Os militares na política | Por Luiz Holanda
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Presidente Jair Bolsonaro nomeou militares para diversas funções do Poder Executivo.
Os
militares sempre estiveram presentes nos grandes acontecimentos
históricos ocorridos no Brasil. Na maioria das vezes como protagonistas,
atuando como aparelhos hegemônicos nos contextos políticos e sociais.
Conforme relata John Schultz no livro o Exército na politica, essa
atuação vem desde o Império, de 1850 a 1894, continuando após a
proclamação da Republica.
Segundo o
historiador Eduardo Bueno, o proclamador da República e seu primeiro
presidente, marechal Deodoro da Fonseca, mal assumiu o governo começou a
cair. Eleito pelo Congresso em 25 de fevereiro de 1891, teve menos
votos do que o seu vice, Floriano Peixoto, que conseguiu 24 votos a
mais: 129 contra 153. No dia da posse, o Congresso recebeu Deodoro com
um silencia sepulcral, enquanto Floriano era efusivamente aplaudido. Foi
o inicio do golpe.
Nove meses
depois, Deodoro, indignado com a aprovação de uma lei que permitia o
impeachment do presidente, fechou o Congresso e decretou o estado de
sítio, mas o almirante Custódio de Melo, revoltado com essas medidas,
ameaçou bombardear o Rio de janeiro, obrigando Deodoro a renunciar.
Tempos depois, cercado por familiares e recostado em um sofá, na sala de
sua residência, foi acometido de uma forte dispneia. Alguns
historiadores registram que ao pressentir que estava morrendo, Deodoro
exclamou: “Adeus vida”. Tinha 65 anos de idade e foi enterrado no
Cemitério do Caju, em trajes civis.
Floriano,
apesar da aparência democrática, tinha uma personalidade forte; não
admitia contestação. Quando o Congresso e os governadores ligados a
Deodoro começaram a exigir eleições, ele depôs todos, e ainda mandou
prender os militares que os apoiavam. Floriano assumiu o governo com
apoio das oligarquias rurais, mas seu governo se voltou para o
desenvolvimento da indústria e da classe média urbana, o que desagradou
os ruralistas incrustados na “República dos Fazendeiros”. Floriano,
nascido em Alagoas, governou o Brasil de 1891 a 1894. Faleceu no Rio de
Janeiro, aos 56 anos de idade.
Desde a
proclamação da República que os militares sempre influenciaram no
destino do país. Com a revolução de 30, Getúlio assumiu o governo com o
apoio deles.. Em 1934, também com o apoio dos militares, foi eleito
indiretamente como estabelecia a Constituição da época. Governou até
1945, quando foi deposto pelos militares. Nesse ínterim, várias crises
tornaram o governo insustentável. A revolução constitucionalista de São
Paulo, as revoltas de 1935 e o golpe de 1937 terminaram impondo a
ditadura do Estado Novo. A tentativa do golpe integralista de 1938 foi o
estopim para a queda de Vargas. Em 1945 ele renunciou.
Novamente
os militares se tornaram protagonistas dos acontecimentos. Os
candidatos à sucessão foram o marechal Eurico Gaspar Dutra, do PSD
(Partido Social Democrata) e o brigadeiro Eduardo Gomes, da União
Democrática Nacional- UDN. Essa época foi de intensa politização das
Forças Armadas.
Com o retorno de
Vargas ao poder, em 1950, alguns setores se organizaram para fazer uma
intensa oposição ao seu governo. O governador da Guanabara, Carlos
Lacerda, e os militares atuaram em conjunto para derrubá-lo. Lacerda
sofreu um atentado, mas o atingido foi um major da Aeronáutica. A crise
recrudesceu de tal maneira que a única solução foi o suicídio de Vargas.
Em
1964 retornam ao poder. Durante 30 anos dominaram o país. Com a volta
da democracia, a paz, lentamente, foi se consolidando. Agora, o
presidente da República é um militar da reserva. Como seu partido não
tem quadros nem ele confia na classe politica, chamou alguns colegas de
farda para o governo. Entre estes, o Exército tem 75,5% do total. O
resto está dividido entre a Marinha e a Aeronáutica, sem falar na
vice-presidência, ocupada por um general. Todos defendem a democracia,
mas não se deve esquecer que são, antes de tudo, militares, cujo lema é o
da bandeira nacional: Ordem e Progresso.
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