Zezinho e os seus domingos.
Zezinho acordou as oito da manhã, de um domingo ensolarado, fora dormir mais cedo arquitetando como seria o dia seguinte, torcia para que o tempo passasse mais rápido e logo o
dia clareasse.
O pai terminara de lavar
o novo carro e a mãe orientava a sua irmã nas tarefas escolares,
apenas orientava, uma vez que a realização dos exercícios é responsabilidade da
menina, uma adolescente de dez anos de idade, três anos mais velha do que o Zezinho.
Domingo é um dia diferente para
toda a sua família, os pais não vão ao
trabalho e nem as crianças à escola. Domingo é dia de socialização familiar,
dia para limpar a mente, recarregar as baterias, lavar a alma e viver os
pequenos e importantes detalhes da vida, inclusive falar com o Criador de todas
as coisas.
Pela manhã os quatros vão à casa dos
avós, sempre alternando as visitas, neste domingo era o dia dos avós maternos.
Zezinho estava apressado, preparara uma bonita roupa colorida e escolhera uma para a prática do esporte: short
e tênis azuis, meiões brancos, a camisa
do seu time com brasão e tudo, que é o mesmo time do seu avô, não precisa dizer que
o menino foi batizado a caráter, com o uniforme
do seu esquadrão, arte do seu avô.
O pai da sua mãe é bem mais jovem
do que o pai do seu pai, por isso preparou a sua roupa de esporte. Neste dia tomará
banho de piscina, jogará bola e andará de bicicleta, a casa é muito grande, parece um clube, tem tudo que o
Zezinho gosta. Relata que o seu avô se transforma noutra criança e passa a ser
o seu maior parceiro, diz o Zezinho que o seu avô é o seu maior amigo, é um amigão
.
Vem o almoço, o menino gosta de tudo que a sua avó deliberada e intencionalmente prepara,
principalmente as gostasas sobremesas, sem falar dos chocolates, dos refrigerantes e dos sorvetes, que o seu avô disfarçadamente providencia. Durante a semana os seus pais não
compram, porém o seu avô, o pai de sua mãe, que é muito legal, faz tudo que o Zezinho gosta .
A sua avó reclama e chama a
atenção de todos, notadamente a do seu amigão, o seu avô, ele não está nem aí,
faz ouvidos de mercador, mira o Zezinho, pisca os olhos e dá uma risadinha de desaprovação que só amigos
de verdade entendem. Neste domingo não tem jantar, o avô dorme um pouco após muitas brincadeiras.
Ao cair do sol e o esfriar do
tempo, todos vão ao um grande shopping, Zezinho não descola do avô. Quando chegam ao centro comercial corre à frente
de todos e aperta o botão do sofisticado elevador panorâmico. Atingem o andar
de um famoso parque de diversão, os três homens descem, o menino como um rei se
esbalda nos diversos brinquedos, o pai e o avô ficam atentos a todos os seus movimentos, não largam do seu
pé, apesar dos vários funcionários contratados para a segurança das crianças.
A
sua avó, a sua mãe e a sua irmã continuam no elevador e vão visitar
muitas lojas do shopping noutros andares. A sua avó geralmente
compra utensílios para o lar, pois adora as modificações dos
eletroeletrônicos e as novas e variadas cores, a sua mãe compra roupas,
sapatos, perfumes e maquiagens, a irmã se perde na compra de tudo
quanto está na moda para as garotas da sua idade, esmaltes perolados
brilhosos, blusa com o poster do artista preferido, sandálias com
estrelinhas ouro e prata, short, tênis e meias super coloridos.
Chega
a noite e todos vão ao setor de alimentação. Enquanto olham o cardápio e
pedem pizzas ou lasanha, o Zezinho, a irmã e o avô vão a um
especial restaurante fast food, sempre lotado de crianças,
adolescentes e adultos, todos numa tremenda e organizada algazarra. A
menina e o menino chegam primeiro, o avô fica a observar, pedem o
melhor da lanchonete após mostrar ao avô um painel logo
acima de sua cabeça com o desenho de um apetitoso
sanduíche completo: batatas fritas, refrigerante e pacotinhos
de molhos, estes temperos que os meninos detestam e os deixam na mesa.
Chegam
as pizzas, os adultos mexem com os talheres, a garçonete corta as
fatias, sempre a perguntar o gosto de cada um. As crianças não comem,
estão de estômago cheio com o grande lanche fast food. Chega a hora de encarar a
vida laboral, com muitos pacotes e sacolas, descem pela escada
rolante, enchem o fundo do carro e partem para a casa dos seus avós.
Zezinho
ficou muito contente neste domingo, ganhou de sua avó um novo tablet
que estava precisando, porém não pediu , naquele dia alguém decifrou o
seu
pensamento, por isso não tem a menor dúvida que a sua avó é uma
advinha, pois sabe tudo que ele gosta, o que está precisando e tudo
que ele
pensa. O seu sonho era ganhar um tablet mais moderno, porém a sua mãe
havia dito que estava caro e que no fim mês iria comprar, ficou maneiro
e impressionado com o acontecido, a sua avó sabe de tudo, até os seus
pensamentos.
Foi
um excelente domingo e já estava pensando no próximo, que apesar de ser
diferente, também era bom. Os seus avós paternos fazem tudo para
agradar
todos os familiares, notadamente os netos e os bisnetos. Nestes
domingos conta com a companhia de muitos primos, tios e tias, todos lhe
fazem elogios, dizem que é bonito, inteligente e que já é um
rapazinho. Nestes domingos não precisam de shopping, é festa
garantida, muitas são as brincadeiras e as comidas são variadas. Como
ele, o
seu pai é o caçula da família .
Os
seus avós paternos são muito engraçados e bonitos, os seus cabelos são
brancos, finos e brilhosos, parecem mais com crianças do que com
adultos, todos da família brincam com eles, querem lhe abraçar e tirar
fotografias, de vez em quando uma fotografia com todos os componentes da
família, todos pedem uma cópia. São muito queridos, só param para
tomar os seus remédios, depois voltam alegres e sorridentes. O avô é
mais engraçado do que avó, são muito amorosos com todos, são lindos.
Tem
horas que eles estão dormindo, nestes momentos no pátio da casa
formam-se várias rodas de conversas, mulheres com mulheres, homens com
homens, moças com rapazes e crianças com crianças, a algazarra é feita
por todos, mesmo porque na casa dos avós paternos todos para eles são
crianças, todos, até mesmo o Jojó e a Lála, que são bebês, os avós
já as chamam de crianças, porém são bebês.
Zezinho
falou que existe uma grande diferença nestes passeios, na casa dos avós
maternos, ele é o rei, na casa dos avós paternos o rei é o seu
avô e a sua avó é a rainha. Todos brincam com eles, dos mais velhos
aos mais novos, uns lhes chamam de mamãe e papai, outros de vovô e vovó,
outros de tio e tia e os menores os chamam de minha bisa e do meu bisa,
Jojó e Lála ainda não sabem falar.
O
menino falou na sua escola, que tem pena das crianças que não tem avós
ou que não os visitam, diz que para certas coisas os avós são melhores
do que os pais, muitas vezes reclamam dos seus pais quando
estes brigam ou não dão tudo que ele pede. Sempre repete que coisa boa
é ter avós, principalmente iguais aos seus.
Zezinho
é uma criança feliz, possui uma divertida e equilibrada família,
todos se gostam e se respeitam. Relata que é uma verdadeira criança,
vive todos
os momentos da vida com descontração e cada dia aprende com todos da
família, os seus verdadeiros amigos. Afirma também que conta com a
amizade dos colegas da escola e dos seus professores. Diz Zezinho que
todos juntos, familias e escola,
constituem uma grande família, são assim os domingos de sua família..
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