sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Não artificialize a vida com tantas Neuras, viva com naturalidade e par...

        

                        

       AS  NEURAS DA ATUALIDADE      

A neura na alimentação é pior do que,  o que se come. 

Cada pessoa pertence a uma  classe  social. A vida é atrelada ao nível de cada uma. A solução não são os produtos milagrosos,  caros e midiáticos.

Respeite a sua ancestralidade, feche os olhos, viva as memórias gustativas, regionais e familiares. 

Produtos regionais e nacionais cobrem todas as necessidades nutricionais.    

            Cada ser vivo trás heranças genéticas.

A naturalidade na alimentação, na motricidade e nos costumes é fator primordial para mitigar  traços genéticos de riscos para a saúde. 

   Oriente-se com profissionais adequados.

Iderval Reginaldo Tenório

Comida típica brasileira para babar só de ver as fotos 

Comida brasileira é extremamente rica e tem sabores incríveis 

Pode ser uma imagem de texto que diz "Tempos de Digestão dos Principais alimentos Banana 30 minutos Maçă 40 minutos Arroz branco 1 hora Abacate 2 horas Ονο 2h30 Amêndoas 3 horas Carne vermelha 3h30 Frango 3 3h30 Queijo 4h30 Dica: Combine alimentos de digestăo rápida e lenta com moderação para evitar desconforto digestivo."

 

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

SÓ PARA INFORMAÇÃO. COMA O QUE ACHAR SENSATO. SAÚDE É O NOSSO TESOURO

A neura na alimentação é pior do que  o que se come. 

Cada pessoa pertence a uma  classe na pirâmide social e a alimentação é atrelada ao nível social de cada uma. 

Não gaste em produtos milagrosos caros, procure se adequar ao seu nível e em toda a trajetória de vida, respeite a sua ancestralidade, feche os olhos, viva a sua memória memória gustativa, regional e familiar. 

Os produtos regionais e do país cobrem 100% das necessidades nutricionais. 

A sua avó e a sua mãe sabem de tudo.

Iderval Reginaldo Tenório 

Comida típica brasileira para babar só de ver as fotos 

Comida brasileira é extremamente rica e tem sabores incríveis 

Pode ser uma imagem de texto que diz "Tempos de Digestão dos Principais alimentos Banana 30 minutos Maçă 40 minutos Arroz branco 1 hora Abacate 2 horas Ονο 2h30 Amêndoas 3 horas Carne vermelha 3h30 Frango 3 3h30 Queijo 4h30 Dica: Combine alimentos de digestăo rápida e lenta com moderação para evitar desconforto digestivo."

Ailton Krenak recebe título Doutor Honoris Causa pela Ufba. 23/09/2025/

 

Por g1 BA e TV Bahia




Ailton Krenak recebe o título Doutor Honoris Causa pela UFBA

Ailton Krenak recebe o título Doutor Honoris Causa pela UFBA

O líder indígena e escritor Ailton Krenak recebeu, nesta terça-feira (23), o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). A cerimônia aconteceu no salão nobre da Reitoria da universidade, em Salvador, por volta das 17h.

A iniciativa foi uma proposta do Instituto de Humanidades de Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC). O momento foi acompanhado por alunos e admiradores do escritor e ativista indígena, que lotaram a plateia. Durante o evento, estudantes, entre eles representantes dos povos Pataxó e Pataxó Hã Hã Hãe, realizaram performances de dança e canto.

Acompanhado da família, Krenak recebeu mais um título que reconhece a importância de sua obra. O título de Doutor Honoris Causa concede prestígio a personalidades que, mesmo fora da academia, contribuíram para as ciências, artes, cultura e impactaram de forma positiva o desenvolvimento da humanidade.

Em entrevista à TV Bahia, Krenak celebrou o novo título, principalmente aqui na Bahia, onde há a segunda maior população indígena do Brasil.

"O Honoris Causa na Universidade Federal da Bahia para uma pessoa que tem a minha biografia é um coroamento de todo o meu trabalho. Eu completo 72 anos agora em setembro cheio de honrarias, eu fico muito feliz", celebrou.

Ailton Krenak recebe título Doutor Honoris Causa pela UFBA — Foto: Reprodução/TV Bahia

Ailton Krenak recebe título Doutor Honoris Causa pela UFBA — Foto: Reprodução/TV Bahia

O reitor da UFBA, Paulo Miguez, também comemorou a entrega do título ao escritor. "Ao entregar o título de Doutor Honoris Causa ao Ailton Krenak nós nos enriquecemos. Trazemos para dentro da universidade um conjunto de saberes que ele representa e expressa. Posso dizer que é um dia de imensa alegria", pontuou.

Ailton Krenak nasceu na etnia Krenak, em 1953, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. O escritor é responsável por obras marcantes como "Ideias Para Adiar o Fim do Mundo" (2019) e "A Vida Não é Útil" (2020).

Ele é um dos maiores defensores dos direitos indígenas no Brasil e já recebeu os títulos de Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião da Honra, na França (2024) e o Prince Klaus, na Holanda (2022).

Em 2023, ele foi eleito como um Imortal da Academia de Letras e também é Doutor Honoris Causa pela Universidade de Brasília e Juiz de Fora. Em 2021, o líder indígena também recebeu o prêmio Juca Pato de Intelectual.

Veja mais notícias do estado no g1 Bahia.

Ailton Krenak recebe título Doutor Honoris Causa pela UFBA — Foto: Reprodução/TV Bahia

Ailton Krenak recebe título Doutor Honoris Causa pela UFBA — Foto: Reprodução/TV Bahia

Bule-Bule - Vá, Canarinho | Videoclipe Oficial

                            Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto

Na Bahia , o grande Bule-Bule diariamente nos  presenteia com pérolas de sua lavra cultrural. Ontem conversei com o mesmo e fui autorizado estender o presente para o Brasil e Mundo. 

Antônio Ribeiro da Conceição, conhecido por seu pseudônimo/nome artístico Bule-Bule (Antônio Cardoso, Ba,  22 de outubro de 1947), é um músico, repentista, escritor e conhecedor da história deste país. Hoje em todo o vapor, a Bahia e o Brasil deveria valorizar artisticamente e humanisticamente  o mestre Bule, uma pérola POLÍDA DO CANCIONEIRO BRASILEIRO sem perder a sua naturalidade, a sua ancestralidade, a identidade com as suas e as nossas raízes genealógica e antropológica.

           Bule-Bule é patrimônio cultural do mundo. 

 Segundo o Bule-Bule,  lugar de Canário é solto e não em gaiolas. Abra a sua janela, a sua porta e a porta daquela gaiola, abra a mente, solte as amarras, lute e exerça a SUA CIDANIA. 

SEJA CIDADÃO, CIDADÃ, TIRE O CABRESTO E FALE  PARA O MUNDO:  SOU ALFORRIADO.

                            Iderval Reginaldo Tenório  

 

ESCUTE ESTA PÉROLA. CANARINHO NA JANELA   

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 UMA PEQUENA ENTREVISTA COM O MESTRE BULE.

 

Bule Bule - Um Grande Mestre das Tradições da Música e da Cultura

 

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

AS CASTAS BRASILEIRAS E OS CURRAIS ELEITORAIS

                                         Idolatria política é o tema do novo livro de Yago Martins

AS CASTAS BRASILEIRAS  E OS CURRAIS ELEITORAIS

 Para uma nação ser bem conduzida democraticamente, tem que seguir consciente os seus quatros poderes.

1) O primeiro poder é o Voto, o voto cidadão. Um povo consciente é o alicerce de uma  DEMOCRACIA. Ouvir a população é a  verdadeira expressão da democracia

2)O segundo poder é o Executivo. Este executa.

3)O terceiro poder é o Legislativo. Este legisla

4)O quarto poder é o Judiciário. Este aplica a Constituição Federal, faz valer as leis constituídas. 

 

O país é regido por castas políticas,  cada uma  domina   distintos currais eleitorais.  

Independente de ideologias políticas, o importante é a partidarização dos votos,  o que na verdade significa   a compra ou a troca.

A depender da classe social, currais para os políticos,  a  moeda é diferente, cada classe tem um tratamento.   O  político profissional tem faro e sabe as necessidades de  cada um dos segmentos sociais.  Sabe quais os afagos a utilizar, utilizam a cartilha do Maquiavel, O PRÍNCIPE. 

1-Aos pobres munição de bucho, uma dentadura  ou uma ajuda financeira, tudo para receber apoio, tais quais Lampião e Robin Hood.

2-Aos  médios uma   ajuda mais generosa, dependerá  da liderança  sobre os mais pobres do seu entorno, da subserviente   aproximação com os coronéis e os  políticos regionais. Estes cabos eleitorais  dirigem pequenas casas de caridade, ONGs, clubes de bairros e instituições criadas para a pseudo ajuda aos mais necessitados, tudo pelo voto, poder, enganação  e dinheiro.

3-Aos ligados aos grandes sindicatos, por possuírem empregos nas indústrias, governos  e estatais, os sindicatos estão à frente de tudo e os representam coletivamente. 

4-Aos políticos da raia baixa em todo o território, e que   sonham em ser vereadores,  auxiliares diretos de autoridades e vivem às custas do erário publico,  das promessas e mentiras recebem generosas  ajudas para não precisarem trabalhar, tem como função  propagar os seus tutores e desconstuir as suas mazelas com unhas e dentes. 

5-Aos  intelectuais,  artistas, IDÓLATRAS   e altos funcionários em segmentos públicos e estatais, geralmente ligados aos partidos dominantes, para estes  tudo e escusos  benefícios.  O importante é servir de alicerce e escoras para  as castas superiores. Todos perdem a autocrítica, tudo que vem de cima é verdade, como diz  o milenar aforisma: " FARINHA POUCA, O MEU PIRÃO PRIMEIRO".

Fazer política é uma arte. Política não foi feita para amadores, tem que saber costurar e ser inteirado em manobras da Ética Política do Maquiavel. Esta diz:v  "A ética na política em Maquiavel é entendida como um realismo político, que separa a moral da ação política, colocando a virtude do governante no cumprimento da necessidade e dos fins da conservação do Estado, mesmo que isso exija ações consideradas imorais pela ética tradicional".  As raposas são espertas, elas sabem de tudo,  estudam as necessidades de cada segmento e  para a sua conquista basta alimentá-las adequadamente. 

Todas estas manobras seguem letra por letra o Reflexo do Ivan Pavlov. 

 

Salvador, 24 de Setembro de 2025

Iderval Reginaldo Tenório 

 

Ivan Petrovich Pavlov
As raposas sabem onde as galinhas dormem, os caçadores conhecem as melhores iscas. O
Ivan Petrovich Pavlov( (Riazan, 26 de setembro de 1849 - Leningrado, 27 de fevereiro de 1936  Rússia) com o conhecimento do reflexo condicionado,  vem ensinado a estas raposas como conquistar mais presas.

Numa pesquisa, o PavLov  balançar um sino e junto oferecia aliementos  aos cães, esta conduta foi repetidas várias vêzes. Ao ouvir o sino, os cães corriam  aos braços do seu senhor, em busca do seu quinhão, o alimento. Depois de bem adestrados e dependentes, o PavLov  muitas vezes tocava o sino e não fornecia o alimento, mesmo assim os cães corriam até ao seu encontro. A westa demanda foi chamada de  REFLEXO PAVLOV.

"Na década de 1920, ao estudar a produção de saliva em cães expostos a diversos tipos de estímulos palatares, Pavlov percebeu que com o tempo a salivação passava a ocorrer diante de situações e estímulos que anteriormente não causavam tal comportamento (como por exemplo o som dos passos de seu assistente ou a apresentação da tigela de alimento). Curioso, realizou experimentos em situações controladas de laboratório e, com base nessas observações, teorizou e enunciou o mecanismo do condicionamento clássico." 

É assim que se forja pessoas dependentes  de promessas e é assim que as raposas atuam. 

                                                        Iderval Reginaldo Tenório

 

terça-feira, 23 de setembro de 2025

O GARBOSO CAVALO E A VIDA/Sertão do Ceará, 1915 .

       Nenhuma descrição de foto disponível.

O cavalo e o burro: uma lição de solidariedade - Historinhas infantis

                                       O Cavalo e o Burro - Fábula de Monteiro Lobato | Portal do Conto Brasileiro

                                     O GARBOSO CAVALO                                                           

                                                       Sertão do Ceará, 1915 .


Um almocreve de meia idade negociava nos cafundós e nos grotões da esturricada Serra do Araripe, divisa do Ceará com Pernambuco. Possuia uma parelha de animais, um belo equino, bom de marcha, e um musculoso muar, bom de carga.  Longas eram as distâncias e belos os lugares percorridos na lida diária, o muar para as cargas, o equino para os passeios.

O garboso cavalo sempre nas festas, nos namoros, nas comemorações e nas grandes corridas, era com orgulho que o belo animal desfilava naqueles sertões. Bem tratado, bem alimentado, bom capim, boa alfafa, excelente milho e tortas de caroços de algodão, era vida de rei.

Impecáveis arreios e vistosos ornamentos, manta vermelha, sela macia, peitoral ornado com estrela de metal, rédeas e alforjes de couro  de carneiro, rabicho trançado com fio de seda, boqueira e estribos 
polidos, e de pura prata, vivia épocas de glórias.

Orgulhava-se quando nas paragens recebia preços e apreços, recebia avaliação, elogios e jamais o cavaleiro pendia para negociação. Era um animal faceiro, elegante, orgulhoso e cheio de brios, na sua garupa as mais belas donzelas e as mais macias das nádegas. Era motivo de festas onde chegava com os seus passos, galopes e trotes numa demonstração de força e virilidade, qualidades estas que lhe credenciavam a cruzar semanalmente com uma bela égua ou uma formosa e elegante asinina, assim era o pomposo e pabo cavalo cheio de garbo.

O muar coitado, a subir ladeiras e a cortar caminhos, dois a três sacos na pesada cangalha pregada no lombo, cabresto de cordas de croá, rabicho de agave, duas puídas viseiras de couro cru em cada lado da cabeça, obstruindo, tapando, abortando, escurecendo e a impedir a visão lateral, no pescoço um pesado chocalho para a sua identificação.

Nos fins de semana, durante o dia, quatro cambitos para o carregamento de lenha e feixes de canas, à noite dois caçuás para o transporte de frutas, garrafas e diversas mercadorias na festas do lugarejo, era uma mercearia ambulante, o ganha pão do almocreve.

Como pastagem capim seco,  relvas, palhas de milhos encontradas nos arredores e nos monturos das casas. Não sabia se vivia para comer e trabalhar ou só teria comida se trabalhasse.

Longas eram as conversas entre os dois animais. O muar piado nas duas patas direitas, triste e a lamentar, porém conformado por lhes sobrar a vida para o trabalho; o outro, solto pelos terreiros, falante, garboso e risonho; ambos confabulavam sobre as suas vidas, as injustiças e quão ingrata era a vida para um deles, a diferença era exorbitante, era de fazer pena e foi assim durante muitos anos, um sempre sorrindo e a gargalhar, o outro... o outro só Deus para socorrer.

Como o tempo é o pai, o aconselhador e o diluidor dos sofrimentos, e a esperança a mãe de todos os animais, uma década se passou, os dois viventes sempre a dialogar.

Com a falta das chuvas, foram escasseando as vendas e aumentando as despesas, motivo mais do que suficiente para o almocreve diminuisse os momentos de festas e de alegrias. Primeiro se desfez dos belos arreios, diminuiu a compra de alimentos especiais e como necessitava aumentar o volume das cargas passou a utilizar os dois animais na lida diária, os passeios recreativos do equino passaram a ser coisas do passado.

O belo e orgulhoso equino passou a andar na vala comum, lado a lado com o muar, a garbosa sela foi substituída por uma cangalha, um saco de cada lado e o dono escanchado no meio. Desta vez contando os passos, pulando grotas, subindo e descendo ladeiras.  Na ida produtos da lavoura, na volta especiarias para abastecer as bodegas da região: Querosene, peixes salgados, açúcar, café e outros mantimentos, com o novo ofício desapareceram as belas éguas, as formosas asininas e os saborosos manjares. O equino passou a sobreviver nos grotões e nos monturos do esturricado sertão.

O muar continuou a sua batalha, agora como coadjuvante, apenas como complemento de cargas. Quando o produto era pouco ficava a pastar, a perambular pelas capoeiras à procura de uma relva mais hidratada, vivia a pensar na sua atual e inútil vida. Costas batidas, boca mucha, dentes falhos, amarelados, desgastados e com raias escuras. Bicheiras no lombo, espinhaço pelado, cascos rachados e juntas calcificadas, sobrevivia a perambular caatinga adentro. Como era do trabalho, se sentia um inútil e entediado mergulhou no mundo da tristeza.

O velho equino fazia a vez do muar nas feiras livres dos vilarejos serranos. Dois sacos, o dono escanchado no meio da cangalha e o filho na garupa, subia e descia os penhascos do Araripe, já não possuía belas boqueiras de prata.

O rabicho de seda fora substituído  por um de cordas a cortar a borda anal. As cilhas, agora de couro cru, com suas grosseiras fivelas a lhes causar mossas na barriga e a traumatizar os bagos aposentados. A força era agora a sua maior virtude, força para não sofrer com as pontiagudas esporas que tangenciavam os órgãos genitais, muitas vezes ferindo-os quando desacertava os passos, fruto dos janeiros acumulados e da  perda da massa muscular.

A vida endureceu para o faceiro e garboso animal, trouxe à memória os momentos de bonança ao lado do zeloso patrão nos tempos das vacas gordas, das chuvas, das farturas e dos grandes bailes. Olhava para os lados e não mais enxergava os pomares verdejantes do caminho, pois os tapas olhos laterais do muar, agora encontravam-se na sua cabeça, vedando os seus olhos, limitando a visão.

O velho cavalo não mais participava dos acontecimentos e nem das quermeces, passou a ser um animal de cargas, puramente para comer e para o trabalho, não tinha direito a pensar. Seguia a dura e pétrea regra, obediência sem contestação, vivia silente aos puxavancos do puído cabresto que lhe cortava as moídas narinas, do rabicho que magoava o tronco da calda e a borda anal, das cilhas que feriam a barriga, as virilhas e machucavam os inúteis bagos, o animal vivenciava a mais espúria entidade criada pelo dominador, o mais baixo golpe sofrido por um ser vivo, obedecer sem contestar, vivia a mais degradante forma de vida, a escravidão.

Os três foram minguando. O esquálido muar sem trabalho,  esquecido, menosprezado, deprimido e abandonado foi requisitado pelos asiáticos para a produção de  charque. O faceiro equino, agora não mais belo, sem a força da juventude, com a estima em baixa caiu no ostracismo. Calda imóvel a proteger o fim dos intestinos, esfíncter este que sofria compressões musculares periódicas ao menor grito. Relinchos abafados, olhos sempre para o chão, dentes desgastados, puídos e rentes às gengivas, musculatura minguada, pele áspera e pelos ressecados. Sem força, sem brio e sem pernas foi substituído por sangue novo, mergulhou na solidão. Não mais requisitados ao trabalho se embrenhou nos carrascos, entrou em banzo e nunca mais soube do seu paradeiro, sumiu.

O cavaleiro em crise e em desacerto envelheceu. Sem os seus amigos e provedores animais, com a chegada do progresso, dos bulidos das motocicletas e dos motores mergulhou no esquecimento e na solidão da vida. Os dias ficaram mais longos, a falta de afazeres lhe consumiram os brios e a cidadania, caiu no esquecimento. 
 
De resto, com o exodo e à procura da sobrevivencia, os deseducados filhos, os sofridos netos e os demais descendentes migraram para as  cidades  a fim  de alimentar, como lenhas verdes,  as grandes metrópoles, ora na construção civil, ora na desconstrução da cidadania e ora a forjar uma nação servil,  sem rumo, sem prumo e sem paradeiro.  Em terras estranhas, estes abandonados brasileiros  batalham, lutam e sobrevivem apenas o presente. São  seres vivos sem esperanças de futuro  tais quais o sofrido almocre, o garboso equino e o incançável muar,  muitos terminam mergulhandos nos mares dos desvios de condutas.

Iderval Reginaldo Tenório 
22 de Setembro de 2025
 
Foto de Cavalo Com Blinkers Em Atração Turística Na Tailândia e mais fotos  de stock de Antolhos - iStock 
Foto de Cavalo Moribundo Magro e mais fotos de stock de Antigo - Antigo,  Cavalo - Família do cavalo, Cuba - Grandes Antilhas - iStock 
 

Fotografia 3 X 4

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Provided to YouTube by Universal Music Group Fotografia 3 X 4 · Belchior Alucinação ℗ 1976 Universal Music Ltda Released on: 2016-10-07 ...
YouTube · Belchior - Topic · 20 de jul. de 2018
 

 

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

O VELHO CAVALO

                                                       Foto de Cavalo Moribundo Magro e mais fotos de stock de Antigo - Antigo,  Cavalo - Família do cavalo, Cuba - Grandes Antilhas - iStock

                                                  Lista de cavalos notáveis do western – Wikipédia, a enciclopédia livre

                                                        cavalo de trabalho velho sofreu e mal tratado [download] - Designi                                                             

                            Foto de Cavalo Moribundo Magro e mais fotos de stock de Antigo - Antigo,  Cavalo - Família do cavalo, Cuba - Grandes Antilhas - iStock                             

                                                           O VELHO CAVALO                                                           

                                                                   Sertão do Ceará, 1915 .


Um almocreve de meia idade negociava nos cafundós e nos grotões da esturricada Serra do Araripe, divisa do Ceará com Pernambuco. Possuia uma parelha de animais, um belo equino, bom de marcha, e um musculoso muar, bom de carga.  Longas eram as distâncias e belos os lugares percorridos na lida diária, o muar para as cargas, o equino para os passeios.

O garboso cavalo sempre nas festas, nos namoros, nas comemorações e nas grandes corridas, era com orgulho que o belo animal desfilava naqueles sertões. Bem tratado, bem alimentado, bom capim, boa alfafa, excelente milho e tortas de caroços de algodão, era vida de rei.

Impecáveis arreios e vistosos ornamentos, manta vermelha, sela macia, peitoral ornado com estrela de metal, rédeas e alforjes de couro  de carneiro, rabicho trançado com fio de seda, boqueira e estribos 
polidos, e de pura prata, vivia épocas de glórias.

Orgulhava-se quando nas paragens recebia preços e apreços, recebia avaliação, elogios e jamais o cavaleiro pendia para negociação. Era um animal faceiro, elegante, orgulhoso e cheio de brios, na sua garupa as mais belas donzelas e as mais macias das nádegas. Era motivo de festas onde chegava com os seus passos, galopes e trotes numa demonstração de força e virilidade, qualidades estas que lhe credenciavam a cruzar semanalmente com uma bela égua ou uma formosa e elegante asinina, assim era o pomposo e pabo cavalo cheio de garbo.

O muar coitado, a subir ladeiras e a cortar caminhos, dois a três sacos na pesada cangalha pregada no lombo, cabresto de cordas de croá, rabicho de agave, duas puídas viseiras de couro cru em cada lado da cabeça, obstruindo, tapando, abortando, escurecendo e a impedir a visão lateral, no pescoço um pesado chocalho para a sua identificação.

Nos fins de semana, durante o dia, quatro cambitos para o carregamento de lenha e feixes de canas, à noite dois caçuás para o transporte de frutas, garrafas e diversas mercadorias na festas do lugarejo, era uma mercearia ambulante, o ganha pão do almocreve.

Como pastagem capim seco,  relvas, palhas de milhos encontradas nos arredores e nos monturos das casas. Não sabia se vivia para comer e trabalhar ou só teria comida se trabalhasse.

Longas eram as conversas entre os dois animais. O muar piado nas duas patas direitas, triste e a lamentar, porém conformado por lhes sobrar a vida para o trabalho; o outro, solto pelos terreiros, falante, garboso e risonho; ambos confabulavam sobre as suas vidas, as injustiças e quão ingrata era a vida para um deles, a diferença era exorbitante, era de fazer pena e foi assim durante muitos anos, um sempre sorrindo e a gargalhar, o outro... o outro só Deus para socorrer.

Como o tempo é o pai, o aconselhador e o diluidor dos sofrimentos, e a esperança a mãe de todos os animais, uma década se passou, os dois viventes sempre a dialogar.

Com a falta das chuvas, foram escasseando as vendas e aumentando as despesas, motivo mais do que suficiente para o almocreve diminuisse os momentos de festas e de alegrias. Primeiro se desfez dos belos arreios, diminuiu a compra de alimentos especiais e como necessitava aumentar o volume das cargas passou a utilizar os dois animais na lida diária, os passeios recreativos do equino passaram a ser coisas do passado.

O belo e orgulhoso equino passou a andar na vala comum, lado a lado com o muar, a garbosa sela foi substituída por uma cangalha, um saco de cada lado e o dono escanchado no meio. Desta vez contando os passos, pulando grotas, subindo e descendo ladeiras.  Na ida produtos da lavoura, na volta especiarias para abastecer as bodegas da região: Querosene, peixes salgados, açúcar, café e outros mantimentos, com o novo ofício desapareceram as belas éguas, as formosas asininas e os saborosos manjares. O equino passou a sobreviver nos grotões e nos monturos do esturricado sertão.

O muar continuou a sua batalha, agora como coadjuvante, apenas como complemento de cargas. Quando o produto era pouco ficava a pastar, a perambular pelas capoeiras à procura de uma relva mais hidratada, vivia a pensar na sua atual e inútil vida. Costas batidas, boca mucha, dentes falhos, amarelados, desgastados e com raias escuras. Bicheiras no lombo, espinhaço pelado, cascos rachados e juntas calcificadas, sobrevivia a perambular caatinga adentro. Como era do trabalho, se sentia um inútil e entediado mergulhou no mundo da tristeza.

O velho equino fazia a vez do muar nas feiras livres dos vilarejos serranos. Dois sacos, o dono escanchado no meio da cangalha e o filho na garupa, subia e descia os penhascos do Araripe, já não possuía belas boqueiras de prata.

O rabicho de seda fora substituída por um de cordas a cortar a borda anal. As cilhas, agora de couro cru, com suas grosseiras fivelas a lhes causar mossas na barriga e a traumatizar os bagos aposentados. A força era agora a sua maior virtude, força para não sofrer com as pontiagudas esporas que tangenciavam os órgãos genitais, muitas vezes ferindo-os quando desacertava os passos, fruto dos janeiros acumulados e da  perda da massa muscular.

A vida endureceu para o faceiro e garboso animal, trouxe à memória os momentos de bonança ao lado do zeloso patrão nos tempos das vacas gordas, das chuvas, das farturas e dos grandes bailes. Olhava para os lados e não mais enxergava os pomares verdejantes do caminho, pois os tapa olhos laterais do muar, agora encontravam-se na sua cabeça, vedando os seus olhos, limitando a visão.

O velho cavalo não mais participava dos acontecimentos e nem das quermeces, passou a ser um animal de cargas, puramente para comer e para o trabalho, não tinha direito a pensar. Seguia a dura e pétrea regra, obediência sem contestação, vivia silente aos puxavancos do puído cabresto que lhe cortava as moídas narinas, do rabicho que magoava o tronco da calda e a borda anal, das cilhas que feriam a barriga, as virilhas e machucavam os inúteis bagos, o animal vivenciava a mais espúria entidade criada pelo dominador, o mais baixo golpe sofrido por um ser vivo, obedecer sem contestar, vivia a mais degradante forma de vida, a escravidão.

Os três foram minguando. O esquálido muar sem trabalho,  esquecido, menosprezado, deprimido e abandonado foi requisitado pelos asiáticos para a produção de  charque. O faceiro equino, agora não mais belo, sem a força da juventude, com a estima em baixa caiu no ostracismo. Calda imóvel a proteger o fim dos intestinos, esfíncter este que sofria compressões musculares periódicas ao menor grito. Relinchos abafados, olhos sempre para o chão, dentes desgastados, puídos e rentes às gengivas, musculatura minguada, pele áspera e pelos ressecados. Sem força, sem brio e sem pernas foi substituído por sangue novo, mergulhou na solidão. Não mais requisitados ao trabalho se embrenhou nos carrascos, entrou em banzo e nunca mais soube do seu paradeiro, sumiu.

O cavaleiro em crise e em desacerto envelheceu. Sem os seus amigos e provedores animais, com a chegada do progresso, dos bulidos das motocicletas e dos motores mergulhou no esquecimento e na solidão da vida. Os dias ficaram mais longos, a falta de afazeres lhe consumiram os brios e a cidadania, caiu no esquecimento. 
 
De resto, com o exodo e à procura da sobrevivencia, os deseducados filhos, os sofridos netos e os demais descendentes migraram para as  cidades  a fim  de alimentar, como lenhas verdes,  as grandes metrópoles, ora na construção civil, ora na desconstrução da cidadania e ora a forjar uma nação servil,  sem rumo, sem prumo e sem paradeiro.  Em terras estranhas, estes abandonados brasileiros  batalham, lutam e sobrevivem apenas o presente. São  seres vivos sem esperanças de futuro  tais quais o sofrido almocre, o garboso equino e o incançável muar,  muitos terminam mergulhandos nos mares dos desvios de condutas.

Iderval Reginaldo Tenório 
22 de Setembro de 2025
 

Fotografia 3 X 4

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