Morre Rita Levi Montalcini, Nobel de Medicina, aos 103 anos
A neurologista italiana era a pessoa mais velha ainda com vida a ter recebido o prêmio- Cientista realizou parte de suas pesquisas na UFRJ
ROMA - Ganhadora do Prêmio Nobel de Medicina e senadora vitalícia da Itália, a cientista Rita Levi Montalcini, conhecida como a “Senhora das células”, morreu neste domingo (30), aos 103 anos. Primeira Nobel a chegar aos cem anos, ela ganhou o prêmio em 1986, junto com o norte-americano Stanley Cohen, pela descoberta do fator de crescimento do nervo (NGF), uma proteína que faz as células em desenvolvimento crescerem, estimulando o tecido nervoso circundante.
A pesquisa ajudou no tratamento de contusões na espinha dorsal e aumentou a compreensão de doenças cardiovasculares, Alzheimer, entre outras.
Nascida em uma família judia em Turim, em 1909, Rita era a pessoa mais velha ainda com vida a ter recebido o prêmio. Durante a Segunda Guerra Mundial, ela viveu a discriminação anti-semita e a invasão nazista e foi forçada a fugir para o campo, onde criou um mini-laboratório. Depois da invasão alemã à Itália a neurologista fugiu para Florença e trabalhou por um tempo como médica em um campo de refugiados.
Terminada a guerra, Rita se mudou para os Estados Unidos para trabalhar na Universidade de Washington, onde ela passou a fazer suas descobertas inovadoras da NGF. Ela também criou uma unidade de pesquisa em Roma e, em 1975, tornou-se a primeira mulher a ser membro pleno da Academia Pontifícia de Ciências do Vaticano , em 1975. Ela ganhou vários outros prêmios por suas contribuições à pesquisa médica e científica.
Rita Levi Montalcini realizou parte de suas pesquisas no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A instituição é, inclusive, citada em seu discurso de agradecimento do prêmio.
"Após a aprovação e convite do Professor Chagas, eu embarquei em um avião para o Rio de Janeiro, carregando na minha bolsa dois ratos", disse na ocasião.
Dois dias depois de seu aniversário, em abril deste ano, ela postou uma nota no Facebook dizendo que era importante nunca desistir da vida ou cair na mediocridade e resignação passiva. “Eu perdi um pouco de visão, e grande parte da audição. Nas conferências, eu não vejo as projeções direito e não me sinto bem com isso. Mas eu penso mais agora do que eu fazia quando eu tinha 20 anos. O corpo faz o que que quer. Mas eu não sou corpo, eu sou a mente”, disse ela.
O primeiro-ministro italiano Mario Monti disse, em um comunicado, que Rita havia sido uma honra para a Itália, e elogiou seus esforços para incentivar os jovens, especialmente mulheres, a desempenhar um papel central na pesquisa científica.
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