sexta-feira, 18 de julho de 2025

Mary McLeod Bethune


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Era uma menina negra de  12 anos de idade. Entrou na casa onde a mãe lavava roupas e de repente viu algo que nunca tinha visto, uma biblioteca.

Foi se aproximando  como quem descobre um universo, estendeu a mão para um livro. A filha do patrão a deteve com uma frase que atravessaria a alma: "Você é negra,  negros não sabem ler".

 Aquela frase não a calou,  acendeu o  fogo da curiosidade  e mudou o rumo da sua vida. 

Seu nome era Mary McLeod Bethune, nascida em 1875, na Carolina do Sul, filha de ex-escravizados, a 15ª de 17 irmãos. 

Desde cedo conheceu o peso do trabalho e da exclusão. Mas naquele instante diante do livro  negado, não pela lei, mas pelo racismo,   entendeu que o que separava negros de brancos não era a inteligência, era o acesso à educação. Então  decidiu romper esse muro, caminhava 16 quilômetros por dia para estudar em uma escola para crianças negras. Aprendeu a ler e fez da leitura uma missão.

 Ensinou aos pais, irmãos, vizinhos e aos agricultores. Batia de porta em porta, como se a alfabetização fosse um ato de guerra silenciosa.  

Foi a melhor aluna, ganhou bolsa de estudos, tornou-se professora e nunca mais parou. 

Fundou sua própria escola em Daytona Beach, que viria a se tornar a Universidade Bethune-Cookman.

 Ensinou em prisões, formou professores, levou educação aonde ela era proibida. Mais do que ensinar, ela empoderava, levava seus alunos para tirar documentos, para conhecer sua história e  ocupar espaços para exigir seus direitos.

Enfrentou o Senado, debatia com presidentes e escrevia manifestos. 

Foi nomeada consultora presidencial em assuntos raciais por Franklin D. Roosevelt, na época em que ser mulher e negra era  para muitos, sinônimo de silêncio. Mas Mary fazia barulho. Barulho com ideias,  livros  e  coragem. 

Ficou conhecida como "A Primeira Dama da Luta".  

Abriu caminhos antes que nomes como Rosa Parks ou Martin Luther King Jr. ousassem sonhar.

 Estima-se que tenha alfabetizado mais de 5.000 pessoas. Mas se contarmos as que ela inspirou, libertou, despertou... seu impacto não cabe nos números...

Os homens nascem iguais, a diferença entra-se nas oportunidades na educação. 





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