POR UM FUTURO
MELHOR, O NORDESTINO É SHOW
Oriundo de um mundo com raras riquezas, tem o homem do nordeste a vontade de vencer e prosperar mesmo com todas as dificuldades pertinentes a região, quando lhe faltam a água, o respeito e o apoio e lhe sobram o sol, a coragem, a força de vontade e a vergonha na cara.
Imbuído de nada perder ou desperdiçar, é comum o homem do
nordeste enxergar utilidade em tudo, nas garrafas vazias, nas latas, nas caixas,
nos sacos e em qualquer embalagem que chegue às suas mãos, o homem do nordeste
vislumbra futuro em tudo que vê, não é à
toa que numa feira livre de um simples arraial ou vila nordestina se encontram
de tudo, pentes, copos, brincos, colares, medalhas, agulhas, açucareiros, porta
chumbo, isqueiros, porta pólvoras, passadeiras, fivelas, canetas, chunchos,
xícaras, colheres e botões feitos dos chifres do boi, sapatos, sandálias,
blusões, blusas, chapéus, bonés, calças,
jaquetas, cintos, alpercatas, bornais, bolsas, chicotes, cias, celas, cambões, trituradores de fumo torrado
para o fabrico do rapé, este , o famoso desentupidor de nariz, alforjes,
cabrestos, arreios para os animais, rabichos, pias e focinheiras, cordas,
sacos, capangas, malas, capas, cadeiras e outra infinidade de objetos
fabricados com o couro bovino, sem
contar com quase todos os utensílios domésticos e para o fabrico artesanal ou industrial
local oriundo dos demais animais, dos vegetais e minerais da região, o
nordestino é um verdadeiro alquimista.
Quando se refere à vida nos seus diversos vieses, é o nordestino um diversificador nato,
a sua cama pode ser de vara, de couro, de folha, um jirau, uma manta, uma
esteira, o próprio chão batido, uma moita e quando perdura o luxo uma bela rede
feita de diversos materiais como algodão, couro, corda, croá, agave, lona,
naylon ou até mesmo de cipó gitirana, no tocante a alimentação é possuidor de
uma versatilidade de fazer inveja ao mais potente triturador de pedra, ao mais
moderno moinho desmanchador de ferro fundido, o nordestino como um verdadeiro
avestruz, come de tudo e a qualquer hora, para ele não interessa se é gostoso, bonito,
cheiroso, apetitoso salutar, o que lhe interessa é se é comestível, o que lhe interessa
é se o homem pode comer e se lhe sacia a fome. Tanto que vários são os pratos
por ele apreciado como do primeiro time, o mugunzá salgado de origem indígena, uma mistura feito com milho,
feijão ou fava, pé, orelha, rabo, lingüiça e barriga de porco, tudo na mesma panela, sal,
fogo e muito suor, outra iguaria muito
apreciada é o inesquecível baião de dois quando se aproveita as sobras do
feijão e do arroz do meio dia, tempera-os
com toucinho, queijo e outros ingredientes que disponha, tudo na mesma panela, sal
a gosto, o mesmo fogo, um ovo estrelado
por cima e tome dentes, são pratos ricos,
calóricos , com muita sustança feita para o homem da caatinga.
No tocante ao trabalho, é o nordestino um coringa
desbravador, faz o papel de trator à pá
carregadeira, do enxadeco e cavador à
motoca de baiano, de carro de mão ao mais potente elevador na construção civil,
de lavador de pratos ao mais fino nas artes da gastronomia, de lavador de carro ao mais alto e gabaritado piloto comandante de avião, do mais simples eleitor
ao maior posto de uma república.
O nordestino tem sido uma semente do bem em todos os
recantos do mundo, quem precisar de
homem trabalhador do quilate dos orientais e chineses tem no nordestino
catingueiro um homem à altura, o bicho é macho, caatingueiro e catinguento, o
homem do nordeste é madeira de bater em doido, é pau pra todo a abra , é fera.
Quando se fala em cultura, a verve do nordestino campeia e brilha em
todos os seguimentos, da pintura arcaica, do artesanato da idade média à mais
moderna das esculturas, do xaxado e do baião a mais sublime das orquestras, vide
o grande Elomar e o maestro Severino Pernambucano, é uma mistura que faz corar os mais
sofisticados das artes e da culinária. O Nordestino é a chapada do Araripe, a Serra da Borborema, do Apodi, o Raso da Catarina, o Agreste Pernambucano e a zona da Mata, o nordestino é Luiz, Jackson, João, Patativa, Suassuna, Zabé da Loca, Pedro Bandeira, Mestre Noza, Mestre Vitalino, Bigode do maneiro Pau e Cego Oliveira.
O nordestino é o Padre Ibiapina, o Frei Damião, o Antonio Conselheiro,
o meu Padim Padre Cícero , a cabroeira e Lampião, o nordestino é o Gibão de Couro,
o Grande Sertão, o Mangai, o Arre Égua, o Pai Dégua e o Fie de uma Égua, o nordestino
é a banda cabaçal, é a lapinha, enfim, o
nordestino é ritmo, tambor, corda, pandeiro, rabeca, chocalho, reco-reco, viola,
triangulo e sanfona, o nordestino é música, fanatismo e religião.
Muitas são as propriedades particulares do nordestino, como a
hospitalidade, a autonomia, a vergonha na cara, a capacidade
de adaptação e o costume de não chegar no lar, na casa ou na morada de um amigo ou parente de mão abanando, sempre
lhe acompanha uma cuia de farinha, meia quarta de feijão, uma talagada de carne, duas rapaduras, uma
montoeira de frutas, meia garrafa de cana, uma manteiga de garrafa e outras iguarias. O
nordestino é uma raça de fibra, é uma raça resistente e forte.
Outra característica do verdadeiro nordestino é nunca deixar
que a chama do seu nordestinêz seja apagada,
ele por mais longe que se encontre, por
mais distante que esteja, por mais mergulhado e misturado noutras culturas
jamais esquecerá as suas raízes.
O nordestino por mais educado, letrado ou culto que seja, jamais
deixará a marca do cangaço, da crença religiosa e do paladar pré-histórico, ele
se lambuza de tudo quanto for moderno, bom, raro e sofisticado, mas não se
desliga dos seus costumes seiscentistas, o nordestino na verdade é gente da
mais fina safra da humanidade, o nordestino é a sobrevivência em pessoa, é o
trabalho, a força, a ética, a amizade, a
lealdade, o companheirismo , a sinceridade e a alegria.
O Nordestino é zói, zunha, zuvido e zureia , o nordestino é SHOW.
O Nordestino é zói, zunha, zuvido e zureia , o nordestino é SHOW.
Iderval Reginaldo Tenório
12- A TRISTE PARTIDA - Luiz Gonzaga - 50 anos de chão ...
www.youtube.com/watch?v=BhR69sZ5VH4
09/05/2011 - Vídeo enviado por forrobodologia
12- A TRISTE PARTIDA - Luiz Gonzaga - 50 anos de chão - disco 4. forrobodologia ...A TRISTE PARTIDA - PATATIVA DO ASSARÉ - YouTube
www.youtube.com/watch?v=r-8rsqTJi-0
25/06/2009 - Vídeo enviado por senhorincrivel
Um retrato da alma nordestina. Música de Luiz Gonzaga e Poema de Patativa do Assaré.
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