O blog foi criado para a cultura. Mostra o quanto é importante o conhecimento.Basta um click no artigo. Centro Médico Iguatemi,310.CLINICA SÃO GABRIEL LTDA- 33419630 33425331Participe ,comente, seja seguidor. DR IDERVAL REGINALDO TENÓRIO , 1954 , JUAZEIRO DO NORTE -CEARÁ. 08041988lgvi.1984 CHEGOU EM SALVADOR COM 18 ANOS , MEDICINA NA UFBA. CIRURGIÃO GERAL. driderval@bol.com.br
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quarta-feira, 16 de julho de 2025
Lampião invade a fazenda do Coronel Tenório nas Alagoas.
Lampião invade a fazenda do Coronel Tenório nas Alagoas.
COISAS DO NORDESTE
Coronel Tenório
e o
Capitão Virgulino Ferreira Lampião
I
A CHEGADA DO BANDO
O Coronel Tenório era um homem de fibra. Um Nordestino autêntico, valente, decidido, justo e respeitador, um homem calmo e sereno. Foram estas propriedades que deram ao coronel, uma grande liderança em todo o sertão,notadamente nos grotões das terras dos marechais.
Historiam os mais velhos da família, os amigos e alguns dos seus comandados, que num belo domingo ensolarado, na Fazenda Alvorada, nos sertões das Alagoas, lá pelos idos de 1930, adentrou no casarão de sua sede, o bando do famigerado e facínora Capitão Virgulino Ferreira Lampião.
Naquela época, o capitão era considerado o terror do nordeste, o destruidor das famílias e dos homens de bem e de bens, e que para se manter popular, protegido e invisível, deixava para os abandonados e sem camisas, uma pequena parte dos seus roubos. Propriedade esta, praticada há centenas de anos pelos conquistadores e políticos desonestos da humanidade, vide o seu maior exemplo e espelho, o inglês Robin Hood. Com esta estratégia, raro era o sertanejo que o denunciasse ou passasse informações sobre os seus escondirijos. Foi assim que construiu o seu condado, a sua governança e o seu império.
Contam os mais velhos, que Lampião chegou à sede da fazenda, bem na hora do almoço, o calor era infernal e o sol batia verticalmente sobre a cabeça dos sitiantes, escaldava e queimava a mais de quarenta e dois graus. Encontrava-se com sede e muita fome, a munição de bucho estava no fim. Cortara os sertões toda a madrugada por cima de pedras, tocos, mandacarús, rabos de rapousa e xique-xiques.
O capitão adentrou com seis capangas, dentre eles, o perverso ferrador de mulheres, Zé Baiano. Este, deixava a ferro quente, a sua marca ZB no rosto das vítimas.
Maria Bonita, a Santinha, por segurança, ficou no oitão da casa protegida por dezoito homens armados até os dentes, além do seu maquiador, carregador de sacolas e cuidador dos animais, o Volta Seca, à época com 13 anos de idade e que depois dos 15 anos, transformou-se num dos mais miseráveis cangaceiros, estava acompanhada também do novato Zé Sereno, com 14 anos de idade, e que dizia que a sua caneta era um punhal e o papel o bucho de suas vítimas.
Zé Sereno era um menino negro, magro, zoiúdo, serelepe e analfabeto, era primo carnal do sanguinário Zé Baiano, um cangaceiro de olhos vermelhos e rosto petrificado. Toda a sua família fazia parte do cangaço, pai, tios, tias, primos, sobrinhos, cunhados e irmãos. Para matar, não fazia nem careta, bastava ser ordenado, tomava ódio da vítima logo que fosse designado ao crime.
O capitão, o governador do sertão, foi recebido pelo velho Tenório com muito respeito e entusiasmo.
II-
A RECEPÇÃO
O Velho Tenório, que saboreava um apetitoso e apimentado ensopado de carneiro, levantou-se e com voz firme e encorpada, falou dirigindo-se ao nobre visitante:
"Seja bem vindo a esta morada Capitão Virgulino Ferreira Lampião, há muito que espero e aguardo por sua aconchegante visita. Aproxime-se, aprochegue-se, junte-se a nós e traga os seus cabras. Aqui tem comida para todos e da boa, depois tiraremos uns bons dedos de prosa."
Lampião ficou em silêncio e perplexo com a inusitada e corajosa recepção. Um dos seus homens, mansamente preparou o fuzil mauser 1908, avançou o polido pente amarelo cheio de cápsulas e encaixou a primeira para disparo. Apoiou a coronha no músculo peitoral direito, colocou o grosso e calejado dedo indicador no gatilho e mirou a fuça do velho Tenório.
O Capitão Lampião na bucha falou:
"Abaixe a arma cabra safado, abaixe o fuzí e vorte os cartuchos, fique carmo, deixe de liotria, escuite o home."
O coronel Tenório emendou:
"Onde anda a guerreira Maria Bonita capitão, eu e a minha mulher, Waldirene, ficaríamos muito gratos em conhecê-la e termos a mesma na nossa mesa, seria um orgulho para todos nós"
O capitão Lampião olha para trás e fala em voz arrastada:
"Pode entrar Santinha, o Coroné Tenório e a sua patroa quer lhe conhecer, pode entrar, o coroné é de páiz."
Quando Maria Bonita entrou, o coronel levantou-se da cadeira, deu alguns passos para frente e com entusiasmo falou:
"Capitão Virgulino Ferreira Lampião, a mulher é muito mais bonita e formosa do que eu pensava e imaginava, o senhor está de parabéns em viver com uma senhora tão bonita, forte, firme, educada, inteligente, valente, corajosa muito afeiçoada. O capitão é na verdade um cabra muito macho, é um homem altivo, vencedor e de muita sorte.
Os cabras de Lampião não aguentaram as cortantes palavras e todos armaram os seus fuzis 1908 e miraram o coração do dono da casa.
Lampião não suportou a ofensa dos seus cangaceirospara com o corajoso anfitrião, falou com o dedo em riste, olhos arregalados, cara de boi bravo e voz em trovão:
"Abaixem as armas seus cabrasmal agradecidos, aprendam a respeitar um homem que é homem, um homem de valor. Um homem deste tipo, altivo, valente, decidido, macho e corajoso não merece morrer e nem ser importunado. Temos é que elogiar as suas ações, se mirar na sua coragem, força e ensinamentos, são homens deste tipo que o Brasil precisa, abaixem os fuzis cabras safados e respeitem o coroné".
O silêncio foi sepulcral.
Lampião e o seu bando almoçaram, confabularam até o anoitecer, jantaram os miúdos do carneiro, em forma de buchada, encheram os seus alforjes de mantimentos, oferecidos pelo coronel e arriaram os animais. Maria Bonita, a Santinha, ganhou da esposa do coronel, dona Waldirene, alguns frascos de Perfumes e sabonetes Phebo, os melhores da época, como também uma caixa aveludada portando um grosso cordão de ouro, 18 quilates, e uma medalha, também de ouro, cunhada com a imagem do Padim Ciço de Juazeiro do Norte e abençoada pelo próprio Santo padre.
Perfilados e após o aval dos dois rastejadores do bando, sumiram e se encantaram na caatinga sertão adentro.
Dizia Lampião que a noite é mais fresca, mais segura e as fazendas ficam desertas. Enquanto o povo dorme o seu bando trabalha.
Nunca mais se soube de qualquer invasão do Capitão Lampião naquelas paragens.
O velho Tenório, além de forte e corajoso, foi muito macho.
Coroné nos sertões do nordeste não é Coronel de Patente, basta ter terras, dinheiro e prestígios. Geralmente de pai para filho, não diferente dos políticos de hoje em alguns Estados do país.
Iderval Reginaldo Tenório
O fuzil Mauser 1908, conhecido no Brasil como
"Mauser 1908", foi uma arma de fogo amplamente utilizada no
país, incluindo pelo grupo de Lampião e seus cangaceiros. O fuzil Mauser
1908 era uma cópia do Gewehr 98 alemão, calibre 7x57mm Mauser, e foi adotado
pelo Brasil para substituir o Mauser 1894.
Em 1926 para enfrentar a coluna Prestes, o Bando de Lampião foi convidado pelo Dr, Floro Bartolomeu, médico baiano que ajudou o Padre Cícero e o Juazeiro do Norte a decretar a emancipação politica, passando de distrito do Crato para cidade, na famosa guerra de 14, a Sedição de Juazeiro. Quando deputado pelo Ceará foi convocado pelo Governo Federal a enfrentar o Carlos Prestes . Iderval Reginaldo Tenório
"Na época em que a Coluna Prestes, importante facção do movimento tenentista, ameaçava entrar no Ceará, uma força de combate à mesma foi armada em Campos Sales.
O movimento liderado por Luis Carlos Prestes visava a conscientizar os sertanejos dos males causados pela república oligarca vigente até então.
Organizado às pressas, em Juazeiro do Norte, no ano de 1926, pelo médico baiano e deputado federal pelo Ceará, Floro Bartolomeu da Costa, o Batalhão Patriótico tinha por missão deter a Coluna Prestes.
O Batalhão foi deslocado de Juazeiro para Campos Sales, onde fixou seu QG, nos limites do Ceará e Piauí, sob o comando do Coronel Pedro Silvino de Alencar, do Araripe. O Governo enviou centenas de fuzis e munições que foram entregues a Lampião." Cariri Cangaço
Não ouve a batalha, a coluna Prestes desviou o seu itinerário e lampião não devolveu os fuzis. Debandou sertão a dentro, em 1928, entrou na Bahia e firmou reduto no Raso da Catarina (Bahia, Pernambuco e Alagoas), ali reconstruiu o seu Império e governança armado de fuzis, munição e muitos coiteiros.
Iderval Reginaldo Tenório
Um comentário:
Anônimo
disse...
Caramba... Essa história é um marco daquele período em que Lampião fazia o que fez! Eu soube que meu avô, chamava-se Alyrio, também conheceu Lampião!
Um comentário:
Caramba...
Essa história é um marco daquele período em que Lampião fazia o que fez!
Eu soube que meu avô, chamava-se Alyrio, também conheceu Lampião!
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