. Chefe do Posto Duque de Caxias, instalado na reserva, ele era acusado de violentar mulheres Xokleng e obrigar moradores do território a trabalhar para ele sem remuneração. Ao voltar do Rio, Priprá foi assassinado por capangas de Hoerhann, que chegou a ficar preso depois daquele crime. Nascido três anos depois, o Brasílio Priprá que hoje lidera os Xokleng recebeu seu nome daquele indígena morto.

- Eu seria o irmão dele, então recebi seu nome como homenagem - conta Priprá, que está de novo em Brasília para acompanhar o julgamento da ação no STF. - Resistimos até hoje e não vamos parar de lutar, mesmo com todas as ameaças que continuamos a sofrer. 

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Assunto de relevância - leia e saiba algo sobre o Glioblastoma Glioblastoma multiforme: sintomas, tratamento e sobrevida

Glioblastoma multiforme: sintomas, tratamento e sobrevida

 Assunto de relevância - leia  e saiba algo sobre o Glioblastoma

 

Glioblastoma multiforme: sintomas, tratamento e sobrevida

O glioblastoma multiforme é um tipo de câncer cerebral, do grupo dos gliomas, pois atinge um grupo específico de células chamadas de “células da glia”, que auxiliam na composição do cérebro e nas funções dos neurônios. É um tipo de câncer raro e, na maioria dos casos, é esporádico, sendo mais frequente em pessoas que estiveram em exposição prévia à radiação ionizante.

Este é um tipo de tumor agressivo, classificado como grau IV, pois tem uma grande capacidade de se infiltrar e crescer ao longo do tecido cerebral, e pode causar sintomas como dor de cabeça, vômitos ou convulsões, por exemplo.

O tratamento consiste na retirada total do tumor concomitantemente com realização de radioterapia e quimioterapia, entretanto, devido a sua agressividade e rapidez de crescimento, dificilmente é possível haver uma cura deste câncer, que tem, em média, uma sobrevida de 14 meses, o que não é uma regra e é variável de acordo com a gravidade, o tamanho e localização do tumor, além das condições clínicas do paciente.

Deve-se lembrar que a medicina tem avançado, cada vez mais, na busca de tratamentos tanto para aumentar a sobrevivência como para melhorar a qualidade de vida das pessoas portadoras deste câncer.

Glioblastoma multiforme: sintomas, tratamento e sobrevida

Principais sintomas

Apesar de raro, o glioblastoma multiforme é a causa mais comum de tumores cerebrais malignos com origem cerebral, e é mais frequente em pessoas acima dos 45 anos. Os sintomas variam de leves a intensos, dependendo da sua localização no cérebro e tamanho, e alguns dos mais comuns incluem:

  • Dor de cabeça;
  • Alterações da motricidade, como perda da força ou alteração do caminhar;
  • Alterações visuais;
  • Alterações da fala;
  • Dificuldades cognitivas, como de raciocínio ou atenção;
  • Alterações da personalidade, como apatia ou evitação social;
  • Vômitos;
  • Crises convulsivas.

À medida que a doença atinge fases mais avançadas, ou terminais, os sintomas podem se intensificar e comprometer a capacidade de realizações das atividades e cuidados diários.

Na presença de sintomas que indiquem este câncer, o médico poderá solicitar exames de imagem cerebral, como ressonância magnética, que irá visualizar o tumor, entretanto, a confirmação somente é feita após biópsia e análise de um pequeno pedaço do tecido tumoral.

Glioblastoma multiforme: sintomas, tratamento e sobrevida

Como é feito o tratamento

O tratamento do glioblastoma multiforme deve ser feito o mais precocemente possível após o diagnóstico, com o acompanhamento do oncologista e neurologista, e é feito com:

  1. Cirurgia: consiste da retirada de todo o tumor visível no exame de imagem, evitando-se deixar tecidos comprometidos, sendo a primeira etapa do tratamento;
  2. Radioterapia: que é feita com emissão de radiação como tentativa de eliminação das células tumorais restantes no cérebro;
  3. Quimioterapia: feita em conjunto com a radioterapia, melhorando a sua eficácia. O quimioterápico mais utilizado é o Temozolomida, que é capaz de atrasar a progressão da doença. Confira quais são e como lidar com os efeitos colaterais da quimioterapia.

Além disso, o uso de remédios, como corticosteróides ou anticonvulsivantes podem ser utilizados para aliviar alguns sintomas da doença.

Como se trata de um tumor muito agressivo, o tratamento é complexo, e na maioria das vezes há recidiva, o que torna difícil as chances de cura. Assim, as decisões sobre o tratamento devem ser individualizadas para cada caso, levando em consideração o quadro clínico ou a existência de tratamentos prévios, devendo-se priorizar sempre a qualidade de vida do paciente.

Também é importante lembrar que têm-se buscado desenvolver novos fármacos para melhorar a eficácia do tratamento do glioblastoma, como terapia gênica, imunoterapia e terapias moleculares, de forma a atingir melhor o tumor e facilitar a recuperação.