Para quem não foi e precisa realizar algum trabalho sobre o assunto.
Tudo indica que a Professora Marcia quer um relatório.
Iderval Reginaldo Tenório
O blog foi criado para a cultura. Mostra o quanto é importante o conhecimento.Basta um click no artigo. Centro Médico Iguatemi,310.CLINICA SÃO GABRIEL LTDA- 33419630 33425331Participe ,comente, seja seguidor. DR IDERVAL REGINALDO TENÓRIO , 1954 , JUAZEIRO DO NORTE -CEARÁ. 08041988lgvi.1984 CHEGOU EM SALVADOR COM 18 ANOS , MEDICINA NA UFBA. CIRURGIÃO GERAL. driderval@bol.com.br ACESSEM DO AMIGO E RADIALISTA PERFILINO NETO O SEU SITE DE MUSICA eradoradio.com.br
Para quem não foi e precisa realizar algum trabalho sobre o assunto.
Tudo indica que a Professora Marcia quer um relatório.
Iderval Reginaldo Tenório
Ari Donato-
CINE SORBONE, GUANAMBI-BAHIA
No princípio de agosto de 2024 fui apresentado ao livro Cine Sorbone, A História do cinema de Rua de Guanambi, pelo pai do rebento, o jornalista e escritor Ari Donato, nascido na cidade de Guanambi, interior da Bahia nos idos dos anos 50.
Eu, Iderval Reginaldo Tenório, médico cearense, nascido em Juazeiro do norte, terra do Padre CÍCERO, formado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia 42 anos atrás, hoje com mais de 70 anos de idade, fiquei pensando:
“ Um livro sobre os cinemas da cidade de Guanambi! se não sou daquelas plagas, será que vai me interessar ou só tem importância para os nascidos, vividos ou ainda vivem naquela microrregião, quiçá nos que têm as raízes nas terras dos colibris, cidade de Guanambi?.
Li a apresentação, da lavra do próprio autor, o grande amigo Ari, depois mergulhei na leitura saboreando palavra por palavra, parágrafo por parágrafo, página por página, capítulo por capítulo. Após sorver dois ou três capítulos, dei uma pausa e telefonei para o mestre Arievaldo Teixeira Donato, o Ari Donato.
Ensopado de emoção e encharcado de sinceridade, dirigi as seguintes palavras:
” Mestre , o seu livro não é apenas sobre os Cinemas de Guanambi( Beija Flor), uma das mais prósperas cidade do Nordeste. A obra é um documentário sobre a sétima arte, seus ensinamentos, leis, artistas e as suas contribuições para a cultura de um povo, não é de se admirar, que a microrregião de Guanambi concentra milhares de homens e mulheres do mais alto grau, participando da cultura, política, jornalismo, medicina, engenharia, direito, magistério, odontologia, nas artes, nas demais profissões e no empreendedorismo do Estado da Bahia.
O amigo fez um mergulho no universo cultural regional, nordestino, nacional e internacional, que para o leitor, um verdadeiro mergulho de imersão cultural. Uma leitura leve, descontraída, aconchegante, informativa e histórica, uma leitura cinematográfica e que prende o leitor. Numa regressão, transporta-o para a sua infância, escola, família, bairro, clubes, becos, sobrados, vendas da cidade, colegas da adolescência, professores e amigos, uma narração que se adapta a todos os 5570 municípios deste país e toda a juventude brasileira dos anos 50 a 70.
Mestre e abnegado guru Arievaldo Teixeira Donato(Ari Donato), esta sua obra justifica a quantidade de intelectuais e empreendedores de Guanambi e das cidades circunvizinhas: Caitité, Riacho de Santana, Palmas de Monte Alto, Urandi e Pindaí.
Nominarei alguns troncos da minha convivência em Salvador, e de grande importância para a Bahia e para o Brasil: Fernando Vasconcelos(Médico do mais alto gabarito), Jane Vasconcelos(Médica guerreira e social) e Camila Vasconcelos (advogada, professora e escritora), Ari Donato( Jornalista e escritor), Vandilson Costa, eterno defensor da humanidade(Ex-deputado Estadual), Gersino Coelho( Grande empresário), meus colegas de turma Alfredo Boa Sorte(Médico e incansável perseguidor da justiça para os esquecidos deste país ) e Tancredo Alcântara de Oliveira(Médico). É uma região fértil de grandes talentos, basta plantar e cuidar, como visto, Guanambi tirou de letra.
Conclamo à população de Guanambi, aos que nasceram dos anos 40 até os dias atuais, em nome da cultura, que não deixem de ler e de proporcionar a todos os amigos o acesso a este tesouro literário. Uma obra histórica para a cidade, para toda a microrregião e para os perseguidores da cultura em todo o território nacional.
O Livro “Cine Sorbone” A Hitória dos cinemas de Rua de Guanambi é uma obra de Arte, é um coquetel cultural, histórica, um bálsamo para a mente e milhares de pinceladas de conhecimentos para a sociedade, só lendo para saboreá-lo.
Mestre Ari Donato, os seus milhares de leitores aguardam esperançosos por mais filhos deste quilate.
Salvador,13 de agosto de 2024
Iderval Reginaldo Tenório
Escutem Guarânia da Saudade do mestre Luiz Vieira.
Com o Mestre e em três versões.
1-Carlos José
2-Alda Perdigão
3-Carlos André
Diretrizes para os Jovens em dois capítulos.
Não é um manual pétreo,
é
apenas uma orientação .
1-Não tenham a beleza como a verdade da vida. A beleza física está atrelada apenas à pouca idade, todo mundo já foi jovem, o tempo não para e é rápido.
2-Não utilizem os dotes físicos para crescer na vida, estas qualidades são fugazes e têm vida curta. Não priorizem o físico e a plástica em detrimento do intelecto, do cérebro, dos conhecimentos e da instrução, valorizem a massa cinzenta.
3-Tenham
nos seus pais os seus maiores e melhores amigos, muitas vezes os únicos amigos de verdade.
6-Não valorizem a ilusão passada e ensinada pelos artistas nas mídias, ali eles são pagos para passar informações comerciais, o fulcro é a pecúnia, não estão preocupados com os jovens. São ensinamentos de palcos, apenas de palcos, ali eles não são eles, são personagens, estão pensando nos seus bolsos. Não medem as consequências, falam o que os patrocinadores mandam.
6-Não endeusem os que desfilam nas passarelas, eles são meros propagandistas, muitas vezes verdadeiras arapucas, são produtos, muitos são vítimas e muitos não sabem o que estão fazendo, o quee importa é o qunto vão receber.
7-Não utilizem os dotes físicos como o ganha pão de cada dia, o seu cérebro é o verdadeiro senhor de sua trajetória de vida, é o seu maior companheiro e que se aprimora durante toda a sua vida.
8-Coloquem na cabeça, nada fácil proporciona um bom futuro, é a Escola a única saída para o ser humano, notadamente para os pobres.
09-Os ensinamentos dos seus pais, avós, professores, amigos de juízo, dos homens que vieram do nada e cresceram com honestidade, são as principais ferramentas para um bom futuro.
10-Tenham na mente que a honestidade, a ética, os sacrifícios, a gratidão, a escola e o trabalho são as únicas ferramentas para alavancar a sua vida e a dos seus familiares.
11-Conscientizem-se: o seu primeiro casamento é com a família, o segundo é com a Escola, o terceiro com a profissão, o quarto com o trabalho, o quinto, outra vez com a família, o sexto é com um companheiro ou companheira depois de um bom período de diálogo, o namoro, idealizado para o conhecimento mútuo.
Não se esqueçam que cada jovem tem que se entender com os familiares do seu pretendente, como também ambas as famílias têm que firmarem um pacto de solidariedade, de união, de ajuda, de compreensão, de consideração e de respeito, o casamento é entre todos.
11.1-O
namoro foi criado para que um conheça o outro, as famílias, costumes, os vícios e o relacionamento entre os
seus componentes, principalmente como ganham a vida, quais as perspectivas de futuro, como
reagem às emoções, às dificuldades que por acaso apareçam e como encaram a vida.
11.2-É no namoro que a moça conhece a índole do rapaz e vice-versa. Caso
haja
atividades não são condizentes com a sua formação, existirá tempo para o
afastamento
sem arranhões mútuos antes do casamento. Afastem-se deste pretendente e aproximem-se mais da
sua família, são 8 bilhões de seres humanos.
Jamais esqueçam: o núcleo familiar é o seu porto seguro
Iderval Reginaldo Tenório
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Depois dos oitenta e ao enviuvar, seu Geremias entrou numa fase difícil da vida. Após inúmeras visitas ao geriatra e sempre na companhia de um dos filhos, passou a entender o que era a senilidade, agora reforçada pela viuvez. Tinha que mudar de os hábitos e dar um novo rumo à vida. Foi aconselhado a entrar em grupos de idosos, clubes de danças e até em academias, a presença de pessoas diferentes e mais jovens traria alegria à vida do velho solitário.
A
vida tomou outro rumo, das academias o velho passou a estender o dia
até o anoitecer, a utilizar as novas tecnologias incorporadas aos celulares e a ter mais compromissos
inadiáveis, dentre estes, toda uma tarde sem paradeiros, longe da família. Neste dia não
ia à academia, ao grupo de danças e nem tão pouco para a sagrada missa,
era uma tarde misteriosa, uma tarde incomunicável.
A extensão desta tarde, até o início da noite, começou a trazer preocupações
para os filhos. Para onde está indo o velho pai e com quem, o que o velho está
fazendo?. Irredutível seu Geremias não revelava para onde ia nestas misteriosas
tardes.
A família pediu ajuda a um serviço de detetives profissionais. Depois de muitos dias de averiguações e rastreamentos, chega-se ao veredicto, o velho tem uma namorada e se isola semanalmente em um dos motéis da cidade. Sempre no mesmo estabelecimento e no mesmo quarto, trata-se de uma moça nova, loira, muito bem penteada e que se disfarça com óculos grandes, escuros e de marcas caras. Com estes dados, a família aumenta o grau de preocupação.
Seria uma atiradeira, uma Maria gasolina, uma Maria rouba aposentados, uma Maria mata velho? Os filhos programaram um providencial flagrante, um flagrante para desmoralizar a farsante que enganava o velho Geremias. Deduziam: é uma descompreendida, uma piriguete, uma pilantra, uma larapia, uma meliante, uma engana velho, uma exploradora de senil e isto é crime.
Arma-se a arapuca.
Até que chegou o dia D. O detetive passa as
informações do encontro, revela a avenida, o endereço para onde o velho está indo.
No encalço do velho, parte a caravana composta de filhos, filhas e dois genros.
O sedan estaciona na portaria do motel, o velho contrata o apartamento. A loira
ao seu lado, toda silenciosa, lenço de seda na cabeça e batom vermelho. Neste dia, de roupa nova. Bem perfumada e
sempre calada, de diferente, um belo cachecol, era o aniversário do seu
amado Geremias.
A recepção do motel fazia parte do esquema investigatório, o detetive articulou todo um
cerimonial. A família em peso ficaria no corredor e a filha mais velha
levaria um brinde oferecido ao mais assíduo freqüentador da casa, sempre no mesmo dia, na mesma hora e no mesmo
apartamento. Dado o flagrante, toda a família apareceria e
desmascararia a exploradora de idosos. Livrariam o velho deste sujo golpe, depois,
tomariam o rumo da mais próxima delegacia para ser lavrado uma queixa
contra a pilantra, contra a vivaldina que queria dá um golpe no senil
namorador.
Arapuca armada, o velho e a moça nos aposentos, a família no corredor. A filha mais velha na porta, na mão o Estatuto do idoso, silêncio de clausura, o velho é comunicado pela recepção do motel, do merecido presente. Ajeita a amada na espaçosa cama, veste o seu belo pijama entoalhado e de óculos pretos, camuflantes, vai até a porta. Ao abrir encontra uma familiar cena cinematográfica, todos ficaram atordoados. Invadiram o apartamento e lá encontraram uma bela boneca inflável, muito bem vestida num dos roupões da ex esposa já falecida, boneca perfumada com uma das suas essências prediletas e um cartão de amor com estes dizeres:
”Minha
querida Floricéia, você foi e continua sendo o amor de minha vida.
Quando viva não desfrutamos da vida, apenas trabalhamos para sustentar a
nossa
querida e bela família, hoje todos bem posicionados graças aos seus
esforços, uma verdadeira guerreira. Aninha a mais velha, uma
desembargadora
respeitada, a caçula uma bela Oftalmologista e os meninos todos donos
do
nariz e nas suas empresas, sonhei um ano atrás que me pediste a realizar
um
sonho e desde aquela data tenho cumprido semanalmente sem falhar uma
única vez, e que cumprirei até o dia do nosso encontro aí no céu,
quando viveremos até a eternidade, como juramos sessenta anos atrás
na Igreja do Bonfim diante de Deus. Breve, muito breve aí
chegarei.
Do seu amado Geremias”.
E foi
assim que foi desvendado o paradeiro das misteriosas
tardes do velho Geremias.
Um grande pai de
família, sempre lutou pela vida e que só pensava no bem dos filhos, netos e de todos os seus amigos.
Em vida respeitou a sua amada e após a sua morte demonstrou que o seu AMOR a cada dia aumentava.
A festa continuou.
Iderval Reginaldo Tenório
Preconceito linguístico
As línguas dos autóctones do Brasil, os Índios, mescladas com as linguas da Mama África e infiltradas por diversas línguas invasoras(Inglês, Francês, Italiano, Espanhol, Português, Asiáticas e Orientais) forjaram o Português Brasileiro.
Iderval Reginaldo Tenório
O Português é uma
língua em contínua formação. Sofre diariamente influências
de línguas da Europa, EUA, Oriente, África, Ásia, Japão e de dialetos regionais como o Brasiliense, Caipira, Carioca, Gaúcho, Mineiro, Nordestino, Nortistas, Paulistano e o Sertanejo.
Na atualidade, mais de 20% das novas palavras vêm dos EUA, a língua forte das transações econômicas em todo o mundo, a língua do império contemporâneo. Como vírus, chegam embutidas nos produtos, propagandas, cinema, livros, jornais, programas televisivos universais, viagens e outras forçadas pelo poderio hegemônico.
Nos dias atuais, a juventude brasileira, os profissionais de todas as áreas e a população em geral são bombardeadas pelos meios de comunicação com novas palavras, sem tradução, e que automaticamente são incorporadas à língua pátria. Lembrem-se de onlaine, apigreide, estandebai, chequim, delei, checaute, booque, fastefude, baipasse, uaifai, uatzape, email e outras.
Como o português brasileiro tem pouca importância mundial no comércio, indústria, música, literatura, turismo, história da humanidade e não é de uma nação de peso, sofre preconceitos em todo o globo terrestre e dentro do seu próprio povo.
Afirma-se que a alma de uma nação é o seu idioma e foi embasado nesta propriedade, que Portugal matou a língua nativa brasileira quando invadiu as terras de Vera Cruz em 1500, deixando-a sem alma e sem identificação.
No século XVI eram mais de 800 línguas nativas, destacavam-se o Guarani
Kaiowá, Xavante, Yanomami, Guajajara, Terena, Tukano, Kayapó, Tupinambá e o Tupi-guaranI. No final do
século XVIII, por volta de 1775, de uma só canetada, o Marquês de Pombal
proibiu o uso de todas estas línguas nativas, as africanas e as embarcadas pelos
estrangeiros, sendo oficializada o Português de Portugal. Esta medida culminou com o batismo linguístico da nação chamada Brasil. Uma Pátria sem língua e evidentimente sem alma, tendo que renascer das cinzas como um milagre e em 1850 quase todas as línguas autóctones praticamente estavam em desuso.
O genocídio aos habitantes da terra, pejorativamente chamados de INDÍGENAS, o genocídio aos seus idiomas, costumes e cultura juntos à transferência de riquezas minerais, vegetais e animais para a Europa, foi o suficiente para emplacar anos de atrasos à nação em nome da civilização colonialista. Isto gerou, alimentou e alimenta até os dias de hoje, preconceitos aos nativos e aos africanos, traficados por três séculos, ambos os povos tratados como coisas.
Para os Europeus colonizadores, os negros e os nativos não
tinham alma e não eram considerados humanos. Nos Estados Unidos da
América do Norte eram considerados caças, inclusive pelos poderes
públicos até 1900, onde foram dizimados mais de 20 milhões de nativos
em 100 anos de invasão inglesa, não foi diferente aqui no Brasil com a
invasão portuguesa e a criação dos bandeirantes, comercializando e dizimando milhões de índigenas.
No Brasil um verdadeiro continente, o português sofre preconceitos de classes sociais, nível educacional, etnias, posicionamento político, gêneros e do regionalismo.
Na sociedade brasileira, o idioma foi fatiado em diversos segmentos: o culto que é o oficial, regido por leis, criado e praticado pelos intelectuais, pelos letrados, filólogos e os gramáticos que ocupam o culme da pirâmide linguística, tornando uma língua excludente para os que ocupam a base da pirâmide social, possuidora de no máximo 800 palavas para a comunicação.
O objetivo é sedimentar nas mãos das elites o poder da dominação e da inibição para as demais classes sociais. Pregam que o certo e o correto é o praticado por esta casta, que se autodenomina de classe superior, o errado e rasteiro, o praticado pelas demais classes sociais, principalmente nos rincões do país e nas regiões esquecidas. Quando na verdade não existe o Português errado, a língua é uma só e depende do nível sócial, econômico, cultural e de qual região pertence o cidadão
É primordial entender, que o português tem uma coluna, o de consumno diário, aquele que constitue o DNA da língua, o popular, o praticado em toda a nação e que todos compreedem, é o Português Universal e o elo entre todas as classes sociais.
O português culto e clássico, como um veículo moderno com os seus assessórios, direção hidráulica, portas elétricas, marcha automática, controles, ar condicionado, celulares, wifi, orientação por satélites ou câmeras são privilégios de poucos e às vezes supérfluor, o importante é viver sem atropelar a coluna central, respeitar o regionalismo, mastigar o feijão com arroz, as misturas protéicas e gordurosas sem se esquecer que nos documentos oficiais, é o Português oficial, o português culto o utilizado. O português falado está na alma de cada cidadão e vem das suas raízes, das suas entranhas e ancestralidades.
A Língua é patrimônio da sociedade, isto é, do povo em todos os níveis sociais e em todos os recantos do país. Não deve ser uma ferramenta de inibição aos que não praticam a língua culta, a língua daqueles que ocupam o ângulo superior da pirâmide sócio cultural, econômica e literária, uma vez que, mesmo os mais cultos, estudados e que leem com frequência, muitas vezes são ignorantes no repertório jurídico, da matemática, da química, da física e da medicina.
Fale
e pratique a sua língua sem preconceitos ou inibição, contudo
continue aprendendo a lingua culta da mesma maneira que se aprende a
andar,
nadar, dirigir e como se aprende uma profissão. Somos eternos
aprendizes, todos os dias se aprende algo novo. Gratidão às escolas, aos
professores, aos filólogos, aos gramáticos, aos historiadores, aos
analfabetos, aos regionalistas e à natureza, eternos orientadores.
Estudante, viva sem quaisquer tipos de preconceitos,
não se iniba na escola, pergunte e participe das oficinas de aprendizados. O seu
português está sendo forjado e não deve sofrer avarias nesta fase da
vida. Aprenda com os cultos, os letrados e os não letrados, porém não
se enclausure no aprendizado do imaginário dos intelectuais. Não anule
as suas origens, mescle todos os modos da língua e os utilizem nos
momentos adequados, a depender dos interlocutores.
Tenha
orgulho dos seus pais, de sua região, de todos os da sua convivência na infância e
até dos animais não humanos do seu arrebol, isso é cultura.
Iderval Reginaldo Tenório
O termo preconceito designa uma atitude prévia que assumimos diante de uma pessoa (ou de um grupo social), antes de interagirmos com ela ou de conhecê-la, uma atitude que, embora individual, reflete as ideias que circulam na sociedade e na cultura em que vivemos. Assim como uma pessoa pode sofrer preconceito por ser mulher, pobre, negra, indígena, homossexual, nordestina, deficiente física, estrangeira etc., também pode receber avaliações negativas por causa da língua que fala ou do modo como fala sua língua.
O preconceito linguístico resulta da comparação indevida entre o modelo idealizado de língua que se apresenta nas gramáticas normativas e nos dicionários e os modos de falar reais das pessoas que vivem na sociedade, modos de falar que são muitos e bem diferentes entre si. Essa língua idealizada se inspira na literatura consagrada, nas opções subjetivas dos próprios gramáticos e dicionaristas, nas regras da gramática latina (que serviu durante séculos como modelo para a produção das gramáticas das línguas modernas) etc. No caso brasileiro, essa língua idealizada tem um componente a mais: o português europeu do século XIX. Tudo isso torna simplesmente impossível que alguém escreva e, principalmente, fale segundo essas regras normativas, porque elas descrevem e, sobretudo, prescrevem uma língua artificial, ultrapassada, que não reflete os usos reais de nenhuma comunidade atual falante de português, nem no Brasil, nem em Portugal, nem em qualquer outro lugar do mundo onde a língua é falada.
Mas a principal fonte de preconceito linguístico, no Brasil, está na comparação que as pessoas da classe média urbana das regiões mais desenvolvidas fazem entre seu modo de falar e o modo de falar dos indivíduos de outras classes sociais e das outras regiões. Esse preconceito se vale de dois rótulos: o “errado” e o “feio” que, mesmo sem nenhum fundamento real, já se solidificaram como estereótipos. Quando analisado de perto, o preconceito linguístico deixa claro que o que está em jogo não é a língua, pois o modo de falar é apenas um pretexto para discriminar um indivíduo ou um grupo social por suas características socioculturais e socioeconômicas: gênero, raça, classe social, grau de instrução, nível de renda etc.
A instituição escolar tem sido há séculos a principal agência de manutenção e difusão do preconceito linguístico e de outras formas de discriminação. Uma formação docente adequada, com base nos avanços das ciências da linguagem e com vistas à criação de uma sociedade democrática e igualitária, é um passo importante na crítica e na desconstrução desse círculo vicioso