segunda-feira, 6 de junho de 2022

Zezinho e os seus domingos.

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Zezinho e os seus domingos.

 

Zezinho acordou as  oito da manhã, de um domingo ensolarado, fora dormir mais cedo arquitetando como seria o dia seguinte, torcia  para que  o tempo passasse mais rápido e  logo o dia clareasse. 

 O pai terminara de lavar o novo carro  e a mãe orientava a sua irmã nas tarefas escolares, apenas orientava, uma vez que a realização dos exercícios é responsabilidade da menina, uma adolescente de dez anos de idade, três anos  mais velha  do que o Zezinho.

Domingo é um dia diferente para toda a sua  família, os pais não vão ao trabalho e nem as crianças  à escola. Domingo é dia de socialização familiar, dia para limpar a mente, recarregar as baterias, lavar a alma e viver os pequenos e importantes detalhes da vida, inclusive falar com o Criador de todas as coisas.

Pela manhã os quatros vão à casa dos avós, sempre alternando as visitas, neste domingo era o dia dos avós maternos. 

Zezinho estava apressado, preparara uma bonita roupa colorida e  escolhera uma para a prática do esporte: short e tênis azuis, meiões  brancos, a camisa do seu time com brasão e tudo, que é o mesmo time  do seu avô, não precisa dizer que o menino foi batizado a caráter,  com o uniforme do  seu esquadrão, arte do seu avô.  

O pai da sua mãe é bem mais jovem do que  o pai do seu pai, por isso preparou a sua roupa de esporte. Neste dia tomará banho de piscina, jogará bola e andará de bicicleta, a casa é muito grande, parece um clube, tem tudo que o Zezinho gosta. Relata que o seu avô se transforma noutra criança e passa a ser o seu maior parceiro, diz o Zezinho que o seu avô é o seu maior amigo, é um amigão .

Vem o almoço,  o menino gosta de tudo que a sua avó  deliberada e intencionalmente prepara, principalmente as gostasas sobremesas, sem falar dos chocolates, dos  refrigerantes e dos  sorvetes, que o seu avô disfarçadamente  providencia. Durante a semana os seus pais não compram, porém  o seu  avô, o pai de sua mãe, que   é muito  legal,   faz tudo que o Zezinho gosta .

A sua avó reclama e chama a atenção de todos, notadamente a do seu amigão, o seu avô, ele não está nem aí, faz ouvidos de mercador, mira o Zezinho,  pisca os olhos e  dá uma risadinha de desaprovação que só amigos de verdade entendem. Neste domingo não tem jantar, o avô dorme um pouco  após muitas brincadeiras.

Ao cair do sol e o esfriar do tempo, todos vão ao um grande shopping,  Zezinho não descola do avô.  Quando chegam ao centro comercial corre à frente de todos e aperta o botão do sofisticado elevador panorâmico. Atingem o andar de um famoso parque de diversão, os três homens descem, o menino como um rei se esbalda nos diversos brinquedos, o pai e o avô ficam atentos a  todos os seus movimentos, não largam do seu pé, apesar dos vários funcionários contratados para a segurança das crianças.

A sua avó, a sua mãe e a sua irmã continuam no elevador e vão visitar muitas lojas  do shopping noutros andares. A sua avó geralmente compra utensílios para o lar, pois adora as modificações dos eletroeletrônicos e as  novas e variadas cores, a sua mãe compra roupas, sapatos, perfumes  e maquiagens, a irmã se perde  na compra de tudo quanto está na moda para as garotas  da sua idade, esmaltes perolados brilhosos, blusa com o poster do artista preferido,  sandálias com estrelinhas ouro e prata, short, tênis e meias  super coloridos.

Chega a noite e todos vão ao setor de alimentação. Enquanto olham o cardápio e pedem  pizzas ou lasanha, o Zezinho, a irmã e  o avô vão a um especial restaurante fast food, sempre lotado  de crianças, adolescentes  e adultos, todos numa tremenda e organizada algazarra. A menina e o menino chegam primeiro, o avô fica  a observar, pedem o melhor da lanchonete após mostrar ao avô um painel logo acima de sua cabeça  com o desenho de um apetitoso sanduíche completo: batatas fritas, refrigerante e  pacotinhos de molhos, estes temperos  que  os meninos detestam e os deixam na mesa.

Chegam as pizzas, os adultos mexem com os talheres, a garçonete corta as fatias,   sempre a perguntar o gosto de cada um. As crianças não comem, estão de estômago cheio com o grande lanche fast food. Chega a  hora de encarar a vida laboral, com muitos pacotes e sacolas,  descem pela escada rolante, enchem o fundo do carro e partem para a casa dos  seus avós.

 Zezinho ficou muito contente neste domingo, ganhou de sua avó um novo tablet que estava precisando, porém  não pediu , naquele dia  alguém decifrou o seu pensamento, por isso não tem a menor dúvida que a sua avó é uma advinha, pois  sabe tudo que ele gosta, o que está precisando e tudo que   ele pensa.  O seu sonho era ganhar um tablet mais moderno, porém a sua mãe havia dito que  estava caro e que no fim mês iria comprar, ficou maneiro e impressionado com o acontecido, a sua avó sabe de tudo,  até os seus pensamentos.

Foi um excelente domingo e já estava pensando no próximo, que apesar de ser diferente, também era bom. Os seus avós paternos fazem tudo para agradar todos os familiares, notadamente os netos e  os bisnetos. Nestes domingos  conta com a companhia de muitos primos, tios e tias, todos lhe fazem elogios, dizem que é bonito, inteligente e que já é um rapazinho.  Nestes domingos não precisam de shopping, é festa  garantida, muitas são as  brincadeiras e as comidas são variadas. Como ele, o seu pai é o caçula da família .

Os seus avós paternos são muito engraçados e bonitos, os seus cabelos são brancos, finos e brilhosos, parecem mais com crianças do que com adultos, todos da família brincam com eles, querem lhe abraçar e tirar fotografias, de vez em quando uma fotografia com todos os componentes da família, todos pedem uma cópia. São muito queridos, só param para tomar os seus remédios, depois voltam alegres e sorridentes. O avô é mais engraçado do que  avó, são muito amorosos com todos, são lindos.

Tem horas que eles estão dormindo, nestes momentos  no pátio da casa formam-se  várias rodas de conversas, mulheres com mulheres, homens com homens,   moças com rapazes e crianças com crianças, a algazarra é feita por todos, mesmo porque na casa dos avós paternos todos para eles são crianças, todos, até mesmo o Jojó e a Lála, que são bebês,  os  avós já as chamam de crianças, porém são bebês.

Zezinho falou que existe uma grande diferença nestes passeios, na casa dos avós maternos, ele é o rei,  na casa dos avós paternos  o rei é o seu avô e a sua avó é a  rainha. Todos brincam com eles, dos mais velhos aos mais novos, uns lhes chamam de mamãe e papai, outros de vovô e vovó, outros de tio e tia e os menores os chamam de minha bisa e do meu bisa, Jojó e Lála ainda não  sabem falar. 

O menino falou na sua escola, que tem pena das crianças que não tem avós ou que não os visitam, diz que para certas coisas os avós são melhores do que os  pais, muitas vezes reclamam dos seus pais quando estes brigam ou não dão tudo que  ele pede. Sempre repete que coisa boa é ter avós, principalmente iguais aos seus.

Zezinho é uma  criança feliz,  possui  uma divertida e equilibrada família, todos se gostam e se respeitam. Relata que é  uma verdadeira criança, vive todos os momentos da vida com descontração e cada dia aprende com todos da família,    os seus verdadeiros amigos. Afirma também que conta   com a amizade dos colegas da escola e dos seus professores. Diz Zezinho que todos juntos, familias e escola, constituem uma grande família, são assim os domingos de sua família..

                                                Iderval Reginaldo Tenório

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Zezinho , o Rei Leão e a liberdade.

 

FÁCIES DE BOBOS E DE SUBSERVIÊNCIA.

ÓRGÃOS DA REPRODUÇÃO E DA EVACUAÇÃO EMBUTIDOS. 

ORELHAS BAIXAS .

Leão ataca menina de quatro anos durante espetáculo de circo - Mundo -  Correio da Manhã

Leão resgatado em circo no Mato Grosso do Sul vai para o santuário em SP -  Jornal O Globo 

FÁCIE DE TRISTEZA E DE INDIFERENÇA

Blog do Gabriel Binho : OS 3 LEÕESFÁCIES ALTIVAS, FÁCIES DE LIBERDADE.

 

Zezinho , o Rei Leão e a liberdade.

Zezinho foi ao circo com o seu pai, ao final  do espetáculo queria  saber como viviam os animais que encantaram a plateia, principalmente o leão, pois o achou manso, educado e muito obediente.

O pai  conseguiu  realizar o pedido da criança.  Enquanto conversava com os artistas, o menino foi com o cuidador  à jaula do Leão, o  funcionário ficou à certa distância,  porém atento  e vigilante   .

Ao chegar perto do Leão, Zezinho  puxou uma prosa com o felino,  desconfiado e com medo  deu boa tarde ,     o leão que  se encontrava deitado,   indiferente  permaneceu, imóvel e  calado    ,  de  soslaio vagarosamente  abriu os olhos.

O menino insistiu, o leão levantou-se e foi até o gradil da jaula,  por defesa Zezinho se afastou, uma vez que o animal é irracional, selvagem, carnívoro  e feroz, tinha um  odor ocre, um odor muito forte.

O piso da jaula era sujo, molhado, alguns fragmentos  de carne  ,  dejetos fecais   e urina nos  cantos,   de perto o leão  não era tão bonito, alegre e pomposo  como aquele   que se apresentava no circo,  existia algo a se decifrar naquelas duas vidas apesar de ser o mesmo animal, moscas preenchiam a dantesca gaiola .

Zezinho tentou mais uma vez conversar com o Rei dos animais, com a voz mansa insistiu:

“Boa tarde Leão, boa tarde, como vai você?, Eu sou Zezinho,  moro nesta cidade, tenho 06 anos de idade  e já estou na Escola, e o amigo como vai ?”

O Leão meio triste, envergonhado e com a voz baixa respondeu, não poderia ficar em silêncio diante da preocupação de uma criança.

“Vou escapando meu amiguinho, sobrevivendo dentro desta pequena jaula coberta por zinco. A água é pouca, a comida só em dias de espetáculo, geralmente restos comprados nos péssimos matadouros da região, a vida aqui é sofrida,  triste, repleta de saudades e solidão.

O menino queria saber mais e descontraído fez outra pergunta. 

“E por que o amigo fez tudo que o domador mandou fazer com tanta alegria, calado, obediente e sem contestar? Foi para receber aplausos  ou para se mostrar?”

“Que alegria que nada meu querido amiguinho,  que aplausos, que se mostrar que  nada, fiz e farei para não ser castigado e nem morrer de fome, ainda sonho com a minha liberdade.  O  domador é mau. Usa uma haste de ferro pontiaguda e um chicote   com  aros de ferro no final, é uma humilhação, encaro como um castigo sem merecê-lo, o ferro fere e o chicote corta, o homem não tem piedade, não tem coração”

O menino  insistente e curioso  continuou as suas perguntas.

“Meu amigo Leão, você trabalha neste circo há quanto tempo e como arrumou este emprego?

“Isto não é trabalho, não é emprego, é escravidão , mataram a minha mãe  e me pegaram com um ano de idade, tiraram  a minha honra, apararam as minhas presas , cortaram as minhas garras e eliminaram a minha masculinidade,  veja que a minha juba não cresce, é pequena, falha e sem a coloração escura,  é a falta da masculinidade que faz isto, depois de capturado me jogaram numa jaula e fui educado  no chicote, só como e bebo se obedecer, para não morrer de fome  fico sob o julgo dos homens, é muita maldade. Fui retirado de minha casa, roubado da minha família, do meu reduto e hoje vivo em terras estranhas, na haste e no chicote, dizem os homens que este é o  modelo de ensino para domar  animais ,  só no castigo.”

Zezinho já indignado e totalmente solidário continuou as indagações : 

“Qual a sua idade,   o seu nome e o que pensa  destes fatos?”

“Tenho 09 anos de idade e 08 de sofrimentos, moro nesta suja jaula, não como direito, não tenho espaço e não posso me exercitar, por isso não tenho músculos, reflexo, equilíbrio e nem destreza, vivo na solidão, neste marasmo e sedentarismo.” 

Olha para a criança, levanta a cabeça, abre a boca, balança a calda, mira  os olhos do Zezinho e continua:

“Sei que se estivesse na selva teria que lutar pelo pão de cada dia, teria que disputar uma parceira  para ter os meus filhos, teria que ter forças ,  ser forte, musculoso, com grandes garras , grandes presas , volumosa e preta  juba,  reflexos aguçados e valente para defender a minha família,  assim  teria   descendentes para continuar a minha linhagem,  viveria com liberdade por 14 anos  e depois morreria feliz, pois é a liberdade o maior patrimônio que um animal possui”.  

O leão deu uma pausa   , ficou  pensativo, fez uma viagem ao passado e falou.

 “Faria o mesmo caminho que o meu pai trilhou,  ele era grande, bonito , tinha robustas patas,   presas pontiagudas , cortantes garras, uma juba grande e preta,  sadio, respeitado, valente e muito feliz”. 

Mais uma pausa, engoliu  as lágrimas e continuou o seu relato a lamentar a vida.

“Eu vivenciei tudo o que aconteceu no dia que me pegaram, só em  lembrar as lágrimas vêm aos olhos, depois de eliminarem os meus pais , fui sequestrado por   homens armados , depois  vendido ao dono deste circo. Não tenho nome, família, amigos e nem documentos, para o mundo eu não existo, só não perdi ainda foi a esperança, um dia ganharei a liberdade, ainda serei livre e solto, livre e liberto,   como eram livres e libertas as minhas tias , a minha mãe e o meu pai ,  todos exímios  caçadores , grandes  guerreiros”.

O menino retrucou querendo amenizar a sofrida vida daquele gigante enfraquecido. 

“Leão, aqui você tem comida, água,  casa , vive na cidade, todos os dias recebe aplausos.  Pode viver,  segundo os estudiosos do assunto,   até os 32 anos de idade, isto é equivale a  18 ou 20 anos a mais do que os 14 anos na floresta, não precisa lutar pelo pão, não precisa brigar com outros leões , nem precisa caçar as suas presas e vive na sombra”.

“Amiguinho, você não sabe o que é perder a liberdade, você não sabe o que é viver sem espaço, fora do seu reduto e nas terras dos outros, aqui é uma escravidão, melhor viver  10 anos  na selva lutando, brigando e a se defender  do que 80 ou 100 anos nesta gaiola como escravo forasteiro  . Isto não é vida, isto é  uma vergonha, não existe vida sem liberdade, nenhum ser vivo deveria viver em cativeiro, nenhum ser vivo deveria perder a capacidade de lutar pelo pão de cada dia  mesmo com muito sacrifício .   Lutar e  conquistar o seu espaço,  buscar e manter a sua liberdade,   saber ganhar e perder , se indignar com as  atrocidades dos homens  são  as essências da vida, estes são  os  significados da vida  meu amiguinho, saiba e nunca esqueça que  só existe vida se existir liberdade, o contrário é escravidão, lute  com garra e nunca perca a esperança, lute pela dignidade”.

O menino, com os olhos cheios  d'água,  com  muita vontade de estudar e de  entender detalhadamente os fatos, se despediu do triste leão .    

Saiu convicto que deveria  criar uma instituição  que desse um basta nesta situação e pudesse defender os animais e os homens de uma maneira em geral, mobilizou a sociedade e em  menos de 05 anos conseguiu o apoio dos pais, dos  colegas,  das escolas, da população , dos  defensores dos animais e das autoridades,  ao completar 16 anos de idade o Zezinho sensibilizou o congresso nacional e conseguiu aprovar uma lei proibindo o aprisionamento, a exploração e o sequestro de qualquer animal, como também   a retirada do seu ambiente natural, primordialmente os selvagens .

O ativismo do menino  abriu os olhos da população, mostrando que  a vida é um presente do Criador e todos têm o direito de usufruí-la em seus habitats em plena liberdade, uma vez  que,  é a liberdade o maior patrimônio de um ser vivo.

Zezinho  tornou-se, mesmo sem ser um adulto, um dos maiores amigos dos animais e da humanidade, mostrando que ser criança não é  sinal de falta de responsabilidade e que não possui boas ideias, ledo  engano por parte dos mais velhos, pois as crianças têm muito a ensinar aos mais velhos, aos professores e aos gestores de uma nação.  

Passou a ministrar  palestras  no seu país , depois em todo o mundo, a ser referência e orgulho para a humanidade. Aprofundou os estudos  nas ciências biológicas e etnológicas, na veterinária, na sociologia e na neurociência, hoje é um dos ícones na luta contra qualquer tipo de exploração do homem contra o próprio homem ,  do homem para com os animais  e  de todos contra o meio ambiente, segundo o menino, hoje o Dr. Zezinho,  a destruição do ecossistema é o maior crime do homem contra a humanidade.

Iderval ReginaldoTenório 

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