Na verdade, não foi uma guerra, mas duas – ambas travadas no século
19 na China. Nesses conflitos, Grã-Bretanha e França se aliaram para
obrigar a China a permitir em seu território a venda de ópio, uma droga
anestésica extraída da papoula. Para britânicos e franceses, exportar
ópio para a China era uma forma de compensar o prejuízo nas relações
comerciais com os chineses, que vendiam aos ocidentais mercadorias muito
mais valorizadas, como chá, porcelanas e sedas. Mas o governo de Pequim
não via o troca-troca com bons olhos: a partir do século 18, o consumo
da droga explodiu no país, causando graves problemas sociais – nem um
decreto imperial de 1796 conseguiu deter a expansão do problema.
A coisa pegou fogo de vez em 1839, quando o governo chinês
destruiu uma quantidade de ópio que estava na mão de mercadores
britânicos equivalente ao consumo de um ano. O governo da Grã-Bretanha
reagiu enviando ao Oriente navios de guerra e soldados, dando origem à
primeira Guerra do Ópio. Mais bem equipada, a tropa britânica venceu os
chineses em 1842, obrigando-os a assinar um tratado de abertura dos
portos e de indenização pelo ópio destruído – mas o comércio da droga
continuava proibido.
ridades chinesas
revistaram um barco britânico à procura de ópio contrabandeado. Era a
desculpa que a Grã-Bretanha precisava para declarar a Segunda Guerra do
Ópio, vencida novamente pelos ocidentais em 1857. Como preço pela
derrota, a China teve de engolir a legalização da importação de ópio
para o país por muito tempo: o uso e o comércio da droga em território
chinês só foram banidos de vez após a tomada do poder pelos comunistas,
em 1949.
A droga chegou a representar a metade das exportações britânicas para a China. O primeiro decreto proibindo o consumo de ópio datou de 1800, mas nunca chegou a ser respeitado.
Em 1839, a droga ameaçava seriamente não só a estabilidade social e financeira do país, como também a saúde dos soldados. A corrupção grassava na sociedade chinesa. Para chamar a atenção do imperador Daoguang, um ministro descreveu a situação da seguinte maneira:
Em 18 de março de 1839, o imperador lançou um novo decreto, com um
forte apelo à população. Através de um panfleto, advertiu do consumo de
ópio. As firmas estrangeiras foram cercadas pelos militares chineses,
que em poucos dias apreenderam e queimaram, na cidade de Cantão, mais de
20 mil caixas da droga.[2]
Causas do conflito
Em 1830, os ingleses obtiveram exclusividade das operações comerciais no porto de Cantão. A China exportava seda, chá e porcelana, então em moda no continente europeu, enquanto a Grã-Bretanha sofria um grande défice comercial em relação à China. Para compensar suas perdas econômicas, a Grã-Bretanha traficava o ópio indiano para o Império do Meio (China).[1] O governo de Pequim resolveu proibir o tráfico de ópio, o que levou a coroa britânica a lançar mão de sua força militar.China proíbe importação de ópio
Entre 1811 e 1821, o volume anual de importação de ópio na China girava em torno de 4 500 pacotes de 15 kg cada um. Esta quantidade quadruplicou até 1835 e, quatro anos mais tarde, atingiu a quantia de 450 toneladas importadas, ou seja, um grama para cada um dos 450 milhões de habitantes da China na época.[2]A droga chegou a representar a metade das exportações britânicas para a China. O primeiro decreto proibindo o consumo de ópio datou de 1800, mas nunca chegou a ser respeitado.
Em 1839, a droga ameaçava seriamente não só a estabilidade social e financeira do país, como também a saúde dos soldados. A corrupção grassava na sociedade chinesa. Para chamar a atenção do imperador Daoguang, um ministro descreveu a situação da seguinte maneira:
“ | Majestade, o preço da prata está caindo
por causa do pagamento da droga. Em breve, vosso império estará falido.
Quanto tempo ainda vamos tolerar este jogo com o diabo? Logo não teremos mais moeda para pagar armas e munição. Pior ainda, não haverá soldados capazes de manejar uma arma porque estarão todos viciados.
|
” | |||||
Ópios do ofício
Extraída da papoula, droga também dá origem à morfina e heroína
1. O ópio é uma droga extraída de um tipo específico de papoula, Papaver somniferum. O local com maior concentração de seu princípio ativo é a cápsula que abriga as sementes da planta e de onde sai a flor
2. Depois que caem as pétalas da flor, os cultivadores arranham a
superfície da cápsula com uma pequena faca, produzindo cortes verticais
de pequena profundidade, por onde escorre um líquido leitoso e
esbranquiçado.
3. Em seguida essa seiva é exposta ao sol – em geral, de um dia para o
outro. Com o calor, o líquido muda de cor e consistência, virando uma
massa amarronzada grudenta, parecida com cera de ouvido. É o chamado
ópio bruto
4. Geralmente, a droga é consumida em cachimbos aquecidos por indução
– a chama direta destrói os componentes responsáveis pelos efeito
entorpecente da droga.
Outras vezes, o ópio bruto é seco e moído até
virar pó para ser armazenado e vendido
5. Por meio de processos químicos, o ópio bruto pode ser processado
para fabricar outras drogas, como codeína (usada hoje como anestésico
local por médicos e dentistas), morfina e heroína
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