terça-feira, 17 de maio de 2022

Eloy Teles de Morais, Seu Eloy e os seus causos.

 

ELÓI TELES COM O SEU PROGRAMA COISAS DO MEU SERTÃO - YouTube

 

Patrimônio Histórico do Crato-Ceará.

Eloy Teles de Morais, Seu Eloy e os seus causos.

Contava seu Eloy nos microfones da Rádio Educadora do Cariri, na Cidade do Crato, nosso querido Ceará, onde apresentava o maior programa cultural do nordeste brasileiro:  COISAS DO MEU SERTÃO  patrocinado pela Fábrica  de Biscoito Gessy( Biscoitos IMAG), iniciais do seu proprietário Gessy Maciel Lopes.

Estes biscoitos reinaram no Cariri  e nas redondezas da Chapada do Araripe por muitos anos  . Eram considerados  os mais gostosos, saborosos e macios biscoitos do Brasil, principalmente o irresistível CREME CRAQUE GESSY.

Assim falava o grande Eloy Teles nos intervalos musicais e poéticos  após as pérolas do Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Zé Gonzaga, e  recitados o Patativa do Assaré, Catulo da Paixão Cearense, Zé da  Luiz,  Otacílio Batista, Geraldo Amâncio, Zé Praxedes, Pedro Bandeira de Caldas e outros ícones do cordel brasileiro.

Era um programa cultural, da cidadania nordestina e de entretenimento, formava cidadãos para o mundo. Seu Eloy Teles de Morais , nós do Ceará somos eternos gratos aos seus ensinamentos , Obrigado.

                                                   ***

Dizia seu Eloy que existia uma celeuma ( celeuma mesmo e grande) para saber o porquê os Biscoitos IMAG, principalmente o CREME CRAQUE, eram os melhores e mais gostosos  do Cariri, Ceará, Brasil e do Mundo.

Foi feito um grande concurso com muitas marcas de todos os continentes, vieram fábricas do Brasil, da Europa, dos EUA, do Japão , da  China, da Indonésia, da Índia  e até da Indochina e,  quem ganhou em disparada foram os Biscoitos Gessy, notadamente o Creme Craque . A celeuma ficou maior e foram procurar o porquê.

Analisaram todos os itens :  as máquinas eram as mesmas, todas as mais  modernas do mundo, as massas, as farinhas, os recheios, os ingredientes e o preparo todos iguais. Qual era o segredo, qual ou quais?

Depois de muitas analises, discursões e degustações   os julgadores de todos os países chegaram  à seguinte conclusão:

O segredo estava na água do Crato. Nas águas  dos seus Aquíferos , das Batateiras e do Pé de Serra da Chapada do Araripe.

Falava seu Eloy que o Cratinho de Açúcar possuía a melhor e a mais saborosa água do mundo, sendo assim fabricava também o melhor biscoito do Mundo, o seu segredo foi desvendado, era a água do Crato. 

Viva seu Eloy Teles de Morais, seu Eloy.

Complementava com muitas poesias  , dentre elas a do Zé Praxedes: DOTÔ INTÉ ÔTO DIA” 

 

 Iderval Reginaldo Tenório


Observação: A Rádio Araripe do Crato já albergou Seu Eloy e os seus programas. É o nosso Crato na cabeceira cultural do Nordeste. 

POETA CORDELISTA, RADIALISTA/LOCUTOR, FOLCLORISTA - MESTRE DA CULTURA POPULAR ...
YouTube · MANOEL VIEIRA · 19 de set. de 2012
 

Eloi Teles de Morais (Crato, CE, 19 de abril de 1936 - 9 de outubro de 2000) foi um radialista, escritor, advogado, jornalista e folclorista brasileiro.

Formado em Direito, era também funcionário do Ministério da Agricultura.

Apresentador do programa Coisas do Meu Sertão, especializado em poesia matuta e veiculado diariamente, por mais de 30 anos, na rádio Araripe e, depois, na Rádio Educadora do Cariri.

Destacou-se, também, como folclorista, sendo um dos grandes incentivadores das manifestações da cultura popular do Cariri Cearense, como as bandas cabaçais, reisados, maneiro-pau e literatura de cordel.

Foi o fundador e primeiro presidente da Academia de Cordelistas do Crato

 

DOUTOR INTÉ OUTRO DIA

Doutor inté outro dia
basta você precisar
um criado às suas ordens
na Serra do Jatobá

Pros almoço tem galinha
tem quaiada pro jantar
água cheirosa de tanque
pra vosmecê se banhar

Leite quente ao pé da vaca
quando o dia amanhecer
café torrado no caco
de quando invez pra você

Aguardente potiguar
caso goste de beber
capim mimoso verdinho
pra seu cavalo comer

Pra vosmecê fazer lanche
mel de abelha com farinha
tem da fonte milagrosa
água fria na quartinha

Pra vosmecê se deitar
uma rede bem arvinha
leve tombém sua muié
proque lá só tem a minha

      (Zé Praxedes)

 

.FESTA DA CASA GRANDE.

 

Aberto em Crato, o prazo para indicações da medalha Elói Teles de Morais 

Dando continuidade aos causos do seu Eloy Teles  de Morais, Seu Eloy, aqui vai mais um  dos  seus episódios.

 

Todos os sábados , depois das 20:00h, na Rádio Educadora do Cariri,  da cidade do Crato-Ce,  seu Eloy apresentava um dos mais importantes programas culturais e de entretenimento do Brasil.

                               .FESTA DA CASA GRANDE.

Dizia seu Eloy que a Festa era realizada numa área de barro batido   com  mais de seis  tarefas de terra  e coberta de palha . Tinha mais de 400 candeeiros, de  dois litros,  60 latas de 18 litros do  querosene jacaré, aquele que não faz fumaça , cinco fardos de algodão para fazer pavios , mais de mil cadeiras e  quinhetas mesas, quase meio mundo de terra . 

Abastecida com 10 tonéis de  200 litros da melhor  cachaça de Barbalha , Zinebra,  Cajuínas e  Raizadas fabricadas nas redondezas.  Carnes   bovinas, caprinas e suínas não faltavam , sem falar  nos  200 frangos assados e mais de 100 quilos de queijos. Era o maior forró do mundo .

Iniciava no  sábado , varava a noite madrugada adentro , só terminava no domingo lá pelas sete horas da manhã quando  o bispo tocava os sinos da Sé  para a  missa das oito. Para animar compareciam  de 300 a 400  sanfoneiros, dentre eles o Rei Luiz Gonzaga .  

 O organizador, apresentador e o responsável por esta festa era o próprio, seu Eloy.  Dos microfones da querida emissora, Rádio Educadora do Cariri, a Rádio do povo, o menestrel  vigiava tudo. 

Como todas as festas, o organizador fazia a sua vistoria  antes de abrir as portas ao público.  Duas horas antes  Seu Eloy visitava a área, olhava os candeeiros, os pavios,   conferia os tunéis de cachaça, as carnes  , os bancos e as refeições dos sanfoneiros,  as 60 latas do mais puro querose e o distanciamento das chamas   dos pavios para o  teto do galpão.

Orientava o pessoal da cozinha e do bar, conversava com o pessoal da vigilância para não deixar nenhum  sujeito entrar armado, orientava as   mulheres que aguavam o chão para não fazer poeira .

Na entrada existiam diversos balaios e caçuás  para colocarem as facas de cintura, facas de cortar fumo , de descascar laranjas , trinchetes , suvelas e  punhais. Caixotes  compridos de madeira para  pistolas, espingardas,  revólveres de todos os calibres e outras armas de fogo artesanais , enfim , conferia tudo para que a  festa transcorresse na paz  . 

O mais hilariante era que antes da festa começar Seu Eloy identificava e  conversava com cada sanfoneiro, organizava o momento que cada um teria que tocar, falava que os mais velhos tinham prioridade .

Incentivava que cada um dissesse alguma coisa e puxasse o fole para testar o som da choradaira, neste momento se ouvia o tilintar dos copos, gargalhadas, conversas diversas, sanfonas de oito, oitenta e de cento e vinte baixos sendo testadas. Acordes do Assum Preto, da Asa, Forró de Mané Vito, do Dezessete e setecentos  e outros trechos eram ouvidos nos fundos do salão.

A festa era uma verdadeira multidão de visitantes , casais conversando, moças e rapazes em busca de nomoro,  profissionais de apoio , músicos , múltiplas  equipes e pequenos ambulantes em busca de vender os seus produtos, era um grande momento de confraternização.  Doze  horas do puro baião, do puro forró,  era o maior samba do Ceará  e do  mundo.

Quando o forró tinha o seu início,  entrava um tocador novo e quando puxava o fole   seu Eloy mandava o mesmo parar e perguntava se ele não respeitava os mais velhos. Quem deveria iniciar a festa era o mestre  Luiz Gonzaga , além de ser o mais velho, era da terrinha do Exu, afilhado do Padim Ciço e o soberano do  Baião .  Ainda não existia ninguém, que em matéria de sanfona,   colocasse cangalha nas suas costas, igual a ele só exitiam uns tais de Beatles na Inglaterra e um tal de Franck Sinatra nos Estados Unidos , o homem  era o maior e morria pelo Crato. O sanfoneiro pedia desculpas , voltava para o seu  banco e assistia o rei Luiz Gonzaga abrir o espetáculo.

Quando Luiz tocava duas ou três pérolas , seu Eloy entrava e falava;  Seu Luiz dê uma chance para  os mais novos e aí muitos monstros da sanfona apresentavam-se, sempre intercalados com os maiores do Brasil.  

Zé Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Severino Januário, Genival Lacerda, Negão e Arlindo dos Oito baixos , Anselmo, Abdias, Mário Zan, Genaro, Severo, Sivuca, Coronel Ludugero, Marinez, Zito Borborema,  Trio Nordestino,  Dominguinhos, ainda no começo, Pedro Sertanejo, o pai de Osvaldinho do acordeom e outros grandes,  sempre mesclados com os mais novos como Zé Nilton,  os Calixtos, o próprio Osvaldinho , ainda de calça curta e pescoço fino. Era o maior  espetáculo da terra.

Seu Eloy com o microfone na mão  comandava o evento, pedia para não apagarem os candeeiros , para colocarem querosene e  não beberem muita pinga. Pedia aos homens que dançassem com lisura e  não encarcassem as moças, pois eram de famílias decentes.  Caso algum fizesse mal  a uma donzela   teria que se  casar, ali era um samba de respeito. 

Quando notava que um caboclo queria apalpar uma moça e levava  as mãos abaixo da cintura , pedia para  o Luiz Gonzaga tocar  uma música  para lembrar as regras , não deixava nenhuma dúvida: buliu, casou, era o aviso.

Desse jeito sim/ Desse outro jeito não.

Tu cum essa mão boa
Fazendo danação
Só quer dançar
No escuro do salão
Vamo pro quilário
Donde tá o lampião
Desse jeito sim
Desse outro jeito não.

"Dançando afigurado
Cum malinação
Por causa disso
Matáro o cabo João
Vamo pro quilário
Donde tá o lampião
Desse jeito sim
Desse outro jeito não"

" O sujeito  ajeitava-se, colocava-se no seu lugar a olhar para um lado e para outro à procura do pai na moça, via no palco Seu Eloy, este dava um puxavanco  de orelhas e a festa continuava. Assim era a Festa da casa Grande  e  o forró ia até o dia amanhecer.

O programa era tão autêntico que muitas vezes o mestre Eloy  pedia para os sanfoneiros pararem a música, retirava todos os sons das conversas, os latidos  dos cachorros,  o tilintar dos copos, o chiado dos chilenos e num silêncio sepulcral falava aos microfone  para todo o Brasil:

"Pessoal do Crato , dos seus distritos e de todas as cidades vizinhas, Assaré, Barbalha, Juazeiro do Norte, Exu , Bodocó, Salgueiro, Caririaçú, Araripe e Santana do Cariri, muitos estão vindo aqui para a Rádio Educadora para esta grande festa, querem conversar com Luiz Gonzaga , com o Jackson e os outros sanfoneiros, tive que fechar os portões de entrada da emissora , grande foi a quantidade de pessoas e casais pedindo para entrar, inclusive dois prefeitos e muitos vereadores com caravanas. 

Aqui minha gente é um Studio fechado, ficamos Eu, dois controladores , uma telefonista e dois técnicos  , é apenas um programa de Rádio.  Já avisei varias vezes, porém continuam chegando gente de toda a Região para a A Festa da Casa Grande"

Assim era Seu Eloy, a Festa da casa Grande , o nosso Cratinho de açúcar, a Rádio Educadora e o maior Forró do Mundo . 

Viva seu Eloy que passou esta cultura para todos nós do Sul do Ceará, nós  que tivemos  a felicidade de conviver com este gigante da comunicação.

Nós do Cariri fomos uns privilegiados, tínhamos e temos  boas escolas, o Diocesano, os Franciscanos e os Salesianos, bons professores e  grandes comunicadores nas nossas emissoras .

Tivemos a  felicidades de conviver com os ícones da música e da poesia  nordestina, notadamente o Luiz Gonzaga e o Patativa do Assaré, como também os três principais nomes da religião católica do nordeste que peregrinaram por estas terras-  Padre Cícero Romão Batista , Padre Ibiapina e Frei Damião de Bozano, todos em fase de beatificação.

Este Cariri , sob a tutela da Chapada do Araripe,   é uma região abençoada. 

Foi nesta chapada  que nasceram os três homens do século do Ceará e Pernambuco: Luiz Gonzaga, Patativa do Assaré e o maior nordestino de todos os tempos - O Padre Cícero Romão Batista  , nascido na cidade do Crato e   fundador da cidade Juazeiro do Norte, hoje A CAPITAL DA FÉ .

                                      Eita Cariri Macho.

Iderval Reginaldo Tenório

 Observação: A Rádio Araripe do Crato já albergou Seu Eloy e os seus espetáculos.  É o nosso  Crato na cabeceira  cultural do Nordeste brasileiro. 

Música Desse Jeito Sim com Luiz Gonzaga.
YouTube · Pedro · 19 de mar. de 2012
 
Composição: José Jataí / Luiz Gonzaga.

Eloi Teles de Morais (Crato, CE, 19 de abril de 1936 - 9 de outubro de 2000) foi um radialista, escritor, advogado, jornalista e folclorista brasileiro.

Formado em Direito, era também funcionário do Ministério da Agricultura.

Apresentador do programa Coisas do Meu Sertão, especializado em poesia matuta e veiculado diariamente, por mais de 30 anos, na rádio Araripe e, depois, na Rádio Educadora do Cariri.

Destacou-se, também, como folclorista, sendo um dos grandes incentivadores das manifestações da cultura popular do Cariri Cearense, como as bandas cabaçais, reisados, maneiro-pau e literatura de cordel.

Foi o fundador e primeiro presidente da Academia de Cordelistas do Crato.

 

O homem era um visionário, tudo que a televisão faz  hoje o seu Eloy fazia na década de sessenta no Rádio Caririense . 

Os merchandises. 

 O querose era Jacaré, a Cachaça era de Barbalha, a Cajuína do Crato ou de Juazeiro do Norte.

Eram os patrocidadores do Programa .

Iderval Reginaldo Tenório

Médico em Salvador 

Nascido na Serra do Araripe

Ceará-Pernambuco

 

Eu Vou Pro Crato - YouTube

www.youtube.com › watch
Composição: José Jataí / Luiz Gonzaga.


Ingestão de corpo estranho- O médico é o seu guardão.

 

Resultado de imagem para ingestão de corpo estranho
A Prótese Fixa ComestÃvel

 Homem engole dentadura e vive momentos de horror durante uma semana

Homem engole parte da dentadura enquanto dormia e só percebe cinco dias  depois - Bizarro - Extra Online

Ingestão de corpo estranho


O corpo  estranho impactado no esôfago é muito comum nos dias atuais , existe uma gama de seres humanos  vulneráveis a este episódio: 
 
1) Crianças que tudo que encontra coloca na boca:   grampos, brincos, anéis, alianças, pregos, porcas,  parafusos, baterias , botões, medalhas, gudes, pau de picolé e moedas.
 
2)Não alcoólatras  que fazem uso de alcool em grande quantidade e alcoólotras  que engolem  palitos de dentes e de fósforos, espinhas de peixe, ossos de galinha, carnes diversas e  prótese dentárias .
 
3)Pessoas com desequilibrio mental , comum ingerir até garfos e facas.
 
4)Usuários de próteses dentárias por perder parte da  sensibilidade oral.
 
 5) Pacientes submetidos a atos cirúgicos no sistema valvular do esôfago , esofago/estomago.
 
6) Pacientes que tenham estreitamento no esofago em     qualquer um dos segmentos , inclusive hernias de hiato. 
 
7) Qualquer cidadão que coma rápido, sem mastigar direito e com muita fala, principalmente carnes em cubo, peito de frango ou frutas fibrosas , CAJU  é uma delas.
 
8) Idosos  , estes apresentam distúrbios em orofarige  , muitas vezes não acertam o esofago e perdem a noção do que está deglutindo , além do uso das  dentaduras .  O idoso para comer tem que pensar no que está comendo e deglutir com paciência . Deve se concentrar na alimentalção e nada de conversas paralelas. 
 
9) Pacientes submetidos a  cirurgias de redução e colocação de anéis gástricos, cirurgias bariátricas e anti refluxo.    
 
   Iderval Reginaldo Tenório

 Abaixo poublicarei um artido e um trabalho do Dr. Guilherme Sauniti 
Doutor em gastroenterologia pela FM-USP








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Introdução:

  • A ingestão de corpos estranhos é responsável por cerca de 1500 mortes/ano.
  • É mais comum na infância entre seis meses e seis anos. Em 98% dos casos ocorre de forma acidental.
  • Nos adultos geralmente é secundário à ingestão alimentar (osso, bolo alimentar).
  • A ingestão de corpos estranhos não alimentar é mais comum em adultos do sexo masculino, em situações de abuso de substancias, ou doença psiquiátrica.
  • A maioria dos casos de ingestão de corpos estranhos (C.E.), se resolve de modo expectante (80%), cerca de 10 a 20% necessitam de retirada endoscópica, e uma minoria, de retirada cirúrgica.
  •  

Quadro clínico:

  • A maioria dos casos de C.E. em crianças são moedas, e em adultos, as impactações alimentares são mais comuns, e normalmente secundária a alguma alteração anatômica (estenoses, anéis esofágicos, neoplasias e esofagite eosinofílica).
  • As queixas mais comuns são disfagia, odinofagia, salivação e dor torácica.
  • Em crianças menores, o diagnóstico é mais difícil, devendo-se atentar ao sinais apresentados, como recusa em se alimentar, salivação, vômitos, alterações respiratórias e até afogamento.
  • Em todos os pacientes, deve-se investigar sinais de complicações, como dificuldades respiratórias, hemorragias digestivas ou enfisema subcutâneo.
  • Exames radiológicos podem ajudar no diagnóstico, sendo a radiografia o exame inicial, porém, na suspeita de C.E. não radiopaco (alimento, plásticos ou alumínio), a tomografia computadorizada pode ser útil, e determinar a natureza e formato do C.E.
  • Especialmente em crianças, observa-se maior impactação no esôfago cervical, ao nível do cricofaríngeo (radiologicamente, na altura das clavículas). Deve-se evitar exames contrastados, devido ao risco de aspiração.
  •  

Tratamento:
O formato e composição do C.E. influencia no tipo de tratamento. Com relação ao formato, podem ser rombos ou pontiagudos, curtos ou longos, e de composições específicas, como bezoares, bolos alimentares ou baterias.
A máxima de “cada caso é um caso” também se aplica ao tratamento de pacientes com C.E., porém, algumas orientações gerais podem ser descritas. Nos casos de C.E. pontiagudos, ou baterias no esôfago, desconforto importante, alterações respiratórias ou obstrução total (risco de aspiração), está indicada a remoção endoscópica de urgência. Na ausências destas alterações, o exame pode ser postergado porém, nenhum C.E. deve permanecer por mais de 24 horas impactado no esôfago.

A impactação alimentar (bolo), como já descrito, é normalmente secundária a alteração anatômica, e atualmente, com o aumento de cirurgias bariátricas, tem se tornado mais frequenta nestes pacientes. A obstrução normalmente é total, com desconforto torácico e salivação.  A remoção endoscópica por vezes envolve a retirada de todo o fragmento com alça, ou sua fragmentação com pinças ou alça, e secundariamente empurrar os fragmentos para o estômago ou retira-los pela boca (pode ser interessante o uso de overtube para facilitar o procedimento).
Objetos rombos (em geral, moedas), passam pelo TGI sem problemas quando menores que 2cm. A retirada endoscópica está indicada:

  • objetos rombos maiores que 2 cm,
  • objetos impactados no esôfago,
  • quando não saem do estômago após 4 semanas
  •  
Pilhas e baterias devem ser sempre retirados de forma urgente, quando impactados em esôfago, já que podem causar perfuração ( a mucosa entra em contato com os dois polos, conduzindo corrente elétrica, gerando necrose por liquefação) . Caso a bateria esteja alojada no estômago, a chance é que ela passe pelo resto do trato gastrointestinal sem intercorrências. Nestes casos , o paciente, assintomático, pode ser acompanhado com exames radiológicos a cada três ou quatro dias, optando-se pela retirada endoscópica caso a bateria tenha mais de 20mm, impactada no estômago por mais de 48 horas, ou evolua com alterações gastrointestinais (pode ser tentada retirada endoscópica).

A ingestão de imãs tem se tornado mais frequente, já que cada vez menores e mais fortes, são usados em vários objetos, especialmente em brinquedos. Quando a ingestão é única, sua retirada é indicada quando ainda no trato gastrointestinal alto, e após a passagem pelo piloro, pode ser acompanhado. Quanto a ingestão é múltipla , o risco de complicações aumenta, já que eles podem levar a perfuração mais facilmente (atração entre eles, através das paredes do intestino). A retirada deve ser urgente, e para as peças que já tenham passado pelo estômago, a consulta com o cirurgião pediátrico é fundamental. Caso o paciente esteja sintomático, a retirada deve ser cirúrgica, se o paciente esta assintomático, a retirada endoscópica pode ser tentada.

Objetos pontiagudos (agulhas, ossos, palitos de dente), devem ser retirados antes de saírem do estômago, já que a podem perfurar o intestino ou impactar (válvula íleocecal ou anus). Nos casos de impactação em esôfago, a retirada deve ser urgente, já que após 72hs, o risco de perfuração, ou erosão para vai área ou grande vasos aumenta muito. Casos em que não é possível a retirada segura (objeto pontiagudo grande, impactado há mais de três dias, sinais de perfuração) a remoção cirúrgica esta indicada.

Objetos grandes, em geral, maiores que 5cm (canetas, ferramentas , escovas de dente), em geral, não passam pelo duodeno, devendo ser retirados. Como o procedimento pode ser difícil, o controle e proteção da vai aérea é importante, podendo ser indicado intubação orotraqueal ou uso de overtube.

Bezoares (concreções secundárias a material  deglutido, como cabelos, bário, vegetais), podem ser de difícil retirada, pois em geral tendem a ser volumosos (como no tricobezoar), estando indicada a cirurgia.

No caso de ingestão de pacotes de narcóticos a remoção endoscópica é contraindicada, pois a manipulação dos pacotes pode levar a perfuração do mesmo, com liberação da droga no estômago do paciente, e consequente overdose. Em geral se aguarda a eliminação espontânea da droga, e quando esta não ocorre, indica-se a cirurgia.
Por fim a impactação de C.E., em intestino médio, pode ser removido por endoscopia, quando presentes enteroscópios e acessórios adequados para tal.
Sumarizando:
‘Timing” da endoscopia:

  • Emergência :
    • Obstrução de esôfago (risco de aspiração)
    • Baterias no esôfago
    • Objetos pontiagudos no esôfago
  • Urgência (dentro das primeiras 24h) :
    • Corpos estranhos em esôfago não pontiagudos
    • Impactação alimentar sem obstrução total
    • Objetos pontiagudos em estômago e duodeno
    • Objetos maiores que 6 cm de comprimento em duodeno
    • Imãs ao alcance endoscópico
  • Não urgente :
    • Moedas no estômago em pacientes assintomáticos
    • Objetos rombos maiores de 25 mm no estômago
    • Baterias no estômago podem ser observadas até 48 horas (maiores de 20mm dificilmente irão migrar e necessitam ser retiradas)
    • Objetos rombos que não continuam no estômago após 4 semanas
    • Objetos rombos impactados em duodeno por mais de 1 semana.

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Bibliografia :
1: Sugawa C, Ono H, Taleb M, Lucas CE. Endoscopic management of foreign bodies in the upper gastrointestinal tract: A review. World J Gastrointest Endosc. 2014 Oct16;6(10):475-81. doi: 10.4253/wjge.v6.i10.475. (free article)

2: Wright CC, Closson FT. Updates in pediatric gastrointestinal foreign bodies.Pediatr Clin North Am. 2013 Oct;60(5):1221-39. doi: 10.1016/j.pcl.2013.06.007.

3 :Eisen GM, Baron TH, Dominitz JA, Faigel DO, Goldstein JL, Johanson JF, Mallery JS, Raddawi HM, Vargo JJ 2nd, Waring JP, Fanelli RD, Wheeler-Harbough J; American Society for Gastrointestinal Endoscopy. Guideline for the management of ingested  foreign bodies. Gastrointest Endosc. 2002 Jun;55(7):802-6.

Foto de perfil de Guilherme Sauniti
Doutor em gastroenterologia pela FM-USP.
Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo (HCFMUSP) e em Endoscopia Digestiva (SOBED).
Diretor do Serviço de Cirurgia Geral da Faculdade de Medicina de Marília -FAMEMA.
Médico da clínica Gastrosaú