segunda-feira, 20 de agosto de 2018

70 anos de Odair José: cantor de sucessos da década de 1970, que foi rotulado como "brega" e hoje é redescoberto pelas novas gerações

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Um Dos Mais Importante Compositor, Cantor E Intelectual Da Musica Popiular Brasileira. Odair José , Mergulha No Mesmo Patamar Do Roberto Carlos, Caetano Veloso, Chico Buarque, Belchior, Gilberto Gil, Ednardo, Fagner , Luiz Gonzaga E Outros ícones . Na Politica Foi O que Mais Se Destacou Em Defesa Da Cidadania.

Amigos tem coisa que o brasileiro desconhece, quando se fala em MPB ninguém lembra do grande Odair José, muitos até se envergonham e dizem que o mestre é brega, é cafona e cantava para a raia baixa, ledo engano, o Odair foi e continua sendo um dos principais artistas deste país. No tempo da ditadura conseguiu bloquear a pílula fazendo com o governo recuasse e debatesse o assunto, não poderia esterilizar as brasileiras sem uma discussão prévia com a sociedade e com as interessadas , quebrou o paradigma da doméstica e forçou o movimento de carteiras assinadas e direitos trabalhistas como também o preconceito com o amor, naquela épocas o preconceito era mortal, negras, prostitutas, empregadas domésticas, mulheres de baixa renda todas eram colocadas no mesmo balaio, o Odair conseguiu o respeito para todas, todas são mulheres e cada uma atuava de acordo com as condições da época, a falta de respeito era a regra, mudou quando estrondou o sucesso- EU VOU TIRAR VOCÊ DESTE LUGAR. Conheça um pouco o mestre , hoje considerado um dos setenta maiores artistas brasileiros de todos os tempos publicada na mídia no inicio do ano de 2014 , o mestre circula no lugar que merece ao lado de Tom Jobim, Caetano, Gil, Chico Buarque , Caime e outros monstros da musica popular brasileira, figura como o 70º- em importância.

MESTRE OLDAIR, MEUS PARABENS.

Iderval Reginaldo Tenório

O BRASIL DEVE AO ODAIR JOSÉ MUITO MAIS DO QUE PENSA.

1-OFICIALIZAÇÃO DA EMPREGADA DOMÉSTICA COMO PROFISSÃO.

2-QUEBRA DO PRECONCEITO DAS CLASSES SOCIAIS, O RELACIONAMENTO NÃO ESCOLHE A CLASSE SOCIAL.

3-ACABOU COM A ESTERILIZAÇÃO EM MASSA DAS MULHERES COM O USO DE ANTICONCEPCIONAIS E OUTRAS MUDANÇAS.

CONHEÇAM A IMPORTÂNCIA DO ODAIR JOSÉ

Iderval Reginaldo Tenório

70 anos de Odair José: cantor de sucessos da década de 1970, que foi rotulado como "brega" e hoje é redescoberto pelas novas gerações

Autor de 'Eu vou tirar você desse lugar' e 'Pare de tomar a pílula' foi um dos compositores mais perseguidos pela censura e caiu no ostracismo após compor ópera rock sobre Jesus, que provocou sua excomunhão

Pioneiro em cantar para os corações suburbanos, abordando temas polêmicos que arrebatavam milhares de fãs com suas melodias românticas, Odair José reinou nas paradas de sucesso e na vendagem de discos no Brasil, na década de 1970, angariando rótulos como “Bob Dylan da Central do Brasil” e “O terror das empregadas domésticas”. Mas no auge da carreira e da ditadura militar, o compositor resolveu fazer uma ópera-rock sobre um Jesus mais terreno. Sua obra foi considerada uma blasfêmia: foi censurado, chegou a ser excomungado e caiu no ostracismo. Com mais de 30 álbuns gravados em quase 50 anos de carreira, orgulha-se de "ter vendido mais de um milhão de discos quando nem havia um milhão de vitrolas no país", como declarou em maio de 2006.
Nelson Mota definiu com precisão a fórmula do sucesso de Odair José em sua coluna “Sons de hoje”, publicada no GLOBO, em 30 de 1973: “Odair trabalha com inteligência. Suas melodias são sempre baseadas num modelo consagrado, a balada romântica-Roberto Carlos, o que já foi chamado há tempos de iê iê iê romântico. Ele usa essa linguagem musical já assimilada e aceita, o que facilita sua comunicação com o público (...) O sucesso de Odair é basicamente de tema. Ele sabe como ninguém escolher o tema que vai sensibilizar as grandes camadas populares com as quais tem grande intimidade e conhece profundamente.”

Odair José de Araújo nasceu em 16 de agosto de 1948, na pequena Morrinhos, em Goiás. Ainda criança ganhou um cavaquinho, que trocou por um violão, iniciando assim seu namoro com a música. Tímido, começou suas apresentações como “crooner”, mas acreditando em suas composições embarcou para o Rio de Janeiro, em 1968, para tentar a carreira. Quando o dinheiro acabou chegou a dormir na rua, nas pilastras do Teatro Municipal ou no banheiro do Aeroporto Santos Dumont. Na Praça Tiradentes, conheceu o “submundo”, transformando-se em um sagaz observador das pessoas. Ou como gosta de se definir, um cronista musical.

Com dois anos de batalha, conheceu Rossini Pinto, cantor, compositor e produtor musical da Jovem Guarda, que lhe ajudou a apresentar suas composições. Odair gravou seu primeiro compacto pela CBS, com a música “As coisas”, vendendo mais de 100 mil cópias. Com “Eu vou tirar você desse lugar” vendeu mais de 250 mil discos, o recorde de vendas em 1972, tornando-se o artista mais solicitado por emissoras de rádio e TV. Em junho, assinou com a gravadora Polydor e gravou o LP “Eu sou assim”, que em dez dias de lançamento atingiu o primeiro lugar em todo Brasil com as músicas “Esta noite você vai ter que ser minha”, “Cristo, quem é você?”, “Eu queria ser John Lennon” e outras.

Odair trouxe para suas canções temas que boa parte da sociedade brasileira da época ainda não havia discutido, como em “Eu vou tirar você deste lugar”, que conta a história de um homem que se apaixona por uma prostituta; e “Pare de tomar a pílula”. Sexo, aliás, sempre esteve presente em sua obra.

— Não vou dizer que sexo é tudo, mas é importante, e eu gosto à beça... Quando o pessoal da Jovem Guarda cantava o "amor de portão", eu já falava de cama. O amor tem muito a ver com o desejo — disse em entrevista publicada em 20 de janeiro de 1996.

Em 1973, compôs “Deixe essa vergonha de lado”, para valorizar a profissão de doméstica, ganhando a alcunha de "terror das empregadas". Quatro anos depois, Odair José resolveu dar uma guinada em sua carreira, lançando o álbum “O filho de José e Maria”, uma ópera rock sobre um Jesus Cristo mais terreno. No ano anterior, ele falara sobre o projeto em entrevista à Ana Maria Bahiana:
— É, é rock mesmo o que eu quero fazer agora... Eu gosto de rock, sempre gostei. No começo da minha carreira eu curtia Beatles, Stones, essas coisas.

Mas o trabalho de 1977 não foi bem recebido. Muitos o viram como blasfêmia, e as emissoras, alarmadas com a censura em plena ditadura militar, não executaram as faixas. Frustrado, o cantor mergulhou mais nas drogas e na bebida. As desavenças de Odair José com a Igreja Católica vinham desde os tempos de "Pare de tomar a pílula", quando um bispo chegou a pedir que a canção não fosse tocada no país, pois seria "grave ameaça aos lares católicos". Com a canção “O casamento”, que fala da cerimônia apressada de José e Maria (pois a noiva já estava grávida), ele aumentou ainda mais a insatisfação do clero com o seu trabalho e recebeu a excomunhão do bispo de Campina Grande, na Paraíba.

O outrora religioso Odair José, que mandava celebrar missas pelo seu aniversário, atraindo centenas de fãs, também foi um dos artistas mais censurados nos anos 70. “Noite de desejos” foi avaliada como “assunto inconveniente para o público menor... expressando com detalhes as emoções por que passa e todo condicionamento físico experimentado” por um homem que perde a virgindade, conforme reportagem publicada no GLOBO de 18 de agosto de 2007. Canções como “Amante”, “Em qualquer lugar a gente faz” e “Pare de tomar a pílula” também sofreram algum tipo de censura.
Na década de 1980, o rock nacional invadiu o país e Odair deixou de produzir grandes sucessos, mas continuou com a agenda cheia, fazendo shows pelo interior. Em meados de 1990, uma série de tributos, regravações e descobertas trouxeram de volta a obra do cantor, que de brega passou a “cult”. Odair José gravou a música "Baby", dos Titãs, e a banda Vexame regravou várias canções suas. Em 2011, o compositor lançou o CD “Praça Tiradentes”, com produção de Zeca Baleiro, seu grande admirador. Com estreia em 8 de junho de 2014 no CCBB de Brasília, o musical “Eu vou tirar você desse lugar: as canções de Odair José”, de Sérgio Maggio, também contribuiu para a redescoberta de seu trabalho.

Odair José sempre foi discreto em sua vida pessoal. Da primeira e turbulenta união com a também cantora Diana, veio a filha roqueira Clarice Iório. Atualmente, vive em São Paulo com Jane, com quem teve outros dois filhos.
* com edição de Matilde Silveira