Artistas de Cuba são detidos antes de protesto contra decreto que censura cultura
Em um dia como este, ano ano de 1976, Fidel Castro assumiu o cargo de presidente de Cuba por causa de uma mudança na constituição do país, aprovada em um referendo realizado em fevereiro do mesmo ano. Com isso, foi extinto o cargo de primeiro ministro, até então ocupado por Fidel desde 1959, quando ele assumiu o poder após liderar uma vitoriosa revolução que derrubou Fulgencio Batista e fez a mesma coisa, fez pior expulsou todos os artistas que não rezavam na sua cartilha, muitos sumiram ou morreram.
Hoje a cena se repete.
TEM MUITOS DEFENDO A DITADURA DOS CASTROS .
DE 1959 A 1976 OS ARTISTAS CUBANOS FUGIRAM PARA A EUROPA, PARA OS ESTADOS UNIDOS E PARA O BRASIL, MUITOS PROCURARAM A ÁSIA E O ORIENTE.
OS ARTISTAS CUBANOS CONSEGUIRAM PLANTAR A CULTURA CARIBENHA NO MUNDO COM ESTA ATITUDE DO FIDEL.
Músicos e pintores temem que necessidade
de aval do governo para obras até em casas de espetáculo privadas
arrisque seu sustento ou sirva para silenciá-los
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HAVANA — Vários artistas foram detidos em Havana ao tentarem organizar
um protesto contra um novo decreto que, segundo eles, arrisca restringir
a criatividade e aumentar a censura da cultura em Cuba. Tania Bruguera,
a mais conhecida do grupo, foi pega por agentes ao sair de casa pela
manhã de segunda-feira. Segundo a mãe da especialista em performances,
Argelia Fernández, a detenção ocorreu antes de a filha ir ao Ministério
da Cultura do país, local marcado para a manifestação.
Publicado em julho, o texto proíbe artistas, sejam eles músicos ou
pintores, de "oferecer os seus serviços" em espaços públicos, incluindo
casas de espetáculo privadas, sem autorização governamental. Tania, que
já havia sido detida no passado por criticar publicamente o governo
socialista, foi liberada na noite de segunda-feira, segundo Fernández. A
artista decidiu ir direto para o ministério em protesto contra a
detenção de colegas.
"Tudo o que posso fazer é mostrar solidariedade", escreveu Bruguera no
Facebook ao posar para um foto com uma camisa de estampa: "Não ao
Decreto 349". "Se me detiverem, entrarei em greve de fome e sede."
A artista foi detida novamente na noite do mesmo dia, segundo Iris Ruiz,
atriz e coordenadora da campanha contra o decreto, um dos primeiros
textos legislativos a serem assinados pelo sucessor de Raúl Castro no
comando de Cuba, Miguel Díaz-Canel, que assumiu o poder em abril.
"À noite Tania publicava esta mensagem. Pouco tempo depois, era presa
por policiais a poucos passos do Ministério da Cultura de Cuba. Não
sabemos onde (ela) se encontra. Começam a passar reportagens na
televisão nacional a 72 horas de implantar como lei o Decreto 349 e, da
mesma maneira, começam os atos difamatórios contra os artistas que
discutem esse decreto. Seguem sem dialogar e seguem os artistas presos",
lê-se em publicação na rede social de Tania.
Fernández destacou à agência Reuters que não tem meios de localizar a
filha porque seu celular parece ter sido bloqueado pela segurança
estatal. Detenções breves são respostas padrão para protestos de rua de
oposicionistas em um país que desaprova a dissidência pública e vê os
dissidentes como mercenários movidos pelos Estados Unidos para subverter
o governo.
O Decreto 349 deve entrar em vigor na sexta-feira. Com isso,
manifestantes decidiram intensificar a campanha com protestos a semana
toda nos degraus do Ministério da Cultura. O movimento inclui leituras
de poesia e performances.
A lei atualiza um decreto anterior às reformas promovidas pelo
ex-presidente Raúl Castro em 2010, que exigia autorização apenas para
espaços geridos pelo Estado. Desde então, o governo tolerou que artistas
apresentassem seus trabalhos de forma autônoma em espaços privados,
como parte de uma reforma econômica, política e social mais ampla. A
maior independência dos artistas cubanos, sustentada também por um
acesso maior à internet e à liberdade para viajar, levou a um
florescimento cultural. Estúdios musicais independentes e galerias de
arte prosperaram.
Segundo a atriz Iris Ruiz, seu marido, o poeta Amaury Pacheco, e outro
artista foram detidos ao chegarem juntos ao ministério na manhã de
segunda-feira. Três outros colegas que também se encaminharam ao local,
como o líder do movimento Luis Manuel Otero Alcantara, não foram
localizados. A suspeita de Ruiz é de que tenham sido detidos. O celular
de Otero Alcantara só dá desligado.
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Embora poucos artistas cubanos tenham se mobilizado publicamente contra o
decreto, o desconforto com a medida do governo é ampla na comunidade
criativa da ilha e entre diplomatas de países ocidentais em Havana. A
Anistia Internacional classificou o projeto como "perspectiva distópica"
para a classe artística cubana.
A autonomia de artistas na era Raúl Castro também tornou mais difícil
para o regime garantir que os criativos pagassem impostos — muitos não o
fazem — e controlar o setor cultural. As autoridades de Cuba insistem
que o decreto visa a prevenir evasão fiscal e circulação do que
considerarem ser cultura de mau gosto.
Para o governo, o debate sobre o
decreto foi manipulado por contrarrevolucionários. Alguns expositores
temem que não consigam obter aprovação estatal em razão das exigências
burocráticas, o que pode impossibilitar o seu próprio meio de sustento.
Outros estão convencidos de que serão silenciá-los.
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