CUNVERSA DE MATUTO - PATATIVA DO
ASSARÉ
Aqui
mostro mais uma pérola de um dos maiores poetas deste país, (PATATIVA DO ASSARÉ),
homem que sofreu o sol quente na
cagunda, as cobras e as formigas nos pés, mas não quedou, não titubeou e nem
foi submisso aos poderes calando a voz, por isso que se imortalizou e
vive hoje em todos os recantos deste mundo, aliás, deste mundão que DEUS criou
e os homens ainda não aprenderam a administrar.
Boa
leitura e vão fundo em todo o blog, são diversos os textos, são diversos
os assuntos, tenho muitos textos que ainda estão em elaboração e aos poucos vou
liberando.
Um abraço.
Do AMIGO IDERVAL REGINALDO TENÓRIO
33419630 33425331-
Neste
texto o Mestre Patativa deslumbra a inocência e a sagacidade do bem e do mau do
homem do campo, mesmo sem leitura mostra a sensibilidade no exercício da
cidadania. Mostra as filigranas de
alguns candidatos profissionais , não englobando a todos, a maioria sem
compromissos , com o pensamento
puramente pessoal e pecuniário.
Escola e Educação a Salvação da Humanidade.
Conversa de Matuto –
Patativa do
Assaré
(NASCIDO EM 05/03/1909- FALECIDO EM 08/07/2002)-Assaré-Ce
(NASCIDO EM 05/03/1909- FALECIDO EM 08/07/2002)-Assaré-Ce
Obra-Cante Lá Que Eu Canto Cá- Editôra VOZES em
todas as Livrarias
Meu amigo João Moirço,
Eu agora fiquei certo
Que nóis já tá bem perto
De sair do sacrifico.
Eu onte uvi num comiço
De um dotô candidado,
Home sero e muito isato
E ele garantiu que agora
Vai havê grande miora
Para o pessoá do mato.
No comiço ele falou
Que depois que ele vencê,
Vai com gosto protegê
A cada um inleitô.
O povo trabaiadô
Que padece no roçado
Pode votá sem coidado
Que depois das inleição
Com a sua proteção
Vai tudo recompensado
Aquele é home de bem,
Quando desceu do palanco,
Falô com preto, com branco,
Com rico e pobre tombém;
Ali não ficou ninguém
Pra ele não abraçá,
Veve sempre a conversá,
É alegre e satisfeito,
Num home daquele jeito
Faz gosto agente votá
Que depois que ele vencê,
Vai com gosto protegê
A cada um inleitô.
O povo trabaiadô
Que padece no roçado
Pode votá sem coidado
Que depois das inleição
Com a sua proteção
Vai tudo recompensado
Aquele é home de bem,
Quando desceu do palanco,
Falô com preto, com branco,
Com rico e pobre tombém;
Ali não ficou ninguém
Pra ele não abraçá,
Veve sempre a conversá,
É alegre e satisfeito,
Num home daquele jeito
Faz gosto agente votá
Do palanco ele desceu
Alegre e dezendo graça
E mais tarde lá na praça
Palestrando apareceu,
Se assentou pertinho deu
Lá num banco da venida,
Perguntou por minha vida
E disse na mesma hora
Que a sua vitóra
Já tá quage dicidida.
E pediu que eu precurasse
Com muita delicadeza
Aqui nesta redondeza
Gente que nele votasse
Que depois que ele ganhasse
Ia as coisas resorvê.
A premêra era fazê
Aqui no nosso lugá
Um grande grupo escolá
Pra nossos fio aprendê.
Depois,um mioramento
Pra nois pudê trabaiá,
Semente pra nóis prantá
Sem precisá pagamento,
Quarqué coisa no momento
È nóis querê e pedi
E depois que conseguí
Esta premêra vantange,
Vem uma bela rodage
Da cidade até aqui.
Eu tenho esperança e fé
Na promessas do doto
E pedi a ele eu vou
Um imprego pra José.
Mais tarde,se Deus quisé,
O meu fio faz figura,
Saindo da agricurtura.
Este cansado chamego
E arranjando um bom imprego
Lá dentro da Prefeitura.
È tanto, que vou caçá
Argum voto por aqui;
Já cunversei com Davi,
Com Vicente e Vardemá,
Fuloriano,Mozá,
Mane Chico e Zé Lavo,
Dona Suzana e Lindo,
Napoleão e Romeu,
E tudo me prometeu
Que vai votá no dotô.
João Moiriço ,meu amigo,
Sei que você acredita,
Não venhop fazê visita
Hoje aqui no seu abrigo;
Oiça bem o que lhe digo
Você nunca me faltou
E a ocausião chegou
De pedi seu voto isato
Para o doto candidado
De pretijo e de valô.
Isto que eu tou lhe falando
É bom para nosso futuro,
Nóis tamo num grande escruro
E uma ESTRELA vem briando;
Veja que você votando
Neste home de tanto brio,
Em quem com gosto confio,
É um negoço importante
Vai havê de agora em deante
Escolas pra nossos fio!
João Moiriço:
Meu amigo Zé Fulô,
Vou lhe dizê a verdade:
É véia a nossa amizade
Porém você se enganou.
Pode pedi, que eu lhe dou
Uma quarta de feijão
Uma arroba de argodão
E cinco metro de fumo,
Tudo com gosto lhe arrumo,
Porém o meu voto, não!
Lhe dou se você quisé
Minha boa lazarina
E o meu galo de campina
Que eu amo com muita fé,
Dou minha porca Baié
E o meu cachorro Sultão,
Maria dá um capão
E o Chico dá um cabrito,
Isso tudo eu admito
Porém o meu voto, não!
Meu amigo Zé Fulo,
Não siga por esta tria,
Você ainda confia
Em premeça de doto?
Auilo que elefalou
É somente imbromação.
Quando é tempo de inleição
Esse home se eprepara
Trazendo um santo na cara
E o diabo no coração.
Você não dê confiança,
Pois quando a campanha vem,
Com ela chega tombem
A pabulage e a lembrabça.
As vez os matutos dança
Com as fia do dotô,
É aquele grololô,
Tudo elegre e satisfeito,
Antes do dia do preito ,
Tudo é prefume e fulô.
Mas depois que passa o preito,
O desmantelo renova,
Palavriado não prova
A bondade do sujeito.
Pra garrafa desse jeito
Não iziste sacarrôia,
Não quera fazê iscôia
Se não você sai perdendo,
Este dotô tá inchendo
A sua venta de fôia.
Isto já vem do passado
E a pisada ainda é essa,
Por causa dessas premessas
Meu avô foi inganado,
Omeu pobre pai coitado!
Foi inganado tobém
E eu,que já conheço bem,
Pra votá sou muito franco,
Ma porém só voto em branco,
E não confio em ninguém.
Em branco eu tenho votado,
Pois só assim me convém
Proquê votando em arguém,
Traz o mesmo risurtado,
Com certos palavreados
Ninguém pode me iludi,
Vivo trabaiando aqui
Nesta vida aperreada,
Mas não dregrau de escada
Pra seu fulano subi.
Zé Fulo repare bem,
As premessa é só na hora,
Porém,depois da vitóra,
Premessa valô não tem
E esperá por quem não vem
Martrata,dói e acabrunha,
Digo e tenho testemunha,
Quage todo candidato
Tem a mamparra do gato,
Dá um bote e esconde a unha.
Na campanha eleitorá
Quando ele encronta agente,
Chama de amigo e parente,
Nauqle parrapapá,
Mas, depois de eles ganhá
E recebê posição,
A ninguém presta tenção,
Assim que agente repara,
Vê logo a cara do cara
Como cara de lião.
Zé Fulo não seja bruto
Seja mais inteligenete,
Repare que aquela gente
Não faz conta de matuto.
Não dou vrença e nem escuto
Premessa dese doto,
Pra não passá o que passou
Sendi inganado e inludido,
O meu pobre pai querido
E o finado meu avô.
Tome esta boa lição,
Dêxi logo esta veneta,
Seja sero,não se meta
Com fuxico de inleição;
Este dpto sabidão
Que agora lhe apareceu
E tido lhe prometeu,
Depois da vitóra pronta,
Fica fazendo de conta
Que nunca lhe conheceu.
E se você se afobá,
E pegá com lerolero,
Zangado e falando séro,
Querendo se revortá,
Pedindo pra lhe pagá
Todas as premessas que fez,
Ele,com estupidez,
Fica cheio de maliça,
Dá logo quexa a poliça
E lhe leva pro xadrez.
Portanto, vá se aquetá
Não entre nesse curtiço,
Não vá dexá seu serviço
Pra sê cabo eleitorá.
Vá sua casa zelá,
Vá cuidá de seu trbaio,
Não pegue nesse baraio,
Se não você perde o jogo
Água é água e fogo é fogo
Cada macaco em gaio.
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