A Família e as mudanças de paradigmas
O exercício exacerbado e conturbado da cidadania vem colocando em cheque a autonomia da família, fazendo com que esta entidade aos poucos vá perdendo a sua força e à proporção que vai vagarosamente sangrando, mergulha numa famigerada falta de controle, deixando os genitores totalmente atordoados.
Inicio abordando a perda da autonomia da família no que toca à religião, era inadmissível que no mesmo núcleo familiar um dos seus membros por qualquer motivo mudasse de religião, principalmente sendo um dos filhos. Uma vez sendo o tronco, católico ou protestante, seria necessário um fato muito marcante e relevante para haver mudanças na trajetória religiosa nos seus descendentes, com o exercício da cidadania, o livre arbítrio e uma sociedade laica, houve uma mudança radical do comportamento, sendo muitas famílias no tocante a religião uma verdadeira torre de babel, cada membro segue caminhos religiosos diferentes, gerando divergências, quando no passado a crença religiosa era fator de união e de convergencia.
No item cultura e educação, poucas são as famílias que conseguem implantar nos seus, o produtivo legado familiar, os bons costumes e as tradições, sem esquecer o necessário progresso e a indispensável atualização, acontece que na grande maioria, os núcleos familiares perderam para os veículos de comunicação, veículos que em mais de 90% do tempo são deseducadores, que numa avalanche desproporcional substituem os éticos ensinamentos familiares por mais básicos que sejam ,por ensinamentos jurídicos e burocráticos linearmente ,deixando a família apenas com a responsabilidade financeira ,muitos são os deveres e poucos os seus direitos . Os pais passaram em sua maioria a serem obsoletos, sendo preteridos pelos grandes ícones, na sua maioria sem as mínimas condições de servirem como espelhos. Nas escolas, os alunos, os professores, os coordenadores, os pais e os diretores perderam totalmente a propriedade do diálogo, sendo necessário convênios com a polícia, com as pequenas causas e o ministério público, uma vez que, conflitos que eram resolvidos em família entre estes componentes, agora precisam da intermediação da justiça.
Outro ponto que merece muita atenção é a divergência no próprio lar com referencia à alimentação,uma vez que o advento e a popularização da televisão, das grandes empresas que só pensam no lucro e dos bem elaborados comerciais que promovem uma verdadeira lavagem cerebral, está a nova geração se afastando dos tradicionais e milenares pratos,substituindo os costumes e a nutritiva culinária regional por comidas rápidas, produzindo verdadeiras diásporas familiares. Levantamento mostrou que o país cresceu em população o dobro nos últimos 40anos e o consumo total do clássico: feijão com arroz ,continua a mesma tonelagem de 1970, mostrando que em nada cresceu o seu consumo, no seu lugar foram incrementados o consumo dos produtos industrializados de outras nações como-pizzas, hamburguês e outras guloseimas artificializadas, apagando os costumes familiares transferidos de geração para geração.
Na convivência com sociedade, mudanças aconteceram nas vestimentas, na vida sexual, na desvalorização dos antepassados, no folclore, na música,na semântica,nos tratamentos,nas saudações, na arcaica e arraigada vida rural. Com este comportamento, o jovem se afasta do convívio com a vida simples de sua região, sofistica as suas vontades e incorpora os costumes e a cultura de outros povos. Perde a família o direito e o dever de repassar para os seus componentes os segredos, os ensinamentos e as grandes experiências, passando a ser apenas uma mera espectadora, sem voz, sem palavra e sem a liberdade de conduzir os seus membros aos bons costumes da raiz geradora daquele núcleo familiar.
A família vai aos poucos perdendo a sua autonomia,vai paulatinamente morrendo e sendo substituída pelos poderes públicos, poderes estes,desprovidos de sentimentos,de amor ,de respeito e de responsabilidade familiar, poderes galgados na fria interpretação das leis,leis encastoadas nos diversos regimentos,nos múltiplos estatutos e nos enviesados códigos vigentes da nação. A família pede socorro.
Iderval Reginaldo Tenório
O BLOG É CULTURAL
Escutem a minha querida amiga Clécia Queiroz cantando esta obra prima de Vevé Calazans,depois falem se o mundo não tem solução,claro que tem,escutem .Eu acredito piamente.Iderval.
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