quarta-feira, 13 de julho de 2011

ZE DA LUZ

VEJAM O DIZ O GRANDE ZÉ DA LUZ NESTAS TRES PÉROLAS NORDESTINAS


Severino de Andrade Silva
 (O Poeta Zé da Luz),
nasceu em Itabaiana, PB, em
29/03/1904 e faleceu no Rio de Janeiro/RJ,
em 12/02/1965



A FLOR DE PUXINNÃ

ZE DA LUZ



(Paródia de As “Flô de Gerematáia” de Napoleão menezes)


Três muié ou três irmã,
três cachôrra da mulesta,
eu vi num dia de festa,
no lugar Puxinanã.


A mais véia, a mais ribusta
era mermo uma tentação!
mimosa flô do sertão
que o povo chamava Ogusta.


A segunda, a Guléimina,
tinha uns ói qui ô! mardição!
Matava quarqué critão
os oiá déssa minina.


Os ói dela paricia
duas istrêla tremendo,
se apagando e se acendendo
em noite de ventania.


A tercêra, era Maroca.
Cum um cóipo muito má feito.
Mas porém, tinha nos peito
dois cuscús de mandioca.


Dois cuscús, qui, prú capricho,
quando ela passou pru eu,
minhas venta se acendeu
cum o chêro vindo dos bicho.


Eu inté, me atrapaiava,
sem sabê das três irmã
qui ei vi im Puxinanã,
qual era a qui mi agradava.


Inscuiendo a minha cruz
prá sair desse imbaraço,
desejei, morrê nos braços,
da dona dos dois cuscús!




 A CACIMBA
ZE DA LUZ

Tá vendo aquela cacimba
lá na bêra do riacho,
im riba da ribanceira,
qui fica, assim, pru dibáxo
de um pé de tamarinêra.

Pois, um magóte de môça
quage toda manhanzinha,
foima, assim, aquela tuia,
na bêra da cacimbinha
prá tumar banho de cuia.

Eu não sei pru quê razão,
as águas dessa nacente,
as águas que ali se vê,
tem um gosto diferente
das cacimbas de bêbê...

As águas da cacimbinha
tem um gôsto mais mió.
Nem sargada, nem insôça...
Tem um gostim do suó
do suvaco déssas môça...

Quando eu vejo éssa cacimba,
qui inspio a minha cara
e a cara torno a inspiá,
naquelas águas quiláras,
Pego logo a desejá...

... Desejo, prá quê negá?
Desejo ser um caçote,
cum dois óio dêsse tamanho
Prá ver aquele magóte
de môça tumando banho!


Zé da Luz.




AI SE SESSE
  ZE DA LUZ
Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dos se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cumigo insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!


Zé da Luz.


ZE DA LUZ

sábado, 9 de julho de 2011

VACA ESTRELA E BOI FUBA- PATATIVA DO ASSARÉ

Vaca Estrela E Boi Fubá

(Patativa Do Assaré)

Seu doutor me dê licença pra minha história contar.
Hoje eu tô na terra estranha, é bem triste o meu penar
Mas já fui muito feliz vivendo no meu lugar.
Eu tinha cavalo bom e gostava de campear.
E todo dia aboiava na porteira do curral.

Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
ô ô ô ô Boi Fubá.

Eu sou filho do Nordeste , não nego meu naturá
Mas uma seca medonha me tangeu de lá pra cá
Lá eu tinha o meu gadinho, num é bom nem imaginar,

Minha linda Vaca Estrela e o meu belo Boi Fubá
Quando era de tardezinha eu começava a aboiar

Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
ô ô ô ô Boi Fubá.

Aquela seca medonha fez tudo se atrapalhar,
Não nasceu capim no campo para o gado sustentar
O sertão esturricou, fez os açude secar
Morreu minha Vaca Estrela, já acabou meu Boi Fubá
Perdi tudo quanto tinha, nunca mais pude aboiar

Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
ô ô ô ô Boi Fubá.

Hoje nas terra do sul, longe do torrão natá
Quando eu vejo em minha frente uma boiada passar,
As água corre dos olho, começo logo a chorá
Lembro a minha Vaca Estrela e o meu lindo Boi Fubá
Com saudade do Nordeste, dá vontade de aboiar

Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
ô ô ô ô Boi Fubá.



quinta-feira, 7 de julho de 2011

FERNANDO GUERREIRO

Queridos  leitores, a Bahia além de ser uma terra abençoada e receber de braços abertos todas as mentes que aqui procuram abrigo, possui talentos do mais alto kilate, da mais alta cultura e que faz da Bahia esta TERRA ABENÇOADA POR DEUS  E ADMIRADA PELO MUNDO. Vivam  o que diz o grande Fernando Guerreiro.   ISSO É CULTURA E DA BOA.


 

O consagrado diretor teatral Fernando Guerreiro fala ao SalvadorcomH

Entrevistas
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fernando_guerreiro_-_por_maira_linsPor Wallace Oliveira
wallace@salvadorcomh.com.br Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.
Fotos: Maíra Lins e Divulgação

Salvador, 11/03/2011 – A dramaturgia baiana é historicamente reconhecida por produzir grandes atores e diretores. Nomes consagrados, como os de Martim Gonçalves, Othon Bastos, Nilda Spencer, Dias Gomes e José Possi Neto (diretor paulista que dirigiu a Escola de Teatro da Ufba) somam-se a outros mais recentes mas não menos consagrados, a exemplo de Lázaro Ramos, Wagner Moura, Aninha Franco, Márcio Meirelles, Rita Assemany e Frank Menezes, só para citar alguns.

Dentro dessa relação estelar, um nome jamais poderá ser esquecido: o do diretor teatral Fernando Guerreiro. E se tem alguém que faz jus ao nome, esse alguém é ele. Apontado por muitos como o responsável pela popularização, retomada e visualização nacional do teatro baiano nos anos 90 - com a direção de peças de repercussão nacional, a exemplo de A Bofetada, Oficina Condensada e a 1ª montagem de Os Cafajestes -, o guerreiro Fernando resiste e insiste na sua incansável aposta pela arte dramática na Bahia. Além de ter abocanhado vários prêmios importantes ao longo da carreira, Guerreiro já dirigiu atores nacionalmente consagrados (a exemplo de Wagner Moura, Osvaldo Mil, Fábio Lago e Daniel Boaventura), sendo considerado o “descobridor” de muitos talentos.

Atualmente ele acumula a direção do espetáculo “Pólvora e Poesia”, de autoria do global Alcides Nogueira (autor das novelas Rainha da Sucata, A Próxima Vítima, Deus nos Acuda e Ciranda de Pedra, dentre muitas outras) com a apresentação do programa “Roda Baiana”, que vai ao ar de segunda à sexta-feira, às 13h., pela rádio Metrópole.

Em entrevista objetiva e exclusiva concedida ao SalvadorcomH, Guerreiro fala sobre o seu principal alimento: o teatro.

SalvadorcomH - Há mais de 30 anos você faz teatro na Bahia. De lá para cá, o que mudou na cena teatral baiana? Acha que estamos evoluindo?Fernando_Guerreiro
Fernando Guerreiro - Aconteceu uma mudança radical, principalmente no que diz respeito à profissionalização dos artistas e técnicos. Para você ter uma ideia , quando comecei, uma peça ficava em cartaz no máximo 2 meses, a maioria dos atores tinha outras profissões, só existiam 3 teatros na cidade e a figura do produtor não existia. O teatro evoluiu, se profissionalizou, os resultados começaram a ficar mais sofisticados e bem acabados. Alguns atores passaram a viver só de teatro, sem outra ocupação.


SalvadorcomH - Para muitos, você é o responsável pelo sucesso de público e crítica do teatro baiano nos anos 90. Graças a esse trabalho, a Bahia "exportou" nomes hoje consagrados, como Vladimir Brichta, Wagner Moura e Lázaro Ramos. Temos manancial para fazer durar aquele momento?
Fernando Guerreiro - Sempre falo que o movimento teatral é cíclico, com momentos de profunda criatividade e sucesso e outros de ressaca e recesso. Nos anos 2000, entramos numa fase muito ruim: produções fracas, pouco dinheiro circulando, público preferindo comédias vulgares e atores medianos. Mas sinto, desde o final de 2010, que começamos a desenhar uma discreta retomada. Vamos aguardar!


SalvadorcomH - A arte dramática baiana sempre foi recheada de grandes talentos - de Glauber Rocha a Othon Bastos, perpassando por Regina Dourado e, atualmente, pelos nomes citados na pergunta anterior. Somos um “celeiro cultural” e não é apenas na música. Paralelo a isso, como vê a política cultural na Bahia nos últimos anos? Do Democratas ao PT, o que foi feito de bom e o que deixa a desejar
?
Fernando Guerreiro - Vou falar do PT. Márcio Meirelles avançou no sentido da reestruturação da política cultural, com avanço na democratização do acesso a cultura. Mas falhou ao não criar uma política de apoio e suporte aos profissionais que vivem de arte, os grandes responsáveis pela revolução na década de 90.


SalvadorcomH - O fato de Salvador, terceira capital mais populosa do país, carecer de um teatro com 5.000 lugares, por exemplo, reflete a nossa carência econômica e educacional? Qual a sua opinião sobre a oferta de espaços teatrais em Salvador e na Bahia?
Fernando Guerreiro - Estamos relativamente bem servidos. O problema é que faltam políticas de barateamento das pautas e construção de espaços que fujam do tradicional formato de palco italiano. O Espaço Cultural da Barroquinha, por exemplo, foi escolhido para encenarmos Pólvora e Poesia exatamente por nos dar esta liberdade. Em Pólvora temos cenário no estilo do teatro grego.


SalvadorcomH -
Salvador perdeu posição econômica desde que deixou de ser a capital do Brasil. Essa transferência do pólo político para o Sudeste acabou por relegar-nos ao posto de periferia econômica. Com a cultura, bem ou mal, continuamos produzindo e até hoje trazemos os holofotes para a nossa direção. Na sua opinião, é possível que a Bahia supere a carência de investimentos na política cultural, mesmo sem deixar de ser periferia econômica do país?
Fernando Guerreiro - Ao meu ver criatividade sem educação e sem recursos se esgota em si mesma. Precisamos reduzir as diferenças regionais e os níveis de pobreza do nosso estado para assim pensarmos em manutenção mais igualitária para a cultura.


SalvadorcomH - Você dirigiu, em 2001, um programa na TV Bahia, o  "Arerê Geral", focado em axé music. Por que o programa acabou?
Fernando Guerreiro - Foi obrigado a mudar de horário por conta da grade nacional e então o programa não funcionou às 11 da manhã, horário tradicionalmente voltado a crianças e adolescentes.

SalvadorcomH - Você gosta de axé music? Se sim, quais os cantores que mais lhe agradam e por quê?
Fernando Guerreiro - Acho o conceito reducionista e preconceituoso. Da música baiana produzida nas últimas décadas, destaco o talento de Carlinhos Brown, a competência de Daniela Mercury e o carisma e poder de comunicação de Ivete Sangalo.


SalvadorcomH -
"Pólvora e Poesia" é o seu mais recente trabalho no teatro. Como surgiu esse projeto, desde a seleção dos atores até a escolha do local (Espaço Cultural da Barroquinha)?
Fernando Guerreiro - Talis Castro (ator de Pólvora e Poesia) queria montar um texto e existia um desejo de dividir um projeto teatral comigo. Mário Dias me apresentou o texto. Gostei e o apresentei a Talis, que o adorou e resolveu produzir. Daí fomos agregando as outras pessoas da equipe e partimos para os ensaios. Sempre tive vontade de trabalhar na Barroquinha e achei a cara do texto. O resultado foi um grande acerto.

fernando_guerreiro_andrezao_jonga_e_durvalino
SalvadorcomH -
O texto de "Pólvora e Poesia" é de Alcides Nogueira, autor de várias telenovelas da Globo. Há uma pretensão sua em ir para a Globo também?
Fernando Guerreiro - Se rolar um projeto alternativo, criativo, posso pensar no caso. Mas não é minha prioridade.


SalvadorcomH -
Seguindo ainda a linha "nostradâmica", aponte: o que ainda irá "acontecer" ao teatro baiano? Quais os nomes e as peças que têm tudo para brilhar até fora da Bahia?
Fernando Guerreiro - Como já falei anteriormente, acredito numa retomada  e aposto em Fernanda Júlia e outros diretores que estão aparecendo na cena teatral. Pessoalmemte, Pólvora e Poesia é um texto que acredito bastante, com atuações marcantes. Não à toa estamos levando o espetáculo para mostrá-lo em meio ao Festival de Curitiba. Espero que tenhamos êxito na empreitada.

Na foto acima, Durval Lelys e os radialistas Andrezão Simões, Fernando Guerreiro e Jonga Cunha, do Roda Baiana
BASTA CLICAR EM GRANDES CORDELISTAS LOGO ABAIXO E TERÁS OS PRINCIPAIS CRÂNEOS DO CORDEL BRASILEIRO. BOA LEITURA E BOA VIAGEM.

Grandes Cordelistas - ABLC - Academia Brasileira de Literatura de ...


www.ablc.com.br/historia/hist_cordelistas.htm - Em cacheSimilares
Zé da Luz Severino de Andrade Silva, nasceu em Itabaiana, PB, em 29/03/1904 e faleceu no Rio de Janeiro-RJ, em 12/02/1965. O trabalho de Zé da Luz é ...

GRANDES CORDELISTAS


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HELENA MEIRELES

HELENA MEIRELLES

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Helena Meirelles
250pxCD Flor de guavira e capa
Nascimento13 de agosto de 1924
Porto XV de Novembro Distrito de Bataguassu MS
Morte28 de setembro de 2005
Presidente Epitacio SP
NacionalidadeBrasil Brasileira

Helena Meirelles (Bataguassu, 13 de agosto de 1924 — Presidente Epitacio, 28 de setembro de 2005) foi uma violeira, cantora e compositora brasileira, reconhecida mundialmente por seu talento como tocadora da denominada viola caipira (às vezes denominada simplesmente viola).
Sua música é reconhecida pelas pessoas nativas do Mato Grosso do Sul, como expressão das raízes e da cultura da região. Sua primeira apresentação profissional em um teatro foi quando tinha 67 anos, e gravou dois discos em seguida. Em 1993, foi eleita pela pela revista americana Guitar Player (com voto de Eric Clapton), como uma das 100 melhores instrumentistas do mundo, por sua atuação nas violas de seis, oito, dez e doze cordas.
Faleceu vítima de parada cardiorespiratória aos 81 anos, e deixou onze filhos.

[editar] Álbuns

  • 1994 - Helena Meirelles
  • 1996 - Flor de guavira
  • 1997 - Raiz pantaneira
  • 2002 - Ao vivo (também conhecido como De volta ao Pantanal)
  • 2004 - Os bambas da viola (CD com a participação de Helena Meirelles)

[editar] Filmes

  • Helena Meirelles, a dama da viola

PATATIVA DO ASSARÉ

Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré (Assaré, Ceará, 5 de março de 19098 de julho de 2002), foi um poeta popular, compositor, cantor e improvisador brasileiro [1].

Índice

[esconder]

[editar] Biografia

Uma das principais figuras da música nordestina do século XX. Segundo filho de uma família pobre que vivia da agricultura de subsistência, cedo ficou cego de um olho por causa de uma doença [2]. Com a morte de seu pai, quando tinha oito anos de idade, passou a ajudar sua família no cultivo das terras. Aos doze anos, frequentava a escola local, em qual foi alfabetizado, por apenas alguns meses [3]. A partir dessa época, começou a fazer repentes e a se apresentar em festas e ocasiões importantes. Por volta dos vinte anos recebeu o pseudônimo de Patativa, por ser sua poesia comparável à beleza do canto dessa ave. Sendo muito amigo da família Diniz.
Indo constantemente à Feira do Crato onde participava do programa da rádio Araripe, declamando seus poemas. Numa destas ocasiões é ouvido por José Arraes de Alencar que, convencido de seu potencial, lhe dá o apoio e o incentivo para a publicação de seu primeiro livro, Inspiração Nordestina, de 1956.
Este livro teria uma segunda edição com acréscimos em 1967, passando a se chamar Cantos do Patativa [2]. Em 1970 é lançada nova coletânea de poemas, Patativa do Assaré: novos poemas comentados, e em 1978 foi lançado Cante lá que eu canto cá. Os outros dois livros, Ispinho e Fulô e Aqui tem coisa, foram lançados respectivamente nos anos de 1988 e 1994. Foi casado com Belinha, com quem teve nove filhos. Faleceu na mesma cidade onde nasceu.
Obteve popularidade a nível nacional, possuindo diversas premiações, títulos e homenagens (tendo sido nomeado por cinco vezes Doutor Honoris Causa). No entanto, afirmava nunca ter buscado a fama, bem como nunca ter tido a intenção de fazer profissão de seus versos. Patativa nunca deixou de ser agricultor e de morar na mesma região onde se criou (Cariri) no interior do Ceará. Seu trabalho se distingue pela marcante característica da oralidade. Seus poemas eram feitos e guardados na memória, para depois serem recitados. Daí o impressionante poder de memória de Patativa, capaz de recitar qualquer um de seus poemas, mesmo após os noventa anos de idade.
A transcrição de sua obra para os meios gráficos perde boa parte da significação expressa por meios não-verbais (voz, entonação, pausas, ritmo, pigarro e a linguagem corporal através de expressões faciais, gestos) que realçam características expressas somente no ato performático (como ironia, veemência, hesitação, etc.). A complexidade da obra de Patativa é evidente também pela sua capacidade de criar versos tanto nos moldes camonianos (inclusive sonetos na forma clássica), como poesia de rima e métrica populares (por exemplo, a décima e a sextilha nordestina). Ele próprio diferenciava seus versos feitos em linguagem culta daqueles em linguagem do dia-a-dia (denominada por ele de poesia "matuta").

[editar] Obras

[editar] Livros de poesia

[editar] Poemas

  • A Triste Partida [4];
  • Cante Lá que eu Canto Cá;
  • Coisas do Rio de Janeiro;
  • Meu Protesto;
  • Mote/Glosas;
  • Peixe;
  • O Poeta da Roça [5];
  • Apelo dum Agricultor;
  • Se Existe Inferno;
  • Vaca estrela e Boi Fubá;
  • Você se Lembra?;
  • Vou Vorá;
  • Caboclo Roceiro [6].
Cquote1.svgCaboclo Roceiro, das plaga do Norte
Que vive sem sorte, sem terra e sem lar,
A tua desdita é tristonho que canto,
Se escuto o meu pranto me ponho a chorar.....

Tu és meu amigo, tu és meu irmão.
Cquote2.svg
'''Caboclo Roceiro, Patativa do Assaré

[editar] LPs

[editar] Títulos e prêmios

  • 1979 - Homenageado pela programação cultural do encontro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC, em Fortaleza;
  • 1982 - Recebe o diploma de “Amigo da Cultura”, outorgado pela Secretaria da Cultura do Estado, pela “decidida atuação a favor do aprimoramento cultural do Ceará”;
  • 1982 - Cidadão de Fortaleza, título aprovado pela Câmara Municipal;
  • 1987 - Recebe a “Medalha da Abolição”, pelos “relevantes serviços prestados ao Estado”;
  • 1989 - Cariri Ceará - Doutor Honoris Causa pela Universidade Regional de Cariri;
  • 1989 - Inauguração da rodovia “Patativa do Assaré”, com 17 km, ligando Assaré a Antonina do Norte
  • 1991 - Enredo da Escola Acadêmicos do Samba, de Fortaleza;
  • 1995 - Fortaleza, Ceará - Prêmio do Ministério da Cultura na categoria Cultura Popular entregue pelo Presidente da República Fernando Henrique Cardoso no Teatro José de Alencar;
  • 1998 - Recebe, dia 22 de maio, a “Medalha Francisco Gonçalves de Aguiar”, do Governo do Estado do Ceará, outorgada pela Secretaria de Recursos Hídricos;
  • 1999 - Assaré, Ceará - Inauguração do Memorial Patativa do Assaré;
  • 1999 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual do Ceará - UECE;
  • 1999 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Ceará - UFC;
  • 1999 - Prêmio Unipaz, VII Congresso Holístico Brasileiro, Fortaleza, dia 20 de outubro;
  • 2000 - Na festa dos 91 anos, recebe o título de Cidadão do Rio Grande do Norte;
  • 2000 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade Tiradentes, de Sergipe;
  • 2001 - Terceiro colocado na eleição do “Cearense do Século”, promovido pelo Sistema Verdes Mares de Comunicação (o vencedor foi Padre Cícero);
  • 2001 - Recebe o troféu “Sereia de Ouro”, do Grupo Edson Queiroz, no Memorial Patativa do Assaré, dia 28 de setembro;
  • 2002 - Prêmio FIEC, "Artista do Turismo Cearense", Fortaleza;
  • 2003 - Prêmio UniPaz, V Congresso Holístico de Crianças e Jovens, Fortaleza;
  • 2005 - Inauguração da "Biblioteca Pública Patativa do Assaré", Piauí;
  • 2004 - Título EFESO "Cidadão Empreendedor"(Escola de Formação de Empreendedores Sociais);
  • 2004 - Troféu MST (Homenageado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra);
  • 2005 - Homenageado com Medalha Ambientalista Joaquim Feitosa;
  • 2005 - Inauguração da "Biblioteca Pública Patativa do Assaré", Vila Nova, Piauí;
  • 2005 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade (?), Mossoró, Rio Grande do Norte.

[editar] Representações na cultura

A vida do poeta foi retratada em "Concerto de Ispinho e Fulô", da Cia. do Tijolo,[7] peça que deu a William Guedes o Prêmio Shell de Teatro em 2009 na categoria de melhor música.[8] A mesma companhia também retratou o poeta na peça "Cante Lá que Eu Canto Cá!".[9]

Referências

  1. Sua Pesquisa.com. Patativa do Assaré, biografia, obras, poemas, repentes, literatura de cordel e outras informações sobre sua vida. Página visitada em 25-8-2010.
  2. a b Tanto Literatura. Antônio Gonçalves da Silva, dito Patativa do Assaré. Página visitada em 17-10-2010.
  3. Jornal de Poesia. Patativa do Assaré, Sinopse biográfica. Página visitada em 17-10-2010.
  4. Patativa doe Assaré. Triste Partida, Patattiva de Assaré. Studio Sol. Página visitada em 24-11-2010.
  5. Patativa do Assaré. O Poeta da roça. Studio Sol. Página visitada em 24-11-2010.
  6. Patativa do Assaré. Caboclo Roceiro. Página visitada em 24-11-2010.
  7. VejaSP - Concerto de Ispinho e Fulô
  8. Folha.com - Fernanda Montenegro vence Prêmio Shell de melhor atriz
  9. Programação Sescsp

segunda-feira, 4 de julho de 2011

A ERA DO ENTRETENIMENTO

 
ESTE ARTIGO FOI FEITO COM O INTUITO DE ELERTAR O BRASLEIRO.
COM O ADVENTO DA GLOBAZLIZAÇÃO , SORRATEIRAMENTE PERDEM-SE OS COSTUMES LOCAIS E SE ADUIQUIREM OS COSTUMES DOS DOMINANTES.
O JOVEM É O ALVO.
É O MEU PENSAMENTO

            A ERA DO ENTRETENIMENTO
A IDIOTIZAÇÃO HUMANA ATRAVÉS DA MÍDIA.

                        
                                  
        Em detrimento dos paternalistas, cuidadosos, arcaicos e importantes ensinamentos dos pais e das escolas, o mundo foi invadido pela mídia em múltiplas variáveis e em nome dominantes consegue de maneira sutil e magistral ,  invadir, dominar, ocupar, substituir e apagar toda a civilização dos dominados.

       Acorda povo, procure conhecer o seu valor , primeiro conheça a sua arte, a sua literatura, a sua música, o seu chão, o seu folclore, os seus homens, os seus heróis e a sua história, não fuja das suas origens, não se afaste dos seus costumes, não se distancie de sua culinária e jamais esqueça dos seus progenitores.  Como um pássaro migratório, voe alto, tão alto como longe, procure o infinito, procure o desconhecido,  porém,  sem nunca esquecer o nicho original, pois na árvore da vida é  que se encontra a mais profunda das raízes , é lá que se encontra a única , a importante , a  solidária e indispensável semente da cidadania.

       O Surgimento do homem deu inicio a grandes civilizações que o tempo já apagou, nelas  o homem vencia selvagemente pela força, matando literalmente os vencidos e na maioria das vezes sepultando com os derrotados todos os seus  conhecimentos,  com o passar dos séculos , passou a entender que  absorvendo os  conhecimentos dos vencidos aumentaria as chances de sobrevivência , assim foi durante diversas eras.

 Na escala evolutiva , com o aumento da população , com a  multiplicação dos conflitos na preservação de suas tribos , trocando a morte dos vencidos  pela escravização, começou a comercializar as suas presas  com outros povos , dando inicio a era do homem a serviço do outro,  atividade esta utilizada em todas as civilizações que se tem conhecimento até os dias de hoje, com este modus operandi surgiu a estratificação social  dando origem às diversas castas e plêiades.

       Grandes foram os conflitos entre os povos até a demarcação através de um mapa mundial, o qual limita territorialmente o domínio de cada povo, outorgando independência e soberania  dentro de cada fronteira,  cada uma com a sua  carta magna.

       Independente do tamanho dos seus territórios ou de suas culturas o mundo viveu hibernado por um bom período, esta hibernação e as dificuldades de comunicação entre as nações propiciaram indubitavelmente o surgimento de costumes , línguas e culturas diferentes , próprias de cada região , sendo mais desconhecidas enquanto mais distantes e longínquos os sítios civilizatórios.

         Com o uso dos animais domésticos, com o domínio dos metais, do fogo e das águas, o homem invadiu os mares e os céus, e penetrando de mar e floresta adentro conseguiu diminuir as distancias entre as diversas civilizações imprimindo os seus pensamentos aos  conquistados.
   
       Passado diversas gerações e eras, os atuais dominantes procuram peremptoriamente incutir e impingir na mente de cada cidadão dos países do terceiro mundo as suas culturas. Sabe-se  que um povo não é mensurado pelo seu território e sim pelo poder de sua mente, principalmente fundamentado na sua língua, nas suas culturas e nos seus costumes.

       Nos bastidores de um batalhão que briga e que luta, existe uma cabeça que pensa, existe um cérebro que comanda e que enquanto mais profundas são as suas raízes, mais resistentes a pensamentos estranhos e mais difícil  de ser dominado e descaracterizado.

       Passado diversas civilizações, o povo rasteiro acha-se hoje bombardeado diuturnamente por mísseis culturais que procuram paulatinamente destruir e em seguida substituir os nativos, devagar e de maneira contínua, os jovens locais vão assimilando, praticando , multiplicando a cultura invasora e ao mesmo tempo  vão esquecendo, perdendo e substituíndo as locais, chegando ao ponto de se sentirem diminuídos, envergonhados e estranhos ao seu meio, ao seu povo, executando os costumes, a culinária , a cultura e os pensamentos dos invasores .

     Ao abordar a juventude, público alvo dos invasores, se depara com uma total falta de conhecimentos da história, da origem, da língua e da literatura local, o que se vê é um amontoado de cérebros não pensantes que apenas copiam como animais adestrados o que comandam os seus domadores por intermédio de meios eletrônicos, sejam eles:  cds, livros, cinema, celulares, ifone, Ipode e Internet.

A língua Pátria vilipendiada, as palavras truncadas e interpretadas com desdém, os  clássicos literários  chamados de antiquados, enquanto os refugos estrangeiros massificam, mastigam e depois engolem o cérebro pueril, fresco e provavelmente inocente dos que farão no amanhã os seus desejos. Tem que se perguntar à geração  atual, para onde vão a literatura e a música, como andam os grandes autores, como vão os costumes e a vida nas diversas regiões de cada nação. Hoje a literatura estrangeira é dominante, a língua a cada dia que passa recebe remendos dos visitantes e com o advento dos computadores,  padronizados com um único idioma , aos poucos vão fagocitando a mente, a criatividade , o futuro e a alma de um povo indefeso,  como uma verdadeira escola de bestialização, transformando-o num grande exército de idiotas teleguiados a desserviço da nação.

        Breve muito breve, não mais se falará do hino nacional, do folclore local, da rica culinária, da extraordinária literatura, da contagiante música e nem do orgulho de ser daquele chão, breve muito breve o cidadão será do mundo, e no solo dominado somente uma pequena parcela, um pequeno grupo , o menor possível, aquele que não foi contaminado  apesar de conviver com todos os bombardeios dos invasores, apesar de usufruir de todo o progresso da globalização conseguiu não só preservar a sua história, os seus costumes, a sua literatura  e a sua música , como conseguiu elevá-las mais ainda ao píncaro sagrado como relíquias, como dádivas da natureza,  este pequeno grupo sobreviverá, este pequeno grupo será a semente de uma elite que germinará, que lutará por melhores dias e pela perpetuação de uma civilização, serão chamados de revolucionários, retrógrados e conservacionistas.

       Precisa o homem viver e conviver em eterna comunicação, precisa o homem aprender e ensinar indefinidamente os conhecimentos, como também compartilhar entre si toda a generosidade criada e induzida pela natureza sem a mesquinha necessidade de reduzir e sepultar a alma de um povo.

      A mais importante das armas é o direito liberto de pensar, o homem só é homem até o momento que pensa, um povo que não pensa é desprovido de dignidade, conseqüentemente não é merecedor de respeito e jamais comemorará a conquista da cidadania.

      Sem deixar de participar das presentes facilidades do progresso globalizado, lute pelo seu povo, lute por sua cultura, brigue por sua culinária, preserve os ensinamentos tradicionais da família e da escola, assim a sua nação continuará atuante, continuará viva, continuará presente e respeitada no seio e na mente desta terrível e assassina civilização globalizada.

     Não permita o seu esmagamento, não tolere que a sua origem e a sua história sejam deglutidas, digeridas e expurgadas, seja resistente e de tudo faça para que o seu povo seja perpetuado nos seus pensamentos e nas suas mentes.

     Evolua, cresça, mas,  jamais esqueça as suas raízes, o homem é fruto do somatório de diversas gerações, não se muda de cara porque se aprende mais, não se abandona os seus antepassados pelos novos pares e jamais se deve recuar diante de forças que procuram arrancá-lo pelas as raízes.

Seja mais o seu povo, seja mais o seu antepassado, seja mais a sua história, enfim, seja mais você .

O futuro dirá , não deixe o fogo se apagar,  para que um dia não se precise renascer das cinzas. 
            Iderval Reginaldo Tenório
                     Janeiro de 2009

sexta-feira, 1 de julho de 2011

ABERTURA DO BLOG

AO ADENTRAR NESTE BLOG  VÁ FUNDO, LEIA,LEIA,LEIA,PASSE PARA OUTROS ARTIGOS,CORRIJA,COMENTE,FALE PARA OS AMIGOS, DIVULGUE,REPASSE,NÃO SE CANSE,VÁ E VIAJE NAS JANELAS DESTE BLOG, TRATA-SE APENAS  DE UM BLOG CULTURAL, APENAS CULTURAL.APENAS. UM ABRAÇO FORTE ,UM ABRAÇO NÃO QUE É MUITO POUCO:  UM ABRAÇÃO .DO AMIGO IDERVAL.

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SEU DOTOR ME CONHECE

AMIGOS VEJAM O QUE DIZ O MESTRE QUANDO NA SECA DE 32  OFICIALIZA O PRESIDENTE A REPUBLICA, OS DESEMBARGADORES,OS JUÍZES,OS GOVERNADORES E OS PREFEITOS DESTE BRASILZÃO.  VEJAM COMO COLOCA VIDA NUMA UNIDADE DO PAÍS, VEJA COMO ELE HUMANIZA UMA SITUAÇÃO E COMO VAI FUNDO COMO SE FOSSE APENAS UM CIDADÃO ,QUANDO NA VERDADE FALA POR UMA NAÇAO INTEIRA. VIVA O ANTONIO GONÇALVES O NOSSO PATATIVA DO ASSARÉ. LÁ DO EU CEARÁ.


Patativa de Assaré.]
 1932

SEU DOTOR ME CONHECE

Seu dotô, só me parece
Que o sinhô não me conhece
Nunca sôbe quem sou eu
Nunca viu minha paioça,
Minha muié, minha roça,
E os fio que Deus me deu.

Se não sabe, escute agora,
Que eu vô contá minha história,
Tenha a bondade de ouvi:
Eu sou da crasse matuta,
Da crasse que não desfruta
Das riqueza do Brasil.

Sou aquele que conhece
As privação que padece
O mais pobre camponês;
Tenho passado na vida
De cinco mês em seguida
Sem comê carne uma vez.

Sou o que durante a semana,
Cumprindo a sina tirana,
Na grande labutação
Pra sustentá a famia
Só tem direito a dois dia
O resto é pra o patrão.

Sou o que no tempo da guerra
Contra o gosto se desterra
Pra nunca mais vortá
E vai morrê no estrangêro
Como pobre brasilêro
Longe do torrão natá.

Sou o sertanejo que cansa
De votá, com esperança
Do Brasil ficá mió;
Mas o Brasil continua
Na cantiga da perua
Que é: pió, pió, pió...

Sou o mendigo sem sossego
Que por não achá emprego
Se vê forçado a seguí
Sem direção e sem norte,
Envergonhado da sorte,
De porta em porta a pedí.

Sou aquele desgraçado,
Que nos ano atravessado
Vai batê no Maranhão,
Sujeito a todo o matrato,
Bicho de pé, carrapato,
E os ataques de sezão.

Senhô dotô , não se enfade
Vá guardando essa verdade
Na memória, pode crê
Que sou aquele operário
Que ganha um nobre salário
Que não dá nem pra comê

Sou ele todo, em carne e osso,
Muitas vez, não tenho armoço
Nem também o que jantá;
Eu sou aquele rocêro,
Sem camisa e sem dinhêro,
Cantado por Juvená.

Sim, por Juvená Galeno,
O poeta, aquele geno,
O maió dos trovadô,
Aquele coração nobre
Que a minha vida de pobre
Muito sentido cantou.

Há mais de cem ano eu vivo
Nesta vida de cativo
E a potreção não chegou;
Sofro munto e corro estreito,
Inda tou do mermo jeito
Que Juvená me deixou.

Sofrendo a mesma sentença
Tou quase perdendo a crença,
E pra ninguém se enganá
Vou deixá o meu nome aqui:
Eu sou fio do Brasil,
E o meu nome é Ceará.