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As declarações de Zezinho.
Eu vi estas paisagens, fui criado neste bioma e corri neste ressecado solo. Sou fruto deste ecossistema, sou genuinamente catingueiro. Sou da Serra do Araripe e do geoparque do Araripe.
Sou filho de Bodocó, Exu,
Ouricuri, Araripe, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Milagres, Campo Sales, Assaré, Caririaçu
e da princesa do cariri, a magestosa cidade do Crato, a mãe de todo o Cariri.
Serra
macha meu irmão, esta do Araripe, a terra do Patativa do Assaré, Luiz
Gonzaga e do Padre Cícero, os três homens do século do nordeste, três
fenômenos da natureza. É Ceará, é
Pernambuco, é Nordeste, é Brasil. Espero por dias melhores, sou mais um
sobrevivente, um retirante, sou um Sudênio.
Sudênio- É um personagem do
gênio Chico Anysio . Não encontrei o Sudênio, então vai o seu primo Silva. Sudênio era um neurótico da seca, quando ouvia
falar em água entrava em transe e chorava, só melhorava quando a mãe enchia um
copo d’agua e o Sudênio saboreava.
Simplício Sudênio e a sua mãe
faziam uma crítica à Sudene e aos gestores públicos brasileiros e falava :
“NÃO A QUALQUER TIPO DE IDOLATRIA, SEJA CIDADÃO, NENHUM POLÍTICO DEVE SER IDOLATRADO AQUI NA TERRA, DEVE SIM, SER COBRADO.”
Iderval Reginaldo Tenório
Iderval Reginaldo Tenório
Depoimento do meu amigo Zezinho
Convivendo com este seco nordeste, com mais de 900 cidades sem água e no polígno das secas, vem à minha mente as sábias palavras do meu pai, José Miguel da Silva (Alagoano de Palmeira dos Índios).
Velho agricultor da Serra do Araripe e pioneiro em todos os tipos de progressos da região. Do motor alemão, à gasolina, para sevar mandioca ao mais moderno automóvel, pois o primeiro motor e o primeiro automóvel a circular foram de sua propriedade.
Construiu muitas estradas na região, foi um futurista, tanto que educou os seus 10 filhos, mais de uma centena de sobrinhos e muitos agregados, era um matemático nato, mesmo com pouco estudo. Acreditava na honestidade, no respeito, no trabalho, na educação e na cultura.
Conseguiu levar para Juazeiro do Norte quase todos os parentes para estudar, sem se esquecer da vida dura na agricultura. Muitos são comerciantes, médicos, advogados, engenheiros, industriais, professores, contadores e enfermeiros.
José
Miguel foi um progressista, um
semeador de fartura, foi um homem bom, um cidadão literalmente enviado
por Deus, não valorizava a força motora e sim a cerebral. Dizia que no
futuro, nem os animais carregariam pesos nas costas, isto seria função
das máquinas, função dos motores.
Conta Zezinho, que o seu pai, nunca aceitou e jamais aceitará as declarações de um famoso apresentador de televisão, um âncora de cabelos brancos e voz empostada, que vociferava guturalmente, eu disse guturalmente na telinha, todas as noites, para todo o Brasil, como se o país fosse apenas entretenimento:
“TEMPO RUIM, vai chover todo o sábado e no domingo neblina até ás 16horas, praia que é bom, não vai dá, não vai dá praia”.
No outro dia :
”TEMPO BOM, sol durante todo o fim de semana, vai ser um grande dia para praia, vai dá praia”.
O pai de Zezinho na bucha falava:
“este rapaz não sabe o que fala, ou é mandado pelos que também não sabem. É gente ruim, muito ruim para o povo pobre do campo, para o pequeno agricultor do nordeste ou é um inocente, ainda bem que Deus não o leva a sério, está sendo pau mandado e Deus perdoa todos os seres humanos da terra, Êle não sabe castigar”.
Ficava eu e os meus irmãos sem entender a linguagem, pois ia
totalmente de encontro à linguagem do meu pai.
Para Zezinho e todos os serranos, tempo
ruim era quando fazia muito sol, aquele sol de pelar, e tempo bom quando chovia, o nordeste ficava em festa.
Chovia para armazenar água, regar a terra e gerar riquezas para o homem do campo e para a nação, tempo para a produção dos alimentos.
O pai do Zezinho fala:
"parece até que nunca viram um animal não humanos com fome e com sede, pois os animais comem capim e bebem mais de cinco litros d'água por dia, um boi pode beber até 20 litros. Tem ainda os pequenso animais, aqueles que ciscam, os que voam, os que rastejam e os insetos, acho que não vivem neste mundo, não sabem o significado e a importância de uma abelha".
Era o que o meu pai dizia. Complementava
informando que o pais é constituído de duas partes, uma
parte urbana e a outra
rural, o Brasil de Cima e o Brasil de Baixo, porém ambas têm que
conviver em harmonia. O abandono do Brasil Rural vai congestionar o
Brasil urbano nas cidades despreparadas, e perguntava:
"onde vai um analfabeto trabalhar? Será que sabem o que um êxodo? peço muito cuidado com as falsas palavras"
Cresci com este pensamento e ainda hoje não entendo como são orientados estes âncoras em pleno 2014, acho totalmente desinformados ou orientados pelos algozes do povo.
São conduzidos e conduzem a nação ao descaso com as riquezas naturais importantes do país, que são a agricultura de sub existência e o pequeno criador, os quais, nos longínquos arraiais padecem por serem puros e tementes a Deus. Não têm acesso às riquezas industriais, aos bancos, aos serviços, à saúde, à previdencia, à educação e a nenhum benefício, são injustiçados. São induzidos a a pensar que a seca, a fome, a feiura e a pobreza são os desejos de Deus, e citam uma passagem bíblica, ao pé da letra:
“É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus”
Lucas 18:25 e Mateus 19:24
Os homens do campo vivem no esquecimento, engrossando as filas dos necessitados. Abandonando as suas propriedades, preenchem as pirambeiras nos arredores das metrópoles ou cidades de médio porte, engrossando as favelas e recebendo cognomes como marginais, milicianos, favelados, improdutivos e sanguessugas, deixando para trás enormes lacunas no campo, a autoestima e as suas lembranças.
Muitos tornam-se reféns das diversas bolsas de ajuda de todos os tipos, as das gangues organizadas, dos morros, e das gangues oficiais, eleitas pelo voto em milhares de comunidades carentes, apoiadas pelos gestores do país. Vivem de migalhas, como cães soltos nos logradouros da nação e o bálsamo da salvação, encontra-se nas milhares de igrejas. Como ovelhas, procuram a proteção, roubada pelos poderes público, nos milhares de profetas e psedoprofetas esparramados no país.
Muitos
não plantam, nem o básico e não criam uma única cabeça
de galinha. São guinados a pensar que tudo que acontece é apenas pela
vontade
de Deus, e se é por vontade de Deus, quem se arvora a ser contra?. Veja
como os tubarões conseguem lavar o cérebro dos desinformados, dos puros
ou dos verdadeiros
inocentes. O mote é multiplicar os literalmente analfabetos e os
analfabetos funcionais, o mote é multiplicar os dependentes e os
subservientes, reservas para as próximas eleições, tudo pelo poder.
Zezinho falou para este mortal, que outro dia, na Serra do Araripe, viajou por mais de 2 horas na caatinga. Viu apenas sol, vento, poeira, redemoinhos, mormaço, miragem, toco, o cinza dos gravetos e o azul do céu. Um asno, um bovino, um equino, um ovino ou caprino, um muar, pelo menos um, para remédio, não encontrou, aliás de humanos apenas três na estrada e outros enfurnados nos casebres de paredes baixas e portas estreitas, como estreita é a vida destes humanos, a apreciar, com as mãos a proteger as vistas, as miragens no chão batido. Viu três motos, duas bicicletas e muita cachaça.
As únicas rendas são os programas governamentais e a venda do crédito de carbono, as sementes para as safras eleitoreiras. Viu três torres para a aferição, muita indolência, o ócio, a subserviência às iscas e aos farelos, engandores, enviados pelos donos do mundo, os fabricantes da pobreza e dos seus apoiadores. Todos ricos e que moram nas suas mansões pelas capitais mundo afora e nas grandes metrópoles de médio porte, sugando as riquezas para os seus proveitos no exterior, incuindo nestes grupos, muitos atores, atletas, cantores e artistas deste país. Para estes, o dia é bom quando dá praia.
No Nordeste amigos, o tempo continua bom, sol escaldante, pobreza e muita fome. O orgulho de produzir a sobrevivência com as suas próprias mãos, com o seu próprio suor, encontra-se em franca decadência, diferente da fome, da preguiça, da desordem e da violência que estão em continua ascendência. No nordeste grassa velozmente a desertificação e a morte de um bioma antes habitável.
Amigos, enquanto o esturricante sol continuar como tempo bom, na
mídia televisiva e para as elites, continuarão morrendo de fome e de sede os animais, as
plantas e os homens que clamam, choram e torcem por tempo ruim em busca da
vida.
Que Deus mande de imediato O TEMPO RUIM.
Discutir a fome, o abandono, as mazelas da vida dos pobres nos gabinetes, de bucho cheio, dentes escovados, cérebro com boas escolas e subtraíndo as verbas dirigidas aos mais fracos, apenas aumentam o sofrimento de um povo, isto é TEORIA.
Testículos, mialgias, inanição, esternocleidoocciptomastoídeo, desidedratação, cianose, caquético, marasmo, kwashiorkor, árido, semi áraido, seridó, escroque, lavagem cerebral e corrupção, são coisas de gabinetes.
Iderval Reginaldo Tenório
ESCUTEM ESTAS DUS MÚSICAS NAS VOZES DESTES DOIS CANTORES DE GOIÁS.
SECA VERDE do baiano de Candiba, Dedé Badaró e MEU PAÍS de Mirosmar José De Camargo, o Zezé di Camargo.
Todos parecedíssimos com o Zezinho, filho de seu José ou seu Zé.
Zezé Di Camargo & Luciano Seca Verde - YouTube
Zezé Di Camargo & Luciano - Meu País (Ao Vivo) - YouTube
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