terça-feira, 4 de novembro de 2014

Romaria de Finados reúne cerca de 500 mil fiéis em Juazeiro do Norte

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RELIGIOSIDADE

Romaria de Finados reúne cerca de 500 mil fiéis em Juazeiro do Norte.

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Roberto Crispim | 17h13 | 01.11.2014

O evento é conhecido por concentrar o maior número de fiéis em períodos de movimentação de peregrinos no município cearense





Conhecida por concentrar o maior número de fiéis em períodos de movimentação de peregrinos em Juazeiro do Norte, a Romaria de Finados será encerrada neste domingo (2), às 5h da manhã, com a realização decelebrações nos principais locais de visitação de romeiros nesta época do ano: aCapela do Socorro, onde estão depositados os restos mortais de Padre Cícero, a Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores e oSantuário São Francisco das Chagas, popularmente conhecido como Santuário Franciscano.  Na edição deste ano, o município cearense recebeu cerca de 500 mil fiéis durante o período de efervescência religiosa, iniciado no último dia 30.  
O número de peregrinos participantes da romaria, no entanto, poderia ter sido maior, caso as fiscalizações realizadas pelas policiais rodoviárias Estadual e Federal não tivessem sido tão rigorosas, segundo afirmam organizadores do evento.  Na última quinta-feira (30) os policiais rodoviários intensificaram a fiscalização e o combate ao transporte irregular de passageiros com o objetivo de evitar queacidentes envolvendo romeiros ocorressem. A ação, denominada Operação Romaria Segura, também teve como finalidade a orientação dos religiosos oriundos de outras regiões e estados, que se deslocavam para Juazeiro do Norte. A recomendação da PRF foi de que os romeiros utilizassem ônibus devidamente regularizados pela ANTT para os deslocamentos.
Peregrinos
A sergipana Terezinha Santos Silva, que há 26 anos participa da Romaria de Finados em Juazeiro do Norte, disse lamentar que a ação da polícia tenha resultado na impossibilidade de muitos romeiros cumprirem suas promessas este ano. “A viagem em paus-de-arara significa, para o romeiro, o início de sua penitência. Embora hoje eu viaje de ônibus, durante oito anos fiz o percurso neste tipo de transporte”, recordou a peregrina afirmando que é preciso melhoria nos veículos em relação às questões de segurança. “Concordo que seja necessário repensar essa questão e, ainda, melhor conforto para os passageiros, principalmente os mais idosos”, disse.
Já o professor de psicologia Ronaldo Runas, frequentador da romaria há cerca de quatro anos, afirmou concordar com a necessidade de fiscalizações como forma de evitar que acidentes de maiores proporções aconteçam. “A fiscalização é sim importante. O problema, porém, é que ela acaba impedindo que os fiéis possam pagar suas promessas”, declarou o fiel, que viajou de Santana do Ipanema (Alagoas) até Juazeiro do Norte em um pau-de-arara ao lado de outras 90 pessoas. “Nosso grupo está em três caminhos. Ao todo, somos cerca de 300 pessoas”, afirmou.
A fé demonstrada pelos fiéis a partir do deslocamento feito em caminhões lotados, desconfortáveis e, na maioria dos caos, inseguros, também está presente no momento da adoração que os peregrinos ofertam durante as celebrações religiosas e, ainda, em momentos especiais, como a visita a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, localizada no Santuário Franciscano. No local, fiéis se amontoam na busca da água que escorre através de numa espécie de fonte é que, para os romeiros, um líquido milagroso, capaz de realizar curas por intermédio de Padre Cícero.
“A água é benta pelo meu padim”, disse a dona de casa Hoselma Maria da Silva, de Caruaru (Pernambuco). Após 30 anos sem visitar Juazeiro do Norte, a fiel retorna à romaria em atendimento a um pedido que, segundo ela, foi feito pelo próprio Padre Cícero. “No sonho, o 'padim' me pedia que eu retornasse ao Juazeiro para que eu pudesse pegar um pouco da água da gruta. Vou guardar estas garrafas aqui para uma necessidade”, contou orgulhosa a romeira, apresentando três vasilhames cheios com a água da fonte “milagrosa”.
A origem da Romaria dos Finados 
Para o Frei Barbosa, pároco do Santuário Franciscano, o evento possui maior apelo junto aos fiéis por ter sido justamente criação do próprio fundador do município. “Quem criou essa romaria foi o Padre Cícero. Durante as romarias de Nossa Senhora das Dores e das Candeias, ele pedia que os fiéis também encontrassem tempo para visitar seus mortos que aqui estavam sepultados. Daí o nome de Romaria de Finados. A obediência dos fiéis foi tanta que hoje ela é  a maior romaria que o município possui”, avaliou o religioso.
Neste domingo, no Santuário Franciscano, a romaria será finalizada as 5 horas da manhã, com celebração que será realizada por cerca de 27 religiosos. Durante todo o dia, também ocorrerão celebrações eucarísticas. “Embora nós encerremos a Romaria de Finados às 5 horas, muitos fiéis ainda permanecerão no município durante todo o dia. Aqui no Santuário realizaremos celebrações até as 19 horas”, concluiu Frei Barbos

Frota de veículo cresceu 644% desde 1998- ACIDENTES DE MOTOS ENCHEM OS HOSPITAIS DO BRASIL

Frota de veículo cresceu 644% desde 1998
POR LETÍCIA LINS / CÁSSIA ALMEIDA

RECIFE e RIO - O eletricista João Henrique de Aguiar, de 29 anos, está internado há cinco meses no Hospital da Restauração, no Recife. Ele viajava na garupa da moto pilotada pelo cunhado Orlando dos Santos, de 24 anos, quando colidiu com uma van na BR-232, perto de Pesqueira, a 215 quilômetros da capital. Santos morreu no local. Aguiar já passou por duas cirurgias. Aguarda a vez de fazer uma terceira e perdeu os movimentos de um braço e dos dedos da mão direita. Foi o segundo acidente de moto que sofreu.
No terceiro dia da série de reportagens Anda e Para — sobre como as políticas de seguidos governos incentivam o uso do carro mesmo diante da situação cada vez pior da mobilidade urbana no Brasil —, o tema é morte e invalidez em acidentes de trânsito. Em 2013, 54.767 morreram e 444.206 ficaram inválidos. A grande maioria, 76,7%, sofreu acidente de moto. Enquanto a frota de carros cresceu 175% desde 1998, a quantidade de motos explodiu. Eram somente 2,5 milhões há 16 anos. Hoje, são 18,6 milhões circulando nas ruas do país. Uma alta de 644%. Crédito mais fácil e engarrafamentos constantes impulsionaram o consumo. Juntamente com o aumento da frota, os casos de invalidez quintuplicaram: eram 89 mil em 2008.
— Há cinco anos, a principal vítima no trânsito era o pedestre. Hoje, é o motoqueiro. Nos acidentes, 74% das vítimas são condutores, 14%, o carona e 12%, o pedestre. Com os engarrafamentos, a velocidade diminuiu e a letalidade dos acidentes de carro, também. Mas qualquer queda de moto tem probabilidade grande de atingir pernas, de provocar a perda da mobilidade — diz Márcio Norton, diretor de Relações Institucionais da seguradora Líder, que administra o seguro DPVAT.
Foi o caso do eletricista João Henrique de Aguiar, ao perder o movimento do braço. A situação no Nordeste é pior diante do avanço do veículo. Em Pernambuco, há 967.170 motos, 1.142% a mais que em 1998. Os acidentes são tão frequentes que passaram a ser tratados pelas autoridades como epidemia. Em 2011, foi criado o Comitê Estadual de Prevenção dos Acidentes de Moto (Cepam), que reúne 19 entidades. De acordo com o coordenador executivo do Cepam, João Veiga, os acidentados de moto já ocupam 87% dos leitos das enfermarias de traumatologia dos três principais hospitais públicos da capital (Restauração, Getúlio Vargas e Otávio de Freitas). Em Pernambuco, as mortes por acidentes de moto chegam a 22 para cada cem mil habitantes, segundo Veiga:
— Agora, são as crianças que estão morrendo. Entrevistamos os pais, e eles alegam que não achavam perigoso os filhos andarem de moto, porque pensavam que os menores só circulariam nos sítios da área rural ou no centro das cidades do interior. Mas quase todas as 23 crianças que morreram no ano passado trafegavam em movimentadas rodovias federais.


GASTOS MÉDIOS DE R$ 152 MIL COM HOSPITAL
O agricultor Claudino Melo dos Santos, de 28 anos, mora num sítio, mas se acidentou na estrada. Viajava pela BR-232 quando bateu de frente com outra moto. Claudino não tem habilitação e está internado há cinco meses, tendo passado por duas cirurgias. No sítio onde mora, três pessoas sofreram acidente de moto.
No Recife, entre setembro de 2013 e setembro deste ano, 10.075 pessoas foram atendidas nas emergências vítimas de acidentes de moto: 10% sofreram alguma amputação, limitação permanente, ficaram paraplégicos ou tetraplégicos. De acordo com o chefe do setor de traumatologia do Hospital da Restauração, Bernardo Chaves, 60% dos seus pacientes tiveram mais de uma fratura, com cirurgia em até três membros. Eles passam, em média, três meses internados. Pelos cálculos da Secretaria Estadual de Saúde, uma vítima de acidente de moto custa, em média, R$ 152 mil só de gastos hospitalares.

sábado, 1 de novembro de 2014

A MAIOR AMAZONAS DO CEARÁ

HELENA MEIRELES


                                             TIA ZIZINHA, A IMPERATRIZ DO SERTÃO


Apesar de franzina tia Zizinha era uma setentona valente, de semblante calmo, de voz firme e olhar seguro. impunhava respeito,    nem só seus sobrinhos, mas todos a chamavam de Tia Zizinha, era ela quem organizava as quermesses, as partidas de futebol, as torcidas organizadas e as festas do milho, quando jovem, ganhou concursos de Rainha da Paróquia, embora pequena e  sequinha, fora a minha tia um verdadeiro furacão ou um vulcão em atividade.




Era dezembro de 1978,  a cidade se achava em chamas , a população duplicada devido a presença dos visitantes para a maior vaquejada da região , cavalos espalhados em todos os recantos e baixios,  bois nos currais, caminhões e caminhonetes enchiam as ruas de chão batido,  carros de som martelando ouvidos, canções sertanejas aproximando os apaixonados, rodas gigantes, canoas, tiro ao alvo e muita comida regional, tudo idealizado, organizado e executado por tia Zizinha.




O relógio marcava 12 horas,  a conversa rodeava a farta mesa do almoço, o papo solto campeava na imensa sala da amada tia, eu, sempre tirado a conversador, iniciei uma discussão sobre a vida, sobre a grandeza do universo, sobre a importância do ser humano e o quanto de orgulho possui uma certa classe social, apesar da insignificância, depois da longa prosa filosófica, em tom de deboche, falei para tia Zizinha: 



- Tia, a senhora não vê neste mundão de meu Deus, esses indivíduos que se dizem importantes, bonitos, orgulhosos, cheios de soberbas etc.? Eles e todos nós somos uns bostas, tia Zizinha, somos uns merdas, aliás tia Zizinha, nós e bosta somos a mesma coisa: basta um mosquito, uma bactéria, um vírus, e lá estamos todos nós debaixo do chão, veja tia, nós não somos nada, basta um dia sem um banho, e lá está a inhaca.



Tia Zizinha parou, pensou , matutou e de imediato me falou:
- Nós não, meu filho, me tire dessa corriola,  vocês sim, vocês que estudaram, que se diplomaram, moram e moraram na capital e são doutores podem se considerar bostas, podem se achar uns merdas, porque eu ainda sou um pum: um pum silencioso, um pum sem odor, isto é, um pum fajuto, escondido e que não tem direito a voz,  pra você vê, nem zoada o coitado faz, eu, seu pai e a sua  mãe somos uns projetos de bosta, ainda falta muito, e nem sei se um dia seremos bosta, acho que daqui para frente , seremos  sempre prenúncios bosta.



Após gostosas e efusivas gargalhadas retruquei:



- É tia, eu não sei por que tanto orgulho, tanto orgulho besta, pois todo mundo do mundo tem por trás uma bunda: umas batidas, outras avantajadas, mas todos têm, todos, todo mundo do mundo tia, tem uma bunda.




Pensei       que havia falado tudo , a tia não concordou e não  contou conversa, com o dedo em riste, abriu a boca e, em voz alta  advertiu a todos que estavam na sala: 




- E ainda por cima, meu filho, ainda por cima, furada,.




Este é o perfil da minha velha tia Zizinha, respostas na ponta da língua e tem para todas as perguntas. 



                                      *****



Agora  voltando à vaquejada, estávamos num pôr do sol de domingo, Tia Zizinha no comando da festa, de vestido vermelho-rodado, chicote de couro cru na mão direita, chapéu de massa na esquerda  e uma  bota cano longo que beirava o joelho, era uma verdadeira amazonas. Ao redor via-se a pista limpa, rapazolas pendurados nos mourões da cerca de madeira, moças de minissaias saboreando maçãs do amor, velhos e crianças nas arquibancadas de tábuas agrestes. As cancelas e os portões fechados, tudo pronto para a abertura do evento.




Sob os aplausos da platéia entra na pista a tia Zizinha, sozinha, descontraída e envaidecida,  com as salvas de palmas era a toda poderosa, a rainha da festa, ali estava a Tia Zizinha em carne, osso e outros predicados, a platéia gritava em coro e sincronizada: “Tia Zizinha!” várias vezes e sempre em som mais alto,  aquele ato poderia se chamar de dia de glória, de labuta, de dedicação, dia  de coroação, Tia Zizinha era mais do que uma  Rainha, era a imperatriz do sertão.
De repente, não se sabe de onde surgiu um boi preto de mais de metro de largura,  ancas largas, chifres em arcos, grandes e  pontudos, bem pontudos, com um aro de cobre nas narinas, cinta de couro apertada no  vazio, olhos avermelhados, narinas bufando que só uma maria-fumaça, com os cascos queria furar o chão, as patadas sobre o solo e o poeirão que subia chamou a atenção do público, o animal não contou conversas, nem gritaria e nem tempo ruim,  partiu enlouquecido e desembestado  pra cima de tia Zizinha. 



Imediatamente a tia procurou os portões, todos lacrados, a amazona não titubeou, com seus finos gravetos quis fazer bonito, levantou os braços, mostrou o belo chapéu de massa e rodou o chicote de couro cru sobre a cabeça, quis parecer que tudo fora programado, que aquilo fazia parte do espetáculo, correu para um lado, pulou para o outro, gritou como vaqueiro,  “Vai boi mandingueiro, boi marruá, boi bufão”, . Procurava enganar o valente bizão e mostrar valentia para os espectadores , conseguiu chegar até a cerca, mas,  chegou tarde,  sentiu na sua traseira uma cravinetada dupla ou um impulso veloz, compacto, agudo e muito forte nos atrofiados glúteos, os chifres lhes acertaram em cheio, a tia decolou   como um teco-teco sem biruta a manobra lhe arrancou a saia, as anáguas e a combinação, de quebra, trouxe como troféu a sua vermelha calçola de brim, fundo duplo de forro grosso e acinturada com cordões de rede. 



Com a setentona jogada contra a cerca ,  as saias lhes cobrindo as enfurecidas narinas, além das vistas vedadas pela calçola o boi ficou acuado, perdeu o rumo, rodava como um peão à procura da presa, o povo gritava, pulava, o boi atordoado ficou perdido, desorientado, o boi pirou, surtou, o boi endoideceu e rodava como uma cobra cega. 



Apesar do ataqueo boi perdeu a batalha, a Tia Zizinha levantou garbosamente o machucado corpo, ao sacudir a poeira não teve outra escolha, desfilou só de califon e com as vestes de cima três dedos abaixo dos seus dois murchos maracujás,  com a traseira batida e dois vergalhões vermelhos indo até as costas, a tia corria elegantemente para escapar do esbaforido boi. 



Foi o espetáculo do ano, a platéia foi ao chão, os gritos ensurdecedores contagiaram os presentes, a platéia foi ao delírio e   a tia Zizinha chegou ao estrelato, ao dia de glória.Os narradores com os microfones em punho, muitos ficaram roucos de tanta emoção, foi o maior espetáculo da terranos folhetins  a manchete A CALÇOLA VERMELHA DE TIA ZIZINHA E O BOI QUE PERDEU O RUMO.  




 Daquele dia em diante nunca mais a tia organizou festas, passou a detestar vaquejadas e como vingança comprou o boi bufão, realizando o maior churrasco aberto de minha terra, na Chapada do Araripe não ficou um cristão que não saboreasse uma parte do velho boi e lá a tia  não compareceu, como troféu  guarda na dita sala a cabeça do boi bobão



Iderval Reginaldo Tenório
Noticias
 1   
Ainda hoje todo boi bravo que aparece nas vaquejadas o locutor brada em voz alta:

___E lá vai o boi que tirou as calçolas de tia Zizinha, o boi dos chifres certeiros, o boi que aposentou tia Zizinha e  complementa a narração com diversas trovas.

menina me da um beijo     só não quero do pescoço,

quero no bico do peito  num lugar que não tem osso,

que é pra quando eu ficá velho  me alembrar que já fui moço.
2
Confesso que não gostei da inusitada cena e nem do inesperado espetáculo, porém,  vibro, vibro, pois não tenho culpa de ser parente de gente famosa e sobrinho da  minha querida, amada  e inesquecível tia Zizinha.
3
Não perco a oportunidade de anualmente participar da maior festa do interior do Ceará, realizado no Parque de Exposição e Vaquejada Tia Zizinha, cujo símbolo é uma cabeça de boi com uma calcinha vermelha nas pontas, cravada com o magestoso TZ maiúsculo.               
O TZ de TIA ZIZINHA.



 Salvador, 20 de Fevereiro de 2008.
Iderval Reginaldo Tenório


  • HELENA MEIRELLES CHALANA 1994 INACREDITÁVEL ...

    www.youtube.com/watch?v=4aU4TiwSLCA

    31/10/2012 - Vídeo enviado por Jaime Silva
    HELENA MEIRELLES NASCEU EM 13 DE AGOSTO 1924 PANTANAL MATO GROSSO BRASIL ...
  • Helena Meirelles - XOTE BEM-TE-VI - O PASSO DO TICO ...

    www.youtube.com/watch?v=vRsQv_l87tI

    10/04/2012 - Vídeo enviado por luciano hortencio
    A Dama da Viola, Helena Meirelles, interpreta suas composições XOTE BEM-TE-VI e O PASSO DO TICO