domingo, 29 de setembro de 2019

O Incêndio de 1964 Relato do menino Zezinho

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O Incêndio de 1964
Relato do menino Zezinho

A caatinga ardia em chamas, seu Zé  , desesperadamente,  ajudado por mais de cem homens roçava as ressecadas moitas  de jiquiris,  de  canafistas e os troncos de fumo  bravo, no outro lado da velha estrada, construída pelo grande líder  com recursos próprios, dona Tonha,  como uma guerreira,  rodeada por mais 30 mulheres e 20 rapazolas  limpava o aceiro contra lateral ao fumegante fogo, retirava os garranchos, os gravetos e os capins desidratados , uma vez que  a caatinga seca  tem a mesma combustão da bucha ensopada com gasolina, com  Álcool e com  querosene, quase semelhante a queima da pólvora. 

As últimas chuvas datavam de um ano atrás, os barreiros secos, os animais esquálidos e as asas brancas a procurarem outras plagas, apenas os pássaros mais resistentes voavam contracenando com as miragens que vibravam tangenciando o duro, vermelho e esturricante solo  serrano. 

O verde da vegetação rasteira  encontrava-se cinza, o sol queimava a pele, a cabeça, o coração, a mente e a alma dos fortes homens autóctones, era mais um período de seca, mais um ano sem água, mais um ano  de fome e de sofrimento.

Os anuns, os calangos, os preás, os carcarás, os gaviões e as cascavéis rodeavam as ilhas ensombreadas  pelos umbuzeiros, dos mandacarus e dos cajueiros que  resistiam à baixa umidade do tempo . Os seres vivos xerófilos  iam às pequenas ilhas verdes à  procura e em busca  de uma presa, de um naco para matar a fome.

As rajadas de ventos quentes, muitas vezes em redemoinhos, levavam de eito tudo que encontravam pela frente penas, ciscos,  folhas, ninhos de pássaros, argilas e estercos secos.

Num visível processo de desertificação  as lufadas do mormaço invadiam a descampada floresta e consumiam sem piedade os últimos lampejos de vida os pássaros,  os insetos rasteiros e os alados , os repteis, a vegetação xerófila , os cabeças de frades, os rabos de raposas e os mandacarus mirins  transformando a caatinga num acinzentado transparente, expondo ao sol  até a resistente alma dos reinos animal, vegetal mineral e hominal daquele ecossistema .

O céu azul de brigadeiro, sem nenhuma nuvem, propiciava a visibilidade do mais longínquo infinito, o astro rei do sistema solar como se estivesse a metros, com as suas cortantes línguas em labaredas a consumir a ressecada carcaça vazia da velha Serra do Araripe. 

Zezinho viu, viveu e apagou fogo, o menino sobreviveu, a sua mente de criança gravou aquela inesquecível e dantesca cena, o fogaréu vermelho , os estalos dos gravetos finos e secos em chamas, as faiscantes fuligens carregadas pelos ventos, os homens com molambos molhados nos rostos a proteger as narinas, mulheres com panos e vassouras de galhos secos a varrerem as margens, adolescentes correndo em desesperos  aos gritos de guerras e o Zezinho no meio deste furdunço, foi mais um fato vivido e registrado na sua existência pueril, foi mais uma lição da natureza e a certeza que o homem do campo, o homem do nordeste é forte , resistente e merece respeito.

O menino Zezinho cresceu, lutou, estudou  e envelheceu, porém, jamais deixou que a criança agreste que existe dentro de si sucumbisse, desaparecesse, entendeu que os segredos da vida só sabe  quem viveu, quem presenciou e sentiu. 

 Zezinho fez e faz parte deste tenebroso  universo, ele viu, viveu e sobreviveu, o Zezinho é um sobrevivente, como disse o Euclides da Cunha , é antes de tudo, um forte.

Iderval Reginaldo Tenório


Zé Ramalho - Último Pau de Arara - YouTube

www.youtube.com/watch?v=2Cau_bWVBzg
13 de fev de 2015 - Vídeo enviado por ZeRamalhoVEVO
Music video by Zé Ramalho performing Último Pau de Arara. (C) 2005 Sony Music Entertainment Brasil ...

Último pau-de-arara - Gilberto Gil - YouTube

www.youtube.com/watch?v=5-uanIwEbPI

5 de jul de 2011 - Vídeo enviado por Gilberto Gil
Na minha opinião, quando vemos o passado nós vemos tudo calmo tirando o fato que antigamente era ...

O último pau de arara - YouTube

www.youtube.com/watch?v=gzlseJcIm7U
11 de out de 2009 - Vídeo enviado por turmageo177
... que te faz olar somente pro seu umbigo. Fique ai. Cancoes como Ultimo Pau de Arara incomodam ...

Último Pau-de-Arara - YouTube

www.youtube.com/watch?v=lqmzocMiBb4
17 de mar de 2012 - Vídeo enviado por apfrezende G
Música Último Pau-de-Arara com Luiz Gonzaga. ... Music. "Último Pau De Arara/Maria Joana" by ...

FAGNER - O ÚLTIMO PAU DE ARARA - YouTube

www.youtube.com/watch?v=NRvhdZtVxbc
3 de out de 2010 - Vídeo enviado por N2010R
A vida aqui só é ruim Quando não chove no chão Mas se chover dá de tudo Fartura tem de montão Tomara ...

Fagner - Último Pau de Arara - YouTube

www.youtube.com/watch?v=o2GK8gWzGoA
17 de dez de 2012 - Vídeo enviado por Rose Moraes
A vida aqui só é ruim, quando não chove no chão, Mas se chover dá de tudo, fartura tem de porção, Tomara ..

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quinta-feira, 26 de setembro de 2019

ZÉ PIANCÓ ZÉ PIANCÓ -UM RACIONAL

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ZÉ PIANCÓ 
ZÉ PIANCÓ -UM   RACIONAL 

          Zé Piancó nascera sem coração, vivera apenas por viver, a sua sina era trabalhar, labutar, brigar, cansar o corpo moído. Da boca para o bucho e desta para o mundo para alimentar outras bocas, o Piancó nascera  para ser bicho, para quebrar  ossos e queimar o mundo , para maltratar a  terra sem ferir a natureza, era um selvagem, um bruto, era um animal.

          O coração seco, a vida dura , tão dura como o normal é o morrer, o Piancó não era pouco esforço, era exagero, era o sol ardente sem piedade a sapecar as costas da terra, era a poeira, a ventania, o redemoinho a destronar os invasores, o tronco grosso que resiste e o graveto inflamável das   capoeiras  .

          O Zé era pau de bater em bicho, corda de amarrar doido, era o amargo do jiló, às vezes  o doce da cana caiana, o mormaço da evaporação e do calor, o assobio da cobra, o Zé era a  trama, o trauma  e a lama. O sujeito era duro, era escuro como as noites de trevas, era o miolo da dura madeira, era o fundo lá dos fundos dos profundos mares, o cabra era a fronde da moita, era o oco do pau, era o manto do monte, era o centro da terra, era o ferro do núcleo. Era pedra, gás, água, era o incandescente, Piancó era tudo e ao mesmo tempo não era nada.

         O Zé era o Zé e nada mais, nascera sem pai, sem mãe, sem nada, sem beira e talvez sem eira, o Piancó nascera sozinho, sem rumo, sem prumo e vivera na solidão, na defesa da vida e na defesa do pão. O Zé da Silva Piancó era um piancó e nada mais, apenas um piancó, um Corema, um Cariri. 
           O Zé era um CARIRI, um Corema, um animal, era apenas um sinciente.

          Iderval Reginaldo Tenório


Este texto faz parte de uma coletânea de minha autoria escrita na minha fase de descoberta do Nordeste. Evolui na escala da idade e  dos conhecimentos, ao ler me encontrei com este belo personagem e fiz questão de passar ao conhecimento dos meus amigos.

Muitos de nós não passamos de um PIANCÓ.

 Boa Leitura
  1. Luiz Gonzaga e Benito di Paula - Viva meu padim (João Silva, Luiz Gonzaga) - YouTube

  2. www.youtube.com/watch?v=nBgyB6Jb2_Y
  3. 21/05/2011 - Vídeo enviado por vitrolanoberro
  4. Luiz Gonzaga - Disco "Forró de cabo a rabo" (1986) "Viva meu padim". Participação: Benito di Paula.








    1. Juazeiro do Norte - Luiz Gonzaga - Viva meu padim com incerts - YouTube

    2. www.youtube.com/watch?v=Xri-xELA-Pg
    3. 14/10/2012 - Vídeo enviado por Júlio Popó
    4. Minha homenagem a colina do Horto em Juazeiro do Norte, um lugar que desde a primeira vez em que ...






    1. 08- Viva meu padim - Luiz Gonzaga - Forró de cabo a rabo - YouTube

  • quarta-feira, 25 de setembro de 2019

    FOI UM BRASILEIRO QUE INVENTOU A MÁQUINA DESCREVER O brasileiro que criou a máquina de escrever Padre Francisco João de Azevedo -Paraibano (João Pessoa, 4 de março de 1814 — João Pessoa, 26 de julho de 1880) foi um padre católico e inventor brasileiro.

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    FOI UM BRASILEIRO QUE INVENTOU A MÁQUINA DESCREVER

    O brasileiro que criou a máquina de escrever

    Padre Francisco João de Azevedo -Paraibano  

    (João Pessoa, 4 de março de 1814 — João Pessoa, 26 de julho de 1880) foi um padre católico e inventor brasileiro.

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    Por Amarílis Lage em 18/12/2012 na edição 725

    A Máquina de Madeira, de Miguel Sanches Neto, 248 pp., Editora Companhia das Letras, São Paulo, 2012; reproduzido do Valor Econômico, 17/12/2012; título original: “Livro mostra brasileiro que criou a máquina de escrever”, intertítulos do OI

    Em novembro de 1861, um padre paraibano viajou do Recife ao Rio de Janeiro para exibir na Exposição Nacional a sua invenção: uma máquina que permitia, pela primeira vez, a escrita mecânica.

     O aparelho foi premiado: recebeu uma medalha de ouro com a efigie de Dom Pedro II. Ainda assim, não estava entre os objetos selecionados para representar o Brasil na Exposição Universal, em Londres. No barco, que zarpou em fevereiro do ano seguinte rumo à Europa, iam machados, enxadas e mais de 300 amostras de madeira. A comissão alegou falta de espaço para a máquina.
    Essa é a história que Miguel Sanches Neto conta em seu novo romance, A Máquina de Madeira. E ela é verídica. 

    Francisco João de Azevedo (1814-1880) apresentou ao imperador em 1861 a máquina taquigráfica – que registrava textos de forma abreviada, por meio de códigos. Há relatos de que ele aperfeiçoou essa invenção, criando a máquina de escrever alguns anos antes de a americana Remington, fabricante de armas, lançar o mesmo equipamento, em 1874.

    “Há controvérsia se o material de padre Azevedo teria sido roubado ou não”, conta Sanches Neto. Alguns defendem que um comerciante americano, em visita ao Brasil, teria levado a máquina para os Estados Unidos e a apresentado aos donos da Remington. Uma segunda hipótese é a de que ele não levou a máquina, mas informações sobre o funcionamento do aparelho. 

    Outros acham que foi uma coincidência. “Como romancista, optei pela versão de que a máquina fica com o padre, mas sua ideia é levada para os Estados Unidos”, diz o escritor, que deu início ao projeto em 2003, depois de ler uma notícia sobre o padre Azevedo.

    Em segundo plano
    Além de ficar curioso sobre o modo como a inovação é tratada no Brasil, Sanches Neto se viu atraído emocionalmente pela história. “Venho de uma família de trabalhadores braçais, a maioria analfabeta. O diploma de datilógrafo, que recebi aos 12 anos, foi o mais importante da minha vida, pois me habilitava a ser representante do mundo letrado”, diz o autor, que escreveu seus dois primeiros livros numa máquina de escrever. Pesava ainda a melancolia de ver a companheira ser trocada pelo computador. “Fiz um réquiem.”

    Foram anos de pesquisa, em busca de um material que se mostrou escasso. Paranaense, Sanches Neto viajou para Rio, João Pessoa, Olinda e Recife em busca de dados sobre o padre e sua invenção. “Peguei um hotel no Recife Antigo, e essa vivência, aliada aos textos que li, me iluminou muito. Havia uma imponência nos prédios que sobreviveram que mostravam a pujança na cidade no século 19. Recife era uma cidade de vanguarda. Acabei entendendo que o padre só poderia ter atuado lá, numa sociedade progressista. Mas quem dava o aval para a indústria estava no Rio.”

    A mensagem do livro é clara. “Uma invenção nunca era um projeto solitário, fazia parte de uma cadeia”, diz um trecho do livro. E, embora a história se passe no século 19, a questão permanece atual, diz Sanches Neto. “Somos muito mais voltados para a produção de matéria-prima do que para a invenção. A inovação continua em segundo plano no Brasil.”

    Homenagem a Manuel Bandeira
    A existência de uma cadeia produtiva também é necessária para as artes, afirma. “O sistema é fundamental. Ele permite que as pessoas continuem acreditando no que fazem. Convivi dez anos com esse romance e sempre me perguntava: Vale a pena? Esse livro vai ter mercado? Qual o sentido disso? É papel da sociedade manter a chama da criatividade acesa, ou futuras manifestações são inibidas.”

    Enquanto acompanha as oscilações de humor de padre Azevedo, ora confiante em seu invento, ora desanimado, Sanches Neto oferece vislumbres do Brasil no século 19. “Fugiu no dia 3 do corrente um escravo de nome Roque. Anda calçado, de relógio ou fita, somente fingindo”, diz uma das notícias – reais – que permeiam a primeira parte da narrativa, “Londres”. A segunda, “Nova York”, retoma a história do padre 11 anos após a viagem ao Rio.

    Uma ideia, da qual Sanches Neto abriu mão em prol da concisão do livro, era que houvesse uma terceira parte: “São Paulo”, ambientada nos anos 1920. Nela, mostraria a incorporação da máquina de escrever, industrializada fora do Brasil, no meio literário nacional, com foco no modernista Mário de Andrade.

     “Ele era entusiasmadíssimo com sua máquina, que chamava de Manuela, em homenagem a Manuel Bandeira”, conta. “Seria a ironia do livro: mostrar o momento em que deixamos de ser os produtores para nos tornarmos os animados consumidores dessa invenção.”