segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

CONTO - O VELHO CAVALO


  
    
   O VELHO CAVALO
                                        .
                                Foi no meado de 1915 no sertão do Ceará quando das chuvas, nem prenúncios.
                              
                               Relata minha avó , que nos sertões do Ceará havia um almocreve de meia idade, negociava nos cafundós e nos grotões da esturricada Serra do Araripe,  divisa do Ceará com o Estado de Pernambuco, para o ganho do pão de cada dia utilizava como meio de transporte uma parelha de animais, um belo eqüino e um musculoso muar.

                              Grandes eram as distancias a percorrer e belos os lugares visitados, o muar para as cargas , o eqüino para os passeios junto ao patrono, sempre nas festas, nos namoros, nas comemorações e nas grandes corridas, era com orgulho que o belo animal desfilava naqueles sertões, bem tratado, bem alimentado, bom capim, boa alfafa, excelente milho  e muitas vezes tortas de resíduos de caroços de algodão, era uma vida de rei, cheio de arreios e ornamentos, manta vermelha, sela nova, peitoral de couro com uma bela estrela de metal no centro, rédeas do puro couro curtido, alforjes do macio couro de carneiro, rabicho trançado  com fio de seda, boqueira do melhor metal, estribos de pura prata, polidos, encerados e bem conservados, vivia época de glórias, se orgulhava ,  quando nas paragens recebia preços e apreços, recebia avaliação, elogios  e jamais o seu dono pendia para negociação, era um animal orgulhoso  e  cheio de brios, na sua garupa as mais belas donzelas, as mais macias das nádegas, era  motivo de festas onde chegava com o seu baixo, com o seu galope, trotando, chispando ou com os seus admiráveis  passos sempre a esquipar demonstrando a sua bela marcha, qualidades estas , que lhe credenciavam a cruzar semanalmente com uma diferente e bela égua, com uma formosa e elegante asinina, todo faceiro, todo pabo. 

                             O muar, coitadinho, a subir ladeiras, a cortar caminhos, dois a três sacos na pesada cangalha encastoada no lombo, cabresto de cordas de croá, rabicho de agave e umas puídas viseiras laterais de couro cru, impedindo, tapando, obstruindo, abortando, escurecendo a visão lateral, pendurado no pescoço o seu crachá: um pesado chocalho bovino para a sua identificação, nos fins de semana , os sacos eram substituídos   por quatro cambitos  para o carregamento de lenhas e à noite por dois caçoas no transporte  de  frutas , garrafas ou feixes de canas caiana, muito apreciadas naquela redondeza, como pastagem ,  capim seco, algumas relvas nos arredores e monturos das casas, não sabia se vivia para comer e trabalhar ou só teria comida se trabalhasse.

                             Longas eram as conversas  entre os dois animais nos seus encontros, um peado nas duas patas direitas, as vezes triste a lamentar  , mas sempre conformado por lhes sobrar a vida e o trabalho ; o outro , solto pelos terreiros, falante, garboso, risonho; discutiam as suas vidas, as injustiças e quão ingrata era a vida para um deles, a diferença era exorbitante, era de fazer pena e foi assim durante muitos anos, foi assim, um sempre  sorrindo, a gargalhar; e o outro... o outro só Deus.

                             Como o tempo  é o pai, o aconselhador e o diluidor dos sofrimentos como a água é diluidor  universal e a esperança a mãe de todos os animais,  uma década se passou ,  os dois viventes sempre a dialogar, com a falta de chuvas foram escasseando as vendas, os compradores cotidianamente caindo, motivo mais do que suficiente para o almocreve diminuir os momentos de festas e de alegrias, primeiro se desfez dos belos arreios, diminuiu as compras de alimentos  especiais e necessitava  aumentar o volume das cargas para suprir as suas despesas azeitando a sua sobrevivência. O belo e orgulhoso eqüino passou a andar na vala comum lado a lado com o muar, a sela foi substituída por uma cangalha e  dois sacos, um de  cada  lado e  por ser um exímio esquipador o dono escanchado no meio, desta vez subindo e descendo ladeiras, pulando grotas, na  ida produtos da lavoura para a venda , na volta , especiarias para abastecer as bodegas da região: querosenes, peixes salgados, açúcar, café e outros mantimentos, com a idade desapareceram as belas éguas, as formosas asininas e os manjares nos terreiros dos esturricados sertões.

                               O muar continuou a sua batalha, agora como coadjuvante,  apenas como complemento de carga, quando o produto era pouco ficava a pastar, a perambular pelas capoeiras à procura de uma relva  mais hidratada pensando na sua atual e inútil vida, costas batidas, boca mucha, dentes amarelos, desgastados, bicheiras nos ombros, espinhaço pelado, cascos rachados, juntas calcificadas, perambulando caatinga adentro. E lá ia o velho eqüino, dois sacos, o dono escanchado no meio da cangalha, o filho na garupa, subia e descia os penhascos do Araripe, já não possuía belas boqueiras, o rabicho de cordas a cortar a borda anal, as cilhas de couro cru com suas grosseiras fivelas a lhes causar mossas na barriga caindo pelo vazio e a traumatizar os bagos aposentados, força era agora a sua maior virtude, força para não sofrer com as esporas que tangenciavam os órgãos genitais, muitas vezes ferindo-os quando desacertava os passos, a vida endureceu, e trouxe à memória os momentos vividos ao lado do amigo muar nos tempos das bonanzas, das vacas gordas, das grandes chuvas, das farturas e dos grandes bailes, olhava para os lados e não mais enxergava os pomares verdejantes do caminho, pois os tapa olhos laterais do muar agora se encontravam na sua cabeça, vedando os seus olhos, a visão agora era limitada, uma visão de subserviência, não mais participava dos acontecimentos, agora, apenas um animal de cargas, vivia puramente para comer e para o trabalho, não tinha direito a pensar, seguia a dura e pétrea regra, para viver só lhes restava a obediência sem contestação, seguia os puxavancos do puído e velho cabresto que dava duas voltas na focinheira,  cortando a pele entre os dois orifícios de sua moída  venta, vivenciava a mais espúria entidade criada pelo dominador, o mais baixo golpe sofrido por um ser vivo, obedecer sem contestar, simplesmente a mais velada forma de escravidão.

                             Os três entes aos poucos foram minguando, o muar sem trabalho foi sumindo, esquecido, menosprezado,esquálido e abandonado, até o dia em que foi  requisitado pelos  produtores de charque. O belo eqüino agora não mais belo, sem a força da juventude, com a estima em baixa,  caiu na desconfiança, calda imóvel a proteger o fim dos intestinos com compressões periódicas ao menor grito do seu condutor, olhos sempre para o chão, dentes puídos,  rentes  às gengivas, desgastados, musculatura minguada, pelos ásperos, relinchos abafados; sem força, sem brio e  sem pernas foi substituído por sangue novo, mergulhou na solidão, não mais requisitados ao trabalho  se embrenhou nos carrascos das matas que ainda existiam e nunca mais soube do seu paradeiro.

                           O dono caiu numa crise de desgraça, envelheceu sem os seus maiores amigos, engolido pelo bafo do progresso trazidos pelos bulidos dos motores de dois tempos nos velhos aviamentos e nos transportes  das poucas mercadorias, mergulhou no esquecimento, no solitarismo da vida, os dias ficaram mais longos, a falta de afazeres lhe consumiram os brios e de resto os deseducados  filhos, os sofridos netos e sobrinhos alimentando as grandes metrópoles com a sua prole , descendentes estes  utilizados na construção e desconstrução de uma nação que continua sem rumo, sem prumo e sem um paradeiro ou porto seguro para os que nela batalham e lutam.

Os três se foram, continua a condescendência e as condutas sem uma instituição sustentada, sem nenhuma criação institucional que traga garantias futuras para um povo sofrido,  que trabalha até os setenta e depois vaga pelos valados da vida, basta vê os liberais e autônomos de ontem, hoje  abandonados, como os de hoje os abandonados do futuro.  

Hoje na mesma serra do Araripe, nos mesmos grotões do Nordeste ainda vagam muitos Três Entes à espera do mesmo futuro.    

                        O Mundo gira e com ele a repetição, mostrando que na natureza nada se constrói, tudo se transforma, apenas o tempo como diluidor  universal é quem dita e conduz o destino de cada um, pedindo  que   viva a vida como o seu único patrimônio.

                         Iderval Reginaldo Tenório   2010

  1. Vaca Estrela e Boi Fubá - Fagner - YouTube

    www.youtube.com/watch?v=tvzzNyQhGow
    26 de fev de 2009 - Vídeo enviado por Angelo Santedicola
    Fadochico, musica maravilhosa da obra do grande patativa. Nasci aqui "nas terras do sul" mas sou ...

domingo, 8 de fevereiro de 2015

O Brasil e o golpe político


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O Brasil e o golpe político

Quando se fala no Poder Presidencial , a premissa : competir com candidato próprio ao Planalto da Alvorada é o primeiro ponto que se aborda, como também que se atribui a quem almeja as suas rédeas.
Sendo a hegemonia do poder o alvo principal, os partidos que se extremam, que expõem a cara à procura de ocupá-lo figuram como holofotes principais e atraem a atenção da população, os demais rondam em círculo à procura de um  naco,   no final da corrida ao se concluir o escrutínio ,  o grupo que  mais vidas conquistar assumirá o pódio, este é o modus operandi  de uma eleição democrática  numa nação independente .
Quando a democracia não é plena, autêntica, sólida ou madura e viciadamente tergiversa até nos seus mais simples pilares, o grupo vencedor ao assumir e para se manter no poder  tem que recompensar os seus apoiadores,  leiloa  o governo e  entrega os postos oficiais  fatia por fatia  a grupos aliados em busca da governabilidade, tal atitude torna o eixo principal vulnerável e refém dos apoiadores de campanha,  os contemplados na sua grande maioria são oportunistas ortodoxos e  velhas raposas em busca do galinheiro , o governo aplica a política do toma lá dá cá chancelando os malfadados e  maléficos conchavos políticos, tudo pelo poder, tais medidas geram  um governo frankisteniano com muitos pais.
No Brasil o governo Dilma corre um grande risco de não completar o seu mandato, os partidos aliados são os seus principais e maiores  inimigos, convivem diariamente com o governo, participam intestinalmente das decisões e ocupam postos estratégicos, tudo indica , que a maior ameaça virá de um fogo amigo, virá do PMDB,  o seu eterno parceiro , uma vez que,  esta facção fareja a Presidência há muito tempo, sabe que o mingau está quente, que o prato é fundo,  muito fundo e tem que comer pelas beiradas, esta propriedade é uma das  especialidades dos seus componentes .
O partido  plana magistralmente sobre o poder , governa por tabela e  dita as cartas,     no seu portfólio político administrativo domina pontos estratégicos, ocupa a vice presidência com o observador Michel Temer, a presidência do senado com o escolado Renan Calheiros, a presidência da câmara com o articulador Eduardo Cunha , possui 2,4 milhões de associados, 6 milhões de militantes, conseguiu 23 milhões  de votos na eleição 2014 em todo o Brasil,  1024 prefeituras das 5.568, dos 1059 Deputados Estaduais em todo o Brasil conquistou 142 cadeiras, de um universo de 513 Deputados Federais  possui 66 e mais 218 aliados, dos 56.810 vereadores a legenda conseguiu eleger 7.825, governa 07 Estados, um deles o Rio de Janeiro; no senado , num universo de 81 , a sua bancada é de 18 senadores e mais 16 aliados, dos 39 ministérios comanda 6 e mais 06 dos pequenos partidos aliados,  tem nos seus quadros importantes estatais, milhares de cargos no segundo e terceiro escalão, como se vê, é o PMBD o grande vencedor e quem governa .
Na vacância da titular por qualquer deslize ou motivo, tem o PMBD constitucionalmente três chances de assumir a cadeira principal, o Michel Temer como o seu vice, o Eduardo Cunha como o presidente  câmara e o Renan Calheiro pelo Senado.  O Partido como um ventríloquo comanda de boca fechada e  fala para dentro de si ;  como um surdo mudo,  está a gargalhar da situação e torce pelo desequilíbrio dos comandantes; com um olho no santo e o outro no diabo, a agremiação  reza pelo anunciado escorregão da base principal ou  da titular ; como um crocodilo camuflado,  espera pacientemente por um descuido do bando  para desfechar o golpe certeiro e ocupar o posto principal.
Muitas são as cascas de banana jogadas no encerado e movediço piso da Presidente, que para cair  basta elevar um pouco os saltos dos sapatos e os cupins continuarem a comer as pilastras que sustentam o seu frágil e desgastado palanque. Os cupins estão avançando , as pilastras principais a cada dia que passa  tremem na base.
O país está fervendo, a oposição acua o governo e ele próprio junto aos aliados desconstrói o seu comando, tudo aponta mais cedo ou mais tarde para a sua queda sob a égide de um fogo amigo, fogo este que,  de fato,  já governa a nação.
As cascas de banana, o velho e viciado tapete , as inebriantes e estratégicas Canídeas Pseudoalopex e os vorazes isópteros estão sorrateiramente atuando, não precisa o fogo amigo bater no moribundo, o PSDB e os seus seguidores estão fazendo este árduo trabalho e aos poucos limpam o peixe para se fazer a esperada moqueca, a mesa já foi posta, é só questão de tempo, quem viver verá.




Iderval Reginaldo Tenório

Zé Ramalho - Admirável Gado Novo - YouTube

www.youtube.com/watch?v=eRgqsY50ggU
9 de abr de 2013 - Vídeo enviado por Ninaionara
Vida de gado. Povo marcado, Êh! Povo feliz!...(2x) Lá fora faz um tempo confortável. A vigilância cuida do

O Brasil e o golpe político

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O Brasil e o golpe político

Quando se fala no Poder Presidencial , a premissa : competir com candidato próprio ao Planalto da Alvorada é o primeiro ponto que se aborda, como também que se atribui a quem almeja as suas rédeas.
Sendo a hegemonia do poder o alvo principal, os partidos que se extremam, que expõem a cara à procura de ocupá-lo figuram como holofotes principais e atraem a atenção da população, os demais rondam em círculo à procura de um  naco,   no final da corrida ao se concluir o escrutínio ,  o grupo que  mais vidas conquistar assumirá o pódio, este é o modus operandi  de uma eleição democrática  numa nação independente .
Quando a democracia não é plena, autêntica, sólida ou madura e viciadamente tergiversa até nos seus mais simples pilares, o grupo vencedor ao assumir e para se manter no poder  tem que recompensar os seus apoiadores,  leiloa  o governo e  entrega os postos oficiais  fatia por fatia  a grupos aliados em busca da governabilidade, tal atitude torna o eixo principal vulnerável e refém dos apoiadores de campanha,  os contemplados na sua grande maioria são oportunistas ortodoxos e  velhas raposas em busca do galinheiro , o governo aplica a política do toma lá dá cá chancelando os malfadados e  maléficos conchavos políticos, tudo pelo poder, tais medidas geram  um governo frankisteniano com muitos pais.
No Brasil o governo Dilma corre um grande risco de não completar o seu mandato, os partidos aliados são os seus principais e maiores  inimigos, convivem diariamente com o governo, participam intestinalmente das decisões e ocupam postos estratégicos, tudo indica , que a maior ameaça virá de um fogo amigo, virá do PMDB,  o seu eterno parceiro , uma vez que,  esta facção fareja a Presidência há muito tempo, sabe que o mingau está quente, que o prato é fundo,  muito fundo e tem que comer pelas beiradas, esta propriedade é uma das  especialidades dos seus componentes .
O partido  plana magistralmente sobre o poder , governa por tabela e  dita as cartas,     no seu portfólio político administrativo domina pontos estratégicos, ocupa a vice presidência com o observador Michel Temer, a presidência do senado com o escolado Renan Calheiros, a presidência da câmara com o articulador Eduardo Cunha , possui 2,4 milhões de associados, 6 milhões de militantes, conseguiu 23 milhões  de votos na eleição 2014 em todo o Brasil,  1024 prefeituras das 5.568, dos 1059 Deputados Estaduais em todo o Brasil conquistou 142 cadeiras, de um universo de 513 Deputados Federais  possui 66 e mais 218 aliados, dos 56.810 vereadores a legenda conseguiu eleger 7.825, governa 07 Estados, um deles o Rio de Janeiro; no senado , num universo de 81 , a sua bancada é de 18 senadores e mais 16 aliados, dos 39 ministérios comanda 6 e mais 06 dos pequenos partidos aliados,  tem nos seus quadros importantes estatais, milhares de cargos no segundo e terceiro escalão, como se vê, é o PMBD o grande vencedor e quem governa .
Na vacância da titular por qualquer deslize ou motivo, tem o PMBD constitucionalmente três chances de assumir a cadeira principal, o Michel Temer como o seu vice, o Eduardo Cunha como o presidente  câmara e o Renan Calheiro pelo Senado.  O Partido como um ventríloquo comanda de boca fechada e  fala para dentro de si ;  como um surdo mudo,  está a gargalhar da situação e torce pelo desequilíbrio dos comandantes; com um olho no santo e o outro no diabo, a agremiação  reza pelo anunciado escorregão da base principal ou  da titular ; como um crocodilo camuflado,  espera pacientemente por um descuido do bando  para desfechar o golpe certeiro e ocupar o posto principal.
Muitas são as cascas de banana jogadas no encerado e movediço piso da Presidente, que para cair  basta elevar um pouco os saltos dos sapatos e os cupins continuarem a comer as pilastras que sustentam o seu frágil e desgastado palanque. Os cupins estão avançando , as pilastras principais a cada dia que passa  tremem na base.
O país está fervendo, a oposição acua o governo e ele próprio junto aos aliados desconstrói o seu comando, tudo aponta mais cedo ou mais tarde para a sua queda sob a égide de um fogo amigo, fogo este que,  de fato,  já governa a nação.
As cascas de banana, o velho e viciado tapete , as inebriantes e estratégicas Canídeas Pseudoalopex e os vorazes isópteros estão sorrateiramente atuando, não precisa o fogo amigo bater no moribundo, o PSDB e os seus seguidores estão fazendo este árduo trabalho e aos poucos limpam o peixe para se fazer a esperada moqueca, a mesa já foi posta, é só questão de tempo, quem viver verá.



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Quando se fala no Poder Presidencial , a premissa : competir com candidato próprio ao Planalto da Alvorada é o primeiro ponto que se aborda, como também que se atribui a quem almeja as suas rédeas.
Sendo a hegemonia do poder o alvo principal, os partidos que se extremam, que expõem a cara à procura de ocupá-lo figuram como holofotes principais e atraem a atenção da população, os demais rondam em círculo à procura de um  naco,   no final da corrida ao se concluir o escrutínio ,  o grupo que  mais vidas conquistar assumirá o pódio, este é o modus operandi  de uma eleição democrática  numa nação independente .
Quando a democracia não é plena, autêntica, sólida ou madura e viciadamente tergiversa até nos seus mais simples pilares, o grupo vencedor ao assumir e para se manter no poder  tem que recompensar os seus apoiadores,  leiloa  o governo e  entrega os postos oficiais  fatia por fatia  a grupos aliados em busca da governabilidade, tal atitude torna o eixo principal vulnerável e refém dos apoiadores de campanha,  os contemplados na sua grande maioria são oportunistas ortodoxos e  velhas raposas em busca do galinheiro , o governo aplica a política do toma lá dá cá chancelando os malfadados e  maléficos conchavos políticos, tudo pelo poder, tais medidas geram  um governo frankisteniano com muitos pais.
No Brasil o governo Dilma corre um grande risco de não completar o seu mandato, os partidos aliados são os seus principais e maiores  inimigos, convivem diariamente com o governo, participam intestinalmente das decisões e ocupam postos estratégicos, tudo indica , que a maior ameaça virá de um fogo amigo, virá do PMDB,  o seu eterno parceiro , uma vez que,  esta facção fareja a Presidência há muito tempo, sabe que o mingau está quente, que o prato é fundo,  muito fundo e tem que comer pelas beiradas, esta propriedade é uma das  especialidades dos seus componentes .
O partido  plana magistralmente sobre o poder , governa por tabela e  dita as cartas,     no seu portfólio político administrativo domina pontos estratégicos, ocupa a vice presidência com o observador Michel Temer, a presidência do senado com o escolado Renan Calheiros, a presidência da câmara com o articulador Eduardo Cunha , possui 2,4 milhões de associados, 6 milhões de militantes, conseguiu 23 milhões  de votos na eleição 2014 em todo o Brasil,  1024 prefeituras das 5.568, dos 1059 Deputados Estaduais em todo o Brasil conquistou 142 cadeiras, de um universo de 513 Deputados Federais  possui 66 e mais 218 aliados, dos 56.810 vereadores a legenda conseguiu eleger 7.825, governa 07 Estados, um deles o Rio de Janeiro; no senado , num universo de 81 , a sua bancada é de 18 senadores e mais 16 aliados, dos 39 ministérios comanda 6 e mais 06 dos pequenos partidos aliados,  tem nos seus quadros importantes estatais, milhares de cargos no segundo e terceiro escalão, como se vê, é o PMBD o grande vencedor e quem governa .
Na vacância da titular por qualquer deslize ou motivo, tem o PMBD constitucionalmente três chances de assumir a cadeira principal, o Michel Temer como o seu vice, o Eduardo Cunha como o presidente  câmara e o Renan Calheiro pelo Senado.  O Partido como um ventríloquo comanda de boca fechada e  fala para dentro de si ;  como um surdo mudo,  está a gargalhar da situação e torce pelo desequilíbrio dos comandantes; com um olho no santo e o outro no diabo, a agremiação  reza pelo anunciado escorregão da base principal ou  da titular ; como um crocodilo camuflado,  espera pacientemente por um descuido do bando  para desfechar o golpe certeiro e ocupar o posto principal.
Muitas são as cascas de banana jogadas no encerado e movediço piso da Presidente, que para cair  basta elevar um pouco os saltos dos sapatos e os cupins continuarem a comer as pilastras que sustentam o seu frágil e desgastado palanque. Os cupins estão avançando , as pilastras principais a cada dia que passa  tremem na base.
O país está fervendo, a oposição acua o governo e ele próprio junto aos aliados desconstrói o seu comando, tudo aponta mais cedo ou mais tarde para a sua queda sob a égide de um fogo amigo, fogo este que,  de fato,  já governa a nação.
As cascas de banana, o velho e viciado tapete , as inebriantes e estratégicas Canídeas Pseudoalopex e os vorazes isópteros estão sorrateiramente atuando, não precisa o fogo amigo bater no moribundo, o PSDB e os seus seguidores estão fazendo este árduo trabalho e aos poucos limpam o peixe para se fazer a esperada moqueca, a mesa já foi posta, é só questão de tempo, quem viver verá.


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O Brasil e o golpe político

Quando se fala no Poder Presidencial , a premissa : competir com candidato próprio ao Planalto da Alvorada é o primeiro ponto que se aborda, como também que se atribui a quem almeja as suas rédeas.
Sendo a hegemonia do poder o alvo principal, os partidos que se extremam, que expõem a cara à procura de ocupá-lo figuram como holofotes principais e atraem a atenção da população, os demais rondam em círculo à procura de um  naco,   no final da corrida ao se concluir o escrutínio ,  o grupo que  mais vidas conquistar assumirá o pódio, este é o modus operandi  de uma eleição democrática  numa nação independente .
Quando a democracia não é plena, autêntica, sólida ou madura e viciadamente tergiversa até nos seus mais simples pilares, o grupo vencedor ao assumir e para se manter no poder  tem que recompensar os seus apoiadores,  leiloa  o governo e  entrega os postos oficiais  fatia por fatia  a grupos aliados em busca da governabilidade, tal atitude torna o eixo principal vulnerável e refém dos apoiadores de campanha,  os contemplados na sua grande maioria são oportunistas ortodoxos e  velhas raposas em busca do galinheiro , o governo aplica a política do toma lá dá cá chancelando os malfadados e  maléficos conchavos políticos, tudo pelo poder, tais medidas geram  um governo frankisteniano com muitos pais.
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Na vacância da titular por qualquer deslize ou motivo, tem o PMBD constitucionalmente três chances de assumir a cadeira principal, o Michel Temer como o seu vice, o Eduardo Cunha como o presidente  câmara e o Renan Calheiro pelo Senado.  O Partido como um ventríloquo comanda de boca fechada e  fala para dentro de si ;  como um surdo mudo,  está a gargalhar da situação e torce pelo desequilíbrio dos comandantes; com um olho no santo e o outro no diabo, a agremiação  reza pelo anunciado escorregão da base principal ou  da titular ; como um crocodilo camuflado,  espera pacientemente por um descuido do bando  para desfechar o golpe certeiro e ocupar o posto principal.
Muitas são as cascas de banana jogadas no encerado e movediço piso da Presidente, que para cair  basta elevar um pouco os saltos dos sapatos e os cupins continuarem a comer as pilastras que sustentam o seu frágil e desgastado palanque. Os cupins estão avançando , as pilastras principais a cada dia que passa  tremem na base.
O país está fervendo, a oposição acua o governo e ele próprio junto aos aliados desconstrói o seu comando, tudo aponta mais cedo ou mais tarde para a sua queda sob a égide de um fogo amigo, fogo este que,  de fato,  já governa a nação.
As cascas de banana, o velho e viciado tapete , as inebriantes e estratégicas Canídeas Pseudoalopex e os vorazes isópteros estão sorrateiramente atuando, não precisa o fogo amigo bater no moribundo, o PSDB e os seus seguidores estão fazendo este árduo trabalho e aos poucos limpam o peixe para se fazer a esperada moqueca, a mesa já foi posta, é só questão de tempo, quem viver verá.

Iderval Reginaldo Tenório

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