terça-feira, 30 de março de 2021

HISTÓRIAS DA CHAPADA DO ARARIPE. DONA DUZINHA I

 

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HISTÓRIAS  DA CHAPADA DO ARARIPE.
DONA DUZINHA 
I
          Dezembro de 1954, o país em frangalhos, o mais popular de todos os presidentes, o Getúlio Vargas,    cometera suicídio no mês de agosto.  A elite atropelava a nação com os seus caprichos. Em todos os recantos grassavam as doenças, a fome, o crime organizado e o abandono dos pobres.

          Sofriam os Estados  dependentes, aqueles que não possuíam infra estruturas, os  mais distantes da capital , o Rio de Janeiro. A malária, a febre amarela, a dengue , outras mazelas virais e bacterianas    matavam nos rincões do  norte,  nordeste , Brasil central e nas zonas rurais de  São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas, Paraná e Rio de Janeiro, mesmo sendo  Estados ricos.

II
          ZéManoel,  um pequeno produtor rural, morava no topo da serra do Araripe,  divisa do Ceará com Pernambuco, hoje patrimônio Nacional.  Orientado pelo Padre Cícero   vivia da lavoura do feijão ,  fava e  milho, da batata doce,   da  mandioca, da criação do  bovino pé duro , do porco, do bode, do carneiro, do cavalo e do jumento, vivia da galinha dangola , carijó e do peru, era um trabalhador incansável, inteligente e muito diligente.  Num raio de quarenta  quilômetros  era quem comandava e ao mesmo tempo o intermediário daquele povo com os centros urbanos .

          Pioneiro em quase tudo, do motor a gasolina para a produção da farinha , modernizando os aviamentos,  ao primeiro  caminhão.  O primeiro carro de passeio,  bicicletas e o primeiro   rádio daquele sertão.  Foi mestre na construção de estradas  ,  era quem abastecia a região de gasolina e querosene , foi  o responsável por introduzir os utensílios domésticos e tudo que se consumia na região. 
 
            Incentivou as famílias  a comprarem casas no Exu, Poço Verde, Bodocó, Ouricuri, Araripe, Crato Juazeiro do Norte, Caruaru e Petrolina com a finalidade de colorar os jovens na Escola, aqueles que não tinham condições recebiam   a sua ajuda,  muitos foram beneficiados.

           Era um incansável visionário e futurista, dizia que só a educação poderia salvar os mais pobres e assim se pronunciava para todos os habitantes da Chapada do Araripe com muita ênfase. 
 
“No  futuro a força muscular não terá mais valor, quem vai comandar  é o cérebro.  As maiores ferramentas  serão os lápis, as canetas, os  livros e os    cadernos.  Pegar peso, carregar sacos, tijolos, lenhas, areias, arar a terra , inclusive plantar e colher  serão tarefas para as máquinas . O cérebro será o senhor todo poderoso para a humanidade, quem quiser viver bem e melhor terá que estudar, o mundo está mudando”
ZéManoel .
 
          Instituiu e aplicou a reforma agrária  , antecipando os poderes públicos.  Doou terras aos mais próximos e aos seus melhores trabalhadores, nunca negou o fornecimento da maior dádiva da natureza, a  água potável dos seus barreiros e reservas.  
 
         ZéManoel  um baluarte  deste sofrido Brasil.  Só quem com ele conviveu sabe das suas ações, muitos foram os seus legados, o principal,  o gosto contumaz pela educação dos habitantes da serra do Araripe.

III
          Era 1954,  a malária grassava no Estado do Maranhão, o ZéManoel recebera uma inusitada carta :

“ Compadre Zé, acuda nós, a doença aqui está matando os homens, morre gente como morre passarinho,  ajuda nós, se não nós vamos morrer de fome ou de malária, o governo não sabe o que fazer, não existe ricurso, não tem escola, agasalhos  e falta o pão, falta a dignidade , só existe fome e sofrimento” 
                                                                     assinado

 Maria Duzinha.

        Maria Duzinha era casada com o irmão mais velho da esposa do ZéManoel, o sr.  Ginaldo, homem probo, trabalhador e um dos mais respeitados da região. Nos idos dos anos 40, no pós seca de 1937,  deixou a sua região nas Alagoas, Palmeiras dos Índios, e foi escapar no Maranhão.  Levou seis filhos e lá nasceram mais cinco, com a morte do Getúlio e a crise no  país vinheram   as dificuldades, a  Maria  Duzinha pediu socorro ao cunhado que não arredara das orientações do Patriarca do Juazeiro do Norte , o Padre Cícero Romão Batista. 

          O ZéManoel  não perdeu tempo , foi diligente.  Comprou mais um pedaço de serra , pura mata,  levantou casa , construiu  barreiro, chiqueiros, comprou   alguns porcos,  cabras de leite,  dois ou três jegues de carga, plantou roças de feijão, milho, favas , andu e mandiocas,  pegou o seu caminhão Chevrolet  e mandou buscar a família da comadre Duzinha, doou a terra com as suas benfeitorias e todos os parentes ganharam os melhores primos do mundo, a região foi florificada.

          A Serra do Araripe  ganhou a sua amazonas, a sua casa passou a ser o ponto de encontro dominical para todos da familia  . Durante muitos anos  Dona Duzinha passou a ser a mais enérgica mulher da Chapada , num raio de quarenta  quilômetros foi a maior e mais importante  amansadeira de burros e cavalos bravos   .  Apesar de ser os seus filhos exímios amansadores , era a matriarca a preferida, principalmente  quando os animais eram encomendados  para transportarem mulheres, crianças e noivas nos dias de casamentos.  Diziam os contratantes que os animais que Dona Duzinha amansava eram mais obedientes, mansos, conheciam o aveludamento das vozes e os agudos estrogênicos, eram  delicados , respeitavam as mulheres , as crianças e as noivas.

         Dona Duzinha era dura e exigente , porém delicada, mansa, compreensiva e respeitada, era uma dama , era a mais temida mulher da redondeza,  em pouco tempo assumira as rédeas da casa,  o seu esposo falecera logo  ao chegar do Maranhão  .
 
IV
          ZéManoel ,  a sua esposa  e   Maria Duzinha fazem parte da vida de todos os serranos.  Bucho cheio , respeito coletivo e o incentivo à educação eram os alicerces para vencer as agruras da vida, sem se esquecer  das enxadas, dos enxadecos,  dos cavadores, das foices, das roçadeiras , dos facões , dos machados, dos pés de cabras na estica do arame , das cangalhas , dos caçuás, das ancoretas  e dos cambitos na lida diária no transporte da mandioca, da farinha, da água  e da lenha .

           A união  familiar do ZéManoel e  de sua esposa   com a   Maria Duzinha, a amazonas da Serra do Araripe,   fizeram a diferença,  constituindo o maior laço familiar  de toda  a Chapada. A luta foi árdua , dura  e desgastante, porém, profícua, valeu a pena e como valeu.
í
 
Iderval Reginaldo Tenório


MEU ARARIPE
-DE JOÃO SILVA COM LUIZ GONZAGA , 1968-

Luiz Gonzaga - Meu Araripe - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=mVFAJWJFTi0
24 de fev de 2016 - Vídeo enviado por Geylsson Ylsson
Música do CD: Luiz Gonzaga – 50 Anos de Chão. ... Luiz Gonzaga - Meu Araripe. Geylsson Ylsson ...

Meu Araripe - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=TrXCDamaYD4
18 de mar de 2012 - Vídeo enviado por apfrezende G
Música Me

segunda-feira, 29 de março de 2021

Lucho contra tres gigantes : El miedo, la injusticia, la ignorancia.

                                                                                                            Pin de José Luiz de Melo Moraes Melo em Jl | Organizações internacionais,  Sábias palavras, Dizer não

                           Lucho contra tres gigantes :

                 El miedo, la injusticia, la ignorancia.

                    Miguel de Cervantes Saavedra

 

Miguel de Cervantes Saavedra nasceu na Espanha, no dia 29 de setembro de 1547, provavelmente em Alcalá de Henares, embora outras cidades tenham entrado em discussão por esse reconhecimento. Seus pais eram Rodrigo e Leonor de Cortinas, que além de Miguel, tiveram mais seis filhos. Em 1563 a família mudou-se para Sevilha, onde Miguel iniciou seus estudos em gramática e latim, aprendendo com os padres jesuítas.

No ano de 1571 lutou na batalha naval de Lepanto, servindo o exército do rei espanhol Filipe II. Ferido, acabou perdendo os movimentos de sua mão esquerda.

 

A TATU BOLA, A SUA PROLE E O CACHORRO LEÃO. .O HOMEM , OS BICHOS E O MEIO AMBIENTE .

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A TATU BOLA, A SUA PROLE E O CACHORRO LEÃO.


.O HOMEM , OS BICHOS E O MEIO AMBIENTE .


Fim de tarde, o cachorro leão
aos latidos saiu em disparada  , as glândulas olfativas acusaram tatus no seu reduto, foi atiçado o espírito de predador.

O Sertanejo de bornal a tiracolo, facão na cintura e cordas nos ombros seguiu os rastros do animal, o cão estava acuado com alguma caça.

Ao chegar ao um descampado o cão encontrou  a confabular três filhotes de tatus , um corria para um lado, pulava para o outro, ficava com os cascos no chão e as pernas para cima , estava a bailar, outro com o seu  focinho  amarelo cutucava a sua barriga , o terceiro grunhindo em alto e melódico som jogava-se por cima dos outros a gargalhar.

Da boca da toca surgiu uma velha e cuidadosa tatu,  maternalmente vigiava os seus rebentos e observava atentamente o cachorro leão.

Os filhotes eram semelhantes em tudo, no tamanho, na cor, no porte e com as mesmas características, eram do mesmo sexo, três fêmeas da mesma ninhada com quatro meses de idade.

O cão de longe a observar, pensou em capturá-los e ficou a matutar, de repente  a mãe Tatu fincou o focinho entre as suas pernas por debaixo da amarela e peluda barriga ,  como uma bola cascuda rolou até as duas patas dianteiras do cachorro leão, os três filhotes de olhos arregalados pararam diante da inebriante cena.  Ficaram petrificados com o choque, não conheciam o bicho cachorro e nunca tinham visto a mãe se transformar numa bola.

O cão ficou assustado com a atitude guerreira da matriarca, cheirou o seu casco , a tocou com a ponta do frio nariz e a lambeu com a sua molhada língua.

A corajosa  tatu desfez a defensiva bola, ficou sentada cara a cara, olho com olho com o cachorro leão a desafiá-lo ou a se oferecer em troca das vidas dos seus inocentes filhotes, estava decidida ao enfrentamento pelos filhos.

O predador em respeito levantou a cabeça, observou os três tatus mirins, olhou mais uma vez para a matriarca e vagarosamente foi até a boca da toca de onde saíra a velha matriz , medindo um raio de cem metros ao seu redor , o cachorro leão num movimento lento e preciso urinou compassado e metricamente em mais de 08 pontos demarcando em círculo o seu reduto, depois deixou o local após se despedir daquela família de tatus.

De volta à fazenda encontrou o seu esbaforido dono, os dois voltaram pelo mesmo caminho, foi dada a caçada como perdida.

Por mais de 01ano o velho cão visitava periodicamente aquela bela família, fazia os mesmos movimentos, urinava nos mesmos locais a renovar o seu reduto.

Os outros cachorros que chegavam naquela região, logo que sentiam o cheiro da ureia e dos hormônios ao redor da toca davam meia volta e diziam: "aqui não!, deu xabú, este é reduto do compadre leão".

Aquela família de tatus com o passar do tempo e livre das garras dos predadores, principalmente do bicho homem, progrediu e procriou, deixando de ser uma das raças ameaçadas de extinção.

O respeitoso cachorro, a exemplar e corajosa mãe, os inocentes filhotes e a sábia natureza ascenderam a esperança de um mundo melhor para todos.

Predominou o instinto animal que sempre preza pela preservação do ecossistema e a perpetuação das espécies, enquanto o homem conspira pela destruição indiscriminada da mãe natureza.  Sabe os animais que a sobrevivência das espécies e o meio ambiente são irmãos siameses, são componentes importantes do mesmo ecossistema, um não existirá sem o outro, só o homem se esqueceu deste milenar e indispensável conceito.

O mundo precisa mudar o instinto de destruição dos racionais, tudo com o intuito de acumular coisas que continuarão na mesma terra.

O maior patrimônio do homem é a vida, o segundo a vida com saúde e depois o respeito aos reinos animal, vegetal e  mineral preservando o ecossistema .

Viva e respeite a mãe natureza, ao agredi-la o saldo será a eliminação de milhares de vidas.

A mãe natureza é imortal, vive em eterna metamorfose , perecem as civilizações ,  continuará com o seu alto puder de recuperação e muito viva.

A terra ainda terá cinco bilhões de anos para  ser englobada pelo sol, ainda virão milhões de civilizações, os homens são um nada diante da sua grandeza.

Salve o Cachorro Leão, a Tatu mãe , o instinto de sobrevivência e a natureza  que não deixaram o homem se aproximar daquela família, o resultado seria fatidicamente outro.

O homem é realmente um animal racional, primeiro eu, depois eu, por ultimo eu e nas cinzas o jeitinho racional, mais uma vez eu.

O Mundo é de todos e viver em harmonia é o seu lema, só o homem é infrator destes ditames.

Iderval ReginaldoTenório

 

SOBRE O TATU

Tatu-bola

Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Cingulata
Família: Dasypodidae
Espécie: Tolypeutes tricinctus, (Linnaeus, 1758)

O tatu-bola, também conhecido como tatu-apara, bola, bolinha, tranquinha ou tatu-bola-do-nordeste, é a menor e menos conhecida espécie de tatu do Brasil. De todas as espécies de tatu do país, é a única endêmica (que ocorre só nesse local).

Possui distribuição geográfica muito restrita, ocorrendo somente na Caatinga e no Cerrado. A espécie já foi registrada em 12 estados brasileiros diferentes - Bahia, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Piauí, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Esse animal, de aproximadamente 50 cm e 1,2 kg, apresenta como uma das principais características a capacidade de se fechar na forma de uma bola ao se sentir ameaçado, o que protege as partes moles de seu corpo contra o ataque de predadores. Essa capacidade foi o que deu origem ao seu nome popular. Distingue-se também pela presença de cinco unhas nas patas anteriores, principal diferença entre Tolypeutes tricinctus e a outra espécie do mesmo gênero, a T. matacus.

Durante o período de acasalamento, uma mesma fêmea é vista acompanhada por mais de um macho. As fêmeas geram um ou, menos frequentemente, dois filhotes por ninhada, que nascem completamente formados.

O tatu-bola possui hábitos noturnos e se alimenta principalmente de formigas e cupins, consumindo também grande quantidade de areia, cascas e raízes junto ao alimento. O tatu-bola não escava buraco e utiliza como esconderijo tocas abandonadas. Por utilizar como principal estratégia de defesa a fuga em busca de tocas abandonadas e o enrolamento sobre si, torna-se mais vulnerável ao ataque de predadores e à caça humana.

Atualmente, a espécie é considerada como Ameaçada pela Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, do Ministério do Meio Ambiente, estando Criticamente Ameaçada no estado de Minas Gerais e Vulnerável no Pará. Está enquadrada como Vulnerável pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (2007) e pelo Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção, da Biodiversitas (2008). Corre alto risco de extinção em médio prazo.

A perda e a fragmentação do habitat, além da caça, são as principais ameaças à espécie. Suas populações foram extensamente dizimadas no passado, principalmente devido à caça humana de subsistência.

Com a intenção de divulgar informações sobre a espécie e chamar a atenção da população e dos governantes para a necessidade de conservar a espécie e a Caatinga, a organização não governamental Associação da Caatinga lançou, em 2011, uma campanha para que ela se tornasse mascote da Copa do Mundo de 2014. A campanha atingiu o seu objetivo e o tatu-bola foi eleito como mascote em 2012, ganhando o nome de Fuleco, que significa a junção das palavras futebol e ecologia.

Associação da Caatinga 

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