terça-feira, 5 de novembro de 2024

Negros, indios, brancos e quilombolas, um só povo depois de 500 anos.

 

Negros, indios, brancos e quilombolas, um só povo depois de 500 anos.

 

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             Negros, indios, brancos e quilombolas, um só povo depois de 500 anos.

O curso de  Bacharelado em Estudo de Gênero e Diversidade da Ufba, o primeiro do Brasil,  realizou um seminário: 7ª edição da Semana de Gênero e Diversidade da UFBA, para discutir temas pertinentes.

A eclética pauta  perpassou por diversos pontos   da atualidade, da colocação das mulheres, dos negros, dos índios e dos diversos gêneros no mercado  nos setores da economia, nutrição, música, teatro, moda, televisão, cinema e  principalmente o pelé do setores, a  EDUCAÇÃO em todos os níveis.

As abordagens da moda afro-brasileira, da música, dos corpos negros, dos pobres,  das mulheres  dominadas por séculos, colocadas no limbo da sociedade por equivocados preconceitos e  atitudes  políticas, implantadas e arraigadas  pelos  colonizadores  foram o clímax do encontro.  

Os  Europeus pregavam abertamente, que   os outros povos eram primitivos, quase irracionais, não possuíam cultura e nem alma, eram selvagens e atuavam por instinto. Estes fatos que  levaram à morte de muitos humanos, foram abordados pelo camaronês Aquille Mbembe nas suas obras Necropolítica(2011) e Razão Negra(2014).

O encontro demonstrou que atos  biológicos, políticos e culturais  levavam à subserviência, à exclusão e  um abandono estatal de grossa  parcela  da população.   

Vozes surgiram nos EUA, nas décadas de 50 e 60, com Martin Luter King, Rosa Park e outros notáveis, reivindicando igualdade entre os povos em todo o mundo. No Brasil, o efeito foi primoroso, surgiram movimentos políticos de identidade, de resgate e de  falar em voz alta, quase aos gritos que  a pátria é de todos.  O  Abdias do Nascimento foi um dos responsáveis por encampar e lutar por estas causas, conseguiu documentar  nas suas obras: O GENOCÍDIO e A CONVENÇÃO NACIONAL DO NEGRO BRASILEIRO e  que todos os brasileiros  deveriam ler. Nestas,  o político, professor e ativista descascou com sabedoria os meandros da sociedade.

O encontro trouxe à tona, que a mulher, o índio e o negro ao romperem a barreira da subserviência,  do patriarcado, dos preconceitos, da pecha de incapazes para diversos segmentos profissionais,  dominados pelos que se designam brancos, pelo senso do IBGE, aos poucos vem ocupando estratégicos  espaços na sociedade.

Ponto alto, foi mostrar que somente a educação conquistada, garantida, continuada e com isonomia para  todos, é capaz de proporcionar propriedades para a conquista da liberdade,  igualdade e cidadania plena.

Os movimentos desencadeados por mulheres, negros, índios, quilombolas e os diversos gêneros, aos poucos vão abrindo as portas, derrubando barreiras e conquistando espaços em todos os setores da vida brasileira.

O que se enxerga com estas lutas, é a presença marcante na Universidade,  Justiça, Música, Moda, Medicina, Direito, Empreendedorismo, Jornalismo, Televisão e na Política, apontando que no futuro não será mais necessário a estipulação de cotas por lei,  sendo todos tratados no mesmo nível, basta olhar com mais precisão para a educação na base da pirâmide social em todos os rincões do país.

Complemento que o desastre brasileiro que ainda perdura, foi e é  fruto do período de escravização, da família patriarcal, do direito à propriedade, e de considerar o índio e o negro como coisas, e não como seres humanos.

Anos atrás, o país possuía claramente linhas divisórias entre os seus povos e suas funções. Mulheres, negros e índios   não ocupavam ombro a ombro postos de destaques na sociedade, eram designados para postos de poucas relevâncias: domésticas, mães de leite, lavadeiras, serviços gerais, donas de casa e  cozinheiras, tudo por falta de educação perpetradas pelas elites econômicas, eclesiasticas,  políticas e o Estado.

Hoje muitos se destacam na Universidade, como professores; na política, como Ministros, deputados, prefeitos, governadores e  senadores da República; na justiça, como Ministros, desembargadores e grandes advogados; na Cultura, como escritores, cineastas, artistas, pintores e imortais  da Academia Brasileira de Letras.  Hoje um Krenak  e três negros ocupam  cadeiras  nesta disputada academia.

A Universidade Federal da Bahia, de 2003 para cá, conseguiu implantar o sistema de cotas, depois o de gênero e  etnias, proporcionando a inclusão da população nos diversos setores do pais, notadamente  na UNIVERSIDADE.  

 Este  magistral avanço social, semeando   autoestima, conhecimento e rompendo a grossa e blindada capa do compressor social,   mostra o quão relevante e necessário é o orgulho de si e dos ancestrais da mama áfrica, tão desvalorizados pelos ancestrais europeus. Mostra o quão  importante é cada povo na nossa formação e o quão  importante é participar de todos os segmentos do país, notadamente na economia, educação, artes e na política.

O encerramento foi um espetáculo de cultura, artes e diversidade com a participação dos discentes e docentes. Culminou com a  presença surpresa de um multiprofissional das artes, da educação e da literatura árabe, que fechou o encontro com  chaves de ouro, declamando teatralmente fragmentos  de sua cultural e de sua obra literária como  artista, poeta e escritor.

Este encontro valorizou todos os seres humanos, dos CIS aos demais  gêneros, numa demonstração de liberdade, igualdade e fraternidade, o sonho de todos nós deste  Brasil sofrido e cheio de preconceitos, apesar da nossa formação constituída da miscigenação de muitos povos que aqui aportaram: africanos, europeus, asiáticos e orientais juntos   aos autóctones  brasileiros, os indígenas. Só agora, após cinco séculos da sua invasão, é que    todas ganham visibilidade e importância.  

O somatório das culturas de cada etnia, sem preconceitos, farão do Brasil uma grande nação, é o sonho. 

Igualdade, fraternidade e liberdade, o mote desta civilização. 

Iderval Reginaldo Tenório

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