IDERVAL TENÓRIO: MAMÃE, A MINHA HEROÍNA

domingo, 30 de setembro de 2018

MAMÃE, A MINHA HEROÍNA

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MAMÃE, A MINHA HEROÍNA

Mamãe acordou com o sol enchendo o seu quarto , todas as cortinas estavam abertas, os raios solares transpassando as largas janelas de vidro invadiam todos os cantos e recantos do aposento, olhou para um lado e não encontrou o papai que sempre continuava a dormir enquanto a mesma preparava o café da manhã.

Levantou desconfiada e foi até o quarto do meu irmão do meio, o mesmo não se encontrava na sua cama, foi até o meu quarto e não me encontrou, sentiu-se abandonada e sem plano, pegou o telefone preto e pesado da casa para pedir socorro , o mesmo não dava linha, estava sem nenhum ruído, sentou-se na poltrona da sala , ficou a pensar na vida e no que estava acontecendo.

Plim-Plim-Plim tocou a campainha, a mãe não se levantou, ficou atônita e concentrada, não sabia o que fazer.

Plim-Plim-Plim-Plim compassadamente tocou mais uma vez a campainha, nas pontas dos pés , com a respiração em pausa foi até a porta, num silencio sepulcral colou atentamente o ouvido direito na porta, a campainha tocou mais uma vez , desta vez mais rápido, com o coração acelerado, as mãos trêmulas e com muita atenção abriu a fechadura sem destravar o pega ladrão, dispositivo que deixa a porta entreaberta, por trás da grossa madeira e de soslaio olhou cuidadosamente para a pequena sala do elevador, enxergou na sua frente a imagem do papai, mesmo apreensiva abriu a porta e surgiu o pai e toda as duas famílias na pequena sala do elevador, em uníssono escutou:
“ PARABÉNS PRA VOCÊ”.

Era a primeira vez que iriam comemorar o dia do seu aniversário, como também era o seu primeiro dia de aposentadoria após 30anos de árduo trabalho como Assistente Social do único Hospital do Câncer da Cidade , neste dia começou para a minha mãe mais uma etapa da sua vida, passou a ser a Assistente Social de todos os necessitados da região, a diferença é que não estaria atrelada ao rigor burocrático e nem ao despertador britânico sedimentado na sua cabeça.

Acordara mais tarde porque naquela noite bebera duas ou três taças de champanhe em comemoração ao nascimento de sua primeira neta, presente do seu filho mais velho, que mesmo morando noutro país conseguiu transmitir pelas novas tecnologias em tempo real o emocionante evento, o nascimento do seu primeiro rebento, a mais angelical jóia da natureza.

Mamãe , a minha heroína, mamãe agora uma orgulhosa vovó, foi um dia de festa.

Iderval Reginaldo Tenório