Agressões às mulheres.
É difícil desenhar o perfil de um agressor?
Ao abordar o tema, agressão às mulheres, é comum escutar: "É um monstro, um animal, um doente, um delinquente, um psicopata". O assunto sempre suscita moderações como se fosse normal um ser humano agredir outros, notadamente os mais fracos e os dos grupos vulneráveis. Não se escuta, foi um homem normal que agrediu com palavras cortantes , ferinas , depreciativas ou fisicamente com a força, a brutalidade de um irracional ou de um insano, levando inclusive em alguns casos ao feminicídio.
Para entender esta imbricada e triste demanda, tem que se reportar à história da humanidade e sua evolução. Não precisa ir longe, basta estudar os últimos duzentos anos , considerados a idade contemporânea, desencadeada pela Revolução Francesa em 1789.
É primordial o estudo dos hormônios gonadais , as transformações nos seres humanos ao entrar na fase adulta , entender o sistema patriarcal que só do século XX para cá vem sendo mesclado com o sistema matriarcal, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 , as conquistas sociais por todos os grupos vulneráveis , a fisiológica impregnação da testosterona no gênero masculino que o transforma num tutor por natureza e o estrógeno no gênero feminino , conduzindo-o a um obediente, meigo e materno receptor.
No mundo irracional, pelo domínio e sexo, a regra é eliminar o oponente e difundir o DNA do mais forte em nome da perpetuação da espécie. O macho alfa é poderoso , protetor e o ordenador do grupo . O porte físico, a fase reprodutiva, os andrógenos, o tamanho das presas, das garras , dos chifres e a força são os capítulos da sua constituição. Na espécie humana esperava-se que estas propriedades do masculino ficassem irrelevantes com o desenvolvimento social, intelectual, profissional , financeiro e a paridade entre os gêneros , porém não foi o que acorreu.
Merecem destaques pontos pertinentes ao insucesso da esperada mudança de comportamento.
O empoderamento da mulher, um dos maiores avanços e conquista do gênero feminino o qual trouxe e trará melhores dias para o futuro da humanidade. Porém tem revelado faces antes escondidas. Esta conquista fez e faz com que a mulher utilize as palavras não só para comandar , dirigir , administrar e para o apaziguamento, como também para se defender ou responder às agressões sofridas, apagando o silêncio das eras passadas . Associado a esta propriedade, traz de reboque o despreparo do homem para esta realidade e o coloca cada vez mais na parede , com a sensação de subalternidade e de um caminho sem volta . É a mulher conquistando espaços.
Com a ascensão feminina , a participação no mercado e o exercício da cidadania, os fatos afloraram e cresceram. O homem paulatinamente foi perdendo a sua hegemonia e a mulher num crescente passou a conquistar patamares estratégicos.
A TPM ( Tensão Pré-Menstrual ) , a gravidez e o patriarcalismo deixaram de ser empecilho para o crescimento do gênero feminino. A derrubada destes entraves levou a mulher a ocupar importantes posições e fez o homem entrar visivelmente em decadência .
Como a agressão masculina é tanto física como moral, fruto da educação durante séculos , da testosterona e do arcaísmo em defender a honra, a força muscular é uma das suas ferramentas e para alguns não cabe ao cérebro uma decisão sopesada .
Vaticina-se que nas próximas décadas o percentual da participação da mulher nos setores que se usam o intelecto superará os 50%, notadamente na educação, saúde, gerenciamento de empresas, comunicação, relações humanas e na política.
Estes adendos são para mostrar à sociedade que os agressores tendem a crescer, salvo não ocorram com brevidade medidas educativas, orientadoras , esclarecedoras e correções mais duras . Cabe localizá-los por intermédio dos familiares, dos inferiores hierárquicos no trabalho, pelo público nas instituições que frequentam e principalmente por aqueles que convivem o cotidiano , precisamente as companheiras, dando ênfase aos pequenos fatos, as reações e ao comportamento do pretendente no princípio do relacionamento.
Além destas considerações , nunca se esquecer do uso de drogas lícitas ou ilícitas por parte dos seres humanos, notadamente pelo gênero masculino. Substâncias que anulam o senso e liberam o cérebro para mostrar a real personalidade de um agressor, a sua força física e o seu lado irracional.
De acordo com delegada Fernanda Fernandes, que atua diariamente no combate a este tipo de crime na Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense "até as pessoas que convivem com o agressor não acreditam que ele tenha praticado esse tipo de delito”.
"A gente tem como padrão de agressor de violência doméstica uma pessoa que trabalha, tem uma vida social, é primário e de bons antecedentes. Na maioria dos casos, a gente tem esse padrão de agressor de uma ‘pessoa normal".
Paulo Cesar Conceição coordena um centro de recuperação de homens condenados pela Justiça por violência doméstica. Ao G1, ele afirmou que a violência doméstica está impregnada na sociedade e quase não é percebida.
“Ele [o agressor] é o ‘cidadão comum’, é o motorista de ônibus, o empresário, o lojista, o religioso. A violência doméstica está impregnada na nossa sociedade de tal forma que ela está invisível”, disse.
A estatura masculina frente à feminina, a força muscular, as armas naturais, a testosterona e o modus operandi dos animais irracionais não são parâmetros para serem comparados com o comportamento da espécie humana. Nos humanos quem comanda é o intelecto, a inteligência, o cérebro.
A neurociência em vastos trabalhos comprovou que não existem diferenças entre os dois gêneros. O que existia nas sociedades passadas era o não acesso à escolarização ao gênero feminino, só o masculino tinha este direito. Em muitas comunidades era passível de punições as mulheres que se arvorassem a estudar e eram submissas ao homem.
A Revolução Industrial fez com que a mulher conseguisse sair de casa, ir trabalhar nas inúmeras fabricas que foram surgindo com o crescimento da revolução. No setor educacional somente em 1837, nos EUA, conseguiu entrar na Universidade
No Brasil, o ensino superior feminino só teve inicio no final do século XIX. A gaúcha Rita Lobato Freitas, que teve coragem de enfrentar a resistência e o machismo, foi a primeira mulher a ingressar na universidade no Brasil, formando-se em Medicina em 1887 no estado da Bahia .
O ensino superior no Brasil teve início com a chegada da Família Real, quando D. João VI autorizou a fundação das duas primeiras escolas de medicina: a primeira, em Salvador, em 18 de fevereiro de 1808, e a segunda, no Rio de Janeiro, em 5 de novembro do mesmo ano.
Destacam-se alguns pontos que poderiam localizar um agressor. Muitos são os sinais que podem esboçar um perfil mais próximo da realidade, enfatizando que nada justifica as agressões ao gênero feminino , precisamente o feminicídio.
O assunto é complexo e requer a participação de toda a sociedade, precisamente dos mais próximos, independente do nível cultural, social, etnia e credo religioso.
Iderval Reginaldo Tenório
Alguns comportamentos poderão
delinear um potencial agressor.
· Interferir no modo de vestir e com o perfume da companheira;
· Hábito de controlar as redes sociais ;
· Humilhar e xingar a companheira;(misoginia)
· Possessividade, ele determina sempre o que o casal vai fazer;
. No início relacionamento já se acha o dono da companheira.
· Interfere nas relações sociais.
· Baixo preparo emocional.
· Descontrole nos diálogos.
· Controlar exaustivamente quando a mulher não tem renda .
· Insegurança ao conviver com uma mulher atraente, independente , segura, sociável, inteligente , de futuro crescente em todos os itens da vida: o profissional, educacional, financeiro e relacionamento com pessoas bem sucedidas.
Estas característas apontam para um possível relacionamento desastroso , cheio de fatores de riscos e fadado ao insucesso .
Um relacionamento perigoso.
Salvador, 18 de março de 2022
Um comentário:
Verdade excelente texto tem que ter uma reforma do código penal está defazado
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