O NOVO PREDIO DA FACULDADE DE MEDICINA NO VALE DO CANELA
JÁ NOS ANOS 70
A Faculdade de Medicina da
Bahia da UFBA (FMB-UFBA) é uma unidade acadêmica da Universidade Federal da Bahia. Trata-se da escola de medicina
mais antiga do Brasil, instituída em 18 de fevereiro de 1808 por influência do médico pernambucano Correia
Picanço, nove meses antes da fundação da Faculdade de Medicina do Rio de
Janeiro. Sua criação deu-se logo após a chegada de Dom
João VI ao país (quando da transferência da corte portuguesa), sob
o nome de Escola de Cirurgia da Bahia.[1][2]
As instalações da nova
Faculdade de Medicina da Bahia, constituída em 1946 a partir da incorporação de
Unidades de Ensino Superiores já existentes à Universidade do estado,[3] estão localizadas
na Praça XV de Novembro (mais conhecida como Largo do Terreiro
de Jesus), em Salvador.
O museu da Faculdade, no
Terreiro de Jesus, possuía as cabeças do cangaceiro Lampião
e sua esposa Maria
Bonita, trazidas para pesquisas, após suas mortes em campanhas da
policia, no sertão.[4]
Por essa faculdade passaram
diversos nomes da ciência brasileira (como Nina Rodrigues, Juliano Moreira, Pirajá
da Silva, João
Targino) e foi de suma importância em diversos momentos históricos
do Brasil, possuindo, até hoje, destaque no cenário científico e cultural
baiano e brasileiro. Toda a história do curso está catalogada no acervo do Memorial da Medicina Brasileira, o mais importante
documentário do ensino médico do Brasil.
Dentre os locais administrados
sob sua responsabilidade, estão o Hospital Universitário Professor Edgard
Santos e a Maternidade Climério de Oliveira.[5]
A
transferência do trono português para o Brasil, em 1808, foi um dos
acontecimentos mais destacados da história colonial brasileira. O pouco
tempo que D. João VI e a família real permaneceram na Bahia, um mês e
dois dias, foi o suficiente para que se registrassem alguns fatos de
relevância nacional.
Após abrir os portos do Brasil às nações amigas de Portugal, D. João VI
assinou, em 18 de fevereiro de 1808, o documento que mandou criar a
Escola de Cirurgia da Bahia, no antigo Hospital Real Militar da Cidade
do Salvador, que ocupava o prédio do Colégio dos Jesuítas, construído em
1553, no Terreiro de Jesus.
Em 1º de abril de 1813 a Escola se transformou em Academia Médico-Cirúgica. Em 03 de outubro de 1832 ganhou o nome de Faculdade de Medicina, que guarda até hoje.
Situada entre igrejas, conventos e casarões coloniais, o Brasil viu
nascer sua ciência médica, conheceu grandes nomes - professores,
cientistas e alunos - e concentrou uma grande parte de seu interesse na
atuação profissional, social e política dos doutores da Faculdade.
Muitas, entre milhares de testes e estudos realizados, deram início às
pesquisas tropicalistas, médico-legais, psiquiátricas e antropológicas,
determinando a expansão da cultura médica nacional e procedimentos
avançados no tratamento de doenças típicas do país.
Vultos como Manuel Vitorino, Afrânio Peixoto, Nina Rodrigues, Oscar
Freire, Alfredo Brito, Juliano Moreira, Martagão Gesteira, Prado
Valadares, Pirajá da Silva e Gonçalo Muniz, projetaram nacional e
internacionalmente Faculdade pelas suas atuações de ensino e pesquisa.
Também, tendo estado a Bahia, sempre em destaque na política nacional,
não poderia deixar a liderança, justificada pela profunda formação
humanística dos mestres e sua influência na comunidade.Assim, os salões
da faculdade serviram de palco para acirradas discussões, agitados
debates e até mesmo lutas armadas, que marcaram decisivamente os rumos
tomados pelo contexto social e político nacional - como na Guerra do
Paraguai, na Guerra de Canudos e na Segunda Guerra Mundial.
Todo o precioso acervo histórico da Faculdade, de sua fundação até os
dias de hoje, foi recolhido e catalogado pela Universidade Federal da
Bahia para compor o extraordinário acervo do Memorial da Medicina da
Faculdade de Medicina da Bahia, organizado no Reitorado Macedo Costa.
Desde 2 de março de 2004, foi iniciado o processo de transferência da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB)
para a sede antes ocupada exclusivamente pelo Memorial. Portanto, na
atualidade, a sede no Terreiro de Jesus voltou a abrigar a diretoria e a
secretaria geral da FMB, bem como os programas de extensão.
Ocupando os 9 salões da antiga Escola, o Memorial é o mais importante
documentário do ensino médico do Brasil. Mais de 5.300.000 páginas de
documentos incluindo teses, pedidos de matrículas, pesquisas e
experiências de gerações de cientistas vêm se juntar ao notável
patrimônio onde se destacam livros raros dos séculos XIV ao XIX -
inclusive a raríssima coleção completa da Flora Brasiliensis, de Martius
-, alguns em latim, outros versando sobre alquimia, a pinacoteca com
mais de 200 retratos de mestres pintados por famosos artistas baianos - a
maior da Bahia -, e o suntuoso mobiliário que está principalmente no
Salão Nobre e na Congregação.
Em 11 de Novembro de 2003, a Congregação aprovou o
retorno ao antigo nome da Faculdade, como adotado pela Reforma da
Regência Trina de 1832: Faculdade de Medicina da Bahia. Essa proposta
foi aprovada por aclamação pelo Conselho Universitário (CONSUNI) da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 19 de março de 2008 (Portaria), e
a partir de então a sigla da Faculdade de Medicina da
Bahia/Universidade Federal da Bahia é FMB-UFBA.