O NAMORO, A SOGRA E O CACHORRO JOLY
Numa arejada varanda um jovem casal
Sentados num belo e
largo banco , os jovens cochichavam ao lado de dois grandes jarros ,
um com capim santo e o outro com espadas de São Jorge, embaixo do
banco o cachorro Joly .
Animal pançudo, cinza,
patas grossas e orelhas caídas , de vez em quando balançava o rabo, abria os olhos e voltava aos braços
de Morfeu, à frente a empedernida sogra.
Senhora de bucho grande, lenço
branco na cabeça, óculos caídos sobre o nariz, cesta de palha de
carnaúba na qual armazenava grandes novelos de linhas aveludadas e de
cores diferentes , duas pontiagudas agulhas e os olhos bem atentos ao
neófito casal.
De quando em vez, subia um odor sulfurado , que inundava toda a varada, de imediato o rapaz lamuriava:
"Sai daqui Joly, eita cachorrinho danado."
A sogra
levantava o ossudo queixo e sorrateiramente conferia o indelicado odor. Silenciosamente espiava o casal por cima dos óculos, dobrando o
queixo sobre o pescoço . Ajeitava o picinez no adunco nariz e continuava a sua costura artesanal como se nada tivesse
acontecido.
O casal
continuava o seu namoro, sempre em silêncio, sem muitas conversas ; e a velha a bisbilhotar, como disfarce, o crochê.
De vez em quando, o horrendo e ocre cheiro de ovos podres inundava a vigiada varanda, mais vezes a lamúria do pacato rapaz sobre o cachorro Joly e sempre acompanhada dos gestos de desaprovação da atenta e cuidadosa sogra . Depois da quinta ou sexta queixa do educado moço, a matriarca levanta o rosto, ajeita o picinez, se arruma na cadeira de couro e com o dedo em riste, eleva a voz e vocifera para com o seu belo e dorminhoco cachorro Joly:
De vez em quando, o horrendo e ocre cheiro de ovos podres inundava a vigiada varanda, mais vezes a lamúria do pacato rapaz sobre o cachorro Joly e sempre acompanhada dos gestos de desaprovação da atenta e cuidadosa sogra . Depois da quinta ou sexta queixa do educado moço, a matriarca levanta o rosto, ajeita o picinez, se arruma na cadeira de couro e com o dedo em riste, eleva a voz e vocifera para com o seu belo e dorminhoco cachorro Joly:
"Saia mesmo Joly se não este homem lhe caga"
Iderval Reginaldo Tenório
ESCUTEM A MÚSICA FEITO PARA MANÉ GAMBÁ.
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