terça-feira, 4 de outubro de 2022

A vida é uma dádiva de Deus, o Criador. Iderval Reginaldo Tenório

 

A VIDA

A vida é uma dádiva de Deus, o Criador.

A saúde uma das mais sublimes propriedades  da vida.

O respeito e a ética são importantes e indispensáveis elos entre os homens.  

A inteligência e as artes são pétreas diferenças entre os homens e as outras espécies.

Viva a vida com saúde, ética, respeito, inteligência, compaixão, gratidão e muita arte. Este é o perfil da espécie humana e o legado que Deus a presentou.

Cuidar dos homens, das outras espécies e da natureza é a principal tarefa que Deus outorgou aos homens.

                                          Urge respeito à natureza. 

                                                          Urge.

Iderval Reginaldo Tenório

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

No meio do caminho/ José//Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

 

 Rádio Senado homenageia Carlos Drummond de Andrade | Escritores, Escritores  de livros infantis, Literatura brasileira

Carlos Drummond de Andrade | Autores | Literatura | Educação

 Muitas vezes os comuns, os não imortais ,  não entendem e nem atentam o porquê que alguns seres humanos são imortais.  

São imortais porque  as suas obras nuca  morrem , estão sempre vivas .  

Vejam as poesias do gênio mor brasileiro, o mineiro de Itabira,   Carlos Drummond de Andrade. 

 Leiam,  pensem , repensem , pesem, sopesem e reflitam. São imortais. Para onde pender é a realidade.

 

E agora José ? Como retirar esta pedra que está no meio do caminho?

Iderval Reginaldo Tenório



No meio do caminho

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

 

No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.


Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.


Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.

 

 

                                     José

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

 

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

 

Paulo Diniz - E AGORA JOSÉ - poema de Carlos ... - YouTube


Paulo Diniz - E AGORA JOSÉ - poema de Carlos Drummond de Andrade, musicado por Paulo Diniz.Álbum: Paulo Diniz - E Agora José.
YouTube · luciano hortencio · 21 de mar. de 2014

Belchior - Populus - YouTube

www.youtube.com › watch
WMG (on behalf of WM Brazil); UNIAO BRASILEIRA DE EDITORAS DE MUSICA - UBEM, LatinAutorPerf, and 2 Music Rights Societies.
YouTube · Alfredo Pessoa · 2 de out. de 2010
 

 

No meio do caminho/ José//Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

 Carlos Drummond de Andrade por ele mesmo (Poemas) - YouTube

Estátua de Carlos Drummond de Andrade - Falando de Viagem

 

 Muitas vezes os comuns, os não imortais ,  não entendem e nem atentam o porquê que alguns seres humanos são imortais.  

São imortais porque  as suas obras nuca  morrem , estão sempre vivas .  

Vejam as poesias do gênio mor brasileiro, o mineiro de Itabira,   Carlos Drummond de Andrade. 

 Leiam,  pensem , repensem , pesem, sopesem e reflitam. São imortais.

Iderval Reginaldo Tenório



No meio do caminho

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

 

No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.


Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.


Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.

 

 

                                     José

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

 

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

 

Paulo Diniz - E AGORA JOSÉ - poema de Carlos ... - YouTube


Paulo Diniz - E AGORA JOSÉ - poema de Carlos Drummond de Andrade, musicado por Paulo Diniz.Álbum: Paulo Diniz - E Agora José.
YouTube · luciano hortencio · 21 de mar. de 2014

domingo, 2 de outubro de 2022

Poetas brasileiros contemporâneos de grande valor.

Poetas Brasileiros - Conheça os belos poemas brasileiros - Mundo Cultura

 Poetas brasileiros contemporâneos

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora licenciada em Letras

1. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Carlos Drummond de Andrade

Poeta modernista mineiro, Drummond é considerado um dos maiores poetas brasileiros do século XX. Grande destaque da segunda geração modernista, além de poemas, escreveu crônicas e contos.

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.

2. Conceição Evaristo (1946)

Conceição Evaristo

Poetisa mineira de origem humilde, Conceição Evaristo é um nome que marca a poesia contemporânea. Além de poemas, escreve contos e romances.

Vozes-Mulheres

A voz de minha bisavó
ecoou criança
nos porões do navio.
ecoou lamentos
de uma infância perdida.

A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.

A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela

A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
e
fome.

A voz de minha filha
recolhe todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.

A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
O eco da vida-liberdade.

3. Adélia Prado (1935)

Adélia Prado

Poetisa mineira, Adélia é uma escritora da literatura brasileira contemporânea. Além de poemas, escreveu romances e contos, onde explora, em grande parte, o tema da mulher.

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

4. Cora Coralina (1889-1985)

Cora Coralina

Poetisa brasileira nascida em Goiás, Cora é conhecida como a "escritora das coisas simples". Além de poemas, ela escreveu contos e obras de literatura infantil. Sua poesia tem como grande característica os temas cotidianos.

Mulher da vida

Mulher da Vida,
Minha irmã.
De todos os tempos.
De todos os povos.
De todas as latitudes.
Ela vem do fundo imemorial das idades
e carrega a carga pesada
dos mais torpes sinônimos,
apelidos e ápodos:
Mulher da zona,
Mulher da rua,
Mulher perdida,
Mulher à toa.
Mulher da vida,
Minha irmã.

5. Hilda Hilst (1930-2004)

Hilda Hilst

Poetisa brasileira nascida em Jaú, no interior de São Paulo. Hilda é considerada uma das maiores escritoras do século XX do Brasil. Além de poemas, ela escreveu crônicas e obras de dramaturgia.

Tateio

Tateio. A fronte. O braço. O ombro.
O fundo sortilégio da omoplata.
Matéria-menina a tua fronte e eu
Madurez, ausência nos teus claros
Guardados.

Ai, ai de mim. Enquanto caminhas
Em lúcida altivez, eu já sou o passado.
Esta fronte que é minha, prodigiosa
De núpcias e caminho
É tão diversa da tua fronte descuidada.

Tateio. E a um só tempo vivo
E vou morrendo. Entre terra e água
Meu existir anfíbio. Passeia
Sobre mim, amor, e colhe o que me resta:
Noturno girassol. Rama secreta.

6. Cecília Meireles (1901-1964)

Cecília Meireles

Poetisa brasileira carioca, Cecília é uma das primeiras mulheres a ter grande destaque na literatura brasileira. Foi escritora da segunda fase do modernismo no Brasil. Seus poemas apresentam caráter intimista, com forte influência da psicanálise e da temática social.

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

7. Manuel Bandeira (1886-1968)

Manuel Bandeira

Poeta brasileiro pernambucano, Manuel teve grande destaque na primeira fase do modernismo no Brasil. Além de poemas, escreveu também obras em prosa. Com grande lirismo, sua obra versa sobre temas do cotidiano e da melancolia.

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

– Eu faço versos como quem morre.

8. Manoel de Barros (1916-2014)

Manoel de Barros

Considerado um dos maiores poetas brasileiros, Manuel de Barros nasceu no Mato Grosso. Foi grande destaque na terceira fase do modernismo no Brasil, chamada "Geração de 45". Em sua obra focou nos temas do cotidiano e da natureza.

Os deslimites da palavra

Ando muito completo de vazios.
Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu
destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas

9. Ferreira Gullar (1930-2016)

Ferreira Gullar

Poeta brasileiro contemporâneo e precursor do movimento neoconcreto, Gullar nasceu em São Luís do Maranhão. É considerado um dos maiores escritores brasileiros do século XX, dono de uma obra social, radical e engajada.

Não Há Vagas

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira

10. Vinicius de Moraes (1913-1980)

Vinicius de Moraes

Poeta e compositor brasileiro carioca, Vinicius foi um dos precursores da bossa nova no Brasil. Teve grande destaque na poesia de 30, na segunda fase do modernismo no Brasil. Seus poemas têm como temática o amor e o erotismo.

Soneto de Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento antes
E com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

11. Mario Quintana (1906-1994)

Mario Quintana

Poeta brasileiro nascido no Rio Grande Sul, Mario é conhecido por ser o “poeta das coisas simples”. Considerado um dos maiores poetas brasileiros do século XX, teve grande destaque na segunda fase do modernismo no Brasil. Sua obra poética explora temas como o amor, o tempo e a natureza.

Os Poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.

Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…

12. Raul Bopp (1898-1984)

Raul Bopp

Poeta modernista brasileiro, Raul nasceu no Rio Grande do Sul. Participou da Semana de Arte Moderna que inaugurou o movimento modernista no Brasil. Além de poemas, Bopp também escreveu crônicas.

Cobra Norato (trecho da obra)

Um dia
ainda eu hei de morar nas terras do Sem-Fim.

Vou andando, caminhando, caminhando;
me misturo rio ventre do mato, mordendo raízes.
Depois
faço puçanga de flor de tajá de lagoa
e mando chamar a Cobra Norato.

— Quero contar-te uma história:
Vamos passear naquelas ilhas decotadas?
Faz de conta que há luar.

A noite chega mansinho.
Estrelas conversam em voz baixa.

O mato já se vestiu.
Brinco então de amarrar uma fita no pescoço
e estrangulo a cobra.

Agora, sim,
me enfio nessa pele de seda elástica
e saio a correr mundo:

Vou visitar a rainha Luzia.
Quero me casar com sua filha.

— Então você tem que apagar os olhos primeiro.
O sono desceu devagar pelas pálpebras pesadas.
Um chão de lama rouba a força dos meus passos.

13. Paulo Leminski (1944-1989)

Paulo Leminski

Poeta brasileiro contemporâneo, Leminski nasceu em Curitiba, no Paraná. Foi um dos grandes representantes da poesia marginal, com forte característica vanguardista. Além de poemas, escreveu contos, ensaios e obras infanto-juvenis.

Bem no fundo

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.

14. João Cabral de Melo Neto (1920-1999)

João Cabral de Melo Neto

Poeta moderno nascido em Pernambuco, João Cabral ficou conhecido como o “poeta engenheiro”. Foi grande destaque da terceira geração modernista no Brasil e, além de poemas, escreveu obras em prosa.

O Relógio

Ao redor da vida do homem
há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.

Se são jaulas não é certo;
mais perto estão das gaiolas
ao menos, pelo tamanho
e quadradiço de forma.

Umas vezes, tais gaiolas
vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas,
vão num bolso, num dos pulsos.

Mas onde esteja: a gaiola
será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação,
a saltação que ela guarda;

e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade.

15. Jorge de Lima (1893-1953)

Jorge de Lima

Poeta brasileiro modernismo nascido em Alagoas, Jorge de Lima ficou conhecido como “príncipe dos poetas alagoanos”. Grande destaque da segunda geração modernista no Brasil, além de poemas, ele escreveu romances, peças de teatro e ensaios.

Mulher proletária

Mulher proletária — única fábrica
que o operário tem, (fabrica filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.

Mulher proletária,
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver:
a tua produção,
a tua superprodução,
ao contrário das máquinas burguesas
salvar o teu proprietário.

16. Ariano Suassuna (1927-2014)

Ariano Suassuna

Poeta brasileiro paraibano, Suassuna foi idealizador do movimento armorial, com foco na valorização das artes populares. Teve destaque na literatura de cordel e além de poemas, escreveu romances, ensaios e obras de dramaturgia.

Aqui morava um rei

Aqui morava um rei quando eu menino
Vestia ouro e castanho no gibão,
Pedra da Sorte sobre meu Destino,
Pulsava junto ao meu, seu coração.

Para mim, o seu cantar era Divino,
Quando ao som da viola e do bordão,
Cantava com voz rouca, o Desatino,
O Sangue, o riso e as mortes do Sertão.

Mas mataram meu pai. Desde esse dia
Eu me vi, como cego sem meu guia
Que se foi para o Sol, transfigurado.

Sua efígie me queima. Eu sou a presa.
Ele, a brasa que impele ao Fogo acesa
Espada de Ouro em pasto ensanguentado.

Veja também: Ariano Suassuna

17. Carolina de Jesus (1914-1977)

Carolina de Jesus

Poetisa mineira, tinha pouca instrução, mas uma grande paixão pelas letras. Ficou conhecida com a publicação dos manuscritos que contavam o dia a dia na favela em que vivia.

Sonhei

Sonhei que estava morta
Vi um corpo no caixão
Em vez de flores eram Iivros
Que estavam nas minhas mãos
Sonhei que estava estendida
No cimo de uma mesa
Vi o meu corpo sem vida
Entre quatro velas acesas

Ao lado o padre rezava
Comoveu-me a sua oração
Ao bom Deus ele implorava
Para dar-me a salvação
Suplicava ao Pai Eterno
Para amenizar o meu sofrimento
Não me enviar para o inferno
Que deve ser um tormento

Ele deu-me a extrema-unção
Quanta ternura notei
Quando foi fechar o caixão
Eu sorri… e despertei.

GÊNIOS DO CAOS Fileto A G Sousa Médico do Trabalho

 

GÊNIOS DO CAOS
Fileto A G Sousa
Médico do Trabalho


Persistentes contra o reencarne, às vezes exilados de outros planetas, muitos
espíritos baixo-astral mantêm a pertinácia no erro que grassa qualquer
estrutura social que sinalize uma solução de continuidade, mínima que seja,
ainda capaz de realinhar com o elo de atenção. Não que a sociedade em
destaque esteja descendo o nível, mas, não fortalecendo algum segmento
como deveria ou, simplesmente, não acompanhando o esforço pela tecnologia
que merece. São várias as situações e, as mais picantes, são as de ordem
moral. Até um equívoco serve como brecha para algum entendido lançar seus
influxos mentais. Sim, tudo é na base do influxo mental, uma conotação
psíquica como estratégia e arma de fogo!

Os Gênios do Caos quando conseguem ou se permitem encarnar, e até
mesmo forçados a tal, aproveitam o momento em estado físico para
perpetrar discórdia em qualquer segmento em que estejam vivendo
ou atuando. Não importa idade para estrearem no cenário. O
alimento, agora outro, não os vigora tanto como o cortisol imanado de
suas vítimas no astral; porém o sabor da miséria provocada excita os
seus sistemas límbicos para a produção de dopamina, serotonina,
melatonina e mais!


A persistência na lida malévola os torna peritos na arte de provocar o
sofrimento, estampando o pânico para as vítimas, primeiro as levando a
surtos solertes para então, sentindo que podem avançar, aumentando a dose
até dominação completa, quando então as subjuga e dita ordem. Dominar é
uma coisa; porém, subjugar, é outra. E assim o medo é mantido como estima e
sinal de respeito, algo contundente, bem verdade, mas o subordinado sabe
quanto lhe custa de angústia psíquica qualquer desatino. A essa altura o
controle hipnótico, tão fundamental nos estadiamentos, é de suma
importância para o artífice manter quem em sua rede ou zona de domínio. Ele
também sabe o tempo que custou para, pacientemente, fisgar o peixe e
prepará-lo para a ceia! Geralmente, não; mas, algumas vezes, é destruído
quando consumado o intento, pois fora projetado apenas para aquele fim. Na
realidade, quanto maior o séquito, mais chance de poder em volume, o que é
diferente de capacidade psíquica para maior domínio. Quem superior nesse
contexto consegue destruir inúmeras falanges.

O tempo de indução hipnótica leva semanas, meses, anos, séculos,
enfim, até que, à grande distância possa controlar o suject – um

verdadeiro e possante controle remoto. Quanto mais poderoso, mais
tecnologia consome, produzindo personas artificiais que, em algumas
circunstâncias, substituem asseclas em atividades de menor
importância.

Uma vez na superfície terrestre e vivendo como os demais humanos, os
Gênios do Caos só esperam o insight Einstein. Quando não ligam a intuição
para os seus objetivos, são sinalizados ou cutucados pelos parceiros ou
superiores que lá deixaram. E se a ocasião faz o ladrão, os Gênios arvoram na
primeira instância, desenfreando uma luta contínua, inflexível, mesmo que
contundente com as ideias do social, capturando tudo que podem, através
implantação de sistema, como que aparelhando, para algum dia lançar o golpe
final. Não têm pressa, pois “trabalharam” duro e pacientemente no lado de lá.
Deveras um trabalho, embora contra a correnteza do bem, da paz e da
felicidade geral.

Alguns Gênios do Caos, quando em repouso físico durante o dia ou noite,
saem do corpo e continuam denodados no compromisso de conquista do
Poder e da Força. Tanto administram o Reduto como melhoram upgrade da
estratégia, naturalmente discutindo com os parceiros infernais.

Analogamente ao bem, vero afirmar que os Guardiões também professam a
mesma têmpera ou denodo na arte do amor ao próximo – na realidade
voltada para o social como um todo, mesmo sabendo que nesse contexto os
Gênios do Caos trabalhem seus valores.

O Mal e o Bem são artes da Natureza, assim como a Matemática no Teclado
Cósmico, ensinando a Física a ter mais amor.

Fileto A G Sousa
Médico do Trabalho

Beethoven - Sonata ao Luar (Moonlight Sonata) - YouTube

sábado, 1 de outubro de 2022

 

Voto de Cabresto. Contarei dois episódios, dois  causos para ilustrar.

Iderval Reginaldo Tenório

O voto de capiau, o voto do analfabeto e o voto de cabresto

"A ignorância, porque se generaliza, adquire o direito de governar? — argumentou o ministro da Justiça, Lafayette Rodrigues Pereira, em 1879. — Se há no Império oito décimos de analfabetos, direi que eles devem ser governados pelos dois décimos que sabem ler e escrever.

O projeto que deu origem à Lei Saraiva foi redigido pelo jovem advogado e deputado geral Ruy Barbosa (BA).

Ruy dizia que escravos, mendigos e analfabetos não deveriam votar porque careciam de ilustração e patriotismo e não sabiam identificar o bem comum — diz Walter Costa Porto, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral e autor de A Mentirosa Urna.

Entre 1881 e 1985, todas as tentativas de acabar com a exclusão dos iletrados naufragaram. A proposta feita por Castello Branco em 1964 era cautelosa. Para vencer a resistência, liberava o voto do analfabeto só nas eleições."

Fonte : Jornal do Senado

Eleições no Brasil e o voto de Cabresto. Dois causos.

O livro e o homem . | Blog da Bonny

Voto de Cabresto. Contarei dois episódios, dois  causos para ilustrar.

Iderval Reginaldo Tenório

O voto de capiau, o voto do analfabeto e o voto de cabresto

"A ignorância, porque se generaliza, adquire o direito de governar? — argumentou o ministro da Justiça, Lafayette Rodrigues Pereira, em 1879. — Se há no Império oito décimos de analfabetos, direi que eles devem ser governados pelos dois décimos que sabem ler e escrever.

O projeto que deu origem à Lei Saraiva foi redigido pelo jovem advogado e deputado geral Ruy Barbosa (BA).

Ruy dizia que escravos, mendigos e analfabetos não deveriam votar porque careciam de ilustração e patriotismo e não sabiam identificar o bem comum — diz Walter Costa Porto, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral e autor de A Mentirosa Urna.

Entre 1881 e 1985, todas as tentativas de acabar com a exclusão dos iletrados naufragaram. A proposta feita por Castello Branco em 1964 era cautelosa. Para vencer a resistência, liberava o voto do analfabeto só nas eleições."

Fonte : Jornal do Senado