segunda-feira, 12 de junho de 2023

.QUANDO AFLORA O MANDACARU. .OS HORMÔNIOS SEXUAIS E A VIDA.

 

Como Ter uma Namorada Sendo uma Criança: 10 Passos

Como Namorar no Ensino Médio (com Imagens) - wikiHow

.QUANDO AFLORA O MANDACARU.

.OS HORMÔNIOS SEXUAIS E A VIDA.

 

O belo e meigo sorriso, com o aflorar dos  hormônios, vão vagarosamente perdendo a inocência e misteriosamente  tomando um ar de superioridade, de irreverência e  de domínio próprio, entra em   metarmofose. O olhar pueril se embaça e o rosto angelical se desfaz dando lugar a um novo olhar, o das descobertas e da afirmação do caráter .

A sagacidade, o espírito de competitividade e a propriedade de domínio  afloram, é o apagamento e a morte de uma criatura primária, é o surgimento de mais um  adulto, de mais um ser dotado de ambições, revoltas, raivas, conflitos e de disputas, mais um à procura do seu espaço. Nesta fase nasce um adulto, que impregnado com o estrógeno ou a  testosterona trilha o seu caminho. 

Este  ser   deixa a criança inocente, meiga e cheia de sonhos para trás e incorpora um  novo homem, este vai à campo, à procura de arquitetar  o  seu futuro. 

As gônadas  sexuais, senhoras titulares   e absolutas do grupo que contribui para a  evolução da humanidade, ensopam o novo ser e fazem brotar os  seus desejos. Nasce mais um homem com a sua vasta e discutida complexidade.

Os hormônios sexuais   orquestralmente comandam as transformações neste novo ser.   A testosterona é atraída pelo estrógeno e vice-versa. Guiados por fatores  genéticos,  involuntários , normais  e  atrelados    à dimensão social e cultural,   passam a atrair ou ser atraídos pelo hormônio do mesmo sexo,    a definir a  sua preferência sexual.  É o cio que  aflora, é a definição do gênero sexual de cada um; e  que caminha camuflado e em paralelo até a quebra dos conflitos internos, barreiras culturais,  exercícios da cidadania, independência econômica   e  amarras sociais. 

O toque na pele, o contato mucosa com mucosa e as novas funções surgem dando vida àquele corpo.  Os espinhos invisíveis e conflitantes   o  distancia dos mais próximos e surge um novo núcleo, é mais um a participar com toda a força do ecossistema universal. Os pais perdem o controle, urge parcimônia e compreensão nos rompantes desejos até a maturidade, muitos são os dilemas, as dúvida , as incompreensões e as divergências   na sua socialização.

Alguns andam e  muitos desandam,  lembrem-se que, dos mil ovos postos pelas tartarugas,  apenas 03 chegam à idade adulta,   os outros 997 são postos apenas para a perpetuação da   cadeia alimentar e  são devorados pelos predadores  no próprio ninho ainda dentro do seu pequeno e limitado mundo. Os  que eclodem e vão em busca das suas realizações, são consumidos por outros predadores no trajeto difícil da vida. Muitos não conseguem chegar às águas dos oceanos e mesmo lá serão combustíveis para os dominantes. Poucos chegam a conhecer a plenitude da vida. Com o ser humano não é diferente.

Quando eclode o Mandacaru, nasce mais um para lutar pela vida.  São os hormônios, a família, o meio ambiente e as agruras da vida a conduzirem mais um ser pensante.

                                   Iderval Reginaldo Tenório


Escutem do médico ginecologista pernambucano José  Dantas,  na voz  do Rei  do baião Luiz Gonzaga do Nascimento,  o Rei  Luiz. 

Luiz Gonzaga O xote das meninas Mandacaru quando fulora ...

Xote das Meninas - Petrobras Sinfônica e Lucy Alves · Numa Sala De Reboco/O Cheiro Da Carolina/O Xote Das Meninas (Ao Vivo) · Colo De Menina.
YouTube · rosana gazolli · 28 de nov. de 2012
Provided to YouTube by Sony BMG Music EntertainmentO Xote das Meninas · Luiz Gonzaga50 anos de chão℗ 1953 SONY MUSIC ENTERTAINMENT BRASIL ...
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Belchior - Saia do Meu Caminho - YouTube


Belchior - Saia do Meu Caminho. 40,391,108 views Nov 2, 2012 Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes nasceu em Sobral, CE, ...
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QUANDO AFLORA O MANDACRU- TESTOSTERONA/ESTRÓGENO

 

Como Ter uma Namorada Sendo uma Criança: 10 Passos

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.QUANDO AFLORA O MANDACARU.

.OS HORMÔNIOS SEXUAIS E A VIDA.

 

O belo e meigo sorriso, com o aflorar dos  hormônios, vão vagarosamente perdendo a inocência e misteriosamente  tomando um ar de superioridade, de irreverência e  de domínio próprio, entra em   metarmofose. O olhar pueril se embaça e o rosto angelical se desfaz dando lugar a um novo olhar, o das descobertas e da afirmação do caráter .

A sagacidade, o espírito de competitividade e a propriedade de domínio  afloram, é o apagamento e a morte de uma criatura primária, é o surgimento de mais um  adulto, de mais um ser dotado de ambições, revoltas, raivas, conflitos e de disputas, mais um à procura do seu espaço. Nesta fase nasce um adulto, que impregnado com o estrógeno ou a  testosterona trilha o seu caminho. 

Este  ser   deixa a criança inocente, meiga e cheia de sonhos para trás e incorpora um  novo homem, este vai à campo, à procura de arquitetar  o  seu futuro. 

As gônadas  sexuais, senhoras titulares   e absolutas do grupo que contribui para a  evolução da humanidade, ensopam o novo ser e fazem brotar os  seus desejos. Nasce mais um homem com a sua vasta e discutida complexidade.

Os hormônios sexuais   orquestralmente comandam as transformações neste novo ser.   A testosterona é atraída pelo estrógeno e vice-versa. Guiados por fatores  genéticos,  involuntários , normais  e  atrelados    à dimensão social e cultural,   passam a atrair ou ser atraídos pelo hormônio do mesmo sexo,    a definir a  sua preferência sexual.  É o cio que  aflora, é a definição do gênero sexual de cada um; e  que caminha camuflado e em paralelo até a quebra dos conflitos internos, barreiras culturais,  exercícios da cidadania, independência econômica   e  amarras sociais. 

O toque na pele, o contato mucosa com mucosa e as novas funções surgem dando vida àquele corpo.  Os espinhos invisíveis e conflitantes   o  distancia dos mais próximos e surge um novo núcleo, é mais um a participar com toda a força do ecossistema universal. Os pais perdem o controle, urge parcimônia e compreensão nos rompantes desejos até a maturidade, muitos são os dilemas, as dúvida , as incompreensões e as divergências   na sua socialização.

Alguns andam e  muitos desandam,  lembrem-se que, dos mil ovos postos pelas tartarugas,  apenas 03 chegam à idade adulta,   os outros 997 são postos apenas para a perpetuação da   cadeia alimentar e  são devorados pelos predadores  no próprio ninho ainda dentro do seu pequeno e limitado mundo. Os  que eclodem e vão em busca das suas realizações, são consumidos por outros predadores no trajeto difícil da vida. Muitos não conseguem chegar às águas dos oceanos e mesmo lá serão combustíveis para os dominantes. Poucos chegam a conhecer a plenitude da vida. Com o ser humano não é diferente.

Quando eclode o Mandacaru, nasce mais um para lutar pela vida.  São os hormônios, a família, o meio ambiente e as agruras da vida a conduzirem mais um ser pensante.

                                   Iderval Reginaldo Tenório


Escutem do médico ginecologista pernambucano José  Dantas,  na voz  do Rei  do baião Luiz Gonzaga do Nascimento,  o Rei  Luiz. 

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Belchior - Saia do Meu Caminho. 40,391,108 views Nov 2, 2012 Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes nasceu em Sobral, CE, ...
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domingo, 11 de junho de 2023

O VELHO CAVALO E A FALTA DE ESCOLA

                                            Mangalarga mineiro registrado em Holambra | Clasf animais                                                                   

 

Как ослик учился уважать старших - Михаил Пляцковский

                            2,266 Horse Load Images, Stock Photos & Vectors | Shutterstock                                                               DIREITOS FUNDAMENTAIS .NET     

                         A guerrilheira Rousseff e os antolhos de Juan Arias | Ficha Corrida                                                                   

                                                                 O VELHO CAVALO                                                           

                                                                        Sertão do Ceará, 1915 .


1915, um almocreve de meia idade negociava nos cafundós e nos grotões da esturricada Serra do Araripe, divisa do Ceará com Pernambuco. Possuia uma parelha de animais, um belo equino, bom de marcha e um musculoso muar, bom de carga.  Longas eram as distâncias e belos os lugares percorridos na lida diária, o muar para as cargas, o equino para os passeios.

Junto ao patrão, o garboso cavalo sempre nas festas, nos namoros, nas comemorações e nas grandes corridas, era com orgulho que o belo animal desfilava naqueles sertões. Bem tratado, bem alimentado, bom capim, boa alfafa, excelente milho e tortas de caroços de algodão, era vida de rei.

Impecáveis arreios e vistosos ornamentos, manta vermelha, sela macia, peitoral ornado com estrela de metal, rédeas e alforjes de couro  de carneiro, rabicho trançado com fio de seda, boqueira e estribos de pura prata, polidos, encerados e bem conservados, vivia época de glórias.

Orgulhava-se quando nas paragens recebia preços e apreços, recebia avaliação, elogios e jamais o cavaleiro pendia para negociação. Era um animal faceiro, elegante, orgulhoso e cheio de brios, na sua garupa as mais belas donzelas e as mais macias das nádegas, era motivo de festas onde chegava com os seus passos, galopes e trotes numa demonstração de força e virilidade, qualidades estas que lhe credenciavam a cruzar semanalmente com uma bela égua ou uma formosa e elegante asinina, assim era o pomposo e pabo cavalo, cheio de garbo.

O muar, coitado, a subir ladeiras e a cortar caminhos, dois a três sacos na pesada cangalha pregada no lombo, cabresto de cordas de croá, rabicho de agave e duas puídas viseiras de couro cru em cada lado da cabeça obstruindo, tapando, abortando, escurecendo e a impedir a visão lateral, no pescoço um pesado chocalho para a sua identificação.

Nos fins de semana, durante o dia, quatro cambitos para o carregamento de lenha e feixes de canas, à noite dois caçuás para o transporte de frutas, garrafas e diversas mercadorias no seu lugarejo.

Como pastagem capim seco, algumas relvas, palhas de milhos encontradas nos arredores e nos monturos das casas. Não sabia se vivia para comer e trabalhar ou só teria comida se trabalhasse.

Longas eram as conversas entre os dois animais, o muar piado nas duas patas direitas, triste e a lamentar, porém conformado por lhes sobrar a vida para o trabalho; o outro, solto pelos terreiros, falante, garboso e risonho; ambos confabulavam sobre as suas vidas, as injustiças e quão ingrata era a vida para um deles, a diferença era exorbitante, era de fazer pena e foi assim durante muitos anos, um sempre sorrindo e a gargalhar, o outro... o outro só Deus para socorrer.

Como o tempo é o pai, o aconselhador e o diluidor dos sofrimentos, e a esperança a mãe de todos os animais, uma década se passou, os dois viventes sempre a dialogar.

Com a falta das chuvas, foram escasseando as vendas e aumentando as despesas, motivo mais do que suficiente para o almocreve diminuir os momentos de festas e de alegrias. Primeiro se desfez dos belos arreios, diminuiu a compra de alimentos especiais e como necessitava aumentar o volume das cargas passou a utilizar os dois animais na lida diária, os passeios recreativos do equino passaram a ser coisas do passado.

O belo e orgulhoso equino passou a andar na vala comum, lado a lado com o muar, a garbosa sela foi substituída por uma cangalha, um saco de cada lado e o dono escanchado no meio. Desta vez contando os passos, pulando grotas, subindo e descendo ladeiras; na ida produtos da lavoura, na volta especiarias para abastecer as bodegas da região: querosene, peixes salgados, açúcar, café e outros mantimentos, com o novo ofício desapareceram as belas éguas, as formosas asininas e os saborosos manjares. O equino passou a sobreviver nos grotões e nos monturos do esturricado sertão.

O muar continuou a sua batalha, agora como coadjuvante, apenas como complemento de cargas. Quando o produto era pouco ficava a pastar, a perambular pelas capoeiras à procura de uma relva mais hidratada, vivia a pensar na sua atual e inútil vida. Costas batidas, boca mucha, dentes falhos, amarelados, desgastados e com raias escuras. Bicheiras no lombo, espinhaço pelado, cascos rachados e juntas calcificadas, sobrevivia a perambular caatinga adentro. Como era do trabalho, se sentia um inútil. Intediado mergulhou no mundo da tristeza.

O velho equino fazia a vez do muar nas feiras livres dos vilarejos serranos. Dois sacos, o dono escanchado no meio da cangalha e o filho na garupa, subia e descia os penhascos do Araripe, já não possuía belas boqueiras de prata.

O rabicho de seda fora substituída por um de cordas a cortar a borda anal. As cilhas, agora de couro cru, com suas grosseiras fivelas a lhes causar mossas na barriga e a traumatizar os bagos aposentados, a força era agora a sua maior virtude, força para não sofrer com as pontiagudas esporas que tangenciavam os órgãos genitais, muitas vezes ferindo-os quando desacertava os passos, fruto dos janeiros acumulados e da  perda da massa muscular.

A vida endureceu para o faceiro e garboso animal, trouxe à memória os momentos de bonança ao lado do zeloso patrão nos tempos das vacas gordas, das chuvas, das farturas e dos grandes bailes. Olhava para os lados e não mais enxergava os pomares verdejantes do caminho, pois os tapa olhos laterais do muar, agora encontravam-se na sua cabeça, vedando os seus olhos, limitando a visão .

O velho cavalo não mais participava dos acontecimentos e nem das quermeces, passou a ser um animal de cargas, puramente para comer e para o trabalho, não tinha direito a pensar. Seguia a dura e pétrea regra, obediência sem contestação, vivia silente aos puxavancos do puído cabresto que lhe cortava as moídas narinas, do rabicho que magoava o tronco da calda e a borda anal, das cilhas que feriam a barriga, as virilhas e machucavam os inúteis bagos, o animal vivenciava a mais espúria entidade criada pelo dominador, o mais baixo golpe sofrido por um ser vivo, obedecer sem contestar, vivia a mais degradante forma de vida, a escravidão.

Os três foram minguando. O esquálido muar sem trabalho,  esquecido, menosprezado, deprimido e abandonado foi requisitado pelos asiáticos para a produção de  charque. O faceiro equino, agora não mais belo, sem a força da juventude, com a estima em baixa caiu no ostracismo. Calda imóvel a proteger o fim dos intestinos, esfíncter este que sofria compressões musculares periódicas ao menor grito. Relinchos abafados, olhos sempre para o chão, dentes desgastados, puídos e rentes às gengivas, musculatura minguada, pele áspera e pelos ressecados. Sem força, sem brio e sem pernas foi substituído por sangue novo, mergulhou na solidão. Não mais requisitados ao trabalho se embrenhou nos carrascos e nunca mais soube do seu paradeiro, sumiu.

O cavaleiro em crise e em desacerto envelheceu. Sem os seus amigos e provedores animais, com a chegada do progresso, dos bulidos das motocicletas e dos motores mergulhou no esquecimento e na solidão da vida.

Os dias ficaram mais longos, a falta de afazeres lhe consumiram os brios e a cidadania, caiu no esquecimento. De resto, com o exodo e à procura da sobrevivencia, os deseducados filhos, os sofridos netos e os demais descendentes migraram para as  cidades  a fim  de alimentar, como lenhas verdes,  as grandes metrópoles, ora na construção civil, ora na desconstrução da cidadania e ora a forjar uma nação servil,  sem rumo, sem prumo e sem paradeiro. 
 
Em terras estranhas batalham, lutam e sobrevivem, muitos mergulham nos mares dos desvios de condutas.

Iderval Reginaldo Tenório 
18 de março de 2010 
 
 
 

CHACINA NA SERRA DO ARARIPE

  Portais - Brasões - Aldrabas - Tranquetas - Taramelas - Batentes -  Caravelhos - etc...: Almocreve - Profissão em extinção ou já desaparecida

                                         Chacina em bar deixa 6 mortos em Rio Branco; na mesma noite outro foi morto  e um ficou ferido | Acre | G1                           

                                  

                                         Uma das vítimas da chacina de Maranguape foi morta com golpes de foice

                                          DOLETHES: O ALMOCREVE

                     CHACINA NA SERRA DO ARARIPE


                 Madrugada do dia 24 para 25  de junho de 1928, um  desconhecido estrategista  chegou sorrateiramente, sem  dúvida e remorso metralhou toda uma família de dezoito componentes, dos mais velhos ao mais novos dos Pereiras e alguns serviçais, vasculhou todos os aposentos, conferiu cada um dos corpos, montou no seu alazão, arrumou a  sua geringonça e sumiu  estrada afora.

              Ao nascer do sol, os caseiros que moravam nos recantos,  jamais imaginariam que aqueles estrondos de fogos de artifícios, na noite de São João,  fossem balas da mais afamada metralhadora nordestina,  apelidada de   "  A costureira".   
 
                 Dizimando toda a família patronal, o autor não deixou pistas, não deixou um único rastro da autoria do  crime, em nada mexeu, a mesa continuou posta, cadeiras caídas, sangue salpicados nas paredes, corpos debruçados sobre a mesa, animais domésticos circulando pelo ambiente à procura de restos, panelas no fogão a lenha, algumas com os alimentos esturricados,  potes e barricas aos cacos, água ensopando os corpos e estes com vários orifícios transpassando os seus tórax na altura dos peitos, todos, todos sem vida.


                                             O AMANHÃ


                 Na Serra do Araripe  não ficou um só cristão que não tomasse conhecimento da fatídica tragédia, quem era aquele forasteiro? porque aniquilou toda uma família que até aqueles dias se mostrava pacata, trabalhadora e honesta? não possuía inimigos, os Pereiras eram respeitados naquela redondeza. 
 
                 O ano  era 1928 , Lampião e o seu bando já se encontravam pelos lados da Bahia, naquele arrebol  reinava a paz.  Muitos núcleos familiares se expandiam com os casamentos consanguíneos.   Moravam em casas equidistantes  desde quando uma avistasse a entrada, a lateral ou a saída da outra, era uma maneira de um proteger o  outro.


             A dúvida tomou conta da pequena população, "quem foi o forasteiro que cometeu tão sanguinário crime?"   Os familiares distantes apareceram, os corpos foram contados, muitos não possuíam documentos, os serviçais só tinham apelidos.  Todos foram sepultados em covas rasas enfileiradas nos aceiros da velha estrada e fincado uma cruz na cabeceira de cada monte de terra, primeiro o chefe, depois os outros por ordem de importância.


           A polícia foi informada, compareceu timidamente. Pelo pequeno contingente de  três soldados, dois cabos, um sargento, pouca munição e seis mulas esquálidas foi a primeira a fugir com receio de ser atacada de surpresa pelo o assassino ou os assassinos dos Pereiras, nunca mais apareceu ou tomou conhecimento dos fatos a partir daquela data. 

             A sede da Fazenda ficou abandonada, os moradores mais antigos aos poucos foram se acostumando com o acontecido, os parentes mais distantes voltaram para os seus distritos, ficaram  as indagações sobre o horrendo crime. Quem teria motivos para tal desventura? roubo não foi, só poderia ser vingança, a melhor maneira de cobrar dos desafetos os males cometidos em datas anteriores, só poderia ser vingança, não haveria outra explicação, só poderia ser vingança, no nordeste é assim, fez mal a alguém um dia o mal será devolvido, muitas vezes com juros e correções.
 


                                        O PASSADO


                  Conta o velho Malaquias, do alto dos seus 90 anos, que  tempos atrás, lá pelos meados de 1871, quando um jovem padre, de 27 anos de idade,  assumiu a capela do povoado Tabuleiro Grande no Sul do Ceará, hoje Juazeiro do Norte, duas famílias de Alagoanos foram morar na  região para ajudar o jovem missionário.  Com as duas famílias completas, o jovem Padre aconselhou aos amiguinhos que fossem morar na Serra  do Araripe, fossem criar caprinos, ovinos  e  suínos, plantar mandioca,  feijão de corda, de arranca e  feijão de pau, este último conhecido como  ANDÚmuito apreciado em toda aquela Chapada.


               As famílias se deslocaram e por manterem vinculos de  parentesco, começaram a habitar a mesma gleba de terra.   Viviam em paz até o dia  em  que o governo de Pernambuco resolveu legalizar as posses e criar uma escritura, houve desentendimento entre os líderes de cada família e   numa noite escura do dia 23 de junho de 1897, ano em que nasceu Virgulino Ferreira  Lampião, uma das famílias aniquilou  todos os componentes adultos da outra, todavia, cometeu um grande pecado, não vistoriou todos os aposentos da pequena casa, deixou vivo uma criança de 09 meses que engatinhava por debaixo da cama do  infeliz casal aniquilado .

                A criança sem pais e sem parentes  foi assumida por tropeiros, os    almocreves que  cruzavam a velha serra Pernambucana com destino à mais nova vila  Nordestina no sul do Ceará, a famosa vila do Juazeiro.    Povoado que  crescia com muitos fanáticos religiosos devido o milagre da Beata Maria de Araújo em 1889, quando na comunhão, a hóstia saída das mãos do Padre Cícero se transformava em sangue na boca da beata de 28 anos de idade. 

              A criança foi criada no mais diferente mundo que deveria ser criada, não tinha paradeiros, não tinha endereço fixo. À proporção que crescia tomava conhecimento da grande chacina que aniquilou uma determinada família no topo da Serra do Araripe no idos de 1897, ano que nascera em Vila Bela o facínora lampião, a criança cresceu, virou homem .

              Naquela redondeza  não se conhecia o seu destino, a família que cometera a esquecida e distante chacina   encontrava-se bem instalada e próspera no cume daquela abençoada Serra.  O cangaço que reinava na região estava em baixa devido acordos feitos pelos governadores da época, dando total poderes à polícia a entrar no território do outro Estado  à caça de qualquer desordeiro, principalmente o bando de Lampião, foi a primeira  manobra  para acabar com o cangaço, um dos meios de vida da época. 
 
             Na região só existia quatro maneiras de se viver e de comer, a primeira era ser patrão, chefe político, coronel, latifundiário e   dono do poder , a segunda era ser subserviente, capacho, jagunço, capanga ou pistoleiro,   a terceira era entrar no cangaço ou ser  coiteiro, a quarta era pertencer à sofredora classe de   agricultores de subsistência  ou criadores de pequenos animais: bovinos  pé duro, suinos, caprinos, asininos, ovinos, galináceos, cães e gatos, eram  os honestos, geralmente  dominados por todos, eram reféns  .
 
               Grassava no arrebol  o sentimento de congraçamento e descontração  devido o grande número de parentes casados entre si, existia calmaria.  A população era constituída dos que mandavam e daqueles que obedeciam.



                                          A VINGANÇA


                O Jovem morava num pequeno sítio, distrito da  então e próspera cidade de  Juazeiro do Norte,  conhecia muito bem a Chapada do Araripe,  divisa do Ceará com Pernambuco, grande celeiro fóssil das Americas, hoje fazendo parte do Geopark  do Araripe.


              O jovem procurou  familiarizar-se com os moradores do distrito.  Aos poucos foi mapeando o fatídico acontecimento de 1897, foi localizando os familiares que junto com os seus pais se mudaram  para a velha serra a pedido do jovem padre em 1871, ficou claro e ciente de cada componente, colheu  a história da época e como mercante compareceu à sede da fazenda e conheceu cada membro.  
 
             Voltou aos seus afazeres  de almocreve e numa noite de são João, quando os fogos de artifícios pipocavam  nos ares da silenciosa serra, o jovem estrategista, na sorrelfa executou o seu vingativo e mirabolante plano, eliminando de uma só vez todos os descendentes dos criminosos da noite de São João do século passado, tomando o cuidado de vistoriar exaustivamente todos os aposentos, todos os  ambientes e arredores  para não cometer os mesmos erros dos autores da chacina de 1897.  Com esta atitude fechou o ciclo do grande ditado do povo nordestino: quem comete um mal um dia será vingado pela vitima, pelo filho da vítima, pelo neto ou bisneto da vítima, um dia o crime será vingado. 
 
 E foi assim que se desenrolou a grande chacina de 1897.
 
        Salvador,12 de Janeiro de 2008

            Iderval Reginaldo Tenório 
 
Lampião e Luiz Gonzaga | CNL | #388 - YouTube

2:44

Enviado por: O Cangaço na Literatura, 17 de out. de 2019
370 mil Visualizações · 14,9 mil Curtidas
Uma homenagem ao canal Causos de Cordel, vejam aqui https://www.youtube.com/channel/UCzHPIGqsPuguYI2EiBNAflA
 
 
 
    ESCUTEM UM BELO RELATO DE LUIZ GONZAGA  SOBRE A VISITA DE LAMPIÃO AO JUAZEIRO DO PADRE CÍCERO. A MINHA CIDADE.


3,1 mil visualizações há 2 anos

sexta-feira, 9 de junho de 2023

Iderval Reginaldo Tenório entrevista Dona Lucila. Dona Lúcila 108 anos.

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Iderval Reginaldo Tenório entrevista Dona Lucila.

Dona Lúcila 108 anos. 

Salvador. Bahia. 08 DE JUNHO DE 2023

Errata-Secretaria da Educação e não da Saúde. 

O final da matéria não ficou boa devido conversas paralelas  da cuidadora e do sobrinho . 

Inadivertidamente abriram a porta, trouxeram um café e esqueceram da entrevista. 

Publiquei assim mesmo, é uma entrevista amadora.

        São 12 minutos, vale a pena assistir. 

Na entrevista ela reclamou da cuidadora e do sobrinho, pois serviram o café numa xícara grande e inteferiram na gravação. 

Isto significa :  

AMADORISMO, ASSISTAM ASSIM MESMO.

              Iderval Reginaldo Tenório 


 

 

Iderval Reginaldo Tenório entrevista Dona Lucila. Dona Lúcila 108 anos.

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