Dando continuidade a pagina literária de minha raiz, postarei uma poesia do grande Zé Praxedes, obra que muito marcou no Cariri Cearense a vida daquela juventude sedenta pelo saber.
Esta poesia o Praxedes fez em agradecimento ao seu médico no Rio de Janeiro no dia da sua alta, pois permanecera internado para tratamento de uma fratura.
Ao mesmo tempo faço pequenos agradecimentos aos homens que plantaram a pura e verdadeira cultura na hora certa e para as pessoas certas no Sul do Ceará.
Acredito que pela pureza destes baluartes do Rádio Caririense, os mesmos não tinham ideia , nem a percepção da importância dos seus atos ao aparesentarem os grandes poetas populares do século à toda população nordestina .
Como Deus ao lançar a sua luz para todos do Universo , estes baluartes, nos seus programas matutinos, lançavam esta providencial cultura a todos que tivessem ouvidos e consciência para saborear as coisas do sertão e da humanidade.
Aproveito o ensejo e envio uma poesia conhecida
pelos cancioneiros nordestinos, uma poesia pura, uma página bucólica do Poeta potiguar Zé Praxedes.
Nós do Cariri ouvíamos todas as manhãs as mais sublimes palavras dos homens do campo emolduradas nos cantos dos pássaros, das chuvas, dos grilos , dos chocalhos e dos relinchares dos equinos . O grande Eloy Teles de Morais plantava e dividia os frutos do saber com todos os privilegiados que tinham acesso à Rádio Araripe do Crato .
Acho inclusive, que nós do Geopark do Araripe, do Cariri, de Juazeiro, Crato, Barbalha, Milagres, Missão Velha, Exú, Bodocó, Araripe, Assaré e demais cidades deveríamos prestar uma homenagem a todos os ícones do Radio Caririense que transmitiam cotidianamente estas pérolas enriquecendo a nossa cultura.
Não sei se tinham a noção da grandeza , noção da importância para todos ao transmitir para a juventude nordestina aqueles dilúvios de cultura. Aquelas enxurradas poéticas reverberadas cotidianamente pelos serviços de alto falantes, pelas ondas curtas e sonoras das Rádios AM.
A nossa infância e a nossa juventude fazem parte do rol das melhores do mundo, pois nascer na Serra do Araripe ou no seu pé, conviver com Eloy Teles de Moraes, Luiz Gonzaga, Patativa do Assaré, Pedro Bandeira de Caldas, João Sobreira ( O LAMPIÃO), Alcely Sobreiras, Daniel Walker , Cego Oliveira e uma plêiade de nomes do mais alto gabarito é privilégio de poucos, ainda por cima na terra do Padre Cícero Romão Batista(JUAZEIRO DO NORTE) por onde peregrinou o grande Frei Damião.
Bela infância, abençoada juventude.
Obrigado a Seu Eloy Teles de Moraes pelas aulas de cultura reverberadas para quem quisesse ouvir nos seus Gente da Gente, Coisas do Meu Sertão, Acorda Nordeste, Tribuna do Povo, Meu Sertão, Festa da Casa Grande e Baú das Velhas Recordações,
Um abraço- Iderval Reginaldo Tenório
JOSÉ PRAXEDES BARRETO (1916 - 1983), nasceu a 15 de novembro na fazenda ‘Espinheiro’, município de Currais Novos, atualmente Cerro Corá (RN).
Casou-se com Hilda Pinheiro, em 1941, e geraram José Praxedes Filho.
DOTÔ INTÉ ÔTO DIA
basta vancê precisá
de um criado as suas orde
na Serra do Jatobá
Pro armôço tem galinha
tem quaiada pro jantá
água cheirosa de tanque
pra vosmicê se banhá
Leite quente ao pé da vaca
quando o dia amanhecê
café torrado no caco
de quando invez pra vancê
Aguardente potiguá
caso goste de bebê
capim mimoso verdinho
pra seu cavalo comê
Pra vosmicê fazê lanche
mé de abeia cum farinha
tem da fonte milagrosa
água fria na quartinha
Pra vosmecê se deitá
uma rede bem arvinha
Mas leve a sua muié
proque lá só tem a minha
(Zé Praxedes)
JOSÉ PRAXEDES BARRETO (1916 - 1983), nasceu a 15 de novembro na fazenda ‘Espinheiro’, município de Currais Novos, atualmente Cerro Corá (RN).
Casou-se com Hilda Pinheiro, em 1941, e geraram José Praxedes Filho.