Zezinho o ato da morte e as suas dúvidas : Eutanásia ? Distanásia? Ortotanásia?.
Zezinho tem 12 anos e é um bom estudante. O pai é médico no interior do nordeste, o tio é médico na capital, trabalha na emergência e na UTI do maior hospital de trauma da região. Milita com pacientes graves, a sua rotina é salvar vidas. É também professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do seu Estado.
Ao ouvir no jornal, que um famoso escritor viajou para outro país para realizar uma eutanásia, ficou curioso e quis saber do que se tratava. Soube que tratava-se de um ato e uma maneira de morrer. Ficou impressionado com a sua atitude e a posição do Brasil em não permitir este ato, e pensou: Quais a as razões? Será que é uma coisa perigosa? indecente? Será uma coisa grave? Foi ao pai e fez diversas indagações, o pai respondeu com todas as propriedades e fundamentações, pois é médico, e dos bons.
Chamou Zezinho, falou da medicina, do seu tio que trabalha na UTI salvando vidas e expôs vários casos já vividos durante a sua formação. Como é católico e temente a Deus, fez uma explanação sobre a religião, a alma, os ensinamentos adquirido durante a vida, dos casos graves ao redor do mundo, do código de ética e das legislações federais que os médicos devem seguir no exercício da medicina.
Falou que muitos seres humanos morrem por falta de assistência médica adequada e outros morrem mesmo com todos os conhecimentos, medicações, assistências, médicos especializados e tudo que for preciso. Enfatizou que muitos casos não tem jeito e terminam com a morte, mesmo porque os médicos não são infalíveis e a morte, faz parte da VIDA. Daí surgiram muitos procedimentos para conduzir a morte e assim discorreu para clarear a mente do menino Zezinho.
Disse que existe três modelos de morte quando a pessoa encontra-se doente prestes a morrer e não existem tratamento para recuperar a saúde, e que o médico tem que respeitar este momento da vida de cada ser humano, existem a Eutanásia, a Distanásia e a Ortotanásia.
Eutanásia, é entendida como morte provocada por sentimento de piedade à pessoa que sofre. Ao invés de deixar a morte acontecer naturalmente, a eutanásia age sobre a morte, antecipando-a. Assim, a eutanásia só ocorrerá quando a morte for provocada em pessoa com forte sofrimento, doença incurável ou em estado terminal, é movida pela compaixão ou piedade. Portanto, se a doença for curável não será eutanásia, mas sim o homicídio, pois a busca pela morte sem a motivação humanística não pode ser considerada eutanásia.
Distanásia é o prolongamento artificial do processo de morte e por consequência prorroga também o sofrimento da pessoa. Muitas vezes o desejo de recuperação do doente a todo custo é a regra, ao invés de ajudar ou permitir uma morte natural, acaba prolongando sua agonia, o sofrimento do paciente e da família. Conforme Dra.Maria Helena Diniz, trata-se do prolongamento exagerado da vida de um paciente terminal ou tratamento inútil. Não visa prolongar a vida, mas sim o processo de postergar morte, custe o que custar, mesmo tendo a consciência que aquele paciente é terminal, não tem cura. A distanásia aumenta o sofrimento do paciente e da família.
Ortotanásia significa a morte pelo seu processo natural. Neste caso o doente já está em processo natural da morte e recebe assistência médica para não morrer com sofrimentos, recebe remédio para dor, febre, soro e não interfere no curso natural, era assim no tempo dos seus avós.
Assim, ao invés de se prolongar artificialmente o processo de morte (distanásia), deixa que este processo se desenvolva naturalmente (ortotanásia).
Desta forma, diante de dores intensas sofridas pelo paciente terminal, consideradas por este como intoleráveis e inúteis, o médico deve agir para amenizá-las, mesmo que a consequência venha a ser, indiretamente, a morte do paciente.
Zezinho de posse destes conhecimentos e satisfeito com os ensinamentos equilibrado do pai, passou para os colegas, professores e diretores da sua escola, como também para os seus amigos.
Falou que tudo que um homem sabe tem que passar para os outros e que os médicos devem exercer a profissão com muito respeito, assim como seu pai e o seu tio. Disse que os conhecimentos são democráticos e devem ser coletivos.
Salvador, 24 de Agosto de 2025
Iderval Reginaldo Tenório
Adendo.
Falou que muitos homens optam pela ORTOTANÁSIA. Isto ocorreu e ocorre com os conscientes, dois casos merecem ser citados.
O grande Darcy Ribeiro pediu trégua à equipe médica, pois queria terminar o último capítulo do livro Confissões e outro foi a do ex-prefeito de São Paulo Bruno Covas.
Bruno Covas relacionou-se com a ortotanásia ao manifestar em vida a vontade de não ser submetido a tratamentos que prolongassem artificialmente a vida, optando, diante de um quadro irreversível, por suspender procedimentos agressivos e focar em cuidados paliativos, o que resultou numa "morte digna" em harmonia com a autonomia do paciente e princípios bioéticos e jurídicos.
Um comentário:
Queria que a morte, morresse!
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