sábado, 2 de setembro de 2023

A DERROCADA DE UMA PROFISSÃO

 

                                                  5 situações que pesam na rotina do médico

                                              Médicos cansados em uniforme estéril deitado no chão no quarto do hospital  | Foto Premium

Médico cansado - Fotos de arquivo #6547903 | Banco de Imagens Panthermedia

médico de esgotamento do conceito. mulheres cansadas médicas em máscaras e  uniformes estão tristes. ilustração vetorial em fundo branco estilo cartoon  plana. 5623947 Vetor no Vecteezy

A DERROCADA DE UMA PROFISSÃO 

    
O cenário político e econômico vaticina   dias dificeis  para  os Esculápios brasileiros . 

Muitos foram, são e serão os eventos que os levarão  à  bancarrota, jogando-os  para  as laterais.

1-A abertura indiscriminada de Escolas Privadas, de qualidades duvidosas,   desprovidas de  hospitais  que alberguem os seus acadêmicos e sem estudos básicos de proporcionalidade escola versus habitantes e a real necessidade.

2)A  chegada de milhares de médicos,   sem o Revalida, de toda a america latina.  

3) O abandono  das Escolas públicas,  a desvalorização dos professores, dos assistentes e dos mestres. 

4)O sucateamento dos Hospitais Escolas e  o  fechamento de milhares de leitos SUS nos 5700 municípios brasileiros, inclusive fechando hospitais com menos de 50 leitos. 

5) A  entrega da medicina aos políticos e  aos grandes grupos privados, transformando-a em manobra eleitoreira e de enriquecimento   às custas dos enganados  pais, que pagam fortunas para educar um filho. Atrelado a estas condições vem: 

 
1) A medicina Suplementar atuando como intermediária  entre o profissional e o  paciente, ambos sem força e sem  palavra. 
2) O fechamento dos consultórios humanos e sendo substituídos  por  Empresas Médicas que têm a medicina literalmente como  comércio 
3) A  invasão  do  ato médico por outros profissionais em quase todas as especialidades. 
4) Os baixos salários, levando o médico a labutar cotidianamente  em vários empregos, inclusive  sendo uma das formas de óbitos de profissionais jovens, por acidentes automobilísticos, nas estradas da morte de município em município  a  defender o pão. 

Este modos trouxeram diversos malefícios.

 A) Os médicos perderam a prioridade nos cargos diretivos   tanto Municipais, Estaduais e Federais. 
 
B) Os Secretários de Saúde e o Ministro não precisam ser médicos, e quando médicos de formação, transformam-se em executivos tecnocratas   e políticos descompromissados com a categoria.  A intenção é uma cadeira parlamentar ou uma grande assessoria governamental. 
 
C) O afastamento dos cargos administrativos nas unidades hospitalares, no programa da família(PSF) e nos demais serviços pertinentes à medicina .
 
Hoje  os médicos estão em segundo plano, forças contrárias aos interesses   dos médicos e da medicina  incutem na cabeça dos médicos  que o sistema  conselhal é obsoleto,  inerte e prejudicial à classe, é  apenas  um órgão punitivo.  Os médicos acreditam e passam a não    participar da sua mais importante instituição.
 
Caberia uma reflexão mais apurada e todos os médicos arregaçassem as mangas e partissem para ocupar  espaços nas suas entidades e na sua autarquia mor. Conselhos fracos categoria fraca, na vacância dos Conselhos serão os leigos os seus julgadores .
O prestígio de uma classe profissional  está ligado ao poder político(voto), econômico(poder aquisitivo), social(ações) e no  domínio dos conhecimentos .  
 
O médico e a  medicina humana estão em franca decadência.  A informática e a engenharia da imagem dominam nos médios e nos grandes centros. Para um bom  atendimento, basta entrar numa máquina. O raciocinio na propedêutica encontra-se em desuso,  isto está empurrando a medicina para ser uma ciência exata. Primeiro as máquinas  e por derradeiro a clínica, que era soberana. 
 
Não menosprezando a tecnologia, que é  importante e indispensável, não deveriam    ser nocauteadas a fisiologia , fisiopatologia e a semiologia,     levando-as literalmente ao solo.  Sobram máquinas sofisticadas  e faltam médicos médico.

A soberania da clínica, o toque  do médico, a semiologia aplicada, as cãs dos esculápios, a benevolência,  a beneficência e a generosidade da ética ficaram para trás.

Politicamente,  os médicos e a medicina, há muito que perderam os seus  postos, estão muitas frágeis . 

No setor financeiro, a medicina virou mercadoria e os médicos profissionais baratos, é mais um produto  no mercado. Muitas Prefeituras contratam médicos, geralmente, jovens e do  sexo feminino, não proporcionam   segurança trabalhista e não honram suas dívidas, notadamente  na mudança dos titulares do executivo.  
 
Na medicina suplementar quem dita os valores são os contratantes e não os contratados. Hoje   é comum   grandes serviços diagnósticos, hospitais e cooperartivas serem os intermediários entre os  planos de saúde e os  médicos, que além de abocanharem uma boa fatia dos  seus proventos, muito não honram o acertado, ficando os médicos  soltos sem saber para onde apelar e têm até medo de entrar na justiça em busca dos  seus direito, geralmente ações caras, demoradas e com incertezas. Estes profissionais, qualificados às custas de anos e anos de estudos,  ficam em desespero, desligam-se dos terceirizados,  voam em busca de mais um serviço, que  para alguns  mais uma aventura, uma vez que sentem-se vulneráveis  e podem cair em  mais um episódio semelhante.  
 
O relacionamento dos médicos  com a sociedade é comercial, segue o código do consumidor com todas as suas  mazelas.  Enquanto os médicos  utilizam-se da ética, do  conhecimento, da compaixão e respeitam a autonomia do paciente,  os outros são partidários da  pecúnia .

Consumindo os   suspiros sociais da Medicina, os poderes (Municipal, Estadual, Federal e Judiciário) retiram vagarosa e continuamente as últimas gotas de sangue da velha medicina com taxas,  tributos, ditames  e impostos exorbitantes.

O Liberal autônomo,  devido a intermediação do sistema médico suplementar,  os grandes grupos empresariais da saúde, a pejotização e a terceirização do Sistema  Público,   encontra-se  sem força, fraco e subserviente. 

A medicina e o médico caíram na vala comum, é  uma contenda entre a Medicina, a pecúnia e o poder,  na qual um dos lados tem como arma a ética, e esta   é mansa, educada, paciente, benevolente, caridosa, responsável  e respeitadora, enquanto os outros  têm a força, a truculência, a  política e a saga da enganação.  Devido a desinformação da população,  vencem os lados da pecúnia.
 
Apesar deste quadro, é a medicina um dos sonhos dos jovens e de todas as  famílias do país, fruto da lisura e da importância da profissão. 
 
A medicina é a mais sagrada das ciências, ela entra na vida de cada um dos cidadãos que vão em busca  da cura,  do remediar ou do  paliar os seus sofrimentos.
 
                                    O novo sempre vem.
 
Salvador 18 de Outubro de 2022

Iderval  Reginaldo Tenório
 

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