quarta-feira, 23 de julho de 2025

JOSÉ MIGUEL DA SILVA- FARIA HOJE NA TERRA 111 ANOS.

Pode ser uma imagem de 1 pessoa

Nenhuma descrição de foto disponível.

 Pode ser uma imagem de 2 pessoas

 

No dia 23 de Julho de 1914, nascia na região de Palmeiras dos Índios, no magestoso e guerreiro Estados das Alagoa,   o menino José Miguel da Silva. Com as andanças dos seus pais para o Juazeiro do Meu Padim, foram aconselhados a morar na Chapada do Araripe. Plantar mandioca, feijão de corda, de arranca, feijão de pau, milho, criar pequenos animais e vacas  pé duro.

Região inóspita, menos de 680 mm de chuvas por ano, quando atinge  os 1000, já é considero dilúvio e cheias.

Casou aos 20 anos de idade, 1934, com a jovem Antonia Reginaldo, nascida também em 1914.  Nesta chapada conseguiu o pão para alimentar os seus 10 filhos, comprou uma casa em Juazeiro do Norte, defronte a Igreja do Socorro e do Padre Cícero, lá conseguiu educá-los. 80 % tem nível superior, de Magistério à medicina. Os netos, bisnetos e sobrinhos, mais de 90% na Universidade. José Miguel da Silva, um homem de visão.  

O seu slogan : " Estudem, estudem, estudem, pois no futuro a força motora não terá valor. Nem os animais pegarão pesos, o cérebro será o mais importante. A caneta será a enxada, o chão o papel e a mente a tinta, o homem nasceu para pensar e não para pegar peso. Os motores farão todos os serviços pesados"

 

José Miguel da Silva, hoje faria 111 anos, FALEU EM COM 99 ANOS DE IDADE. Matemático nato, incansável trabalhador e dinâmico. O seu pai foi o seu orientador, em 1924 contratou um professor por 90 dias para ensinar o ABC e fazer contas para as crianças do arraial, antes de terminar o curso, o José já ensinava ao professor e aos demais colegas. As aulas passaram a ser interativas e o José ensinou a todos os primos a sair do analfabetismo. Dizia que seguia os ensinamentos do Padre Cícero a respeito da natureza, preserve a terra em todas circunstancias. A terra, a água, os animais, o ar  e as matas são os sustentáculos da vida.

"Papai foi o nosso maior Professor, assim se pronunciam os seus filhos e os netos assim falam: Vovô é um gênio e pensador , se tivesse estudado, como nós, seria  de grande destaque nacional."

Meu pai, PARABÉNS.

23 de Julho de 2025

Iderval Reginaldo Tenório

Escutem na voz do Rei do Baião, do mestre pernambucano, Marcondes Benedito Farias Costa.

Escutem aí está o intinerário do José Miguel da Silva 

Acordo Às Quatro

2:19
Provided to YouTube by RCA Records Label Acordo Às Quatro · Luiz Gonzaga Luiz Gonzaga "Eu E Meu Pai" ℗ 1979 SONY MUSIC ENTERTAINMENT BRASIL ...
YouTube · Luiz Gonzaga - Topic · 10 de abr. de 2017;
 

Um itinerário é um plano detalhado de uma viagem, incluindo rotas, horários e atividades, ou um caminho percorrido. Pode ser um roteiro de viagem, uma rota de transporte público, ou mesmo um plano de estudos com diferentes percursos.

 

Lampião invade a fazenda do Coronel Tenório nas Alagoas.

 


Lampião invade a fazenda do Coronel Tenório nas Alagoas.


COISAS DO NORDESTE

                                                                 Coronel Tenório  

                                                                             e o

Capitão Virgulino Ferreira Lampião
 
I

A CHEGADA DO BANDO

O Coronel  Tenório era um homem de fibra. Um Nordestino autêntico, valente, decidido, justo  e respeitador, um homem calmo e sereno.  Foram estas  propriedades que deram ao coronel, uma  grande liderança  em todo o sertão, notadamente  nos grotões  das terras dos marechais.

Historiam  os mais velhos da família, os amigos e alguns dos seus comandados,  que num belo domingo ensolarado, na Fazenda Alvorada, nos sertões das Alagoas, lá pelos idos de 1930,  adentrou no casarão de  sua sede, o bando do famigerado e facínora Capitão Virgulino Ferreira Lampião.  
 
Naquela época,  o capitão  era considerado o terror do nordeste, o destruidor das famílias e dos homens de bem e de bens, e  que para se manter popular, protegido e invisível,  deixava para  os abandonados e sem camisas,  uma pequena parte dos seus roubos. Propriedade esta, praticada há centenas de anos pelos conquistadores e políticos desonestos da humanidade, vide o seu maior exemplo e espelho, o  inglês  Robin Hood. Com esta estratégia, raro era o sertanejo que o denunciasse ou passasse informações sobre os seus escondirijos. Foi assim que construiu o seu condado, a sua governança e o seu império. 

Contam os mais velhos, que Lampião chegou à sede da fazenda, bem na hora do almoço, o calor era infernal e o sol batia verticalmente sobre a cabeça dos sitiantes, escaldava e queimava a mais de quarenta e dois  graus. Encontrava-se com  sede e muita  fome, a munição de bucho estava no fim. Cortara os sertões  toda a madrugada por cima de pedras, tocos,  mandacarús, rabos de raposa e xique-xiques.  
 
O capitão adentrou com seis capangas, dentre eles, o perverso ferrador de mulheres,  Zé Baiano. Este,  deixava a ferro quente, a sua marca  ZB no rosto das vítimas

Maria Bonita, a Santinha, por segurança, ficou no oitão da casa protegida por dezoito homens armados até os dentes, além do seu maquiador, carregador de sacolas e cuidador dos animais, o Volta Seca, à época com 13 anos de idade e que depois dos 15 anos, transformou-se num dos mais miseráveis cangaceiros, estava acompanhada também   do novato Zé Sereno,  com 14 anos de idade,   e que dizia   que a sua caneta era um punhal e o papel o bucho de suas vítimas. 
 
Zé Sereno era um menino negro, magro, zoiúdo, serelepe e analfabeto,  era primo carnal do sanguinário Zé Baiano, um cangaceiro de olhos vermelhos e rosto petrificado.  Toda a sua família fazia parte do cangaço, pai, tios, tias, primos, sobrinhos, cunhados   e irmãos. Para matar, não fazia nem careta, bastava ser ordenado, tomava ódio da vítima logo que fosse designado ao crime. 
 
O capitão, o governador do sertão,   foi recebido pelo velho Tenório com muito respeito e entusiasmo.

          II- 

A RECEPÇÃO 

O Velho  Tenório, que saboreava um apetitoso e apimentado ensopado de carneiro, levantou-se e com voz firme e encorpada, falou dirigindo-se ao nobre visitante:

"Seja bem vindo a esta morada Capitão Virgulino Ferreira Lampião, há muito que espero e aguardo por sua aconchegante visita.  Aproxime-se,  aprochegue-se, junte-se a nós e traga os seus cabras. Aqui tem comida para todos e da boa, depois tiraremos uns bons dedos de prosa."

Lampião ficou em silêncio e perplexo com a inusitada e   corajosa recepção.  Um dos seus homens, mansamente  preparou o fuzil mauser 1908,  avançou o polido pente amarelo  cheio de cápsulas e encaixou a primeira para disparo. Apoiou a coronha no músculo peitoral   direito,  colocou o grosso e calejado  dedo indicador no gatilho e mirou a fuça do velho Tenório.

O Capitão Lampião na bucha falou:

"Abaixe a arma cabra safado, abaixe o fuzí e vorte os cartuchos, fique carmo, deixe de liotria, escuite o home."

O coronel Tenório emendou:

"Onde anda a guerreira Maria Bonita capitão, eu e a minha mulher, Waldirene, ficaríamos muito gratos em conhecê-la e termos a mesma na nossa mesa, seria um orgulho para todos nós"

 O capitão Lampião olha para trás e fala em voz arrastada:

"Pode entrar Santinha, o Coroné Tenório  e a sua patroa quer  lhe conhecer, pode entrar,  o coroné é de páiz."

Quando Maria Bonita entrou, o coronel levantou-se da cadeira, deu alguns  passos para frente e com entusiasmo falou:

"Capitão Virgulino Ferreira  Lampião, a mulher é muito mais bonita e formosa do que eu pensava e imaginava, o senhor está de parabéns em viver com uma senhora tão bonita, forte, firme, educada, inteligente, valente, corajosa muito afeiçoada. O capitão é na verdade um cabra muito macho, é um homem altivo, vencedor e de muita sorte.

Os cabras de Lampião não aguentaram as cortantes palavras e todos armaram os seus fuzis 1908 e miraram o coração  do dono da casa.
 
Lampião não suportou a ofensa dos seus cangaceiros  para com o corajoso anfitrião,  falou com o dedo em riste, olhos arregalados, cara de boi bravo  e voz em trovão:

"Abaixem as armas seus cabras  mal agradecidos, aprendam a respeitar um homem que é homem, um homem de valor. Um homem deste tipo, altivo, valente, decidido, macho e corajoso não merece morrer e nem ser importunado. Temos é que elogiar as suas ações, se mirar na sua coragem,  força e  ensinamentos, são homens deste tipo que o Brasil precisa, abaixem os fuzis cabras safados e respeitem o  coroné".
 
O silêncio foi sepulcral. 

Lampião e o seu bando almoçaram, confabularam até o anoitecer, jantaram os  miúdos do carneiro, em forma de buchada,   encheram  os seus alforjes de mantimentos, oferecidos pelo coronel e arriaram os animais. Maria Bonita, a Santinha, ganhou da esposa do coronel, dona Waldirene, alguns frascos de Perfumes e sabonetes  Phebo, os melhores da época, como também uma caixa aveludada portando um grosso cordão de ouro, 18 quilates, e uma medalha, também de ouro, cunhada com a imagem do  Padim Ciço de Juazeiro do Norte e  abençoada pelo próprio  Santo padre.
 
Perfilados e após o aval dos dois  rastejadores do bando,   sumiram e se encantaram   na caatinga  sertão adentro. 
 
Dizia Lampião que a noite é mais fresca,  mais segura e as fazendas ficam desertas. Enquanto o povo dorme o seu bando trabalha.
 
Nunca mais se soube de qualquer invasão do Capitão Lampião naquelas paragens.
 
O velho  Tenório, além de forte e corajoso, foi muito macho.
 
Coroné nos sertões do nordeste não é Coronel de Patente, basta ter terras, dinheiro e prestígios. Geralmente de pai para filho, não diferente dos políticos de hoje em alguns Estados do país. 

Iderval Reginaldo Tenório


O fuzil Mauser 1908, conhecido no Brasil como "Mauser 1908", foi uma arma de fogo amplamente utilizada no país, incluindo pelo grupo de Lampião e seus cangaceiros. O fuzil Mauser 1908 era uma cópia do Gewehr 98 alemão, calibre 7x57mm Mauser, e foi adotado pelo Brasil para substituir o Mauser 1894. 

Em 1926 para enfrentar a coluna Prestes, o Bando de Lampião foi convidado pelo Dr, Floro Bartolomeu, médico baiano que ajudou   o Padre Cícero e o Juazeiro do Norte  a decretar a emancipação politica, passando de distrito do Crato para cidade, na famosa guerra de 14, a Sedição de Juazeiro. Quando deputado pelo Ceará foi convocado pelo Governo Federal a enfrentar  o Carlos Prestes . Iderval Reginaldo Tenório

"Na época em que a Coluna Prestes, importante facção do movimento tenentista, ameaçava entrar no Ceará, uma força de combate à mesma foi armada em Campos Sales. 

O movimento liderado por Luis Carlos Prestes visava a conscientizar os sertanejos dos males causados pela república oligarca vigente até então.

 Organizado às pressas, em Juazeiro do Norte, no ano de 1926, pelo médico baiano e deputado federal pelo Ceará, Floro Bartolomeu da Costa, o Batalhão Patriótico tinha por missão deter a Coluna Prestes. 

O Batalhão foi deslocado de Juazeiro para Campos Sales, onde fixou seu QG, nos limites do Ceará e Piauí, sob o comando do Coronel Pedro Silvino de Alencar, do Araripe. O Governo enviou centenas  de fuzis e munições  que foram entregues a Lampião." Cariri Cangaço

 Não ouve a batalha, a coluna Prestes desviou o seu itinerário e lampião não devolveu os fuzis.  Debandou sertão a dentro, em 1928, entrou na Bahia e firmou reduto no Raso da Catarina (Bahia, Pernambuco e Alagoas), ali reconstruiu o seu Império e governança armado de fuzis, munição e muitos coiteiros.

Iderval Reginaldo Tenório

Um comentário:

Anônimo disse...

Caramba...
Essa história é um marco daquele período em que Lampião fazia o que fez!
Eu soube que meu avô, chamava-se Alyrio, também conheceu Lampião!